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sábado, 18 de setembro de 2021

Unidos (ou não) contra... aquilo: o Gab censura conteúdo NSFW e é bloqueado pela Mastercard, que também censura pornografia

Abigail Pereira Aranha

1) Uma postagem minha no VK e no Gab, adaptada[1]

Pessoal, eu fui dar uma passada no perfil da Lena Paul no Twitter e olha só o que eu achei:

Eu esqueço que os seguidores não sabem tudo sobre pornografia na medida em que acontece. Apenas lembre-se de que se eles podem impedir legalmente as profissionais do sexo legalizadas de venderem seus produtos, eles podem fazer isso com qualquer outra pessoa. Nós somos o canário na mina de carvão pela liberdade civil.

Lena Paul, 19 de agosto de 2021 às 18:33.[2]

MEUS COMENTÁRIOS

Vocês conhecem essa história do canário na mina de carvão? Antigamente, as minas não tinham ventilação e o pessoal levava um canário numa gaiola. Se o canário morria, é porque tinha muito metano no ambiente. O gás metano não tem cheiro e tem efeito narcótico.

A matéria compartilhada: "Mastercard reescreve regras para bancos que apóiam vendedores de pornografia", Bloomberg, 14 de abril de 2021[3].

A última frase do tuíte está dentro da linha de um texto meu de 2014: "Viva a prostituição, a pornografia e... as liberdades civis"[4]. Ah, e eu já trazia a informação esotérica de que o governo chinês censurava sexo e conteúdo político. Em 2015, os conservadores comemoraram quando o acesso ao Pornhub foi bloqueado na Rússia. Comentei na época[5], e avisei que eles iam chorar depois. Hoje, aqui no Brasil, temos gente chorando porque pessoas tiveram sigilo bancário quebrado, ou dinheiro bloqueado, ou conta no Apoia.se cancelada só por apoiar Jair Bolsonaro.

2) Um comentário no Gab e o meu comentário

Matheus @Matheus_Reus

12 de set. de 2021 23:24[6] · Ateísmo e putaria com Abigail Pereira Aranha

@abigailparanha O @a baniu NSFW no Gab e chora por ser bloqueado pelo Mastercard, Visa, Paypal, Google, Microsoft, Amazon...

"@a" é Andrew Torba, o fundador do Gab. Eu comentei que o "Not Safe For Work" não era exatamente banido, só tinha que ser sinalizado. O grupo onde eu fiz essa postagem, você pode fazer ideia pelo título "Ateísmo e putaria com Abigail Pereira Aranha". Mas, como eu disse ao Matheus, a coisa é realmente por aí.

3) Fui banida do Gab

24 horas depois, eu recebi este e-mail:

Sua conta @abigailparanha foi suspensa

Gab Social <noreply@mailer.gab.com>

13 de set. de 2021 23:41 (há 20 horas)

Conta suspensa

Sua conta está suspensa e todos os seus gabs e mídias foram irreversivelmente removidas desse servidor e de servidores onde você tinha seguidores.

Statuses:

@abigailparanha https://vk.com/wall-97673417_367875 #porno #gozada #cumshot

jun 16, 2021, 00:25

Vou traduzir o primeiro parágrafo em inglês e vou comentar daqui a pouco.

Gab procura exportar o valor exclusivamente estadunidense da liberdade de expressão para todo o mundo. Independentemente de os administradores do Gab, grupos de pressão ativistas externos, turbas da internet da "cultura do cancelamento", a mídia convencional, governos estrangeiros ou qualquer outra pessoa concordar com quaisquer pontos de vista do Gabber: o discurso político que é protegido pela Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos será permitido na plataforma. Atividades ilegais, ameaças de violência, doxxing, pornografia, exploração infantil e spam não são permitidos no Gab.

Mas eu vi esse e-mail depois de receber este aviso quando eu entrava no Gab:

gab

Você não tem permissão para ver esta página.

Eu já fui banida do Facebook, mas até poucos meses atrás, você podia me mandar o atalho pra uma postagem específica e eu podia ver, desde que ela fosse pública. Eu fui banida do Twitter, mas ainda posso ver qualquer perfil que não seja fechado. Mas o Gab faz isso! Eu nunca recebi advertência do Gab antes. O Facebook já me deu suspensão por nudez (por um reconhecimento de imagem mal calibrado), 3 vezes (cada uma em uma conta); mas nunca apagou a conta.

4) Notas sobre sexo e liberdade de expressão

Como vimos há pouco, o Gab defende a liberdade de expressão pra quaisquer ideias, mesmo que a diretoria não concorde, mas repudia a putaria. Inclusive a Gleisi Hoffmann, a presidente do PT, já teve perfil no Gab. Você nem imaginava, né? Porque lá não é o Twitter, a esquerda não cresce. Mas a diretoria e os criadores do Gab ainda acreditam que pornografia não tem relação com liberdade de expressão ou mesmo com ideias, exatamente como provei o contrário naquele texto de 2014. É o mesmo erro, com sinal trocado e mais "bonitinho", do "sua piada mata" da esquerda maluca. Também é o mesmo erro, nos dois lados, da "plandemia" da CoViD-19, onde os dois lados pensam que esquerda e direita são opiniões políticas enquanto concordam que a implantação do socialismo chinês no Ocidente é só o enfrentamento a uma crise de saúde pública.

Poderíamos dar o desconto de que a diretoria do Gab é de um país onde a prostituição é crime e onde alguns tentam criminalizar a pornografia? Sim e não. Quando você cresce em uma região ouvindo que alguma coisa "é assim porque é e ponto", você tende a só ter uma visão inteligente do assunto com uns 25, 30, 40 anos, depois de anos com alguma distância da família e da vizinhança da infância, em algum lugar intelectualmente mais desenvolvido ou em uma condição pessoal que lhe permita filosofia mais segurança pessoal; ou, como é mais comum, em uma experiência de vida que leva ao questionamento de uma forma desagradável. Mas ainda mais com a internet, não é mais razoável depois de uma certa idade trocar o exercício do raciocínio íntegro pela verborragia de preconceitos regionais ou grupais.

5) E como tudo se encaixa!

Eu ainda não tinha lido aquela matéria da Bloomberg. Vi depois estes trechos interessantes:

Os bancos que conectam comerciantes à nossa rede precisarão certificar-se de que o vendedor de conteúdo adulto possui controles eficazes para monitorar, bloquear e, quando necessário, retirar todo o conteúdo ilegal. (...)

A Mastercard também exige que os bancos garantam que os sites tenham um processo de revisão antes da publicação de qualquer conteúdo, bem como um sistema para reclamações que trate de atividades ilegais ou não consensuais em sete dias úteis. A rede de pagamentos também exige que os bancos garantam que os sites tenham um processo de apelação que permita que qualquer pessoa retratada em vídeos ou fotos adultos solicite a remoção do conteúdo.

As mudanças ocorreram depois que a Mastercard, em dezembro, disse que não permitiria mais o uso de seus cartões no Pornhub.com, após uma análise do site ter descoberto conteúdo ilegal. Tanto a Mastercard quanto a rival Visa Inc começaram a pesquisar o Pornhub depois que uma coluna do New York Times acusou o site de distribuir vídeos que retratavam abuso infantil e violência não consensual.

Os bancos têm que provar pra administradora de cartão de crédito que o cliente provou que está dentro de certas leis. Ora, a prova é que se o cliente estivesse fora da lei, seria o Judiciário que estaria pedindo bloqueio de conta corrente ou algo assim. Mas você já viu vídeos no XVideos com as pessoas usando as máscaras da peste chinesa? Eu já vi as visualizações, não cliquei pra não ter o dissabor de ver. E se um vídeo com atores que não usam a máscara e não tomaram a vaChina for "conteúdo ilegal"?

E que artigos do New York Times são esses em que o Pornhub é acusado até de abuso infantil? Aqueles artigos delirantes do Nicholas Kristof que eu citei no meu texto de junho, que foram referências daquele relatório da UNICEF que foi tirado do próprio portal da UNICEF... sob acusação de conservadores de que ele incentiva o acesso de crianças à pornografia. Eu conto esse caso em "Aquilo com nome que começa com p, eu avisei: as quedas de um relatório da UNICEF e do canal do conservador Luís Ernesto Lacombe no YouTube"[7].

Na verdade, o "canário na mina de carvão" não é só a profissional do sexo que pode ser remunerada via cartão de crédito, é qualquer mulher que dê prazer aos homens. A primeira é uma figura recente, fruto do desenvolvimento sociocultural e técnico-científico de onde o serviço está disponível. A última já existiu, mesmo como raridade, ao longo da história da humanidade. E ela foi expulsa de casa, segregada, agredida, presa ou assassinada principalmente nos lugares e nas épocas de menos desenvolvimento sociocultural. É o meu caso (bom, sem a parte da violência). Eu não dou prazer pros rapazes só na internet, mas compartilho na internet um pouco do que os meus amigos fazem comigo na vida real. Pelo tempo que eu tinha feito aquela postagem no Gab, 1 ou 2 meses, eu fui denunciada. E aí eu chego ao ponto: o alvo não era eu, era o homem que podia ser um visitante do perfil.

Na verdade, a censura ao sexo é um ataque contra os homens. Por sinal, "pedofilia" ou "exploração sexual infantil" não existem, e isso devia ser claro pra quem já viu o tamanho de uma criança de 9 anos. Esses são nomes feios para atacar o sexo com adolescentes. Mas contra a heterossexualidade masculina, se unem o puritanismo católico-protestante dos Estados Unidos, o socialismo da China, as lésbicas repulsivas do LGBT-Feminismo da América Latina, as congressistas europeias que defendem o Modelo Nórdico, e outros. E os verdadeiros e os falsos moralistas entre esses não perceberam que o que eles aplaudem na censura contra o sexo pode ser o que será (ou já foi) usado por outro verdadeiro ou falso moralista contra eles mesmos.

NOTAS E REFERÊNCIAS:

[1] Abigail Pereira Aranha, 12 de setembro de 2021 às 19:30, https://vk.com/wall546824903_1294.

[2] Lena Paul, 19 de agosto de 2021 às 18:33, https://twitter.com/lenaisapeach/status/1428470101641027590.

[3] "Mastercard Rewrites Rules for Banks Backing Pornography Sellers", Bloomberg, 14 de abril de 2021, https://www.bloomberg.com/news/articles/2021-04-14/mastercard-rewrites-rules-for-banks-backing-pornography-sellers.

[4] "Viva a prostituição, a pornografia e... as liberdades civis", 20 de novembro de 2014, A Vez das Mulheres de Verdade, https://avezdasmulheres.blogspot.com/2014/11/viva-prostituicao-pornografia-e-as.html; e A Vez dos Homens que Prestam, https://avezdoshomens.blogspot.com/2014/11/viva-prostituicao-pornografia-e-as.html.

[5] "O Puritano-Feminismo episódio 25: uma semana depois que o governo da Rússia censura o PornHub, uma página direitista cristã celebra; enquanto isso, um artigo em um jornal britânico relata que pesquisadores no Canadá descobriram que 'pornografia não provoca atitudes negativas para as mulheres', indignando uma feminista anti-pornografia (Ou: Direita cristã, acabou! - parte 5)", 25 de setembro de 2015, A Vez das Mulheres de Verdade, https://avezdasmulheres.blogspot.com/2015/09/o-puritano-feminismo-episodio-25-uma.html; e A Vez dos Homens que Prestam, https://avezdoshomens.blogspot.com/2015/09/o-puritano-feminismo-episodio-25-uma.html.

[6] Matheus, 12 de setembro de 2021 às 23:24, https://gab.com/Matheus_Reus/posts/106921976968945067.

[7] "Aquilo com nome que começa com p, eu avisei: as quedas de um relatório da UNICEF e do canal do conservador Luís Ernesto Lacombe no YouTube", 24 de junho de 2021, A Vez das Mulheres de Verdade, https://avezdasmulheres.blogspot.com/2021/06/aquilo-com-nome-que-comeca-com-p.html; e A Vez dos Homens que Prestam, https://avezdoshomens.blogspot.com/2021/06/aquilo-com-nome-que-comeca-com-p.html.

Texto original em português sem fotos e vídeos de putaria no A Vez das Mulheres de Verdade: "Unidos (ou não) contra... aquilo: o Gab censura conteúdo NSFW e é bloqueado pela Mastercard, que também censura pornografia", https://avezdasmulheres.blogspot.com/2021/09/unidos-contra-aquilo-gab-mastercard.html.
Texto original em português com fotos e vídeos de putaria no A Vez dos Homens que Prestam: "Unidos (ou não) contra... aquilo: o Gab censura conteúdo NSFW e é bloqueado pela Mastercard, que também censura pornografia", https://avezdoshomens.blogspot.com/2021/09/unidos-contra-aquilo-gab-mastercard.html.

terça-feira, 7 de setembro de 2021

João Dória Jr. e o "sad people" da direita brasileira

Abigail Pereira Aranha

1) Introdução à "red pill"

A direita e o Conservadorismo provaram nos mandatos do PT na presidência do Brasil que as maiores adversárias da esquerda são sua própria loucura e sua própria burrice. Porque, formalmente, os que seriam os adversários da esquerda são os herdeiros irritadiços de uma elite agrária que odiava cultura, que odiava a inteligência, que odiava o prazer e que acreditava sinceramente que nasceu pro poder e pra regalia. Como exemplo do Brasil, a própria dificuldade para tirar Dilma Rousseff (uma mulher notoriamente idiota e sem brilho próprio) da Presidência da República ou para meramente concorrer com ela mostra como esses herdeiros são incultos e mal acostumados; e como a cultura dessa elite é uma farsa. Mas a ala direita da política não representa sequer o Cristianismo milenar ou a Igreja Católica, e nós pudemos ver isso especialmente observando como a grande Igreja Católica tem precisado deixar o Progressismo entrar pra não ter ainda mais perda de membros, credibilidade e relevância política. O Conservadorismo é, desde a origem, nostalgia do Feudalismo; o Liberalismo e o Libertarianismo são, desde a origem, ufanismo da elite agrária-industrial.

O Manifesto Comunista tem mais de 170 anos, a União Soviética faria 100 anos no ano que vem, o livro "Pedagogia do Oprimido" de Paulo Freire tem pouco mais de 50; e até hoje os liberais e os conservadores só sabem combater a esquerda com caricaturas e boatos difamantes, como se ainda estivessem falando pra população rural analfabeta do tempo dos avós. Porque até hoje a direita vê a esquerda como o adversário político-eleitoral que lhe tirou a Administração Pública da cidade pequena do avô. Até hoje, e isso ficou notório nas redes sociais, a direita ainda ataca a esquerda como se fosse uma campanha de uma família de latifundiários católicos de uma cidade pequena contra adversários nas eleições municipais. A vergonha só não é maior porque às vezes, com cada vez mais frequência, a esquerda cria materiais escabrosos contra ela mesma além da imaginação dos próprios inimigos dos anos 1990.

2) Vamos fazer uma breve revisão dos erros da direita "sad boy"

Além do próprio perfil (incluindo o perfil de rede social) de "loser" mal humorado sem sinal de inteligência e cultura acima da média, onde erram os "sad boys" e as "sad girls" do meio liberal-conservador?

01) Um estereótipo burro de o que é "o Estado". Uma mistura de preconceito de estadunidense contra a União Soviética com paranoia de condenado pela Justiça do Trabalho. Toda a revolta dos liberais e dos conservadores contra "o Estado" é notoriamente mágoa de derrotados. Quando uma pessoa média do povo de verdade toma conhecimento do que a direita fala, pensa em um capitalista querendo se livrar da Justiça do Trabalho ou lucrar fácil com uma empresa estatal comprada abaixo do valor justo. Alguém viu algum ultraliberal (que se autodenomina "anarcocapitalista") no tempo em que "o Estado" reprimia o sexo e agredia sindicalistas?

02) "Quem bate cartão não vota em patrão". Esse era o slogan do PCO (Partido da Causa Operária). Mas o uso aqui como uma frase curta pra ilustrar a desconexão da direita com o povo. Você pode encontrar "intelectuais" e "influenciadores" da direita explicando que se o patrão pagasse menos encargos trabalhistas, poderia pagar melhor ao seu funcionário; ou, pior, que a existência do salário mínimo provoca desemprego. Não é só muita sorte que as ideias liberais não cheguem aos proletários. Os liberais não entendem que se eles e os próprios empregados não votarem nos mesmos candidatos, os candidatos deles não se elegem. Quem criou o PT ou o PCO foi a direita.

03) As queixas de que a esquerda faz isso ou aquilo com dinheiro público. O problema neste argumento fica mais claro quando em vez de "dinheiro público" ou "o seu dinheiro", o liberal ou o conservador diz "o meu dinheiro": ele pensa na Administração Pública como parte do latifúndio do avô.

04) Dizer que o povo idolatra políticos. Essas pessoas que não são "gado" demoraram dois anos pra conseguir o impeachment da Dilma Rousseff (pela metade) no segundo mandato, mesmo quando ela tinha mais de 60% de rejeição. Disputar uma eleição pra presidente com Dilma Rousseff já é um demérito. Perder duas vezes é vergonhoso, uma vergonha pra esse pessoal fazer autocrítica em silêncio até voltar preparado pra ganhar pelo menos dela. Na realidade, "idolatrar políticos" é demonstrar simpatia a qualquer político que não seja da esquerda. Portanto, quem diz que o político é seu empregado mostra a receita pra nunca lançar um candidato a vereador de cidade pequena que consiga ser eleito.

05) Trocar os ícones políticos pelos ícones para consumo local. Eles dizem que não "chupam" políticos, mas os homens têm suas "estrelas" das quais gostariam de ganhar "chupadas". Pessoal, isso não é condenável. Se você homem conservador me acha bonitinha, mas muito vagabunda, se você tem horror com a ideia de se casar comigo e me ver transando com dois homens na nossa casa; tudo bem você gostar de uma moça mais comportada. Mas você precisa sair do armário, assumir que você é hétero. Se você não assume isso, você pode ajudar a projetar uma "attention whore", literalmente "vadia de atenção". Aliás, você já leu o meu texto "Uma nota sobre as belas mulheres comentaristas conservadoras"[1], de março de 2017? Chamo você pra voltar lá, ver as fotos das moças que eu citei e pensar onde elas estão agora (3 das brasileiras estão na política). Mas não me refiro só à... admiração dos homens pelas celebridades femininas. No caso do meio liberal-conservador, o problema dos ícones se aplica até quando não há interesse sexual: o problema é a tentativa de criar "pin-ups"[2] e garotos-propaganda para apresentar as ideias enlatadas para o público externo; ou pior e ao contrário, a criação de um espaço seguro da direita com ícones que soam bonitos e inteligentes.

06) Achar traidores, ou "falsa direita". No caso das moças conservadoras, já há o termo "conservadia". Eu gosto desse termo, inclusive porque eu já fui chamada de piranha (eu mereço) e até de feminista, mas nunca de "conservadia". Mas são dois os problemas aqui. O primeiro problema é que o assunto da "verdadeira esquerda" é mais relevante que o da "verdadeira direita". A "verdadeira direita" perdeu 4 eleições para o PT, 2 delas pra Dilma Rousseff, e Jair Bolsonaro foi eleito porque NÃO É de direita. O segundo problema é que a questão de quem é "falsa direita", ainda mais porque alguns deles foram "influenciadores" em outros anos, mostra como o Liberalismo e o Conservadorismo é mais próximo de um conjunto de clichês e cacoetes que de uma ideologia.

07) Os fantasmas simplistas que mandam no país ou no mundo. "O sistema", "a elite global", esse ou aquele multibilionário,... São simplificações que geram perguntas no lugar de explicações, que também exageram o poder do dinheiro, da bruxaria, da comunicação de massa, da própria política formal, a um ponto em que a própria existência de um pensamento que não seja o que "eles" querem seria inviável. Mas está lá o rebelde com um perfil anônimo no Twitter, ou um blogue gratuito no WordPress, etc. Alcance de uma ideia divergente é uma coisa, meios de expressão dessa ideia é outra.

08) As queixas de que as leis não valem nada. Mesmo entre os influenciadores da direita, raras pessoas que dizem isso leram uma lei inteira alguma vez. E essas que têm um conhecimento básico de Direito têm uma diferença notória daquelas que dizem que "os políticos fazem que querem" ou, como é moda agora, que "o STF manda no Brasil".

09) Dizer que o povo precisa fazer baderna. Quebrar os prédios dos Três Poderes não é revolução nem mesmo revolta, é só um crime comum. Invadir a sede do STF e pegar os 11 ministros não vai derrubar ninguém, só vai fazê-los vítimas de lesão corporal, ameaça ou homicídio. Pregar que o povo deve fazer tudo isso é só apologia ao crime de gente burra irritadiça. É o equivalente político do homem que quer matar o namorado novo da ex-mulher. Por sinal, a própria direita entende que uma reação física é sinal de derrota no argumento quando vê ativistas da esquerda tendo esse tipo de reação.

10) Usar um vocabulário chulo. Eu escrevi sobre isso em janeiro o texto "Por que você precisa ter compostura nas palavras"[3].

11) Pregar contra uma suposta degradação sexual moderna. Eles fazem postagens ou compartilham memes nas redes sociais como se qualquer pessoa com mais de 14 anos tivesse vida sexual intensa. Qualquer pessoa menos eles, que por isso são mais adultos e mais éticos. No final, tudo que os conservadores acabam demonstrando nos tempos da internet é o horror ao prazer mais a inveja que a mãe tem de mulher bonita, e como a vida sexual deles é precária. E quando eles falam em degradação moral, também é (na verdade é) um tempo em que uma pessoa mediana tem menos neurose sexual que a da avó de quem fala. Mas a mesma pessoa (especialmente se for homem) pode vociferar contra a sexualização da sociedade e até contra a difusão da "pedofilia", e depois compartilhar alguma coisa erótica leve no Twitter ou no Facebook, em geral com uma linha humorística. Por quê? Sexualidade reprimida.

12) Não aprender com quem pensa diferente. Isso tem a ver com aquele problema que eu citei em que os liberais e os conservadores tentam criar "pin-ups" e garotos-propaganda de suas próprias visões de mundo, mas aqui ainda há um outro problema: a direita se fecha mentalmente para outras ideias como a esquerda só começou há uns 30 anos ou menos. Eu mesma tenho a impressão de que sou ignorada pelos liberais e conservadores porque sou ateia, defendo o casamento aberto, defendo a prostituição, defendo a pornografia e defendo a licenciosidade (já dei pra 318 rapazes). Mas qual "influenciador" da direita já leu o "Manifesto Comunista" ou o "Pedagogia do Oprimido"? Talvez o Allan dos Santos, do Terça Livre. Já sei, vai ter gente torcendo o nariz porque eu citei este nome. Entendeu? "Guerra cultural" é devorar livros aprovados pela Igreja Católica no fim do século XIX (tá bom, isso foi uma imensa caricatura, mas é por aí).

13) Fazer campanha antieleitoral. A campanha por abstenção na eleição ou voto nulo é uma campanha que pede aos eleitores para implorar pra serem ignorados. Na democracia do Império Grego, isso era literalmente ser "idiota". Quem já viu eleição de sindicato ou de movimento estudantil sabe o país que os idiotas pedem (idiotas naquele sentido grego).

3) Quando o "sad people" conseguiu alguma coisa

E você, Abigail, aponta essa série de erros na direita, mas propõe o quê? Ou: não é melhor o que temos feito do que não fazer nada? Quando a ação é burra mas dá resultados, é até aceitável como estratégia provisória pra dar tempo e recursos pra parte "cabeça" da turma criar uma estratégia melhor, tanto em intelecto quanto em resultados. Mas nem esse crédito os liberais e os conservadores têm. O que eles conseguiram desde 1° de janeiro de 2003, quando Lula tomou posse como presidente?

E quando eles puderam eleger alguém em 2018, o que conseguiram? Jair Bolsonaro pra presidente? Foi bom, foi um avanço pra quem teve que torcer por Aécio Neves em 2014 e José Serra em 2010 (ambos do PSDB) contra Dilma Rousseff. Mas e para apoiá-lo? Para deputados federais, elegeram Alexandre Frota, Bia Kicis, Carla Zambelli, Joice Hasselmann, Kim Kataguiri, Luís Miranda USA, Nelson Barbudo, Policial Katia Sastre, Professora Dayane Pimentel e Sargento Fahur. Para senador, Jorge Kajuru. Fora os filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro. Todos esses tiveram desempenhos horrorosos como apoiadores ou se voltaram contra o presidente em cuja onda foram eleitos. Para governador do Rio de Janeiro, os eleitores de Bolsonaro elegeram Wilson Witzel, que, depois de se apoiar no presidente, tentou caluniá-lo pra tomar o lugar dele em 2022[4], mas acabou sofrendo impeachment por desvio de dinheiro destinado ao combate à "pandemia"[5]. Para prefeito de São Paulo, eles elegeram João Dória Jr. Qual foi a linha de marketing pra eleição de 2016? "Ele não é político". Já em 2016, o The Intercept avisava que isso ia acabar mal (vou deixar a matéria no apêndice). Depois, eles o elegeram governador do estado de São Paulo em 2018 e deixaram seu vice Bruno Covas na prefeitura. No meio do mandato de governador, João Dória Jr. viu a sua chance de ser presidente do Brasil usando a peste chinesa pra atacar Jair Bolsonaro.

Desde o ano passado eu digo no Facebook e no VK que a direita devia derrubar o "Ditadória" e o Bruno Covas por impeachment, não nas eleições. Porque João Dória Jr. e Bruno Covas tinham algum currículo: o primeiro é empresário e filho de outro governador de São Paulo, João Agripino Dória; o segundo era neto de outro governador de São Paulo, Mário Covas Júnior. Os outros surgiram da bolha da direita nas redes sociais e no YouTube, e já vão voltar de Brasília para o anonimato em 2023 só por trair os eleitores de Jair Bolsonaro e, assim, os deles próprios. Agora, Bruno Covas já morreu[6], mal aproveitou o segundo mandato. Faz um tempo em que até o Diabo anda escrevendo certo por linhas tortas. Então, ainda ficam duas perguntas: 1) ainda há tempo até outubro de 2022 para os liberais antipolítica perceberem a obrigação que têm de derrubar um político eleito por causa deles? 2) ainda há tempo, também até outubro de 2022, para os liberais antipolítica perceberem a dificuldade que vão ter para o impeachment de João Dória Jr. mesmo com sinais de corrupção e uma impopularidade grande pela má "gestão da pandemia"?

O caso da CoViD-19 (ou golpe do vírus chinês) ajudou a fazer da direita, principalmente a parte "sad people", um exemplo vivo daquela frase de Arnold Toynbee: "o maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam".

NOTAS E REFERÊNCIAS:

[1] "Uma nota sobre as belas mulheres comentaristas conservadoras", 14 de março de 2017, A Vez das Mulheres de Verdade, https://avezdasmulheres.blogspot.com/2017/03/uma-nota-sobre-as-belas-mulheres.html; e A Vez dos Homens que Prestam, https://avezdoshomens.blogspot.com/2017/03/uma-nota-sobre-as-belas-mulheres.html.

[2] pin-up

Um termo antiquado para material sexualmente excitante (embora muitas vezes não explícito), como mulheres caucasianas atraentes e sorridentes, olhando para trás e ligeiramente inclinadas, ou deitadas de costas arqueadas.

(Urban Dictionary, https://www.urbandictionary.com/define.php?term=pin%20up)

[3] "Por que você precisa ter compostura nas palavras", 09 de janeiro de 2021, A Vez das Mulheres de Verdade, https://avezdasmulheres.blogspot.com/2021/01/por-que-voce-precisa-ter-compostura-nas-palavras.html; e A Vez dos Homens que Prestam, https://avezdoshomens.blogspot.com/2021/01/por-que-voce-precisa-ter-compostura-nas-palavras.html.

[4] "Bolsonaro diz que Witzel atuou para implicá-lo no caso Marielle", Metrópoles, 02 de novembro de 2019, https://www.metropoles.com/brasil/politica-brasil/bolsonaro-diz-que-witzel-atuou-para-implica-lo-no-caso-marielle.

[5] "Tribunal aprova por unanimidade impeachment de Witzel, que fica inelegível por 5 anos", G1, 30 de abril de 2021, https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2021/04/30/tribunal-especial-abre-a-sessao-para-decidir-impeachment-de-witzel-1.ghtml.

[6] "Prefeito Bruno Covas morre de câncer aos 41 anos em São Paulo", R7, 16 de maio de 2021, https://noticias.r7.com/sao-paulo/prefeito-bruno-covas-morre-de-cancer-aos-41-anos-em-sao-paulo-16052021.

Apêndice

"A velha nova política de João Doria Júnior", The Intercept Brasil, 09 de outubro de 2016. Disponível em https://theintercept.com/2016/10/09/a-velha-nova-politica-de-joao-doria-junior.

A velha nova política de João Doria Júnior

Apesar do discurso pretensamente moderno, o novo prefeito de São Paulo se elegeu praticando a velha politicagem de sempre e empurrou seu partido ainda mais para a direita.

9 de Outubro de 2016, 14h10

Foto: Mauricio Lima/Getty images

Folha: O sr. é um político experiente…

Paulo Maluf: Não, eu sou engenheiro.

 

Há dois anos, Maluf renegava sua condição de político em entrevista à Folha. Logo ele, um homem que infesta a política nacional desde o período jurássico. Viu sua fortuna crescer durante a ditadura militar, foi prefeito biônico da capital paulista e, após a redemocratização, se elegeu trocentas vezes para prefeito e governador em terras bandeirantes. Apesar de jurar não ser político, Paulo Maluf é o pai do malufismo – uma corrente político-filosófica conservadora que trouxe sua experiência na iniciativa privada para a vida pública e cunhou máximas gloriosas como “rouba, mas faz” e “estupra, mas não mata”.

Quando vi Bruno Covas, eleito vice-prefeito de São Paulo, comemorando a vitória ao lado de João Doria Júnior, tentei imaginar o que pensaria o avô ao vê-lo numa chapa que renega a política de uma forma ainda mais acintosa que Maluf, seu histórico rival. Covas, também engenheiro, talvez tenha sido o último sopro de social democracia do partido social-democrata e jamais demonizou a política. Arrisco dizer que ele repudiaria com vigor um candidato cuja principal marca de campanha foi a exaltação da sua carreira empresarial.

Doria está muito mais próximo do malufismo do que da social-democracia de Covas. Em um post de desabafo no Facebook, um ex-assessor seu afirma que Mário Covas não engolia o então secretário da Paulistur:

“Vomito quando vejo Dória falando de Mário Covas, que não o digeria. Mário entrava na sala de João, no Anhembi, batendo cinzas de cigarro no chão, por não aturar o executivo imposto pelo grande governador Franco Montoro. Covas não o suportava, e ele vem dizer que era amigo e que muito aprendeu com Covas.”

Alberto Goldman, vice-presidente nacional da legenda que elegeu Júnior, concorda. Às vésperas da eleição, escreveu um alerta sobre o candidato do seu próprio partido.

“Dória diz não ser político, mas administrador, empresário. Não é verdade. Ele mesmo se vangloria em ter sido presidente da Paulistur, no governo Mário Covas, e presidente da Embratur, no governo José Sarney, ambas empresas estatais da área do Turismo. Seu material de propaganda divulga que foi coordenador da campanha “Diretas Já”, o que também não é verdade. Exerceu cargos políticos, remunerados, profissionalmente. Agora é candidato a prefeito. (…) É um cidadão totalmente desprovido de escrúpulos, teve sua vitória nas prévias pelo abuso do poder econômico que tem e, infelizmente, pela ação do governo do Estado. É uma desgraça para o partido que desejo ardentemente salvar.”

As declarações de Goldman devem ser vistas com ressalvas, já que partem de um desafeto de dentro do partido, mas os fatos elencados são sérios e sinto que há uma genuína preocupação com os rumos que Júnior pode dar ao PSDB. Não seria à toa.

Um perfil escrito por Juliana Dualibi para a Revista Piauí traz à tona os bastidores da briga interna tucana e a politicagem pesada que Doria Jr empreendeu para atingir seus objetivos. O modus operandi que o alçou à condição de candidato tucano é de invejar até mesmo o seu aliado Maluf. Ninguém venceria Matarazzo, Serra e FHC no PSDB só com gestão e eficiência, mas com política pesada. O novo prefeito de São Paulo pavimentou toda sua carreira empresarial sempre estando muito perto de políticos e administrações públicas – o que sempre gerou grandes oportunidades para seus negócios. A Lide, sua empresa de eventos, não produz bens nem serviços significantes, apenas estabelece e fortalece a relação de empresários com políticos e gestores públicos – o famoso lobby.

Desfilar com elegância entre o público e o privado sempre foi uma característica desse businessman, mas algumas escorregadas éticas rolaram: desde desvios de verbas em cargos públicos que ocupou até a uma invasão (que o Estadão chamou carinhosamente de “incorporação”) de terras públicas para construir uma mansão. Nos últimos 10 anos, Doria recebeu de diferentes governos um total de R$10,6 milhões. Em média, R$1 milhão por ano. Nada mal para quem prega alucinadamente cortes de gastos públicos, não?

Estado mínimo, meu milhão primeiro. E as mamadas eram apartidárias: Júnior conseguiu verba tanto da Petrobrás, comandada pelo PT, quanto de Alckmin, que decidiu fazer publicidade do governo de São Paulo em revistas que ninguém lê, como a Caviar LifeStyle da Editora Doria.

Em sua primeira entrevista como prefeito eleito, Júnior baixou uma ordem ao vivo para futuros secretários e colaboradores que ainda nem foram escolhidos: todos serão obrigados a assistir ao Bom Dia Brasil todos os dias, porque, segundo ele, o jornal “reflete o sentimento da cidade”. Na administração dele, a Globo ficará encarregada de fazer a editoria do “sentimento da cidade”. Talvez seja o caso de terceirizar a comunicação municipal para a nobre emissora logo de uma vez.

Mal foi eleito,Júnior já demonstrou grande eficiência no descumprimento de promessas. Na última segunda-feira ele prometeu congelar o valor do IPTU:

Três dias depois, o gestor voltou atrás.

Outra figura que inspira Junior é Donald Trump, a quem considera – percebam o deslumbre! – “um homem rico, famoso, poderoso e muito, muito invejado”. A comparação é óbvia, a trajetória de ambos é quase idêntica. O discurso político também. A diferença é que Junior parece que foi mais bem educado pela mamãe e apresenta uma imagem mais polida.

O mantra “não sou político, sou um administrador, sou empresário, sou gestor” foi repetido exaustivamente durante a campanha, numa tentativa oportunista de ocupar o vácuo deixado pelo cansaço da população com a política. Implantar exatamente os mesmos métodos da gestão privada na pública não é apenas estupidez inofensiva, mas uma ideia perigosa que não contribui em nada para o fortalecimento das instituições democráticas. Não é demonizando a política que a corrupção será superada. A política é, essencialmente, disputa e acomodação de ideias e interesses. Um prefeito não pode pretender ser o CEO ou o diretor-executivo de uma cidade. Ainda mais um que se elegeu numa coligação com 13 partidos – um terço de todos os partidos existentes no país – e será obrigado abarcar interesses diversos. Mesmo com tantas siglas coligadas, Júnior garante que não fará partilha de cargos – o que me faz ter certeza de que ele é mentiroso ou mágico.

Pelo histórico, a tendência é São Paulo acelerar, mas acelerar com a ré engatada. Doria é um rico excêntrico, uma espécie de híbrido político que mistura o que há de pior na política e na iniciativa privada. Me parece que o paulistano pretendeu renovar o cenário político, mas escolheu alguém que sintetiza as mais caquéticas e condenáveis práticas. Junior tem a inescrupulosidade de Donald Trump, a superficialidade de Chiquinho Scarpa e a esperteza de Paulo Maluf. Sabe aquele papo de “você compraria um carro usado de fulano?”. O paulistano resolveu comprar um carro usado de Doria. Resta saber quando descobrirá que a Ferrari veio num chassi de Fusca. Acelera, São Paulo!

Texto original em português sem fotos e vídeos de putaria no A Vez das Mulheres de Verdade: "João Dória Jr. e o 'sad people' da direita brasileira", https://avezdasmulheres.blogspot.com/2021/09/joao-doria-jr-e-o-sad-people-da-direita.html.
Texto original em português com fotos e vídeos de putaria no A Vez dos Homens que Prestam: "João Dória Jr. e o 'sad people' da direita brasileira", https://avezdoshomens.blogspot.com/2021/09/joao-doria-jr-e-o-sad-people-da-direita.html.

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

O Petrolão da CoViD-19 e o preço da estupidez

EN: It's not a pandemic. It's an IQ test. PT-BR: Não é uma pandemia. É um teste de QI. ES: No es una pandemia. Es una prueba de coeficiente intelectual. FR: Ce n'est pas une pandémie. C'est un test de QI. IT: Non è una pandemia. È un test del QI.

Abigail Pereira Aranha

1) Ilustração

Eu estava organizando o texto quando achei a imagem acima[1]: "Não é uma pandemia. É um teste de QI."

2) Introdução

Eu comentei uma vez sobre o meu estranho hábito de traduzir em 4 idiomas textos meus sobre atualidades do Brasil, em algum ano antes da fraudemia da gripe chinesa. O motivo pra isso, eu dizia, era compartilhar com leitores não-lusófonos alguma coisa relevante e não-regional que eu aprendia da minha experiência cotidiana. A intenção era essa também com leitores de Portugal, Moçambique e Angola, que eu sabia que tinha. E a minha experiência cotidiana, ou a sua, é a de uma pessoa que vive em algum lugar do mundo, fala algum idioma, é homem ou mulher, etc. No meu caso, eu sou uma mulher brasileira, que vive no Brasil e fala português. Por um lado, isso me leva a escrever coisas que eu não diria (ou nem saberia) se eu fosse dos Estados Unidos ou do Norte da Índia. Por outro lado, se eu não for uma pessoa intelectualmente pequena, eu posso apresentar, como moradora do Brasil, uma reflexão que um leitor dos Estados Unidos, da Índia ou mesmo de outro país lusófono não vê de forma corriqueira; ou mesmo no Brasil, eu posso apresentar, como uma garota que nasceu e mora no estado de Minas Gerais, uma observação não corriqueira para um leitor do estado do Pará ou do estado de Pernambuco. E nos meus relatos breves da minha vida de licenciosidade, eu também trago pontos para reflexão. Depois desse comentário, o caso da "plandemia", ou "panicodemia", me mostrou que o resto do mundo é ainda menos diferente do Brasil do que eu imaginava naquela época.

Numa revisão rápida, o Mensalão foi um esquema do partido do então presidente Lula, o PT (Partido dos Trabalhadores), para subornar congressistas do que devia ser a oposição para garantir apoio ao presidente no Congresso Nacional; e o Petrolão foi um esquema do mesmo partido de desvio de dinheiro da empresa de economia mista Petrobrás, dinheiro que também serviu pra comprar apoio no Congresso, mas que se aplicou mais ao financiamento de uma militância de esquerda ilegal pra apoiar o governo e atacar a oposição dentro e fora da política formal. O Mensalão foi denunciado em 2005, o Petrolão foi denunciado em 2014, depois de descoberto por acaso em uma investigação de um lava-jato em Curitiba (daí vem o nome de Operação Lava Jato).

Depois do escândalo do Mensalão e antes do escândalo do Petrolão, quais foram as lições que o brasileiro médio e alguns brasileiros não tão médios aprenderam? 1) Todos os partidos "roubam" (mesmo que o esquema em questão seja único na História do Brasil), então vou votar no candidato que vai arrumar a minha vida e a da minha família (Bolsa Família, sistema de cotas nas universidades públicas, indústria do divórcio, etc.). 2) Se você colocou carne na mesa do pobre, mesmo que só em uma propaganda que esconde os méritos do antecessor, você ganha o voto dele. 3) Se você colocou o filho do pobre na universidade, mesmo que só em uma propaganda que esconde os méritos do antecessor, você ganha o voto dele. 4) Subordinar o Poder Legislativo e o Poder Judiciário ao Poder Executivo no nível nacional é menos grave que qualquer esquema de desvio de dinheiro público no nível estadual ou municipal, desde que o valor em dinheiro seja menor.

O ano da revelação do Petrolão foi um ano de crescimento zero no PIB do Brasil. Mesmo com uma imprensa paga via Petrolão, o povo não ganhava nada em ignorar a dificuldade da Administração Pública nos três níveis em pagar seus funcionários e fazer obras públicas ao mesmo tempo, a retração da indústria no Brasil, a perda da credibilidade do diploma universitário brasileiro e, a partir daquela época, os problemas que o ativismo de esquerda pago via Petrolão estava trazendo mais perto da vida cotidiana do cidadão comum. Aquele ano era eleitoral, a então presidente concorria à reeleição. Antes da eleição, naquele ano, ela tinha mais de 60% de rejeição. Depois da eleição, quando ela estranhamente foi reeleita, veio uma série de protestos pelo impeachment, por mais de um ano e meio. Mas na época das manifestações por este impeachment, o brasileiro médio e alguns brasileiros não tão médios aprenderam duas outras lições: 5) Simpatizar com qualquer político que não seja do PT pra esquerda é "idolatrar político". 6) Política é comparecer a duas eleições a cada 4 anos a contragosto, com a indignação de passar um domingo a cada dois anos sem tomar cerveja.

Em que deu o Petrolão? Essencialmente, o meio impeachment da senhora azarada que estava na Presidência do Brasil na época do escândalo, Dilma Rousseff (ela perdeu o cargo sem perder os direitos políticos). Em que deu o Mensalão? Nem um meio impeachment. O presidente Lula conseguiu, depois do escândalo, a própria reeleição e a eleição da senhora azarada.

3) O PT do Brasil, a "panicodemia" mundial e o pacto de burrice

Eu dei essa revisão rápida sobre política brasileira pra ilustrar os problemas da combinação da mesquinharia e da trapaça com a preguiça intelectual e a burrice. Algo parecido já está acontecendo no caso da CoViD-19, e não só no Brasil. E algo análogo ao escândalo do Petrolão em escala mundial seria uma esperança. Agora explico por que.

Quando estava em preparação o decreto da "pandemia" (sim, foi um decreto da ONU), parece que nem no Primeiro Mundo havia quem lembrasse que máscaras faciais eram usadas por pessoas com doenças transmissíveis pelas vias respiratórias, não por pessoas saudáveis para não pegar a doença; ou que pessoas com gripe forte se isolam elas mesmas em suas casas enquanto as pessoas saudáveis seguem suas rotinas diárias. A pessoa com Síndrome do Pânico do tal coronavírus hoje (vulgo "pandeminion") podia levar uma boa reprimenda da ela própria do primeiro semestre de 2019. Mas alguém apitou #StayHome, os cachorros correram pra casa. Eu uso a imagem de cachorros, mas perto da "pandemia", os cachorros de Pavlov eram estudantes de Filosofia. Você já vai entender por que. Seriam duas semanas de isolamento social, mas os casos da doença aumentaram. Redução da circulação mais máscaras faciais para sair de casa seriam suficientes, mas os casos da doença aumentaram. Devíamos escolher entre empresas falindo e mais mortes, mas tivemos as duas coisas. Devíamos escolher entre fazer denúncias dos encontros de amigos na vizinhança e ter mais mortes, mas tivemos as duas coisas. Mas até aqui, só teóricos da conspiração e irresponsáveis viram que alguma coisa estava errada; os cachorros de Pavlov pelo menos associavam elementos de linguagem a elementos do mundo real. Então, chegou a vacina. Vamos testar se essa coisa realmente funciona? Não, porque há pressa, mesmo que a doença em questão tenha menos de 5% de letalidade, em geral de pessoas idosas ou com comorbidades que poderiam ter morrido (ou morreram) de algo como pneumonia comum, hepatite ou AVC. Mas essa coisa realmente funciona e pode levar você de volta a uma vida normal? Não, segundo os próprios defensores.

Quando tivemos as denúncias do Mensalão e do Petrolão aqui no Brasil, ainda tínhamos pessoas simplórias do povo que disseram, inclusive pra si mesmas, que era tudo conspiração da mídia contra um presidente honesto que governava a favor dos pobres, e fim da conversa. O caso da "plandemia", ou "panicodemia", é mais grave ainda.

Só a aceitação geral, em si, de um combate a uma doença tão contrário às Ciências Médicas e ao interesse público, e mesmo ao conhecimento público do ano anterior, já é uma porta de entrada para ainda mais absurdos e arbitrariedades. Assim como a vigarice mesquinha, em si, das pessoas que esperavam ganhar desde um pagamento sem trabalho (que foi o caso tanto de benefício indevido no Auxílio Emergencial quanto de funcionários públicos) até a vingança contra a derrota do partido do Petrolão na eleição para a Presidência da República (aqui, você deve ter notado que eu peguei o caso do Brasil). Mas exatamente isso pode jogar toda a porcaria sobre quem ajudou a construi-la desde o começo. Se essas pessoas precisam de um desvio grande de dinheiro público para perceberem que algo está errado, o terão; se precisam de censura em postagens despretensiosas nas redes sociais, a terão; se precisam da perda de alguém próximo pra vacina em vez de para o vírus mortal, a terão. E será sorte dessas pessoas se reagirem a tempo de evitar uma carteira de moeda digital ligada ao certificado digital de vacinação, este vinculado aos documentos pessoais e sem o qual um cidadão não pode entrar no comércio do bairro.

A simples possibilidade de efeitos colaterais de uma vacina com meses de criação é assunto proibido. Mas quando milhões de pessoas no mundo tiverem algum efeito colateral ou morrerem, e então vai ser difícil proibir o assunto na "mainstream media", algum culpado vai ser penalizado. Mas o melhor que pode acontecer é cada fabricante de vaChina ficar com a roupa do corpo pra pagar indenização pras vítimas de doenças graves, o que ainda é pouco. E isso o próprio governo chinês pode provocar, como uma estrela-do-mar solta uma das próprias pontas pra escapar de um predador. O governador do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, sofreu impeachment por desvio de dinheiro destinado para combater a "panicodemia".[2] O momento de pânico de saúde pública é um bom ambiente para obras sem licitação, compra de equipamentos médicos que nunca serão postos em uso ou valores exagerados para compra de sabonete líquido, mas ele não foi o único prefeito ou governador que fez isso. Poderiam ser "descobertos" outros casos parecidos?

É verdade que não poucos eleitores do atual presidente brasileiro Jair Bolsonaro são eleitores arrependidos do PT. Mas se houvesse autocrítica entre a maior parte dos eleitores do PT, e também do povo brasileiro em geral, eles veriam que o que salvou o PT na revelação de dois escândalos que destruiriam qualquer outro partido foi a aliança dos seus eleitores (e muitos dos que não foram) com a pequenez de espírito, a trapaça, a farsa, a inveja, a preguiça e o semianalfabetismo. Algo semelhante vai acontecer na Síndrome do Pânico da CoViD-19, mas mesmo para pessoas bravamente conservadoras e anticomunistas, é difícil explicar isso agora. Por falar em cristãos conservadores e antissocialistas, eles também se encaixam no problema da falta de autocrítica. Primeiro, eles foram uma oposição de dogmas, clichês e campanha eleitoral interiorana quando era necessária uma oposição de integridade mental contra a estupidez, pelo menos no Brasil e nos Estados Unidos. Segundo, apresentar a penetração do Partido Comunista Chinês como oportunidade econômica foi suficiente, desde uns 20 anos atrás, para muitos deles deixarem o antiesquerdismo para espantalhos como a feminista pavorosa que defende o lesbianismo e a luxúria com homens; assim como, hoje, eles aceitam o combate socialista contra o Cristianismo e a economia nacional desde que use o disfarce de emergência de saúde pública.

O Brasil saiu do Petrolão com o PT ainda funcionando como um partido normal. A fraudemia pode passar com todos os quebradores de cada economia local ou nacional seguindo uma vida econômica, jurídica, profissional ou política mais ou menos normal.

O golpe do vírus chinês vai trazer uma série de consequências danosas em vários países do mundo que qualquer vaca inculta pode ver na própria vida, a maioria das quais ela nem se lembra de onde vieram. Então, ele vai deixar a mesma lição bíblica que o Mensalão e o Petrolão deixaram no Brasil: "a repreensão penetra mais profundamente no prudente do que cem açoites no tolo" (Pv 17: 10).

NOTAS E REFERÊNCIAS:

[1] conspiracybot, 25 de julho de 2021 às 22:49, https://twitter.com/conspiracyb0t/status/1419475031948546052.

[2] "Tribunal aprova por unanimidade impeachment de Witzel, que fica inelegível por 5 anos", G1, 30 de abril de 2021, https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2021/04/30/tribunal-especial-abre-a-sessao-para-decidir-impeachment-de-witzel-1.ghtml.

Texto original em português sem fotos e vídeos de putaria no A Vez das Mulheres de Verdade: "O Petrolão da CoViD-19 e o preço da estupidez", https://avezdasmulheres.blogspot.com/2021/08/petrolao-da-covid-19.html.
Texto original em português com fotos e vídeos de putaria no A Vez dos Homens que Prestam: "O Petrolão da CoViD-19 e o preço da estupidez", https://avezdoshomens.blogspot.com/2021/08/petrolao-da-covid-19.html.

quinta-feira, 15 de julho de 2021

O Dia do Homem e por que ele não é uma questão de direitos masculinos

Abigail Pereira Aranha

Olá, meus amigos e minhas inimigas! 15 de julho é o Dia do Homem no Brasil e 19 de novembro é o Dia Internacional do Homem. Os militantes e os simpatizantes do Movimento de Direitos Humanos dos Homens e Meninos podem mostrar como os homens são prejudicados em desde conversar com uma mulher que não seja da família até punição no sistema legal, e podem mostrar como é quase automático ao redor do mundo retratar o homem mediano de forma depreciativa e a mulher mediana como deusa e rainha. Mas lutar contra isso não é questão de conquistar direitos, pelo menos não como o movimento feminista pede para as mulheres.

Primeiro, um direito não pode ser dado pela mesma pessoa ou comunidade que o recebe. Por isso o movimento feminista recebe direitos para as mulheres de legisladores homens, assim como o Movimento LGBTQIA+ recebe direitos para os não-héteros de legisladores heterossexuais, ou o Movimento Negro recebe direitos para os negros em países fora da África. Só conservadores burros veem isso com desprezo forçado pela inteligência dos progressistas. Portanto, os homens só precisariam de direitos formais se as mulheres dominassem o país formalmente. Segundo, o conjunto de direitos de uma pessoa tem um benefício maior que o custo do conjunto de obrigações da mesma pessoa diante daqueles de quem recebe o direito. Caso contrário, acontece como aconteceu na escravidão, em que alguns escravos fugiram, mataram senhores ou fizeram abortos para não oferecerem novos escravos. Terceiro, um direito não pode ser recebido de quem não tem recursos que façam essa oferta possível. Para um exemplo rápido, vamos ao caso dos serviços públicos: a população tem um prejuízo no direito a um serviço público se a Administração Pública não tem os meios para conseguir a execução deste serviço (meios financeiros, inclusive). Por exemplo, para uma avenida sanitária (uma avenida que segue as margens de um curso d'água, que passa limpo no meio), precisamos de um projeto de engenharia, canalização do esgoto (acompanhando a avenida), materiais de construção para o canal, pavimentação da avenida, etc. Para os materiais, a Administração Pública precisa ter o dinheiro; o maquinário e a mão-de-obra (incluindo a mão-de-obra de engenharia), a Administração Pública precisa ter ela mesma ou ter alguém que tenha e possa contratar.

No primeiro ponto, já temos um problema para um Ativismo de Direitos Humanos dos Homens ou, como dizem os antipatizantes, um Feminismo para homens: o conflito dentro do universo masculino na questão de direitos para os homens é ainda pior que das mulheres antifeministas contra as mulheres feministas, ao mesmo tempo em que os homens que pensam que Direitos Humanos dos Homens são uma bobagem são mais que as mulheres que discordam do Feminismo a partir da Segunda Onda. Mas eu já expliquei como o Conservadorismo cristão nos levou ao Feminismo como o conhecemos, inclusive com a contribuição dos homens tradicionais, ainda em 2015, e não foram os meus primeiros textos sobre isso. Aqui, eu gostaria de chamar a sua atenção para os outros dois pontos. O segundo e o terceiro ponto levam a uma mesma questão: o que o seu país pode oferecer a um homem que presta.

Eu já poderia trazer esta reflexão antes da panicodemia da CoViD-19, mas vou pegar este caso pra dar uma ilustração rápida da situação como um todo de quase qualquer país ou cidade do mundo. Com exceção da pátria do vírus chinês, cada país do mundo teve queda no PIB em 2020. A truculência de policiais para fechar postos de trabalho honesto e impedir pessoas honestas de andarem na rua, tudo isso que quase todos esses governos federais e municipais fizeram para quebrar o próprio país, e os isolamentos de pessoas em suas casas que produziram doenças mentais e suicídios; tudo isso, se fosse transformado em processos, daria uma soma de indenizações em dinheiro mais outra soma de custos de produtos e serviços (como tratamentos médicos) que deixariam a Administração Pública ainda pior do que antes se ela já estava em dificuldade financeira. E essa saída de dinheiro a mais viria da parte da falência que o #StayHome não conseguiu alcançar, o dinheiro que os trabalhadores e as empresas honestos ainda conseguiram pagar em impostos. Fecho aqui o... assunto viral do momento.

Inverto aquela frase famosa: não pergunte o que você pode fazer pelo seu país, mas o que o seu país pode fazer por você. A experiência individual e histórica da humanidade mostra que quanto mais uma pessoa, uma instituição ou um país cospe regras e obrigações, mais medíocre é e menos tem capacidade de oferecer algo decente. No caso do universo feminino, as mulheres em geral assumiram um objetivo de fazer desagradável ou inconcebível um homem pensar em sexo com elas mesmo quando elas são bonitas. Eu mesma até aproveito e ofereço a alguns amigos homens a diferença entre a mulher e o homem, além de outros bons momentos. Para a vida social, o que o país parece oferecer como imagem de bons momentos é uma mesa de bar na sexta-feira depois do trabalho (desde que você não trabalhe no sábado); ou, em outras palavras, uma felicidade que você só tem se é idiota, alienado e farsante. Assim, o homem que presta, inclusive pela sua grandeza de espírito, não está em um lugar onde tem direitos a conquistar. Ele está em um lugar onde tem que superar a pobreza de espírito do ambiente e continuar solteiro.

Questo testo in italiano senza foto e video di dissolutezza in Réflexion et Temps Libre avec Abigail: "La Giornata dell'Uomo e perché non è una questione di diritti maschili", https://avezdasmulheres2.blogspot.com/2021/11/giornata-dell-uomo-diritti-maschili.html.
Questo testo in italiano con foto e video di dissolutezza in Amélioration et Amusement des Hommes avec Abigail: "La Giornata dell'Uomo e perché non è una questione di diritti maschili", https://avezdoshomens2.blogspot.com/2021/11/giornata-dell-uomo-diritti-maschili.html.
Ce texte en français sans photos et vidéos de libertinage au Réflexion et Temps Libre avec Abigail: "Journée des Hommes et pourquoi ce n'est pas une question de droits masculins", https://avezdasmulheres2.blogspot.com/2021/11/journee-des-hommes-droits-masculins.html.
Ce texte en français avec photos et vidéos de libertinage au Amélioration et Amusement des Hommes avec Abigail: "Journée des Hommes et pourquoi ce n'est pas une question de droits masculins", https://avezdoshomens2.blogspot.com/2021/11/journee-des-hommes-droits-masculins.html.
Eso texto en español sin fotos y videos de putaría en Réflexion et Temps Libre avec Abigail: "El Día del Hombre y por qué no es una cuestión de derechos masculinos", https://avezdasmulheres2.blogspot.com/2021/11/dia-del-hombre-derechos-masculinos.html.
Eso texto en español con fotos y videos de putaría en Amélioration et Amusement des Hommes avec Abigail: "El Día del Hombre y por qué no es una cuestión de derechos masculinos", https://avezdoshomens2.blogspot.com/2021/11/dia-del-hombre-derechos-masculinos.html.
This text in English without licentiousness photos and videos at Réflexion et Temps Libre avec Abigail: "Men's Day and why it's not a masculine rights issue", https://avezdasmulheres2.blogspot.com/2021/11/mens-day-masculine-rights.html.
This text in English with licentiousness photos and videos at Amélioration et Amusement des Hommes avec Abigail: "Men's Day and why it's not a masculine rights issue", https://avezdoshomens2.blogspot.com/2021/11/mens-day-masculine-rights.html.
Texto original em português sem fotos e vídeos de putaria no A Vez das Mulheres de Verdade: "O Dia do Homem e por que ele não é uma questão de direitos masculinos", https://avezdasmulheres.blogspot.com/2021/07/dia-do-homem-direitos-masculinos.html.
Texto original em português com fotos e vídeos de putaria no A Vez dos Homens que Prestam: "O Dia do Homem e por que ele não é uma questão de direitos masculinos", https://avezdoshomens.blogspot.com/2021/07/dia-do-homem-direitos-masculinos.html.
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