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sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

O Great Reset e a justiça do Diabo

Abigail Pereira Aranha

A lição do relato bíblico do exército do Faraó no Mar Vermelho é que para quem despreza o amor à verdade, há um ponto em que o encontro com a verdade perde a capacidade de trazer salvação pra trazer destruição.

Como eu compartilhei com vocês, amigos, em maio de 2021, o meu trabalho na internet fez 15 anos. Fiz uma comemoração pelo tempo, inclusive porque eu vi trabalhos antifeministas mais novos serem encerrados por inimigos, mas a lembrança foi com certa tristeza, porque o mundo não melhorou muito de 2006 pra cá.

E agora que o Fórum Econômico Mundial anunciou o Great Reset a pretexto da CoViD-19, eu devo fazer "alguma coisa"? Se dependesse de mim, não teríamos Dilma Rousseff como presidente do Brasil em 2010 e nem nos lembraríamos dela hoje. Bom, eu acho que eu posso ser acusada de omissão nos anos 2000: não me dar conta da espécie de situação nacional ou mundial que faz uma garota de 15 anos pensar que pode e precisa dizer alguma coisa pra alguém pelo menos 15 anos mais velho.

Por que de 2016 pra cá qualquer ninfeta pode fazer sucesso nas redes sociais dizendo em vídeo ou texto algo que eu escrevi 3 anos antes ou mais? Eu não considero só o contexto do Brasil. Eu escrevi e traduzi textos em inglês, espanhol, francês e italiano, além do português do Brasil. Quantos trabalhos sobre antifeminismo, antiesquerdismo, liberalidade sexual ou integridade intelectual existiam nesses idiomas até cerca de 2015? Quando eu demonstrei, de uma forma informal, que as liberdades civis acompanhavam a liberdade sexual e a aceitação da pornografia, era novembro de 2014. Quando eu disse que a "pedofilia" seria usada pra vigilância do cidadão e censura política, era janeiro de 2009. Agora, temos um smartphone com software que vasculha o aparelho pra procurar, dizem eles, imagens de abuso sexual infantil, exatamente no ano do certificado de vacinação da CoViD-19 para smartphones. A fabricante do smartphone, a Apple, voltou atrás? Sim. Mas já temos um alerta. Naqueles anos de 2009 e 2014, muitos profetas João Batista de hoje estavam nas festas de Herodes. Ah, eu também achei há poucos meses uma tradução pro romeno de um texto meu de 2017.

Eu também expliquei em 2010 pouco depois de a Dilma Rousseff ser eleita presidente que por trás da eleição de uma senhora notoriamente pouco qualificada, havia um povo que a elegeu de baixo nível moral e intelectual que recebeu alguns mimos consumistas possibilitados por antecessores. Vi meia dúzia de analistas políticos da direita conservadora só entenderem isso neste segundo semestre de 2021. Ah, e ainda antes daquele novembro de 2010, eu dizia que vincular a nossa economia à China ia nos arrebentar, coisa que muito liberal não via em 2019.

Eu não tive meus textos lidos por muitas das pessoas tidas como cultas do Brasil porque elas queriam "spin doctors" e garotas "pin-up" das próprias crenças. Eles pregavam a castidade, eu defendia e praticava a putaria; eles defendiam o Cristianismo, eu era ateia; e assim por diante. Mas onde estão, mesmo hoje, os nascidos de 1971 pra trás? Quando a blogosfera surgiu no fim dos anos 1990, quantos deles ouviram falar a respeito e pensaram "agora eu vou soltar tudo que está atravessado na garganta desde os anos 80"? Por que são os filhos deles que denunciam a queda de qualidade das escolas ou, especialmente as filhas, que estão atacando o LGBT-Feminismo?

Nós precisaremos cuidar da saúde e da autopreservação pra melhorar o mundo. E isso nem é questão de egoísmo ou de desistência da política. É que as causas e as pessoas que merecem que você lute por elas sempre lhe fazem bem, em vez de dar a você a obrigação de fazer algo por elas. Vou tentar colocar aqui algumas ideias práticas. Se você tomou a vaChina, tenha uma alimentação saudável e acrescente coisas que, por exemplo, tirem metais pesados do organismo (coentro, por exemplo). Se puder, more sozinho (sim, se afastar da família pode ajudar na sua saúde). Evite o casamento ou mesmo o namoro, porque o sexo sem casamento é mais vantajoso, ainda mais hoje quando uma ex-namorada pode arruinar um homem. E procure amigos nas redes sociais com quem você possa discutir a encrenca que já está acontecendo e compartilhar informações, além de procurar bons conteúdos na internet.

O "todos contra o coronavírus" é uma onda de truculência, histeria e estupidez que parece invencível. Mas como você esperava que viria a justiça divina, se você acredita em Deus? Poderia Deus, assumindo que ele existe, usar a mistura de mau caráter com estupidez de um povo contra ele mesmo? Nós que buscamos a integridade moral e mental há mais de 5 anos podemos ter sido salvos de salvar os néscios da própria pobreza de espírito. Se a misericórdia de Deus não tem limite, a do Diabo tem.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

A guerra nas bolhas - parte 2: uma cantora progressista publicou clipe censurado pelo YouTube em portal adulto

Abigail Pereira Aranha

1) Luisa Sonza decidiu subir clipe censurado no XVideos e causou polêmica

BuzzFeed Brasil, 06 de agosto de 2021: "Luisa Sonza decidiu subir clipe censurado no XVideos e causou polêmica"[01]. "YouTube bloqueou vídeo de 'Mulher do ano' e cantora soltou em site de conteúdo adulto."

Esta foi a postagem dela no Twitter[02]:

Luísa Sonza

@luisasonza

acabaram de censurar e bloquear o lyric de mulher do ano no YouTube. Censurar o Bolsonaro q só fala bosta ngm faz. Vou subir essa porra no xvideos até isso se resolver.

10:25 PM · 5 de ago de 2021

Revista Marie Claire, 06 de agosto de 2021: "Luísa Sonza se desculpa após publicar clipe em plataforma de conteúdo adulto"[03].

No Twitter, alguns seguidores da cantora tentaram explicar. “Dando visibilidade pra indústria pornográfica, Luisa? Não faz isso”, disse uma. “Luisa, o xvideos é uma plataforma que lucra diariamente com vídeos de estupro, pedofilia, e entre outras formas de agressão, é melhor não fazer isso”, comentou outro. “Posta aqui no twitter, posta no insta, posta no ttk, só não no xvideos não faz sentido publicar o vídeo num site de pornografia que a todo momento tá objetificando mulheres”, falou mais uma.

2) Introdução ao ponto central e mais alguns comentários

Todos os "argumentos" são boatos da bolha antipornografia, dessa vez dirigidos a outra mulher da bolha LGBT-feminista. Ou melhor, das bolhas antipornografia, porque nós temos a bolha conservadora e a bolha lesbofeminista. Ah, por falar em "lebofeminista" e em pornografia, você pode ver um filme completo mais antigo (70, 90 minutos) e ter uma cena lésbica ou bissexual feminina entre as cenas héteros, ou você pode estar na categoria heterossexual de um portal como o XVideos e ter vídeos lésbicos nas recomendações; mas vídeos gays ou bissexuais masculinos são uma categoria separada. Porque muitos homens gostam (eu tenho nojo) de ver duas ou três mulheres bonitas se acariciando. Mas as LGBT-feministas não sabem disso. Por sinal, o pornô feminista é um fracasso, você só conhece Erika Lust por artigos da "mainstream media". Ops! Aqui temos outra bolha, a da imprensa progressista.

Ops! Você que já leu outros textos meus pode ter visto outros "ops!" por aí. Isso não é um efeito literário. Isso acontece porque eu ainda estou organizando as ideias no texto, vêm outros dados enquanto eu escrevo e quando parece que eu estou saindo um pouquinho do assunto, eu percebo que eu voltei ao assunto principal ou ao ponto que eu estava desenvolvendo logo antes. E eu preciso registrar isso. Eu preciso destacar isso pra sinalizar o que é um raciocínio intelectualmente íntegro, o que é olhar para um objeto do mundo real com integridade mental, o que é escrever um texto em que um parágrafo não refuta o que um outro afirma e qual a diferença entre análise intelectualmente coerente de um objeto do mundo real e pregação da corrente de ideias da preferência do autor. As correntes de ideias que eu já assumi nos meus textos são o Ateísmo, o Anarquismo, o casamento aberto e (essa é menos óbvia) a licenciosidade, e desde o começo lá em 2006 nunca me "converti". Porque eu tenho essas ideias dentro da integridade mental que eu expliquei. Mas mesmo os antissocialistas tentam refutar o Ateísmo com o Catolicismo Romano, a licenciosidade com a glorificação do sexo precário, a República com Monarquismo, etc. Eles mostram os erros de uma doutrina com outra doutrina como axioma, a não ser quando o outro lado faz ou diz uma besteira grande o suficiente para ser desmoralizada dentro do senso comum.

O que as bolhas antipornografia dizem sobre a ligação da pornografia com estupro, pedofilia, violência contra mulher e tráfico de pessoas é algo que quem sabe os nomes de mais de 3 atrizes pornôs sabe que não merece comentários. Mas eles dizem tantos absurdos que responder apenas isso até parece evasiva. Como podemos deduzir no caso da Luísa Sonza, esse discurso é pra essas bolhas, onde feminista bloqueia quem votou em Jair Bolsonaro nas redes sociais ou onde evangélico se recusa a ler o Manifesto Comunista.

3) A pré-humanização da língua pátria (repetição da parte 1)

Para uma pessoa com integridade mental, o mundo real externo é referência do mundo emocional-subjetivo e do mundo verbal-escrito. E não vice-versa. Quem confunde o mundo emocional-subjetivo com o mundo real externo ou, pior ainda, tenta fazer o mundo emocional-subjetivo como referência do mundo real externo, essa pessoa não chega sequer a ser uma egocêntrica, é uma doente mental no sentido clínico. Quem tem um mundo verbal-escrito com uma associação pobre entre as palavras e os objetos do mundo real externo a que devia se referir é semianalfabeto.

Dizer que tivemos no Brasil "a animalização da linguagem", como é o título de um artigo do prof. Olavo de Carvalho de 2013[04], é uma ofensa aos gatos e aos cachorros; e também aos lobos, que são mencionados no artigo junto com os cachorros. Quem tem um gato ou um cachorro sabe que ele entende alguns gestos e até algumas palavras, e ele também se comunica com os seus humanos com sons e gestos. Vou dar uma citação rápida sobre os cães de Pavlov pra explicar o problema.

Os reflexos condicionados foram descobertos por Ivan Pavlov. Ele era um fisiólogo russo. (...)

A pesquisa inicialmente iria medir a produção de saliva de cães, pela inserção de itens comestíveis e não comestíveis. Durante o experimento, ele percebeu que após algum tempo, os cães começavam a salivar quando seus assistentes adentravam na sala. Descobriu assim, o reflexo condicionado.

(...) O som da campainha (estímulo neutro) era apresentado simultaneamente ou logo antes a apresentação da comida (estímulo incondicionado). Os dois estímulos (neutro e incondicionado) eram associados juntos.

Após algumas tentativas, ao apresentar o som, mesmo que sem a apresentação da comida, era eliciada a salivação.[05]

Perto de um cidadão típico do Brasil e de outros países, os cães de Pavlov eram um seminário de Filosofia. Porque esses ainda conseguiam associar um elemento sonoro a outro elemento do mundo físico.

O que nós podemos ver ao redor do mundo na chamada pandemia da CoViD-19, e já era mais caricato no Brasil, é um quadro generalizado de histeria mais semianalfabetismo. Para o cidadão comum, o mundo real não é referência nem para o vocabulário, nem para a leitura, nem para a escrita, nem para a fala (ouvida ou emitida), nem para o universo emocional-subjetivo. O que devia ser uma comunicação entre compatriotas no idioma nativo pode ser um desastre de reações emocionais e especulações de "entrelinhas" por quem não entendeu uma ou duas linhas. Existem duas linguagens brutalmente diferentes que parecem indistinguíveis, uma língua feita para seres humanos (em que palavras e outros elementos apontam para objetos do mundo real ou da própria linguagem) e outra, com quase todo o vocabulário em comum, de gatilhos emocionais, expressão emocional-subjetiva, descrição de rotinas maçantes, trapaça e reconhecimento tribal. Ah, já ia me esquecendo: ensinar a língua culta nas escolas do Brasil como se fosse padrão já é um sacrilégio chamado "preconceito linguístico"[06].

Essa destruição da linguagem associada com violência contra a integridade mental do cidadão comum pode ser vista nas questões fictícias como racismo, homofobia ou imperialismo estadunidense, mas é mais notória na questão sexual.

A desconexão entre a linguagem e o mundo real, junto com o uso da linguagem menos para associação a esse mundo real que para o extravasamento do mundo emocional-subjetivo, também é uma desconexão entre as pessoas que parecem falar a mesma língua. A direita e a esquerda na política já deixaram de ser ideias diferentes para serem linguagens diferentes, sectarismos intelectuais e vocabulários exclusivos de duas tribos que não se comunicam. Direita e esquerda já lutaram uma contra a outra, hoje dão o nome da antiga adversária a projeções inversas e preconceitos delas mesmas. Daí vem a "guerra nas bolhas". Chamo a atenção para que não são guerras separadas cada uma em uma bolha.

4) A guerra nas bolhas

Vamos voltar àquela matéria da revista Marie Claire[07]:

Pouco tempo depois, Luísa pediu desculpas ao público. “Gente, de verdade, obrigada pelo toque, assim que entendi a problemática apaguei o Tweet imediatamente. Mais uma vez fui censurada sem motivos plausíveis e agi por revolta. Conversei com o YouTube e eles alegaram que não foram eles que censuraram. Sigo sem respostas e sem poder fazer meu trabalho em paz. Isso tem se tornado cada dia mais cansativo. Mas enfim. Obrigada por sempre me ensinarem a ser melhor”, começou.

As palavras "ensinar a ser melhor" não fazem sentido aqui. Se a moça aproveitasse a passagem pelo XVideos para ver mais alguma coisa, talvez sairia perguntando onde está a tal "pedofilia". Ops! "Pedofilia" é uma palavra que foi esvaziada de conteúdo tanto por feministas quanto por conservadores.

Os conservadores podem ser provincianos e dogmáticos, mas o que a esquerda fala ou escreve parece que sai do versificador do romance "1984" do George Orwell[08].

Mas a questão da guerra nas bolhas não fica só no que o público geral entende como política, aquela coisa distante inclusive geograficamente. Por sinal, a questão é como a própria política, onde, em países como o Brasil ou os Estados Unidos, ninguém consegue se eleger sem o apoio de uma parte visível do eleitorado ou a repulsa de uma parte visível do eleitorado a um candidato adversário, mesmo que, nos dois casos, nem sempre exista uma cultura político-ideológica popularizada.

5) O povo como bolhas (repetição da parte 1)

Mas os homens e as mulheres da população geral não conseguem seguir em vidas comuns com empregos comuns sem dar atenção aos assuntos políticos, geopolíticos e sociopolíticos, mesmo que ninguém da militância de esquerda use as mesmas linhas do transporte público que eles. Porque essa população geral também está se tornando uma série de bolhas. Bolhas de famílias, de bairros, de cidades, de locais de trabalho. Há poucas conversas no Brasil sobre assuntos de nível acima de obras públicas locais, e dessas, poucas que vale a pena ouvir. Mas ao mesmo tempo, essa série de bolhas é isolada de quem tem poder de decisão. Não faz muito efeito que muitas pessoas da população geral não acreditem na imprensa, mesmo o jornal local, porque os empresários e os políticos geralmente acreditam.

A falta de um espaço comum no mundo real mesmo para pessoas da mesma cidade tira da língua nativa aquele aspecto de unificação popular. A falta de interesses em comum, de valores em comum e mais ainda de questões intelectuais em comum só deixa a linguagem como meio de comunicação e expressão no nível da rotina diária (no máximo). Qualquer uso da linguagem mais elevado, mesmo por vigaristas da política nacional, é, para essas pessoas, complexo e desinteressante. Mas se a língua nativa desumanizada ainda puder ser usada para expressões emocionais-subjetivas, para discutir porciúnculas locais e para brigas de vizinhanças pobres, a integridade da língua acima deste nível será uma questão dos interesses de quem tem poder e habilidade para usá-la a seu favor. Quem entende e diz que isso é coisa dos "poderosos" ou dos "donos do mundo" já faz esse uso depauperado da linguagem. Porque esse rebaixamento da língua nativa engole a cultura de praticamente todo o empresariado, praticamente todos os executivos, praticamente todo o alto escalão do serviço público, de quase toda a classe política e mais ainda a de qualquer simplório que conseguiu comprar alguns imóveis. Alguém usa a língua nativa rebaixada para guiar esse povo todo como bonecos. Então, quem são os poderosos? Por exemplo, nós vemos donos de supermercados que não têm sacolas plásticas nas suas lojas pra proteger tartarugas marinhas. Se você mora no interior do seu país (não escrevo só para leitores brasileiros), já imaginou como uma sacola ou uma garrafa de plástico saiu do depósito de lixo da sua cidade e chegou no mar? Agora, com a gripe chinesa, nós temos um artigo de abril do ano passado com o título "Digitalização é a chave para a reinvenção do comércio pós-Covid"[09]. Quem viu notícias ou "hoaxes" sobre o certificado digital de vacinação da CoViD-19, no ano passado ou no começo deste ano, viu que o certificado não foi feito para a COVID, mas a COVID para o certificado. Mas quem do nível socioeconômico de chefe de seção pra cima percebeu isso? Mas isso não acontece só com o coronavírus, é com a vida normal inteira.

6) A sexualidade e a guerra nas bolhas

Peço desculpas ao leitor por trazer um pedacinho da letra da música "Mulher do Ano"[10]:

Pode falar que eu sou uma delícia

Que nada te dá mais tesão do que еu te fazendo jogar tudo dentro dе mim

Fala que eu sou uma bandida, o amor da sua vida

Sei que tu quer se jogar todo dentro de mim

Como você pode ter uma ideia pelo trecho acima, publicar o clipe dessa música no XVideos foi um insulto à pornografia.

Se dermos o crédito de que a mulher da letra é uma espécie de personagem, e que ligar a letra à cantora pouco recomendável é como confundir uma personagem com a atriz, ainda temos uma personagem deplorável. E ela é deplorável especialmente porque ela se vê sexualmente atraente enquanto é repulsiva e perigosa. Mas não só ela, as mulheres que são fãs da cantora ou da pessoa além da cantora estão em uma bolha criada pelo bloqueio da capacidade dessa mulher de enxergar a si mesma. Uma dessas fãs é aquela moça de uns 30 anos que publica foto com roupa de ginástica no Facebook ou no Instagram, pra mostrar que é gostosa, mas é mãe solteira ou divorciada. Ou seja, nem o sexo segura um homem ao lado dessa mulher por muito tempo, mesmo quando ela tem uma beleza ou um corpo razoável. Mas uma mulher conservadora que condena essas condutas cai em outro problema: a vilificação da vida sexual decente, ou mesmo da capacidade de uma mulher em particular de produzir interesse sexual em um homem. O que um homem teria a receber dela seria como se ele tivesse uma empregada doméstica boa e amável com disponibilidade sexual, isso se esse homem se casar com ela e na melhor das hipóteses de uma situação idealizada. Bom, é verdade que é possível uma esposa dar um sexo gostoso ao marido mesmo tendo cara e corpo de lagartixa como muitas mulheres religiosas têm. Mas é como se o homem tivesse que escolher entre uma mulher feia, uma mulher frígida e uma mulher perigosa.

Eu já fiquei com 322 homens de 2005 até hoje, e quase sempre eu fui quem teve a iniciativa, e quase sempre o abordado teve a reação de, no mínimo, como se fosse bom demais pra ser verdade. Porque no século XXI, qualquer vadia no Brasil usa roupa chamativa porque quer, e se você homem tocar, olhar ou tentar conversar, você pode ser preso ou agredido. E quando eu digo pro rapaz, de um jeito alegre, que eu sei que ele tem vontade de me comer, a primeira reação dele é como se fosse flagrado pela polícia fazendo algo errado. E ainda tenho os rapazes pra quem eu demonstrei essa simpatia que ficaram com medo de mim, alguns deles depois de eu completar 18 anos. Aqui nós temos duas bolhas, a dos homens e a das mulheres.

Depois de as mulheres dizerem, em tom de denúncia, as feministas que o machismo ensina as mulheres a serem dóceis e as conservadoras que o Feminismo ensina as mulheres a serem putas, a queda do número de casamentos já vem tarde e pouca. Também já temos as "sex dolls". E não adianta inventar estupro de boneca (sério, já existe essa discussão[11]), nem assédio sexual contra avatar do Metaverso (sério, já existem denúncias[12]), nem assédio sexual contra atendente virtual de loja[13]. Deve estar chegando o tempo em que uma mulher vai sentir saudades de quando era assediada.

NOTAS E REFERÊNCIAS:

[01] "Luisa Sonza decidiu subir clipe censurado no XVideos e causou polêmica", Fefito, BuzzFeed Brasil, 06 de agosto de 2021, https://buzzfeed.com.br/post/luisa-sonza-decidiu-subir-clipe-censurado-no-xvideos-e-causou-polemica.

[02] Luísa Sonza, 05 de agosto de 2021 às 22:25, https://twitter.com/luisasonza/status/1423455194549993472.

[03] [07] "Luísa Sonza se desculpa após publicar clipe em plataforma de conteúdo adulto", Marie Claire, 06 de agosto de 2021, https://revistamarieclaire.globo.com/Celebridades/noticia/2021/08/luisa-sonza-se-desculpa-apos-publicar-clipe-em-plataforma-de-conteudo-adulto.html.

[04] "A animalização da linguagem", Olavo de Carvalho, Diário do Comércio, 06 de maio de 2013, https://olavodecarvalho.org/a-animalizacao-da-linguagem.

[05] "O cão de Pavlov e como ele descobriu o condicionamento clássico", Champion Dog Adestramento, 28 de abril de 2017, https://www.championdog.com.br/o-cao-de-pavlov.

[06] Por exemplo: "O preconceito linguístico: relação alunos e ensino", Hugo Ferreira Machado Neto, Brasil Escola, 07 de abril de 2017, https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/o-preconceito-linguistico-relacao-alunos-ensino.htm; "Preconceito social e linguístico no ensino da língua materna: um olhar sociolinguístico e da análise do discurso", Edson Victor Pereira da Rocha, Brasil Escola, 20 de maio de 2016, https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/preconceito-social-linguistico-no-ensino-lingua-materna.htm.

[07] Nota 03.

[08]

Havia semanas que a canção estava em voga em Londres. Era uma das músicas sem conta, publicadas para os proles, por uma sub-secção do Departamento de Música. As letras eram compostas, sem intervenção humana, num instrumento chamado versificador. Mas a mulher cantava com tamanho sentimento que transformava aquela horrível pieguice num som quase agradável.

(pág. 142)

[09] "Digitalização é a chave para a reinvenção do comércio pós-Covid", Daliane Nogueira, Gazeta do Povo, 20 de abril de 2020, https://www.gazetadopovo.com.br/gazz-conecta/hack-pelo-futuro/digitalizacao-chave-para-reinvencao-comercio-pos-covid.

[10]

MULHER DO ANO XD

Luísa Sonza

Não se emociona que eu já tô sem tempo
Baby, eu não nasci pra ficar na cozinha
Já sou rainha por aqui faz tempo
E hoje nessa selva eu vou caçar no seu lugar

Não se emociona que eu tô sem tempo pra brincadeira, mano
Se acha que eu tô brincando, acho que eu sou a mulher do ano
E eu tenho um mel que é pra te lambuzar
Depois pode trazer o gosto pra minha boca

Pode falar que eu sou uma delícia
Que nada te dá mais tesão do que еu te fazendo jogar tudo dentro dе mim
Fala que eu sou uma bandida, o amor da sua vida
Sei que tu quer se jogar todo dentro de mim

Me pergunta se eu quero dar, amor
Só me chamar, pode ser no carro
Me pergunta se eu quero dar, amor
Só me chamar, pode ser no carro

Não se emociona que eu já tô sem tempo
Como eu já te disse, eu sou melhor sozinha
E eu sinto muito, é coisa de momento
Pena que depois de mim não vai recuperar

Não se emociona que eu tô sem tempo pra brincadeira, mano
Se acha que eu tô brincando, acho que eu sou a mulher do ano
E eu tenho um mel que é pra te lambuzar
Depois pode trazer o gosto pra minha boca

Pode falar que eu sou uma delícia
Que nada te dá mais tesão do que eu te fazendo jogar tudo dentro de mim
Fala que eu sou uma bandida, o amor da sua vida
Sei que tu quer se jogar todo dentro de mim

Me pergunta se eu quero dar, amor
Só me chamar, pode ser no carro
Me pergunta se eu quero dar, amor
Só me chamar, pode ser no carro

Pode falar que eu sou uma delícia
Que nada te dá mais tesão do que eu te fazendo jogar tudo dentro de mim
Fala que eu sou uma bandida, o amor da sua vida
Sei que tu quer se jogar todo dentro de mim

Me pergunta se eu quero dar, amor
Só me chamar, pode ser no carro
Me pergunta se eu quero dar, amor
Só me chamar, pode ser no carro

https://www.vagalume.com.br/luisa-sonza/mulher-do-ano-xd.html

[11] "Meet 'Frigid Farrah', The Sex Robot Designed To Simulate Rape", Marie Claire Australia, 24 de julho de 2017, https://www.marieclaire.com.au/frigid-farrah-sex-robot-designed-to-simulate-rape.

[12] "Woman claims she was virtually 'groped' in Meta’s VR metaverse", New York Post, 17 de dezembro de 2021, https://nypost.com/2021/12/17/woman-claims-she-was-virtually-groped-in-meta-vr-metaverse.

[13] "Até a mascote virtual do Magazine Luiza é alvo de assédio sexual", Exame, 31 de agosto de 2018, https://exame.com/marketing/ate-a-mascote-virtual-do-magazine-luiza-e-alvo-de-assedio-sexual.

Texto original em português sem fotos e vídeos de putaria no A Vez das Mulheres de Verdade: "A guerra nas bolhas - parte 2: uma cantora progressista publicou clipe censurado pelo YouTube em portal adulto", https://avezdasmulheres.blogspot.com/2021/12/a-guerra-nas-bolhas-parte-2.html.
Texto original em português com fotos e vídeos de putaria no A Vez dos Homens que Prestam: "A guerra nas bolhas - parte 2: uma cantora progressista publicou clipe censurado pelo YouTube em portal adulto", https://avezdoshomens.blogspot.com/2021/12/a-guerra-nas-bolhas-parte-2.html.

A guerra nas bolhas - parte 1: a fantasia de enfermeira de uma atriz da Globo

Abigail Pereira Aranha

1) Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo: a fantasia de enfermeira incentiva a sexualização, é inadmissível que continue sendo tolerada[01]

A enfermagem é uma profissão, não uma fantasia. COREN-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo).

Fantasias de enfermeira desvalorizam o profissionalismo da enfermagem

A enfermagem é uma profissão que exige conhecimentos técnicos, anos de estudo e muito empenho e dedicação em seu cotidiano. Além disso, por ser uma categoria predominantemente feminina, com mais de 80% de mulheres, sofre os impactos das desigualdades de gênero, o que inclui episódios de violência e assédio.

Por esses e muitos outros motivos, é inadmissível que a fantasia de enfermeira, utilizada em carnavais, festas de halloween e sátiras continue sendo tolerada pela sociedade, sobretudo por formadores de opinião.

O tema já foi alvo de intervenções do Coren-SP por diversas vezes, como no episódio em que as atrizes Giovanna Ewbank e Ingrid Guimarães humildemente se retrataram por terem se apropriado da imagem da profissão com conotação sexual. Deparamos-nos nas recentes celebrações de Halloween com a atriz @brunamarquezine Bruna Marquezine fantasiada do que a mídia chamou de “enfermeira sexy”. Também com postagem de influenciadoras como Cátia Damasceno, que fez uma enquete para que os seguidores escolhessem sobre a fantasia de mulher gata ou “enfermeira bem sexy; e Thais Massa que se fantasiou como tal.

Repudiamos veementemente essa conduta, pois ela incentiva a sexualização de uma categoria que há décadas luta por valorização e respeito. São trabalhadoras que enfrentam sucessivas jornadas de trabalho, em seus lares e no cotidiano profissional e que não merecem ou devem ser estereotipadas dessa forma.

O Coren-SP defende que todo o humor e diversão são válidos desde que não prejudiquem ou provoquem qualquer impacto negativo na vida do próximo. Por isso faz um apelo à sociedade e aos formadores de opinião: respeitem e valorizem as mulheres da enfermagem.

2) Introdução ao ponto central e mais alguns comentários

Você que conhece o meu trabalho já estava pensando que eu ia defender a liberação heterossexual? Bom, você estava certo(a). Mas apesar de o meu primeiro pensamento ser o de condenar o melindre sexofóbico de quem escreveu essa nota e de quem gostou, eu observei um outro problema e esse vai ser o ponto principal aqui. A questão do sexo e da sexualidade heterossexuais também é afetada por essa questão que vai ser o ponto principal, vou explicar depois. O ponto a que eu gostaria de chamar a sua atenção é o que eu vou chamar de "guerra nas bolhas", que é a fragmentação da comunidade nacional seguida de rixas aparentemente fratricidas dentro de alguns fragmentos. Eu digo "comunidade nacional" sem me limitar ao meu país, o Brasil. O problema é mundial e é melhor observável no nível nacional. O que as pessoas de uma nação têm em comum? Uma língua escrita e falada, talvez ao mesmo tempo que algumas línguas secundárias. Mas mesmo em países de praticamente uma única língua, como o Brasil e os Estados Unidos, essa língua não funciona muito bem como coisa em comum, como vou explicar mais adiante. Eu percebi a "guerra nas bolhas" no caso da Bruna Marquezine porque me lembrei de que ela é progressista e observei que aqui ela está sendo atacada por outros progressistas, menos de 2 meses depois de participar do coro "fora, Bolsonaro"[02].

Você imaginou que a presidência do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo caiu nas mãos de uma lésbica maluca? Não, o presidente do Coren-SP é um homem, James Francisco dos Santos. A vice-presidência está com uma mulher, a professora Érica Chagas Araújo.[03] E pela foto que você também pode ver na página do conselho[04], ela parece até uma professora simpática de pré-escola.

Érica Chagas Araújo, vice-presidente do COREN-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo), gestão 2021-2023.

Diretoria 2021-2023 do COREN-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo).

Na foto acima[05], o presidente é o de terno preto e gravata amarelada, à esquerda atrás da vice.

3) A pré-humanização da língua pátria

Para uma pessoa com integridade mental, o mundo real externo é referência do mundo emocional-subjetivo e do mundo verbal-escrito. E não vice-versa. Quem confunde o mundo emocional-subjetivo com o mundo real externo ou, pior ainda, tenta fazer o mundo emocional-subjetivo como referência do mundo real externo, essa pessoa não chega sequer a ser uma egocêntrica, é uma doente mental no sentido clínico. Quem tem um mundo verbal-escrito com uma associação pobre entre as palavras e os objetos do mundo real externo a que devia se referir é semianalfabeto.

Dizer que tivemos no Brasil "a animalização da linguagem", como é o título de um artigo do prof. Olavo de Carvalho de 2013[06], é uma ofensa aos gatos e aos cachorros; e também aos lobos, que são mencionados no artigo junto com os cachorros. Quem tem um gato ou um cachorro sabe que ele entende alguns gestos e até algumas palavras, e ele também se comunica com os seus humanos com sons e gestos. Vou dar uma citação rápida sobre os cães de Pavlov pra explicar o problema.

Os reflexos condicionados foram descobertos por Ivan Pavlov. Ele era um fisiólogo russo. (...)

A pesquisa inicialmente iria medir a produção de saliva de cães, pela inserção de itens comestíveis e não comestíveis. Durante o experimento, ele percebeu que após algum tempo, os cães começavam a salivar quando seus assistentes adentravam na sala. Descobriu assim, o reflexo condicionado.

(...) O som da campainha (estímulo neutro) era apresentado simultaneamente ou logo antes a apresentação da comida (estímulo incondicionado). Os dois estímulos (neutro e incondicionado) eram associados juntos.

Após algumas tentativas, ao apresentar o som, mesmo que sem a apresentação da comida, era eliciada a salivação.[07]

Perto de um cidadão típico do Brasil e de outros países, os cães de Pavlov eram um seminário de Filosofia. Porque esses ainda conseguiam associar um elemento sonoro a outro elemento do mundo físico.

O que nós podemos ver ao redor do mundo na chamada pandemia da CoViD-19, e já era mais caricato no Brasil, é um quadro generalizado de histeria mais semianalfabetismo. Para o cidadão comum, o mundo real não é referência nem para o vocabulário, nem para a leitura, nem para a escrita, nem para a fala (ouvida ou emitida), nem para o universo emocional-subjetivo. O que devia ser uma comunicação entre compatriotas no idioma nativo pode ser um desastre de reações emocionais e especulações de "entrelinhas" por quem não entendeu uma ou duas linhas. Existem duas linguagens brutalmente diferentes que parecem indistinguíveis, uma língua feita para seres humanos (em que palavras e outros elementos apontam para objetos do mundo real ou da própria linguagem) e outra, com quase todo o vocabulário em comum, de gatilhos emocionais, expressão emocional-subjetiva, descrição de rotinas maçantes, trapaça e reconhecimento tribal. Ah, já ia me esquecendo: ensinar a língua culta nas escolas do Brasil como se fosse padrão já é um sacrilégio chamado "preconceito linguístico"[08].

Essa destruição da linguagem associada com violência contra a integridade mental do cidadão comum pode ser vista nas questões fictícias como racismo, homofobia ou imperialismo estadunidense, mas é mais notória na questão sexual.

A desconexão entre a linguagem e o mundo real, junto com o uso da linguagem menos para associação a esse mundo real que para o extravasamento do mundo emocional-subjetivo, também é uma desconexão entre as pessoas que parecem falar a mesma língua. A direita e a esquerda na política já deixaram de ser ideias diferentes para serem linguagens diferentes, sectarismos intelectuais e vocabulários exclusivos de duas tribos que não se comunicam. Direita e esquerda já lutaram uma contra a outra, hoje dão o nome da antiga adversária a projeções inversas e preconceitos delas mesmas. Daí vem a "guerra nas bolhas". Chamo a atenção para que não são guerras separadas cada uma em uma bolha.

4) A guerra nas bolhas

Eu introduzi essa exposição com um rebuliço de militantes progressistas contra uma companheira de luta, ou pelo menos uma simpatizante. Esse caso pelo menos chegou aos jornais, mesmo que os maiores jornais do país sejam cada vez menos lidos (o que também tem a ver com o assunto). Mas esse caso tinha quase tudo para passar despercebido do público geral. Os conservadores podem ser provincianos e dogmáticos, mas o que a esquerda fala ou escreve parece que sai do versificador do romance "1984" do George Orwell[09].

Mas a questão da guerra nas bolhas não fica só no que o público geral entende como política, aquela coisa distante inclusive geograficamente. Por sinal, a questão é como a própria política, onde, em países como o Brasil ou os Estados Unidos, ninguém consegue se eleger sem o apoio de uma parte visível do eleitorado ou a repulsa de uma parte visível do eleitorado a um candidato adversário, mesmo que, nos dois casos, nem sempre exista uma cultura político-ideológica popularizada.

Os grupos, depois de perderem o mundo real como referência, também deixam de perceber se as suas ações são eficazes no mundo real, incluído o público externo que seria o beneficiário.

Daí, voltando ao caso da Bruna Marquezine, o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo recebe nos comentários uma série de reprimendas de profissionais que dizem que o conselho não dá a questões sérias da classe profissional a atenção que deu à fantasia de "enfermeira sexy".[10]

A postagem teve mais de 19 mil comentários. “Mais tolerância e menos censura”, escreveu um seguidor da página. “Sinceramente, não vejo isso como desvalorização, desvalorização mesmo é o salário da categoria, e pelo jeito isso já nem é mais o foco”, disse outro.

E não é por acaso que a presidência que lança essa nota seja de um homem: a visão dele está distorcida pelo LGBT-Feminismo. E nem é questão do chamado "lugar de fala". O "lugar de fala" é mais um exemplo do isolamento social, porque é Argumentum Ad Hominem contra os de fora e Falácia do Apelo à Autoridade a favor dos de dentro. Mas aqui, temos mais um exemplo do homem feminista, de como ele pode ter uma desconexão com a realidade pior que a da mulher lésbica, mesmo (e principalmente) quando ele é bem intencionado.

Uma outra coisa que me chamou a atenção foi o meu próprio alcance, mas isso bem antes desse caso. Eu estou com esse trabalho antifeminista desde 2006, eu tive algumas poucas leitoras lesbofeministas em cerca de 2008 a 2012. A grande referência LGBT-feminista (sem duplo sentido) Lola Aronovich disse, acho que em 2011: "eu já conhecia o blog racista, misógino e homofóbico da Abigail". Eu já achei em 2010 uma chamada pra me denunciar à Polícia Federal, de uma leitora feminista. Eu vi comentários de outras feministas que conheceram o blogue A Vez dos Homens que Prestam e ficaram horrorizadas com a pornografia, em torno de 2011. Mas a militância feminista hoje caiu até em relação a esse nível de 2011. As mulheres feministas ignoram as mulheres não-feministas e antifeministas tanto quanto vice-versa.

5) O povo como bolhas

Mas os homens e as mulheres da população geral não conseguem seguir em vidas comuns com empregos comuns sem dar atenção aos assuntos políticos, geopolíticos e sociopolíticos, mesmo que ninguém da militância de esquerda use as mesmas linhas do transporte público que eles. Porque essa população geral também está se tornando uma série de bolhas. Bolhas de famílias, de bairros, de cidades, de locais de trabalho. Há poucas conversas no Brasil sobre assuntos de nível acima de obras públicas locais, e dessas, poucas que vale a pena ouvir. Mas ao mesmo tempo, essa série de bolhas é isolada de quem tem poder de decisão. Não faz muito efeito que muitas pessoas da população geral não acreditem na imprensa, mesmo o jornal local, porque os empresários e os políticos geralmente acreditam.

A falta de um espaço comum no mundo real mesmo para pessoas da mesma cidade tira da língua nativa aquele aspecto de unificação popular. A falta de interesses em comum, de valores em comum e mais ainda de questões intelectuais em comum só deixa a linguagem como meio de comunicação e expressão no nível da rotina diária (no máximo). Qualquer uso da linguagem mais elevado, mesmo por vigaristas da política nacional, é, para essas pessoas, complexo e desinteressante. Mas se a língua nativa desumanizada ainda puder ser usada para expressões emocionais-subjetivas, para discutir porciúnculas locais e para brigas de vizinhanças pobres, a integridade da língua acima deste nível será uma questão dos interesses de quem tem poder e habilidade para usá-la a seu favor. Quem entende e diz que isso é coisa dos "poderosos" ou dos "donos do mundo" já faz esse uso depauperado da linguagem. Porque esse rebaixamento da língua nativa engole a cultura de praticamente todo o empresariado, praticamente todos os executivos, praticamente todo o alto escalão do serviço público, de quase toda a classe política e mais ainda a de qualquer simplório que conseguiu comprar alguns imóveis. Alguém usa a língua nativa rebaixada para guiar esse povo todo como bonecos. Então, quem são os poderosos? Por exemplo, nós vemos donos de supermercados que não têm sacolas plásticas nas suas lojas pra proteger tartarugas marinhas. Se você mora no interior do seu país (não escrevo só para leitores brasileiros), já imaginou como uma sacola ou uma garrafa de plástico saiu do depósito de lixo da sua cidade e chegou no mar? Agora, com a gripe chinesa, nós temos um artigo de abril do ano passado com o título "Digitalização é a chave para a reinvenção do comércio pós-Covid"[11]. Quem viu notícias ou "hoaxes" sobre o certificado digital de vacinação da CoViD-19, no ano passado ou no começo deste ano, viu que o certificado não foi feito para a COVID, mas a COVID para o certificado. Mas quem do nível socioeconômico de chefe de seção pra cima percebeu isso? Mas isso não acontece só com o coronavírus, é com a vida normal inteira.

6) A sexualidade e a guerra nas bolhas

Uma coisa é que eu nunca entendi qual a graça da fantasia sexual com enfermeiras. Eu já fiz várias brincadeiras com os amigos, mas eu nunca tive essa ideia nem algum deles me pediu (e já foram 322 rapazes). Outra coisa seria se eu não percebesse o que eu expliquei aqui.

Mas por falar em assédio, sexualização, etc, aqui temos mais uma bolha. Ou melhor, duas: a dos homens e a das mulheres. A luta contra "o assédio", "o estupro", "a objetificação" está fazendo a mulher que tem algum grau de atratividade não dar motivos para um homem se aproximar dela, e a que não tem dar menos ainda. A desconexão da fala com o mundo real faz os homens em geral combaterem os crimes sexuais (de homem contra mulher) justamente enquanto os contatos de homens com mulheres são, para os homens, mais juridicamente perigosos e mais desestimulantes. Aí, quando o número de casamentos diminui, o número de divórcios aumenta e nós mal conhecemos alguém com 30 anos ou menos que tem os pais casados, as mulheres conservadoras colocam a culpa disso no Feminismo e as mulheres feministas moderadas, nas feministas radicais. Mas isso não é culpa das feministas. Desde quando o ódio à heterossexualidade masculina é "respeito" à mulher? Desde quando o sexo sem ou fora do casamento é caso de polícia (ou de crime)? Já era assim e nossos avós nem ouviram falar de Feminismo. Já era assim e o Feminismo não existia nem como termo, que foi escrito pela primeira vez por Charles Fourier na primeira metade do século XIX.

Mas qual a surpresa de o termo "Feminismo" ter sido cunhado por um homem? Qual a surpresa de existirem homens que fazem coisas concretas pelo LGBT-Feminismo, mesmo que muitas mulheres feministas duvidem desses homens? A doutrina feminista não explica a própria existência do movimento feminista.

Agora eu volto à questão da sexualidade. Vou contar um caso de quando eu tinha 14 anos. Eu estava num ônibus urbano, e enquanto eu ia me sentar, um passageiro homem esbarrou as mãos nos meus seios sem querer. Ele ficou muito embaraçado, me pediu desculpas com medo e eu, rapidamente, disse que estava tudo bem, eu peguei as mãos dele e disse que ele podia se acalmar. E enquanto eu estava com as mãos dele nas minhas, eu perguntei se ele aproveitou o acidente. E o meu pai já estava dentro do ônibus dois pontos antes, ele me perguntou o que aconteceu porque não viu a cena na hora e eu expliquei: "nada de mais, o homem só esbarrou a mão nos meus seios". Ele deve ter pensado: "e você me diz isso com essa tranquilidade?". Os passageiros me olharam como quem diz "já está na prostituição tão cedo?". Eu e esse passageiro nos encontramos várias vezes no ônibus depois disso, nos sentamos lado a lado várias vezes, conversamos na viagem.

Os homens estão evitando as mulheres menos do que as mulheres se fazem ser evitadas. O grande motivo, ainda podemos ver no dia-a-dia, é que os homens ainda vêem a mulher nos termos do Conservadorismo ou do LGBT-Feminismo. Tanto homens conservadores quanto homens feministas vêem um mundo de homens tarados e de mulheres vítimas da sexualização ou, pior ainda, mulheres que se fazem objetos sexuais. Temos mulheres que se acham acima da mediocridade por pensarem que ser agradável é humilhação da mulher, e homens que se acham fortes e também acima da mediocridade por resistirem a uma promiscuidade feminina que não existe.

Mas os filhos dos homens que glorificavam mulher louca e desagradável 30 anos atrás têm, hoje, que glorificar mãe solteira. A filha da mulher que tinha orgulho de ser desejada 30 anos atrás tem, hoje, orgulho de afastar os homens porque é bem resolvida. Aí os homens feministas e os tradicionalistas atacam os homens que fogem do casamento, enquanto as mulheres que querem casamento tradicional atacam as mulheres feministas. Porque o mundo real sempre vence.

NOTAS E REFERÊNCIAS:

[01] corensaopaulo, 02 de novembro de 2021, https://www.instagram.com/p/CVyEux0PCG3

[02] "Bruna Marquezine pede 'Fora Bolsonaro' em dia de manifestações", UOL TV e Famosos, 07 de setembro de 2021, https://tvefamosos.uol.com.br/noticias/redacao/2021/09/07/bruna-marquezine-pede-fora-bolsonaro-em-dia-de-manifestacoes.htm.

[03] "Coren-SP empossa membros da gestão 2021-2023", COREN-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo), 04 de janeiro de 2021, https://portal.coren-sp.gov.br/noticias/coren-sp-empossa-membros-da-gestao-2021-2023.

[04] https://portal.coren-sp.gov.br/sobre-o-coren-sp/diretoria

[05] Fonte: "Professora de Enfermagem da FMABC assume cargo de vice-presidente do Coren-SP", Fundação do ABC, 13 de janeiro de 2021, https://fuabc.org.br/noticias/docente-do-centro-universitario-fmabc-assume-cargo-de-vice-presidente-do-coren-sp.

[06] "A animalização da linguagem", Olavo de Carvalho, Diário do Comércio, 06 de maio de 2013, https://olavodecarvalho.org/a-animalizacao-da-linguagem.

[07] "O cão de Pavlov e como ele descobriu o condicionamento clássico", Champion Dog Adestramento, 28 de abril de 2017, https://www.championdog.com.br/o-cao-de-pavlov.

[08] Por exemplo: "O preconceito linguístico: relação alunos e ensino", Hugo Ferreira Machado Neto, Brasil Escola, 07 de abril de 2017, https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/o-preconceito-linguistico-relacao-alunos-ensino.htm; "Preconceito social e linguístico no ensino da língua materna: um olhar sociolinguístico e da análise do discurso", Edson Victor Pereira da Rocha, Brasil Escola, 20 de maio de 2016, https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/preconceito-social-linguistico-no-ensino-lingua-materna.htm.

[09]

Havia semanas que a canção estava em voga em Londres. Era uma das músicas sem conta, publicadas para os proles, por uma sub-secção do Departamento de Música. As letras eram compostas, sem intervenção humana, num instrumento chamado versificador. Mas a mulher cantava com tamanho sentimento que transformava aquela horrível pieguice num som quase agradável.

(pág. 142)

[10] "Fantasia de Bruna Marquezine revolta Conselho Regional de Enfermagem", Leo Dias, Metrópoles, 03 de novembro de 2021, https://www.metropoles.com/colunas/leo-dias/fantasia-de-bruna-marquezine-revolta-conselho-regional-de-enfermagem.

[11] "Digitalização é a chave para a reinvenção do comércio pós-Covid", Daliane Nogueira, Gazeta do Povo, 20 de abril de 2020, https://www.gazetadopovo.com.br/gazz-conecta/hack-pelo-futuro/digitalizacao-chave-para-reinvencao-comercio-pos-covid.

Texto original em português sem fotos e vídeos de putaria no A Vez das Mulheres de Verdade: "A guerra nas bolhas - parte 1: a fantasia de enfermeira de uma atriz da Globo", https://avezdasmulheres.blogspot.com/2021/12/a-guerra-nas-bolhas-parte-1.html.
Texto original em português com fotos e vídeos de putaria no A Vez dos Homens que Prestam: "A guerra nas bolhas - parte 1: a fantasia de enfermeira de uma atriz da Globo", https://avezdoshomens.blogspot.com/2021/12/a-guerra-nas-bolhas-parte-1.html.
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