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sábado, 17 de setembro de 2016

Castidade é ódio contra os homens - parte 1: casos Tiziana Cantone e Feiticeira

FOTOS: Tiziana Cantone comete suicídio depois que seu ex-namorado vaza sua fita de sexo com cara novo

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A italiana Tiziana Cantone que se filmou fazendo sexo com seu novo namorado e enviou para seu ex-namorado para ameaçá-lo cometeu suicídio depois que ele compartilhou o vídeo on-line e ela foi bombardeada com um grande número de abusos online.

Tiziana Cantone, de Nápoles, na Itália, foi filmada realizando um ato sexual com um homem e o vídeo foi enviado para a internet antes de ser amplamente compartilhado.

Seu ex-namorado compartilhou a fita de sexo altamente explícita da mulher de 31 anos de idade e até revelou sua completa identidade on-line como sua própria forma de vingança.

De acordo com amigos e parentes próximos, a mulher de 31 anos estava profundamente deprimida e à beira do suicídio por meses antes de sua morte.

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O vídeo foi compartilhado e baixado centenas de milhares de vezes e ela não podia lidar com a atenção negativa vinda da mídia social.

Tiziana largou seu emprego e se mudou de Nápoles para Toscana depois de supostamente ser reconhecida e ridicularizada e maltratada on-line e na vida real.

A srta. Cantone poderia supostamente ser ouvida na fita de sexo dizendo: "Você está fazendo um vídeo? Bravo."

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A fita de sexo tornou-se tão amplamente conhecida que ela também foi forçada a mudar seu nome.

Ela estava no processo de mudar legalmente seu nome quando ela foi encontrada morta, segundo a imprensa local.

A srta. Cantone passou por um processo legal na corte de Nápoles do Norte, onde lhe foi concedido um novo nome legal para evitar ser reconhecida.

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Os promotores abriram um inquérito em sua cidade natal de Nápoles que poderia trazer acusações criminais.

A advogada dela, Roberta Manzillo, se diz ter tomado medidas legais contra uma série de motores de busca na internet, bem como as pessoas responsáveis ​​por compartilhar a fita de sexo em redes sociais.

"Por que essas imagens ainda estão lá?

Por que as pessoas ainda podem zombar e rir desta jovem que terminou seus dias devido a esta humilhação que ela sofreu?", ela escreveu no jornal de Nápoles Il Mattino na quinta-feira.

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Teresa Petrosino, sua amiga, disse ao jornal italiano Corriere della Sera que a srta. Catone foi destruída pelo abuso.

"Ela tinha falado de seu desejo de deixar tudo para trás, e fechar com o passado", disse ela.

"Eu me pergunto como alguém pode ser tão feroz, como lançar raiva contra uma garota que não fez nada de errado.

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Eu acho que eles deveriam ter vergonha de todos aqueles que tenham enchido a internet de insultos e, enquanto isso, observavam secretamente as imagens."

"PHOTOS: Tiziana Cantone Commits Suicide After Her Ex-Boyfriend Leaks Her Sextape w/ New Guy", Campus Heat, 15/09/2016, http://campusheathq.com/photos-tiziana-cantone-commits-suicide-after-her-ex-boyfriend-leaks-her-sex-tape-w-new-guy

Meus comentários

Vou pular o artigo de James Reynolds, BBC News, em que é citado que o Primeiro-Ministro Matteo Renzi disse que isso é "violência contra a mulher". Temos dois homens aqui. Em vez disso, vou citar um outro artigo sobre este incidente. Mas, antes disso, vou citar um artigo sobre uma celebridade brasileira, depois vou explicar por que.

A empresária Joana Prado está longe dos holofotes há alguns anos, mas ela ainda tem dificuldades em falar de seu passado na TV. Em entrevista ao "Programa do Gugu" de quarta-feira, ela relembrou sua personagem Feiticeira e disse que não gostava de interpretá-la: "Nos primeiros programas, quando o Luciano [Huck] me chamava, eu entrava perdida. Eu era uma menina também. Quando voltava, ia pro camarim e chorava de soluçar! Eu ouvia o que eu queria e o que não queria. Aprendi a administrar, mas me fazia mal".

(...) "Me vi interpretando uma personagem que não fazia parte dos meus sonhos. Tem mulher que sonha em ser símbolo sexual, em ser famosa, mas eu nunca quis isso", contou.

"'Chorava de soluçar', revela Joana Prado sobre época da Feiticeira", O Dia, Rio de Janeiro, 11/02/2016, http://odia.ig.com.br/diversao/televisao/2016-02-11/chorava-de-solucar-revela-joana-prado-sobre-epoca-da-feiticeira.html

Agora, de volta para Tiziana:

Tiziana Caltone

Tiziana Cantone, 31 anos, foi encontrada morta terça-feira por se enforcar depois de uma fita de sexo de 2015 em que ela foi destaque tornar-se viral.

O escritor Roberto Saviano disse que a Itália tem uma relação "mórbida" com o sexo e a rejeição que ela sentiu do público depois que a fita se tornou viral resultou desses sentimentos. "Eu lamento por Tiziana, que se matou porque ela era uma mulher em um país onde o sexo desinibido e brincalhão ainda é o pior dos pecados", disse Saviano no Twitter. Clique na galeria para ver mais imagens de Cantone. (Instagram/tizianacantonereal)

"Tiziana Cantone Photos: A Tribute to the Italian Beauty", Heavy.com, 16/09/2016, http://heavy.com/news/2016/09/tiziana-cantone-photos-gallery-instagram-rip-facebook-italy-pictures-sex-tape

Vamos ligar este caso e o caso da Feiticeira. Os pensamentos são semelhantes. O que Tiziana achou brincalhão foi compartilhar este vídeo com algumas amigas (de acordo com outras fontes) e seu ex-namorado. Ela não era tão desinibida para ser vista pelos homens heterossexuais. Por quê? Bem, você vai ver neste blogue ou nos meus perfis de redes sociais que eu não estou mostrando meu rosto ou meu corpo. É para minha segurança por causa deste trabalho na internet. Mas se você ver os meus blogues, você pode ver alguma "diversão" e alguns escritos sobre minhas "travessuras" na vida cotidiana. Mas Tiziana era uma garota normal. Ela provavelmente teve relações sexuais com menos homens em sua vida do que eu nesta semana. Aquele homem, Roberto Saviano, não acredita que "o sexo desinibido e brincalhão ainda é o pior dos pecados" para uma mulher. Mas esta mulher acreditava. E ela se suicidou por causa disso. É por isso que os registros sexuais DELA foram surpreendentes, mas os meu não são. Se houvesse um vídeo de sexo meu na internet e Tiziana visse, ela poderia me chamar de prostituta. Se eu visse o vídeo dela, eu poderia achá-lo medíocre. Porque eu acredito que o sexo é bom, não é para o casamento tradicional e um homem não deveria ter que ter um para obter sexo. Acima de tudo, não só eu acredito que um homem tem o direito ao prazer que eu tenho, eu não acredito que o prazer de um homem implica necessariamente em uma perda para mim.

Antes que alguma lésbica feminista diga que eu estou fazendo "slut shaming" e "culpando a vítima"... porra! Eu disse que ela era uma puta, eu disse que era uma vergonha se ela tinha vergonha de realizar um vídeo sexual heterossexual, eu culpei a vítima! Mas vamos pegar um trecho naquele primeiro artigo:

Eu me pergunto como alguém pode ser tão feroz, como lançar raiva contra uma garota que não fez nada de errado.

Eu acho que eles deveriam ter vergonha de todos aqueles que tenham enchido a internet de insultos e, enquanto isso, observavam secretamente as imagens.

Sim, ela não fez nada de errado, mas os homens que viram o vídeo fizeram o errado de assistir ao vídeo. A questão não é os insultos, a zombaria ou a chantagem. Os pontos são a heterossexualidade masculina e, no caso do seu ex-namorado, a recusa de ser ridicularizado por uma vadia enrustida. Aqui, estar certo e estar errado é uma questão de gênero. Você se lembra da demonização da prostituição e da pornografia? Melhor: você se lembra do Modelo Nórdico?

Bem, você pode mencionar que a moral conservadora está presente aqui. Você está certo, e este é o problema: o Conservadorismo e progressismo juntos em suas piores partes. A castidade é misandria.

Abigail Pereira Aranha

domingo, 17 de julho de 2016

O Puritano-Feminismo episódio 28: homens que fazem filmes pornôs podem ser julgados; mulheres que fizeram e deixaram de fazer, não

Abigail Pereira Aranha

Duas matérias publicadas quase no mesmo dia já mostram algumas coisas que eu já estava tentando explicar. A primeira foi um relato na Sou Mais Eu, 14 de julho: "Criei minhas três meninas fazendo pornô". Era a Márcia Imperator. Não foi um daqueles relatos de ex-atrizes como se isso fosse o fundo do poço para um ser humano, mas aqui houve um outro problema que eu já esperava ver: "ninguém tem o direito de me julgar". Como os meus leitores e amigos sabem, eu defendo a pornografia. Mas essa matéria foi um lixo. Vamos lembrar umas coisinhas de Lógica, antes de eu explicar por que: 1) um argumento inválido é um que não tem necessariamente uma conclusão verdadeira quando todas as premissas são verdadeiras, pode ter todas as premissas verdadeiras e a conclusão falsa; 2) um argumento, inclusive um argumento válido, pode ter uma conclusão verdadeira tendo alguma premissa falsa; 3) um argumento inválido pode ter uma conclusão verdadeira (que, portanto, não é provada por aquele argumento). Agora, vamos lá: ela disse "meu trabalho é honesto e ninguém tem o direito de me julgar" depois de dizer "não queria que elas [as minhas filhas] passassem as dificuldades que passei". São duas verdades, pornografia é um trabalho honesto e ela estava precisando de dinheiro. Mas vem cá, você já viu uma assistente administrativa do serviço público dizendo que tem curso universitário, fez o concurso público para aquela vaga porque estava desempregada e depois dizendo que aquele trabalho é honesto? O "ninguém tem o direito de me julgar" já entrega: ela não acredita que o trabalho sexual que ela fez não é condenável, o que ela acredita ou tenta acreditar é que ela própria não deve ser criticada faça ela o que fizer.

O princípio de que uma mulher pode julgar Deus e o mundo (literalmente) e não está sujeita a nenhuma medida-padrão é o que define o Feminismo. Uma mulher com mentalidade feminista pode fazer ativismo contra a pornografia porque não gosta de sexo ou fazer ativismo a favor porque vê a questão sexual como controle social e quer ser rebelde. Aqui não tivemos uma argumentação razoável, só uma defesa de vaidades de uma mulher que por coincidência foi atriz pornô. Não é por acaso que essa matéria está na revista Sou Mais Eu. Se você não teve paciência para ver a capa dessa revista nas bancas ou se você não é do Brasil, vou mostrar uma lista de matérias só na primeira página quando eu acessei: "Passei no X-Factor Brasil e decidi não participar"; "Casei com o homem que recebeu o coração do meu falecido marido"; "Eliminei 50 kg em um ano!"; "Ganho a vida maquiando mortos"; "Make Periferia: 'Lucro R$ 2 mil vendendo maquiagem no morro'"; "Sou Uber e meu marido é taxista"; "Dieta: 'Emagreci 48 kg e me casei com o meu personal'".

A segunda matéria foi do dia 13, atualizada dia 14: "Polícia abre procedimento para investigar gravação pornô no Rio". Foi uma cena de um filme pornográfico gravada em uma praia que estava deserta na hora, a praia do Recreio. Alguém viu o vídeo de divulgação, não a cena ao vivo, contou o caso como se estivesse passando ali na hora, saindo de casa, colocou algumas fotos do material de divulgação como se tivesse tirado as fotos ao vivo, isso no dia 12. Os comentários da postagem na página Rio de Nojeira eram como se fosse o fim do mundo (alguns realmente disseram isso). No dia 13, foi aberta uma investigação policial. Por que a polícia não foi chamada na hora? Pronto, já temos a Júlia Velo do Conservadorismo. O autor comentou no Facebook:

Eu que nunca roubei, nunca matei, nunca agredi, sou um péssimo exemplo de ser humano. Porque gravei um vídeo adulto no começo da Praia do Recreio (área sem residências em frente). Em circunstâncias que a faziam DESERTA. Absolutamente ninguém foi constrangido. Os vídeos que vazaram foram feitos por homens que assistiam o ato, concordaram com ele e observavam se alguém se aproximava. Não houve nenhum problema naquele dia (nublado, frio e durante a semana), não foi apresentada nenhuma denúncia as autoridades ou queixa a mim. Mas voltando a questão de ser um péssimo exemplo... Por outro lado, diariamente, percebo a ação de ótimos exemplos de seres humanos. Alguns, inclusive, fazem da fé, da religião um aliado para ratificar sua onestidade. Eita! Cade o H? Sei lá... mas isso quer dizer alguma coisa.

É preciso dar voz e brigar por direitos de pessoas como eu. Que trabalham na chamada indústria do sexo. E tenham certeza que, ao brigar por esses direitos, também estarei/estaremos brigando por interesses em comum. Respeito e tolerância nunca são demais.

(Brad Montana, 14 de julho às 22:00, https://www.facebook.com/BradMontanaProduction/posts/931708570272410)

O Brad Montana nos conta que a atriz teve o perfil hackeado, teve problemas conjugais e não pôde entrar na própria casa. O engraçado é que não apareceu nenhuma lesbofeminista para dizer que o homem (o ator) não teve problemas.

Fui pesquisar uma entrevista não me lembro com quem onde o entrevistado conta um caso de um homem assassinado na praia, e dessa vez a praia estava cheia, e achei a piada de humor negro pronta: quase três meses antes, 19 de abril, na mesma praia do Recreio, um policial foi assassinado ("Policial militar é morto a tiros na Praia do Recreio, Zona Oeste do Rio", G1, 19/04/2016). O que deu? A notícia mais recente que eu vi foi de um mês depois, mencionando este caso de passagem e ligando esse a outro caso de assassinato ("Disputa por pontos de caça-níqueis pode ter motivado tiroteio no Recreio", O Dia, 18/05/2016, http://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2016-05-18/policia-investiga-se-tiroteio-em-clube-foi-motivado-por-briga-de-milicianos.html). Pelo que parece, dá nada pra nós (eles).

Outra: umas 60 horas depois da postagem do Rio de Nojeira que deu origem ao escândalo, o Reinaldo Azevedo nos conta que "Haddad vê crime na exibição da bandeira nacional! E isso não é uma piada! STF nele!!!" (15/07/2016 às 03:02). É que a prefeitura de São Paulo interpreta que a bandeira do Brasil na fachada da FIESP é campanha política e viola a Lei Cidade Limpa. Outra: foi já no mandato do presidente interino Michel Temer, final de maio, que foi aprovada uma lei obrigando os motoristas a usar farol nas estradas durante o dia, sob pena de multa (e já foram alguns milhares). Ou seja, o sistema judiciário que pode julgar o Brad Montana é uma palhaçada de fato e de direito.

O que liga tudo isso? É que tudo aconteceu junto. Podemos ter uma revista dedicada à vaidade feminina junto com um antifeminismo conservador que ainda consegue ser levado a sério pela polícia. Podemos ter no mesmo dia uma ex-atriz pornô dizendo que não tem vergonha da carreira, uma atriz ainda atuante sofrendo represálias por uma cena de um filme que vazou e o produtor tendo de se explicar na polícia. Podemos ter uma Polícia Federal que não investiga o PT e polícias em geral servindo a militância esquerdista na promoção do banditismo enquanto a Polícia Civil age em defesa da moral e dos bons costumes. Portanto, podemos ter o pior do Conservadorismo convivendo com o pior do progressismo. Ah, e por falar em pior, o código-fonte da página da Sou Mais Eu é meio avacalhado, hehehehe.

Bom, o Brad Montana fez uma crítica ao falso moralismo dos religiosos e dos direitistas. Eu sou ateia e defendo a fornicação e a pornografia, mas quase todos os meus amigos no Facebook são cristãos tradicionais ou direitistas, em geral os dois. Mas isso não me impede de entender a visão dele, que podia ser a minha mesma: ele tem motivos de sobra para ver os cristãos como sexualmente frustrados, retrógrados, semiletrados, intolerantes, infelizes e, por isso mesmo, repressores da sexualidade alheia. Só que os meus amigos costumam ser mais inteligentes do que isso, hehehehe. Mas eu mesma já digo há alguns meses que o Liberalismo-Conservadorismo só está sendo levado um pouco mais a sério hoje porque a esquerda está fazendo muita burrada.

Então, uma mulher que saiu da indústria pornográfica não pode ser julgada, no sentido de crítica; uma mulher ou um homem que ainda está dentro pode ser julgada ou julgado, e no duplo sentido.

Apêndices

"Criei minhas três meninas fazendo pornô", Revista Sou mais Eu, 14 de julho de 2016. Disponível em http://soumaiseu.uol.com.br/noticias/jornal/criei-minhas-tres-meninas-fazendo-porno.phtml.

Criei minhas três meninas fazendo pornô

Gravei 14 filmes eróticos porque precisava da grana: não queria que minhas meninas passassem as mesmas necessidades que eu na infância

Reportagem: Thaís Helena Amaral

Meu trabalho é honesto, ninguém tem o direito de me julgar |Crédito: arquivo pessoal

Meu trabalho é honesto, ninguém tem o direito de me julgar | Crédito: arquivo pessoal

"Transar você já vai de qualquer maneira. Melhor fazer isso ganhando dinheiro e sustentar suas filhas do que fazer de graça e passar fome". Foi assim que meu pai reagiu quando contei pra ele que tinha recebido uma proposta para trabalhar num filme pornô, em 2001. Fiquei feliz por saber que ele e minha mãe me apoiavam. Encarei aquilo como uma oportunidade de sair do sufoco e dar às minhas três filhas uma condição melhor de vida do que eu tinha tido na infância, trabalhando na roça e passando necessidade. Todo mundo faz sexo. Qual o problema de as pessoas me verem fazendo?

Sonhava em sair da roça e ter uma vida melhor

Comecei a ajudar meus pais na lavoura aos 7 anos. Não foram tempos fáceis. Quando havia uma colheita ruim, a gente passava fome. Por isso, assim que cresci um pouco mais, aos 14 anos, me agarrei ao que considerava uma boa oportunidade para deixar a casa dos meus pais: me casei com um trabalhador do campo da nossa região, no interior de Santa Catarina. Só que ele não tinha a menor ambição. Ao contrário de mim, meu companheiro planejava passar o resto da vida plantando em sua terra, perto de sua família. Tivemos três filhas e um casamento bastante conturbado, que terminou quando eu tinha 21 anos. Aí, aluguei uma casinha em Florianópolis (SC) e ralei muito para sustentar minhas meninas. Trabalhei como faxineira, ajudante de cozinha, doméstica... Só que, por mais que eu me desdobrasse, o dinheiro nunca era suficiente. Então, em 1999, pra me livrar de um namorado possessivo, acabei me mudando para a casa de uma amiga em São Paulo.

Participei de um teste para um quadro na TV

Essa minha amiga tinha conhecidos na TV e conseguiu que eu fizesse algumas pontas em programas de auditório. Aí, me ofereceram um teste para participar do quadro Flagrante, do programa Eu Vi na TV, com o João Kléber, que passava na RedeTV!. Como eu nunca tinha assistido, não sabia do que se tratava, mas topei mesmo assim. Chegando lá, a produtora achou que eu tinha mais o perfil de outro quadro, o Teste de Fidelidade, em que uma atriz ou ator sensuais tentam seduzir alguém a pedido do seu cônjuge. Quando eu disse que não tinha namorado, ela logo perguntou: "Topa ficar de calcinha e sutiã e beijar o convidado?". Eu estava solteira, era bonita e segura do meu corpo. Por que não? Mandei tão bem que eles me aceitaram na hora! Me divertia gravando o quadro e, aos poucos, fui ficando conhecida. Só que, quando chegava o pagamento, era uma tristeza só: cerca de R$ 1.000 por mês. Quando completei um ano no programa, fiquei muito conhecida e não podia mais fazer o quadro. Por isso, fui dispensada. Passei a fazer shows de strip-tease pelo Brasil até encontrar um empresário que me convidou para fazer um filme pornô. Uau!

Consultei meus pais e minhas filhas antes de aceitar a proposta

A primeira coisa que fiz foi conversar com meus pais para ver o que eles achavam. Expliquei que o pagamento era uma bolada (cerca de R$ 30 mil por meia hora de filme!) e que eu gostaria de fazer. Eles sempre confiaram nas minhas escolhas e disseram que me apoiariam. Também conversei com minhas filhas, que na época estavam com 11, 9 e 7 anos. Elas não entendiam muito bem a situação, mas percebiam que o que eu estava fazendo era pelo bem delas. E era mesmo. Eu queria proporcionar o melhor para minhas meninas. Não queria que elas passassem as dificuldades que passei. Além do mais, poderia fazer aquilo de uma forma profissional. Afinal, quem não faz sexo? A única diferença é que as pessoas iam me ver fazendo. Conversei com meu namorado na época e ele disse que não se importava. Então, topei o convite e fui fazer os testes de aids e doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) que eles nos pediam.

Na primeira cena, fiquei supernervosa e travei

No primeiro dia de gravação, achei aquilo tudo bem esquisito. Fiquei me arrumando em um quarto e só fui apresentada ao meu parceiro na hora da cena. Eles me instruíram sobre como seria o desenrolar da história e que deveríamos começar pelo beijo, para então partir para o sexo oral e, finalmente, para a penetração. Fiquei supernervosa e não consegui me soltar. Aí, o diretor pediu para que só quem era imprescindível ficasse no set e me deu um pouco de uísque. No final, bebi quase a garrafa toda! Fiquei tão à vontade que atingi o orgasmo no fim da gravação!

Perdi o namorado, mas ganhei fama e dinheiro

Quando o filme estava para ser lançado, meu namorado não aguentou a pressão e acabou me deixando. Fiquei triste, mas sabia que eu estava fazendo a coisa certa. A prova foi o sucesso do filme, que me fez receber convites para participar de outras 13 produções nos seis anos seguintes. Fiquei famosa até no exterior! Contracenei com diversos atores famosos no meio, como o Alexandre Frota. Fiz meu trabalho com muito empenho, me esforçando para me soltar e para sentir o prazer que estava demonstrando. Nunca fiz nenhuma cena que me desagradasse e, se sentisse o menor desconforto, já pedia para parar.

Minhas meninas nunca foram desrespeitadas pelos coleguinhas

Sempre agi com tanta naturalidade e de uma forma tão bem resolvida em relação ao meu trabalho que acabei passando essa tranquilidade para as minhas filhas. No colégio, elas nunca foram desrespeitadas pelos coleguinhas nem sofreram desaforo. Simplesmente sabiam que o que eu fazia era honesto e digno como qualquer outro serviço, e que era para o bem delas. Da mesma forma, meus amigos sempre me respeitaram e elogiaram o meu trabalho. Diziam que eu era uma ótima atriz e que assistiam aos filmes com suas parceiras! É claro que de vez em quando aparece algum otário que me aborda com vulgaridade. Mas sei colocar os desaforados no lugar deles.


Com minhas meninas: Michelle (27), Leila (23) e Keila (25)

Meu trabalho é honesto e ninguém tem o direito de me julgar

Queria que as pessoas entendessem que um filme pornô é uma arte e um trabalho como qualquer outro. Sei que o que fiz ajudou a inspirar outras mulheres na cama, pois muitas já me disseram que buscaram conhecer seu corpo e ter mais prazer. Desde 2007, trabalho apenas fazendo shows de strip-tease em casas noturnas e gosto muito. Não fiquei rica, mas dá pra viver com dignidade. Não me arrependo de nada do que fiz e acredito que ninguém tem o direito de me julgar!

Márcia Imperator, 42 anos, atriz, São Paulo, SP

14/07/2016 - 08:00

"Polícia abre procedimento para investigar gravação pornô no Rio", G1, 14 de julho de 2016. Disponível em http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/07/policia-abre-procedimento-para-investigar-gravacao-porno-no-rio.html.

Polícia abre procedimento para investigar gravação pornô no Rio

Investigação ficou a cargo da 42ª DP (Recreio).

Agentes irão apurar se houve crime de ato obsceno.

Do G1 Rio

13/07/2016 14h14 - Atualizado em 14/07/2016 23h28

Polícia investiga ato obsceno de atores em filmagens no Rio (Foto: Reprodução/ Internet)

Polícia investiga ato obsceno de atores em filmagens no Rio (Foto: Reprodução/ Internet)

A Polícia Civil instaurou um procedimento nesta quinta-feira (13) para apurar se houve crime de ato obsceno em uma praia  do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. As imagens do que seria a gravação de um filme pornô circulam por redes sociais.

A 42ª DP (Recreio) ficou responsável pela investigação. De acordo coma  polícia, "as investigações estão em andamento e serão intimados para depor os atores envolvidos e representantes da produtora".

De acordo com o "Extra", o casal de atores que aparece nas imagens será convocado para prestar depoimento.

"Policial militar é morto a tiros na Praia do Recreio, Zona Oeste do Rio", G1, 19 de abril de 2016. Disponível em http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/04/policial-militar-e-morto-tiros-na-praia-do-recreio-zona-oeste-do-rio.html.

Policial militar é morto a tiros na Praia do Recreio, Zona Oeste do Rio

Crime aconteceu na manhã desta terça-feira (19), por volta de 10h30.

Ele tinha jogado futevôlei e voltava para sua moto quando foi abordado.

Alba Valéria Mendonça

Do G1 Rio

19/04/2016 11h40 - Atualizado em 19/04/2016 19h50

O cabo William Ferreira da Silva, de 40 anos, foi morto por volta das 10h30 da manhã desta terça-feira (19) na praia do Recreio, entre os postos 10 e 11, na Zona Oeste do Rio. As informações são da Divisão de Homicídios da Polícia Civil, que realizou perícia no local.

Depois de jogar futevôlei na praia, a vítima voltava para pegar algum objeto em sua moto, que estava estacionada ali perto, quando foi abordada por dois homens com capacete em uma moto. O PM, que estava de folga e era lotado no 3º BPM (Méier), recebeu quatro tiros e morreu no local.

Em agosto do ano passado, outro policial foi assassinado em uma Praia da Zona Oeste da cidade. Carlos Eduardo Conceição Dias foi executado na Reserva quando estava sentado em uma cadeira de praia e foi baleado na cabeça.

Tem alguma notícia para compartilhar? Envie para o VC no G1 RJ ou por Whatsapp e Viber.

William foi morto a tiros no Recreio, Zona Oeste (Foto: Reprodução/Facebook)

William foi morto a tiros no Recreio, Zona Oeste (Foto: Reprodução/Facebook)

PM foi morto na Praia da Reserva, Zona Oeste do Rio (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)

PM foi morto na Praia do Recreio, na Zona Oeste do Rio (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)

Postagem da página Rio de Nojeira e resposta do Brad Montana. Disponível em https://www.facebook.com/riodenojeira/posts/1061704370532165?comment_id=570073046528731.

Rio de Nojeira adicionou 4 novas fotos.

12 de julho às 19:21

ISSO É UM ABSURDO

"Olá, boa noite, por favor não quero ser identificado. Pasmem hoje, aconteceu à luz do dia uma gravação de um filme Porno nas mediações do posto 12 do recreio dos bandeirantes sou morador daqui e tenho esposa e filha pequena isso é indignação pura. Obrigado e seguem fotos"

[Resposta do Brad Montana pelo perfil pessoal dele]

Sou o Brad Montana, o produtor em questão. Responderia pelo meu perfil de trabalho, mas estou com problema na conta, então utilizo este (que chamo de pessoal). Primeiramente, causou enorme surpresa a repercussão que gerou tal filmagem. Não é novidade alguma que no mundo pornográfico são feitas cenas em praias, seja pelas produtoras brasileiras como também pelas internacionais.

Não existem propriamente praias desertas no Brasil, já que é bem público de uso comum do povo, sendo inclusive ilegal que haja o impedimento da entrada de pessoas na praia. Ou seja, o importante é tentar evitar que pessoas estejam presentes, cabendo então aos produtores escolherem horários notoriamente com baixíssima presença de banhistas, bem como alguma ocasião que acabe por interditar a passagem de pessoas à praia. E foi exatamente o que aconteceu. A gravação foi feita em uma praia em que o trecho (Barra-Recreio) estava interditado - por conta de obras para as Olimpíadas. O que, inclusive, impossibilitou a gravação da cena em um estacionamento previamente escolhido, localizado na Praia da Reserva.

É importante destacar que a cena foi gravada às 13h e que no momento não havia banhistas e nem transeuntes nos arredores da praia. O que se justifica pela interdição supracitada, por ser um trecho sem residências (casas ou prédios) e a baixa temperatura do dia (ventava e fazia frio).

As imagens que circulam na internet são fotos tiradas pelo próprio "staff" da produtora, bem como por curiosos (cerca de 3 ou 4 homens, sendo dois funcionários do quiosque mais próximo), sabedores de um suposto filme sendo gravado e de acordo com o mesmo. As fotos foram vazadas irregularmente por estes. Vale lembrar que no momento da filmagem nenhuma reclamação/denúncia foi elaborada ou dirigida aos produtores, atores, nem para as autoridades. Logo, os que ali estavam, consentiram com o que estava sendo filmado, não havendo o que se falar em um suposto constrangimento das pessoas presentes. Ratifico: a praia estava COMPLETAMENTE deserta. Circunstâncias atípicas e que levaram a conclusões precipitadas dos internautas. Sou um homem honesto, tenho família e sobrinhos. Em hipótese alguma agiria levianamente, de modo a constranger ou chocar outros cidadãos.

Ainda a tempo: as datas e horários informados no post estão errados. Portanto, aponta para um desconhecimento das reais circunstâncias do dia, bem como se estão de fato se referindo ao mesmo vídeo. É preciso checar se houve na data de HOJE alguma gravação. Porque eu NÃO FIZ!

13 de julho às 00:53

Questo testo in italiano senza filmati di dissolutezza in Men of Worth Newspaper: "Il Puritano-Femminismo episodio 28: uomini che fanno film porno possono essere giudicati; donne che hanno fatto e cessarono di fare, non", http://avezdoshomens2.over-blog.com/2016/07/il-puritano-femminismo-episodio-28.html.
Questo testo in italiano con filmati di dissolutezza in Periódico de Los Hombres de Valía: "Il Puritano-Femminismo episodio 28: uomini che fanno film porno possono essere giudicati; donne che hanno fatto e cessarono di fare, non", http://avezdoshomens2.blogspot.com/2016/07/il-puritano-femminismo-episodio-28.html.
Ce texte en français sans films de libertinage au Men of Worth Newspaper: "Le Puritain-Féminisme épisode 28: les hommes qui font films porno peuvent être jugés; les femmes qui ont fait et ont cessé de le faire, ne le peuvent pas", http://avezdoshomens2.over-blog.com/2016/07/le-puritain-feminisme-episode-28.html.
Ce texte en français avec films de libertinage au Periódico de Los Hombres de Valía: "Le Puritain-Féminisme épisode 28: les hommes qui font films porno peuvent être jugés; les femmes qui ont fait et ont cessé de le faire, ne le peuvent pas", http://avezdoshomens2.blogspot.com/2016/07/le-puritain-feminisme-episode-28-les.html.
Eso texto en español sin películas de putaría en Men of Worth Newspaper: "El Puritano-Feminismo episodio 28: hombres que hacen películas pornográficas pueden ser juzgados; mujeres que hicieron y dejaron de hacer, no", http://avezdoshomens2.over-blog.com/2016/07/el-puritano-feminismo-episodio-28.html.
Eso texto en español con películas de putaría en Periódico de Los Hombres de Valía: "El Puritano-Feminismo episodio 28: hombres que hacen películas pornográficas pueden ser juzgados; mujeres que hicieron y dejaron de hacer, no", http://avezdoshomens2.blogspot.com/2016/07/el-puritano-feminismo-episodio-28.html.
This text in English without licentiousness movies at Men of Worth Newspaper: "The Puritan-Feminism episode 28: men who make porn movies can be judged; women who made and ceased to do, don't", http://avezdoshomens2.over-blog.com/2016/07/the-puritan-feminism-episode-28.html.
This text in English with licentiousness movies at Periódico de Los Hombres de Valía: "The Puritan-Feminism episode 28: men who make porn movies can be judged; women who made and ceased to do, don't", http://avezdoshomens2.blogspot.com/2016/07/the-puritan-feminism-episode-28-men-who.html.
Texto original em português sem filmes de putaria no A Vez das Mulheres de Verdade: "O Puritano-Feminismo episódio 28: homens que fazem filmes pornôs podem ser julgados; mulheres que fizeram e deixaram de fazer, não", http://avezdasmulheres.over-blog.com/2016/07/o-puritano-feminismo-episodio-28.html.
Texto original em português com filmes de putaria no A Vez dos Homens que Prestam: "O Puritano-Feminismo episódio 28: homens que fazem filmes pornôs podem ser julgados; mulheres que fizeram e deixaram de fazer, não", http://avezdoshomens.blogspot.com.br/2016/07/o-puritano-feminismo-episodio-28-homens.html.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Eu não quero sua piedade: trabalho sexual e política de trabalho


Belle Knox Headshot

Torne-se fã

Estrela pornô da Universidade Duke; feminista positiva para o sexo; ativista pelos direitos das trabalhadoras do sexo

Publicado: 14/04/2014 17:43 EDT Atualizado: 14/06/2014 05:59 EDT

PORN STAR

Joe Kohen via Getty Images

Recentemente, eu recebi um email de um homem de Colorado:

No início da sua história, você menciona que devido ao alto custo da [Universidade] Duke, e não querendo acabar com uma quantidade enorme de empréstimos, e também não tendo nenhum treinamento especial para outros tipos de trabalhos, você decidiu entrar no pornô. De certa forma, você está insinuando e fazendo o caso de você não ter uma escolha, e eu quero dizer escolha econômica.

Em outras palavras, se você tivesse outras habilidades socialmente aceitáveis para o mercado, muito provavelmente você teria feito outras coisas e não entrar em pornografia.

Falta de escolha econômica em primeiro lugar faz das outras opções que se seguem difíceis de aceitar como escolhas livres, devido a necessidades.

Ah, a troca desesperada. Este não é um ponto de vista único ou diferenciado. O conceito da troca desesperada permeia as discussões sobre trabalho sexual. Eu tenho sido confrontada com ele em entrevistas, nas discussões em aula, e nas comunicações com os amigos. Como eu poderia ser capacitada pela necessidade?

As pessoas supõem que o meu apoio às trabalhadoras do sexo e à pornografia é de alguma forma invalidado porque eu escolhi fazer pornô pelo dinheiro, em vez de por amor. Eles agem como se isso fosse alguma vitória chocante para eles, porque ser uma trabalhadora do sexo não foi o meu trabalho dos sonhos - porque quando eu era uma garotinha eu não escrevi "Eu quero ser uma estrela pornô" no dia de carreira, ou disse animadamente a todos em torno de mim sobre como eu estava animada para um dia fazer sexo diante das câmeras para o dinheiro. Ou porque o meu professor não me disse que eu poderia ser qualquer coisa que eu quisesse: uma astronauta, a presidente, mesmo uma estrela pornô! Aparentemente porque eu não sonhava em viver esta vida - porque era "necessário" - isso agora de alguma forma se reverte a ser moralmente errado, e eu me torno uma outra prostituta lamentável para ser rejeitada quando conveniente.

Pornografia não era minha única opção, mas foi a mais prudente, a mais perspicaz - negociar a menor quantidade do meu tempo para o lucro máximo, na minha agenda. Eu poderia facilmente ter tomado empréstimos para cobrir minha conta da faculdade, mas eu não quis. Por que ter dívida de US$ 50.000 ou mais quando isso simplesmente não era necessário? Eu não estava fazendo o que os economistas chamam de troca desesperada.

A troca desesperada no mercado de trabalho é uma motivada pela pobreza - pela necessidade - a analogia roubar-para-alimentar-sua-família. Sim, é claro que eu faço pornô por dinheiro. É um trabalho, não um retiro de verão. Por que outra razão nós trabalhamos por coisas se não para ver um lucro? A finalidade inteira de trabalho no mercado econômico é produzir algum resultado - seja dinheiro, bens, etc. A maioria das pessoas não trabalha todos os dias para se divertir; elas fazem isso porque elas querem - elas precisam de - algo em troca. Você honestamente acha que as pessoas que trabalham fritando hambúrgueres no McDonald's e respondendo aos clientes rudes em uma base diária iriam trabalhar todos os dias se elas não fossem pagas? Além disso, você pensa que quando criança o sonho de trabalho deles era fazer isso? É o desejo delas de melhores condições de trabalho, ou a defesa delas da sua indústria, de alguma forma o mais baixo por isso? Não.

O argumento de que as pessoas só deveriam trabalhar em empregos que eles gostam ou onde encontram capacitação vem de um lugar de privilégio. Evitar empréstimos estudantis significa que eu me coloco na posição de privilégio que me permite ser capaz de selecionar e escolher o meu empregador com mais cuidado, em vez de tomar o primeiro trabalho que se ofereceu para mim simplesmente para começar a me agarrar fora das dívidas. Nos Estados Unidos de hoje, os empregos são escassos e o desemprego está oscilando à beira de dois dígitos; a situação não é mais alegre para os graduados. É extremamente irrealista e hipócrita a agir como se todos nós pudéssemos ter a nossa profissão desejada, dos sonhos. Muitas vezes fazemos um trabalho que não gostamos, porque temos famílias para sustentar ou contas a pagar, ou, como a maioria do corpo discente com o qual espero me formar, empréstimos para pagar. Isso não faz os trabalhos deles imorais ou ilegítimos.

Eu estava lecionando em uma classe na semana passada e respondendo perguntas quando fui perguntada por uma aluna: "Você ainda faria pornô se você não precisasse do dinheiro?"

Eu respondi: "Não".

Ela parecia chocada. A classe inteira estava agitada. Eu me senti perplexa. Tudo parece tão intuitivo. Eu não trabalharia gratuitamente. Ninguém faria isso.

Mas o cerne da questão não é a idéia de eu estar envolvida em uma transação de benefício mútuo. A questão é que esta é o pornô. Todas as nossas discussões em torno de trocas desesperadas ou últimos recursos surgem quando nós discutimos mercados tabu - especialmente o trabalho sexual.

Se eu tivesse sido uma médica diante da classe, eu teria recebido a mesma pergunta?

Não. Porque ser médico é um emprego "respeitável". Mas a nossa idéia de respeitabilidade baseia-se em opressões sociais e econômicas, a saber: ser uma trabalhadora do sexo não é respeitável ou moralmente aceitável. Nós atribuímos um significado cultural ao sexo; é para a procriação e para a preservação da unidade familiar. Dizem-nos que é para romance, é especial, querido e não mercantilizado, mas, entretanto o sexo grita para nós de todos os outdoors e canais de televisão. O sexo pode ser usado para vender tudo, exceto o sexo em si. O trabalho sexual, então, é sujo, é desprezível, é algo que apenas as pessoas verdadeiramente desesperadas fazem. A piedade e a marginalização subsequente das trabalhadoras do sexo como pessoas a serem resgatadas, ou danadas, bens é manifestamente ofensiva e contribui para a caricatura da caminhante na rua: descarta e apaga a pessoa por trás do trabalho, não mais do que quando pintamos todos os trabalhadores de fast foods como pessoas que abandonaram a escola secundária. O desejo de ver as pessoas em um trabalho que nós não escolheríamos para nós mesmos como vítimas é imaturo e reacionário, e isso prejudica as pessoas dentro dessas profissões criando uma linha entre nós e elas.

Trabalho sexual é trabalho: é um emprego. Tenho sorte em que o emprego que eu escolhi para pagar minhas contas exatamente assim acontece de me capacitar e recompensar de maneiras que eu não imaginava que poderia. Eu amo meu emprego. Eu não nego por um segundo que esta não é a realidade para todos, e que nós precisamos de suas histórias também, mas não para serem roubadas, retrabalhadas e recontadas por acadêmicos ou políticos acenando bandeiras, ou faladas com fingimento e gravadas em putas produzidas em massa para dramas de televisão. O roubo das nossas vozes, nossas narrativas, nos desvaloriza como pessoas; e permite que sejamos silenciados.

Então, por favor, antes que você tenha pena de uma trabalhadora do sexo, ou fale comigo sobre o meu "desespero", considere o privilégio que você tem quando você olhar para mim, e perceber que você, também, se envolve em uma "troca desesperada" todos os dias que você dirige para ir trabalhar - se você é abençoado o suficiente para ter um emprego.

Siga Belle Knox no Twitter: www.twitter.com/belle_knox

Original inglês: "I Don't Want Your Pity: Sex Work and Labor Politics", The Huffington Post, http://www.huffingtonpost.com/belle-knox/sex-work-politics_b_5148528.html

Tradução: Abigail Pereira Aranha (vou comentar isso na próxima postagem)

Original text in English reproduced at Periódico de Los Hombres de Valía / Paraíso Tangible: "I Don't Want Your Pity: Sex Work and Labor Politics", http://avezdoshomens2.blogspot.com/2015/10/i-dont-want-your-pity-sex-work-and.html
Tradução para o português no A Vez dos Homens que Prestam: "Eu não quero sua piedade: trabalho sexual e política de trabalho", http://avezdoshomens.blogspot.com/2015/10/eu-nao-quero-sua-piedade-trabalho.html
Tradución al español en Periódico de Los Hombres de Valía / Paraíso Tangible: "Yo no quiero tu lástima: Trabajo Sexual y Política Laboral", http://avezdoshomens2.blogspot.com/2015/10/yo-no-quiero-tu-lastima-trabajo-sexual.html
Traduzione al italiano in Periódico de Los Hombres de Valía / Paraíso Tangible: "Io non voglio la tua pietà: Lavoro Sessuale e Politica di Lavoro", http://avezdoshomens2.blogspot.com/2015/10/io-non-voglio-la-tua-pieta-lavoro.html

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Direita cristã, acabou! - parte 2

Abigail Pereira Aranha

"Pai vê vídeo de filha vazado na internet e dá uma bela 'correção' nela": confirmando tudo o que eu digo há anos

Eu já tinha o texto "Direita cristã, acabou! - parte 1" em mente quando vi aquele caso da garota que teve um vídeo fazendo sexo oral em um baile funk espalhado na internet e o pai obrigou a garota a gravar outro vídeo lendo uma carta se desculpando e apanhando no final. A garota parece mesmo ser uma vadia enrustida, do tipo que faz sexo com traficantes no meio de um baile funk no fim de semana e é santa para o vizinho jovem que estuda e trabalha na segunda-feira seguinte. Mas até isso vira uma coisa menor. Vou mostrar a cópia do vídeo compartilhada na página Faca na Caveira no Facebook (https://www.facebook.com/facanacaveiraof/videos/706975182736179) e alguns comentários lá. Vou colocar os meus próprios comentários como notas para não interromper nem confundir a leitura. Depois eu vou explicar como o problema que eu descrevi na parte 1 se aplica aqui.

Faca na Caveira

Pai vê vídeo de filha vazado na internet e dá uma bela 'correção' nela... Por mais pais assim no mundo!

Curtam: Faca na Caveira

Página reserva: Faca na Caveira

Indico: Ter Opinião Não é Crime

13 de agosto

Pai vê vídeo de filha vazado na internet e dá uma bela 'correção' nela... Por mais pais assim no mundo!Curtam: Faca na CaveiraPágina reserva: Faca na CaveiraIndico: Ter Opinião Não é Crime

Posted by Faca na Caveira on Quinta, 13 de agosto de 2015

NNyddia CCaldeira Isso nao foi nada! Tinha q ter quebrado a cara dela!

Nayara Gilio Poloni Mas... A menina fez sexo oral no cara. Até aí tudo bem. Então filmaram e postaram. Aí foi ruim. Então a menina foi humilhada em rede pública por estar fazendo sexo oral e o cara não recebeu nenhuma lição por estar recebendo o ato[01]. Ridículo. Para terminar o pai humilhou mais a filha em rede pública ao invés de ensina-la o que para ele é o certo e ir atrás das pessoas que a expuseram. Não entendi

Fran Silva Ah ta né! Várias de vocês que estão falando, fazem ou já fizeram boquete entre quatro paredes, nada muda[02]. E vocês homens adoram receber um. Não julguem[03], pois se o pai dela tivesse instruído ela antes, com certeza ela não estaria usando drogas, não estaria fumando e muito menos pagando esse mico aí. A educação dos filhos é responsabilidade dos pais até mesmos formação do caráter é feita pelos pais. Então por favor, fazer boquete em quatro paredes é melhor do que ao vivo e as câmeras?[04]

Jéssica Rocha Eu acho e pouco ele deveria tambem catar os garanhões q estávamos colocando o pinto da boca da filha dele e bater e td mundo nela e neles[05], o q será q essas garotos tem na cabeça só poder ser bosta pq cérebro ta longe viu, ai depois ela foi vítima tava bebada drogada e nao queria isso.

Adriana Driika Obrigada pai por me educar tão bem, agora vou ali fazer uma chupetinha !

Agora duvido que esse pai não pega as putinhas na rua kkkk e esquece que elas tb tem pai já pensou ? Eita ser humano hipocrita !

Hugh Morrison Antonechen Cara, tá muito errado isso. Tem que ir atrás de quem filmou. É difícil quem não está na pele do pai, é sim. Mas você agravou a má fama de sua filha, e pode responder em justiça por agressão. Eu tenho uma filha e antes de julgar, me coloco no lugar do pai sim se fosse com a minha em um futuro. A frustração seria enorme. Mas o que a punição dela com maus tratos vai melhorar? Pegue quem filmou, enfia na cadeia e quanto a ela, punições com afazeres e muita conversa. Quando há amor, respeito e paz no lar das chamadas "família de bem", essas coisas não acontecem. Vê-se o comportamento do pai e a submissão e medo da mãe, tentando intervir. O desespero de ambas. Isso é conceito de família de bem? Isso é uma família unida pelo amor? Não da para atribuir as causas dos atos de nossos filhos na sociedade. Os erros externos são resultados dos conflitos internos. Eu peço desculpas a todos aqui que defendem a conduta do pai da menina, mas acredito que esse tipo de comportamento só perpetua e agrava o modelo familiar tão cultuado por vocês[06]. Carinho, respeito, amor, educação e sempre, sempre, aconselhamentos. Acompanhar os passos de seus filhos. Essa menina vai se rebelar mais. Vai cometer mais erros. Ela vai ter namorados. Ela vai em festas. Se antes disso acontecer tivesse conversa, ela não faria isso. Eu sinto muito por essa família e por quem vocifera apoio ao pai, evidenciando ódio, muito ruim para um ambiente de famílias de bem. Sinto muito mesmo.

Comentário de uma lesbofeminista e algumas respostas

Luíza Maira Silva Pior são os comentários do vídeo. Gente hipócrita e machista! Vamos colocar nossas máscaras de santos, que nunca fizeram sexo, e apontar nosso dedo limpo pra menina. Será que os pais do rapaz que está com ela tiveram a mesma reação? Será que ele apanhou e ainda foi filmado apanhando? Será que ele não foi aplaudido na escola?

Tenho nojo de tanta hipocrisia e machismo. Mas na hora de receber vídeos das filhas/filhos dos outros no what's app é gostoso... Sem mais.[07] Triste.

Barbara Gottardo Amador A vadia tava no meio de mais pessoas, vagabunda sim , mereceu apanhar muito mais, ele tambem e um desgraçado, nao interessa, os dois tinham que apanhar para valer[08]

Jônatas Lima Eu pensei que vivesse numa sociedade sem jeito. Mas pelo visto, não. Muita gente "direita " por aqui. Se fosse a filha do vizinho ele ia s masturbar olhando, será que ele não anda por aí traindo sua mulher e dar um de bom exemplo? A menina tem o direito de chupar quantas rolas a boca dela aguentar[09], aposto q se alguns desses tivessem lá na hora ir por o pau pra fora tbm. Bando de hipócrita imundo, ensinar correção aos filhos dos outros é fácil, muitos aqui não respeitam pai e mãe, traem suas mulheres e namorados, não pagam suas contas, jogam lixo na rua, usa de mal caratismo para com os colegas do trabalho, dão a pior alimentação aos filhos, falam mal dos outros, são aproveitadores e etc... É tão fácil julgar só pq ela é mulher. Ser educado e "direito" é algo ainda muito ano luz da nossa realidade, então parem de julgar o q é certo e errado quando alguns não lava nem o prato q come pq tem na cabeça q isso é obrigação da " esposa,". Bando de mundiça!

Jônatas Lima Priquito foi feito pra dar mesmo... Tomara que ngm libere o xinim pra vc e nem chupe sua rola já que isso é prostituição e falta de respeito.

Celso Silveira Estar na pele do pai que é difícil... Menina vagabunda se expor assim, isso humilha um pai ou uma mãe. Nao sei qual a minha reação, mas o pai faz o que bem entender a filha é dele.[10]

Anderson Gonçalves Baptista Faça um vídeo da sua filha fazendo o mesmo e ponha na Internet e depois apoie ela para continuar fazendo o mesmo e depois venha comentar a mesma coisa aqui que eu vou dar moral pra vc.[11]

Rafael Thiago Dalmolim Sério que um pai bater na filha porque ela estava chupando pau dos outros na festa e usando drogas é machismo?? Se eu fosse o rapaz do video minha mãe faria pior comigo, simplesmente pela falta de vergonha na cara ao expôr a menina e a mim.. Algumas famílias tem princípios e zelam muito por isso..

Nascimento Fidel Tony Vai se foder locá! Vc deve ser uma vadia de primeira categoria, esta de parabéns o pai ai boa correção é umas poradas mesmo, assim ou ela muda ou ela virá mulher de rua, é assim mesmo que se da uma boa educação, passei minha adolescência toda no meio de bandido traficante sem meu pai saber, quando ele descobriu ele me bateu muito na frente de muita gente, aparti da quela lição que tomei, tive vergonha de sai na rua, e mudei de vida por que não queria tonar outras poradas na frente dos outros, vergonha na cara eu tenho, hoje estou com 34 anos nuca fui preso e nunca pratiquei roubos etc, do valor meu pai hoje, pois se eu tivesse continuado não estaria aqui pra contá pra vcs, é perdi quase todos amigos da quela época, alguns estão presos e outros que não escolheu este caminho estão muito bem fica a dica[12]

Leonardo Antonelli Da Silva Tem que bater mesmo,ela não passou vergonha sozinha,pois o vídeo foi parar na Internet.

O país dela também foi envergonhado.

Comentário de outra lesbofeminista e algumas respostas

Mariana Figuerôa Sociedade machista e opressora, ngm crítica o garoto que recebeu o ato sexual, mas criticam a menina de Putinha dentre outras ofensas,por ter praticado um ato de sexo oral, ngm aqui recebe oral ne? Ngm aqui faz oral? São todos santos! Hipócritas.

E sobre esse pai, RIDÍCULO ele ter exposto a filha desse modo, tenho pena e sinto raiva, sim raiva, pq esse machismo nao leva a nada. Essa violencia menos ainda! Não to a favor dela, existe lugares pra fazer isso, mas caralho, errado é quem filmou, errado é quem recebeu.. A menina nao pode levar a culpa sozinha.

Mariana Figuerôa Nossa, to com nojo dessas pessoas que se dizem pais, dizem que tem amor.. que Amor é esse? Que expõem a filha ao ridículo pra mostrar pra sociedade que ele PAI E HOMEM, cria e cuida e educa? Me poupe..[13]

Erica Vieira E o pior é ver outras mulheres vibrando com a atitude dos pais e apoiando toda violência contra a sua igual . Tão triste .

Mariana Figuerôa Erica Vieira me dói ver é mulheres falando que foi pouco.. Dentre outras coisas... Gente, ate quando as mulheres vão ficar uma contra as outras?[14]

Nao pode, ja vivemos numa era que somos menosprezadas sempre.

Fico muito triste!

Meu comentário no original, excluído

Uma coisa é a mocinha estar alcoolizada e pagando boquete para vagabundo. Outra coisa é associar sexo a vadiagem. Não é por falta de defender falta de orgasmo como sinônimo de caráter nem de inventar mentiras contra a pornografia que a direita cristã está tomando olé do Feminismo há 50 anos. E sei que o que vocês dizem aqui contra o movimento esquerdista, vocês não podem dizer nas igrejas de vocês. E isso não é por falta dos bisavós católicos e analfabetos dessa moça destratarem os rapazes que chegavam perto das filhas. Até o fim da década passada, só ex-militantes de esquerda sabiam a diferença entre pregar contra o Socialismo e ter inveja do orgasmo dos outros.

Como vocês aqui não me conhecem, vou mostrar um texto meu de fevereiro de 2012 pra vocês refletirem: http://avezdoshomens.blogspot.com/2012/02/o-que-voce-pai-ou-mae-ensinou-de.html ["O que você, pai ou mãe, ensinou de valores DE VERDADE para os seus filhos?", versão com putaria]

Meus comentários sobre os comentários

[01] A Nayara Gilio Poloni afirma um duplo padrão de que "a menina foi humilhada em rede pública por estar fazendo sexo oral e o cara não recebeu nenhuma lição por estar recebendo o ato". Vou comentar mais na nota 03.

[02] A Fran Silva está sendo até generosa com a vida conjugal das senhoras conservadoras que comentaram, hehehehe.

[03] Ela acaba se entregando quando diz "não julguem" quando ela própria está fazendo um julgamento: como prova do que eu digo que o Feminismo é a glorificação da pobreza de espírito da mulher, a Fran diz "não julguem" exatamente como uma ordem respaldada pela suposta autoridade dada pela pobreza de espírito dela mesma e, neste caso, porque a garota do vídeo é uma mulher e desobediente ao que ela chama de machismo. Ela fez como a Nayara e denunciou um duplo padrão para homens e mulheres, mas não para que as mulheres deixem de se envergonhar da heterossexualidade, é para que os homens se envergonhem também (o comentário da Fran vai além do da Nayara acrescentando as mulheres também).

[04] Mas depois disso, ela diz algumas coisas bacanas, e eu destaco a pergunta do final: "fazer boquete em quatro paredes é melhor do que ao vivo e as câmeras?" Bom, de acordo com o Código Penal, é, hehehehe. Mas eu já disse, comentando o caso no meu perfil, que eu não posso me expor muito, pelo meu trabalho antifeminista nos blogues, mas fora isso EU FARIA ESTE VÍDEO com a idade da garota. Só que não alcoolizada ou drogada, não em baile funk, não com vagabundos. Se eu tivesse 15 ou 16 anos, estivesse em uma festa entre amigos, e eu nunca tive amigo vagabundo nem cafajeste, eu daria boquete em uns dois ou três e deixaria gravar, eu deixaria o vídeo se espalhar na internet, e eu contaria para os meus pais e os meus irmãos assim que eu voltasse da festinha (eu acho que a notícia não chega antes de mim em casa, hehehehe). E se alguém que não me conhecia me reconhecer na rua pelo vídeo? Mandaria beijos pros amigos e pros inimigos, talvez eu posaria para fotos. E sabem por que o meu pai não me faria ler uma carta me comprometendo a estudar? Porque ele já teria me visto ajudar colegas meus do colégio. E a pergunta da Fran Silva me lembra um texto que eu escrevi sobre isso com 16 anos, "A criminalização do sexo" (http://avezdoshomens.blogspot.com.br/2007/04/a-criminalizacao-do-sexo.html). Se eu fosse eleita presidente da República, eu liberaria o sexo e a nudez em lugares públicos e a pornografia a partir dos 12 anos. Aí, fariam uma fogueira para queimar a presidente P. Aranha, cada brasileiro indignado e cada brasileira indignada contribuindo para a lenha com um palito de fósforo.

[05] A Jéssica Rocha, sendo conservadora, comentou o comentário da feminista Nayara Gilio Poloni NA MESMA LINHA, cometendo o mesmo erro. As duas protestam contra um duplo padrão, mas ambas, em vez de defenderem que a garota não fez errado em pagar boquete (eu sustento que o erro foi a escolha do beneficiário), a Nayara defende que a moça não devia ser penalizada apenas porque o rapaz não foi e a Jéssica defende que o rapaz devia ser penalizado também porque a moça foi.

[06] O Hugh Morrison Antonechen disse o que eu pensei logo quando vi o vídeo: "esse tipo de comportamento só perpetua e agrava o modelo familiar tão cultuado por vocês". E no vocês, eu não me incluo. Eu baixo o cacete desde 2006. Carinho, respeito, amor, educação podem até não resolver, mas o contrário ainda menos.

[07] No comentário da Luíza Maira Silva cabem quatro notas (08 a 11).

[08] Juntando o comentário da Luíza Maira Silva e o da Barbara Gottardo Amador, temos EXATAMENTE A MESMA SITUAÇÃO da nota 05.

[09] Juntando o comentário da Luíza Maira Silva e o do Jônatas Lima (tinha que ser um mangina), temos um caso ainda pior do que trocar um duplo padrão por uma igualdade pelo pior: temos um duplo padrão invertido, em que uma vadia tem o privilégio, não mais um direito, de não ser criticada e os que criticam a vadia, pelo sexo em si ou pelos parceiros, perdem o direito de não serem difamados, principalmente por quem não conhece a vida deles e nem mesmo sabe quem eles são (onde está o "não julguem"?).

[10] Juntando o comentário da Luíza Maira Silva e o do Celso Silveira ("o pai faz o que bem entender a filha é dele"), foi um belo exemplo do que eu disse em 21/03/2015, no texto "Mulheres Contra o Feminismo e o Feminismo contra elas – parte 4: vinte anos de silêncio" (http://avezdasmulheres.blog.com/2015/03/21/mulheres-contra-o-feminismo-e-o-feminismo-contra-elas-parte-4). Eu fiz uma réplica a eles, e a outras mulheres conservadoras que eu não citei aqui, com cinco meses de antecedência. Entendeu o que eu disse na parte 1 sobre o déficit da intelectualidade da direita cristã?

Para as mulheres tradicionalistas, inclusive muitas antifeministas, uma mulher é sujeita a outro homem (pai ou irmão) para NÃO fazer sexo com um homem que presta. Para as mulheres feministas, essa mulher é livre, mas também para NÃO fazer sexo com ele. E para os dois grupos, essa mulher, uma mulher que faça um comercial com pose e roupa sensuais, ou uma mulher prostituta ou da indústria adulta não deve ser LIVRE PARA, deve ser LIBERTA DE oferecer sexo ou mostrar o corpo para este homem.

[11] O erro do comentário do Anderson Gonçalves Baptista foi o ataque pessoal: se a Luíza não gravaria um vídeo como aquele com uma filha dela, não é porque ela concorda com ele no que ele chama de princípios morais, é porque ela acredita que atacaria o sistema moral dele (de dupla moral) exatamente por não fazer isso. Se ele dissesse isso pra mim, mas eu não teria dito aquela parte do machismo, eu responderia que eu gravaria esse vídeo com a minha filha, quando eu a tivesse e se ela quisesse (e eu a educaria para não confundir falta de orgasmo com grandeza de caráter), isso se, com a idade da moça, não o fizesse eu mesma.

[12] O comentário do Nascimento Fidel Tony, que pode ser resumido em "mudei de vida porque não queria tomar outras porradas na frente dos outros", traz exatamente o que eu disse quatro dias antes daquela postagem, 09/08, naquela mesma semana, e Dia dos Pais. O texto é "A Sociedade dos Garotos – parte 5: Notas contra a família para o Dia dos Pais", (http://avezdasmulheres.blog.com/2015/08/09/a-sociedade-dos-garotos-parte-5):

Uma prova do esmigalhamento moral-psicológico produzido pela família típica é quando uma pessoa consegue passar dos 40 anos agradecendo aos pais pelos castigos físicos porque por aquilo ela se tornou uma pessoa de bem. Uma moral decente é um conjunto de ações certas, não de não-ações erradas. Para começo de conversa, a pessoa não sabe diferenciar integridade moral de uma mistura de repressão sexual, complexo de inferioridade e síndrome do pânico.

[13] A Mariana Figuerôa comete aquele mesmo erro feminista da nota 09, que aqui ela deixa escapar em "criticam a menina de Putinha dentre outras ofensas" e "errado é quem recebeu", mas não tão grave quanto o mangina: denunciar um duplo padrão em que o homem não deve ser envergonhado pela heterossexualidade mas a mulher sim para pregar um duplo padrão inverso, em que o homem deve ser condenado pela heterossexualidade mas a mulher não deve ser condenada pela sexualidade. Tirando isso, ela sintetiza o que eu já digo contra a família e contra o moralismo antissexual desde 2006.

[14] A Erica Vieira e a Mariana Figuerôa observaram bem "mulheres falando que foi pouco". Eu fiquei pensando nisso também, mas eu não tive surpresa: eu tento explicar casos como esse na série "O machismo foi criado pelas mulheres", cujo primeiro texto é de novembro de 2010 (a série sem putaria em http://avezdasmulheres.blog.com/category/machismo-criado-pelas-mulheres e com putaria em http://avezdoshomens.blogspot.com.br/search/label/machismo%20criado%20pelas%20mulheres).

Fechando

Nos comentários na página do Faca na Caveira no Facebook, os comentários se dividem, com exceção do meu, em dois grupos: os tradicionalistas e os feministas. O pior da tradição cristã pode conviver com a inovação socialista-feminista. Na parte tradicionalista, eu chamo a atenção para o que eu disse sobre a castidade como doença moral: ver a filha fazendo um bom sexo foi razão suficiente para esse homem praticar uma violência física e psicológica contra ela. Se ele fosse um muçulmano, como a raça de assassinos ególatras e analfabetos que é, teria feito pior. Mas isso não conta a favor desse pai cristão. Ainda nos comentários, várias mulheres fazem comentários curtos de que a moça estaria sujeita ao pai enquanto mora na casa dele. É o que eu dizia sobre a família como ambiente de abuso moral, associação de medíocres e deserto mental. Essas comentaristas nem mesmo pensaram na formação para a vida e na transmissão de princípios morais, muito mais do que sexofobia psicótica, que explicariam a existência da família cristã. Na parte feminista, algumas mulheres feministas mencionaram o machismo, mas se existe aqui um protesto contra um duplo padrão, o problema que a comentarista vê não é que a garota devia deixar de ter vergonha da heterossexualidade, é o que o rapaz devia ser execrado pelo sexo hétero também.

Eu mesma já digo desde 2006 que o que muita gente chama de ser pai ou mãe é fazer abuso físico e violência moral com quem não é do tamanho deles, a pretexto de meia dúzia de obrigações mal cumpridas; e que o que alguns chamam de educação é transmitir a própria ignorância e a própria frustração a crianças e adolescentes. Eu já digo há alguns anos e repito: castidade é degeneração moral e mental.

Mas sobre tudo isso eu já escrevi em várias postagens dos meus blogues, algumas delas sobre algum dos pontos especificamente, ao longo de 9 anos. O foco deste texto é isto, que o leitor talvez tenha observado que eu repeti aqui: eu escrevi. Ou, como eu comecei este texto, eu tinha em mente escrever sobre isso quando acontece aquilo. Mas o foco não é em mim, é na habilidade que eu tenho de escrever uma coisa e confirmar na prática o que eu escrevi, sendo uma garota quase anônima, nunca saí do estado do Brasil onde eu nasci, não sou jornalista.

Se você sabe o que é análise estratégica, análise política, análise técnica em qualquer área do conhecimento ou pelo menos uma coluna de opinião de jornal decente, você concorda comigo que um texto desses tipos só merece respeito e credibilidade quando 1) tem coerência interna; 2) tem concordância com fatos relacionados acontecendo na mesma época; 3) se ele prevê ou implica em alguma coisa, ela acontece no mundo real. Se eu estou certa, estudos, análises e opiniões indignos de respeito não são regra geral apenas no jornalismo, nas universidades, na gestão empresarial e na política, são cada vez mais regra geral na direita e nas igrejas cristãs também. O cristão está alvoroçado no Facebook com a mais nova calhordice da esquerda contra os cristãos, talvez tentando combinar uma reação com os irmãos na fé, o pastor de uma igreja tradicional está lendo sermões de 10 ou 20 anos atrás para preparar o dele para o domingo seguinte. No caso que eu estou comentando aqui, a equipe da Faca na Caveira estava comemorando um pai publicando um vídeo "disciplinando" a filha por causa de um vídeo de uma felação em um baile funk, como se isso fosse um retorno à moralidade, NA MESMA SEMANA em que a página Revoltados Online no Facebook e os seus administradores estava bloqueada porque alguns moleques publicaram pornografia para outros denunciarem ("Facebook bloqueia publicações de evento do protesto marcado para 16 de agosto e suspende ativistas", 10 de agosto de 2015, http://www.folhapolitica.org/2015/08/facebook-bloqueia-publicacoes-de-evento.html). E por que a equipe apagou o meu comentário, se deixou comentários de mulheres feministas? É porque o discurso feminista, os administradores e os comentaristas conhecem e têm como responder, pelo menos um deles tem mais de 100 respostas; e o meu discurso é diferente dos dois discursos e eu ainda disse que "a direita cristã está tomando olé do Feminismo há 50 anos" e, brevemente, ainda disse POR QUE.

E este vídeo e estes comentários acabam ilustrando por que eu disse "direita cristã, acabou": primeiro, porque ela só sabe oferecer como solução para um erro novo um erro conhecido; segundo, porque pode perder, como disseram os autores de "O Livro Negro do Comunismo", o privilégio de dizer a verdade.

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