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sábado, 23 de dezembro de 2023

Por que o Ateísmo deve ter os melhores princípios morais absolutos

Abigail Pereira Aranha

1) Sobre a contradição que alguns veem entre Ateísmo e princípios morais absolutos

Olá, meus amigos e minhxs inimigxs! A inexistência de qualquer deus nos leva àquilo que nós conhecemos na Bíblia e que alguns chamam de valores cristãos:

  • Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas. (Mt 7: 12)
  • Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens. (Rm 12: 18)
  • Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros. (Gl 5: 14, 15)

Nós precisamos de mais solidariedade, empatia e amor na espécie humana PORQUE não existe um deus. E se Deus criou o Céu e o Inferno e Deus não existe, o Céu e o Inferno não existem (não estou cometendo aqui a Falácia de Negar o Antecedente, porque o Céu o Inferno dependem das premissas cristãs). Portanto, se existe retorno em praticar o bem ou o mal, ele não pode vir depois da morte. Isso não é uma validação para praticar o mal à vontade. Já vou chegar nesta parte. Aqui, eu pego o exemplo do Cristianismo porque é a religião que nós conhecemos mais; mas o argumento vale para todas as religiões.

Se as religiões, incluindo o Cristianismo, pregam princípios como o amor e a solidariedade, é porque estes são princípios morais que vieram antes das religiões, não depois. Inclusive porque religiões que pregam as mesmas pérolas morais podem negar, odiar ou desconhecer uma à outra. Se a inexistência de um deus é um dado da realidade, a boa conduta moral não pode vir de um deus ou de uma religião (porque uma religião depende da existência dos deuses e das entidades sobrenaturais que prega). Isso explica também porque pessoas religiosas fazem coisas más, inclusive pessoas em posição superior na hierarquia que fazem coisas condenadas na própria religião. Mas aqui, eu chamo a sua atenção, a questão não é o mal dentro de uma comunidade religiosa, é o bem no Ateísmo.

Por que é tão difícil, ou pelo menos incomum, perceber que o Ateísmo requer princípios morais absolutos? Pelos dois lados. O cristão e outros religiosos faziam até recentemente o ufanismo tribal de associar tudo de bom à própria fé, tudo de bom inclui os princípios morais absolutos. Os que se anunciam como ateu, agnóstico ou cético geralmente são, antes de tudo, anticristãos; e os princípios morais deles são as bandeiras da esquerda recente e a negação do perfil da pessoa conservadora. O cristão e outros religiosos retratam o ateu como a projeção inversa do que eles dizem deles mesmos, especialmente no sentido moral (daí a falácia de que o ateu não tem motivos para praticar o bem). O ateu, muitas vezes, se faz um cristão invertido.

2) A parte da castidade merece um capítulo nesta análise dos princípios morais do Ateísmo

No meio cristão, o estereótipo do não-religioso é de uma pessoa sem princípios morais, com problemas psicológicos, viciada em drogas ou álcool e sem razão de viver. Dentro desta peça publicitária, a mulher ou é cristã e mal tem contato com homens e oferece um sexo pobre para o próprio marido; ou ela se afasta da fé e se torna uma bissexual devassa maluca (às vezes, ela volta pros braços de Jesus com um filho que ela não sabe quem é o pai e uma doença venérea). A sexualidade não parece uma coisa normal na vida de homens e mulheres, e nas mulheres, parece um binário com a caricatura bizarra e o segredo inconfessável. E não é assim só no lado cristão, é assim também no lado que se diz não-religioso.

Vou contar um pouco de mim para ilustrar a questão. Eu fiz sexo com 342 homens em pouco mais de 18 anos e meio, dos meus 14 anos aos 32 que eu tenho hoje. Eu já era ateia aos 14. O meu pai, os meus irmãos e as minhas irmãs sabem um pouco das minhas aventuras. As vezes em que eu expus a minha vida sexual e as minhas ideias sobre sexualidade pra eles foram como se eu mostrasse a b%£€ta pra eles. Às vezes porque eu falei uma coisa cabeluda como se fosse um passeio de fim de semana, às vezes porque eu não via jeito mais "familiar" de falar. Mas o meu pai, os meus irmãos e as minhas irmãs me amam e eu nunca tive o propósito de ser uma rebelde chocante. Mas eu não deixo de ser cuidadosa e seletiva só porque eu me dei pra 342 rapazes. Em primeiro lugar, eu só fiz e farei sexo com homens. Nunca fiz nem farei sexo com bandidos, nem com viciados em drogas, nem com alcoólatras. Eu nunca tomei bebida alcoólica. Eu e os meus amigos usamos camisinha. E nós não fazemos coisas bizarras.

E o que dá sentido à castidade? Algumas religiões, especialmente o Cristianismo. Se o deus de uma dessas religiões não existe, a "pureza sexual" perde a sustentabilidade. Nós não vemos muitas justificativas para leis bíblicas contra, por exemplo, o roubo. Isso pode ser um indício daquilo que eu disse lá atrás, de que as religiões aproveitam um senso moral comum já existente. Mas nas leis envolvendo sexualidade ou casamento, já existe alguma explicação, relacionada às bases da religião cristã. Por exemplo, Jesus Cristo diz "eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela" em Mt 5: 28 e menciona o Inferno nos versos 29 e 30. Nenhum mandamento bíblico sobre o roubo menciona o Inferno, apesar de 1Co 6: 10 confirmar que os ladrões não herdarão o reino de Deus. Outro exemplo: "Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela". (Ef 5: 22, 23 e 25). Outro exemplo: "Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais da fornicação; que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra; não na paixão da concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Deus". (1 Ts 4: 3-5). Se o Inferno não existe, aquele mandamento sobre a cobiça perde a confiabilidade. Se Jesus Cristo não existiu nem como lenda na época em que aqueles mandamentos para casais foram escritos, como alguns estudiosos dizem, ou se ele existiu e não morreu na cruz, ou não morreu na cruz pra isso, como outros estudiosos dizem, os mandamentos se perdem. Se "paixão da concupiscência" é só um clichê difamatório contra "os gentios, que não conhecem a Deus", o mandamento se desqualifica em si mesmo, principalmente em uma cidade da Grécia, um país famoso pela produção em Filosofia; ainda mais se o mandamento for "vontade de Deus" e Deus não existir.

Os princípios morais cristãos contra o sexo, incluindo o casamento, têm validação vinda do próprio Cristianismo; enquanto os outros princípios morais cristãos têm uma validade tão notória que esses princípios já eram adotados por outras religiões (você pode achar, por exemplo, alguém dizendo que Mt 7: 12 foi plagiado do Budismo). E essa parte contra o sexo é nivelada à outra mesmo com essa diferença. A atenção do Cristianismo e do cristão nos princípios morais contra o sexo, incluindo o casamento, tem 3 motivos. O primeiro é que o objetivo do vilipêndio ao sexo é a despersonalização do indivíduo humano, e essa moral sexual cristã vem da Igreja Católica Apostólica Romana, a igreja imperial. O segundo é que a exaltação da castidade e do casamento convencional conforta o ego dos cristãos comuns, o homem fracassado e a mulher sem atrativos físicos, comportamentais e intelectuais. No caso das mulheres cristãs bonitas, ainda é mais cômodo usar a beleza "para a glória de Deus". O terceiro é que a atenção à moral antissexual cristã com a forma interna como ela se justifica atende o desprezo à alfabetização e à inteligência que é um outro aspecto comum entre os cristãos.

Como disse o escritor Alex Comfort, "poderemos eventualmente perceber que a castidade não é mais virtude do que a desnutrição" (obrigada ao BrainyQuote).

3) Por que o ateu não valoriza a castidade (e nem o ataque esquerdista à moral sexual cristã)

O ateu não pode ter a castidade como princípio moral porque este valor não faz sentido fora do Cristianismo e de outras religiões. E quando um ateu diz que não está sendo moralista, ele está, porque disse ou fez algo que segue a moral sexual cristã, ou vai dizer algo que ele já sabe que se parece com a moral sexual cristã, e se parece porque é.

Mas a promiscuidade desenfreada e o homossexualismo não são valores do Ateísmo. Esses valores são esquerdismo anticristão. Tanto quanto é armadilha para o ateu condenar o sexo fora do casamento, a prostituição, a pornografia, o casamento aberto, tanto quanto é uma falácia associar tudo isso a fraqueza moral, indisciplina e desequilíbrio; é outra armadilha defender ou manifestar a desobediência ao princípio da castidade e juntar isso à simpatia pelo homossexualismo, pelo consumo de drogas lícitas, por alguma estética "trash" ou pelo niilismo, ainda mais se isso vem acompanhado de manifestações anticristãs. Isso cai naquela campanha publicitária do meio cristão sobre si mesmo e os não-cristãos que eu expliquei lá atrás.

Eu posso ser uma garota ateia e fazer um gangbang com 3 ou 4 amigos homens, como eu já fiz algumas vezes, sem ser uma insensata viciada em sexo? Qualquer prostituta ou atriz pornô do século XXI sabe a resposta com um mês de experiência. Quando as camisinhas eram proibidas, os anticoncepcionais não existiam e os microorganismos eram desconhecidos, realmente isso era muito perigoso, por causa da mistura da ignorância pública sincera com a censura à Ciência pela Igreja Católica Apostólica Romana. E ser uma garota ateia e fazer um gangbang com 3 ou 4 amigos homens sem ser uma insensata viciada em sexo e tendo bons princípios morais absolutos, eu também posso? Sim, porque nós trabalhamos, nós temos uma vida normal, nós buscamos qualidade de vida e enquanto a castidade vem do Cristianismo, os bons princípios morais absolutos vêm da conexão com a realidade.

Texto original em português sem fotos e vídeos de putaria no A Vez das Mulheres de Verdade: "Por que o Ateísmo deve ter os melhores princípios morais absolutos", https://avezdasmulheres.blogspot.com/2023/12/ateismo-deve-ter-principios-morais.html
Texto original em português com fotos e vídeos de putaria no A Vez dos Homens que Prestam: "Por que o Ateísmo deve ter os melhores princípios morais absolutos", https://avezdoshomens.blogspot.com/2023/12/ateismo-deve-ter-principios-morais.html
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