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quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Da realidade à teoria

Abigail Pereira Aranha

1) Teoria da Teoria

A qualidade de um ideário ou de um enunciado é medida em como descreve o mundo real. A autoridade de alguém está em quanto acerta em descrever ou prever o mundo real. Sem a concordância com o mundo real, livros inteiros perdem o valor mesmo quando dizem que representam a Ciência, a verdade ou o mundo como ele é. Sem a concordância com o mundo real, ninguém é especialista em qualquer assunto, a não ser talvez na mentira, mesmo que tenha algo que parece um currículo imponente. Vale aquele princípio de Deuteronômio 18: 22: "Quando o profeta falar em nome do Senhor, e essa palavra não se cumprir, nem suceder assim; esta é palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou aquele profeta; não tenhas temor dele". E a observação do mundo real é o chamado senso comum, que os mal intencionados que querem se passar como iluminados confundem com preconceito coletivo.

Tudo isso que eu disse soa estranho para o público geral, mesmo quando países como o Brasil têm um percentual irrisório de analfabetos e um aumento considerável de pessoas com formação universitária. Mas a desconexão entre corrente de ideias e realidade não é exclusividade do Brasil, nem é novidade trazida pelo movimento socialista. Aliás, sem essa desconexão, nenhuma religião existiu ou seria possível, como qualquer ateu ou agnóstico pode explicar se contar a sua experiência de como saiu do meio religioso.

Quando a pessoa percebe que o mundo real é externo a ela mesma e ao seu ideário, essa pessoa pode, se reconhecer valor no senso comum e no mundo real, abandonar a sua crença. É o caso que eu mencionei de passagem há pouco, dos ateus que eram religiosos. Essa pessoa também pode ter a mesma crença de forma mais moderada ou pode (por que não?) ter a mesma crença fortalecida. Para pessoas mentalmente íntegras, isso depende do contato com o mundo real e das crenças que a pessoa tinha antes. Mas a pessoa doutrinária sempre vai ao mundo real sem sair da sua crença. Porque a sua base mental (não só intelectual) é a própria crença, não o intercâmbio racional com o mundo real. Quando a pessoa doutrinária volta do mundo real, parece ter comprovado as suas ideias, mas como se o seu ideário fosse a base do mundo real, não vice-versa.

Não basta para a teoria ter uma previsão de um dado ou um acontecimento do mundo real, assim como não basta o crente (aquele que tem uma crença) expor as suas ideias no meio de muitas provas de coisas verdadeiras. A condicional "se p, então q" só é verdade se q acontece sempre que p acontece. Dizer que p aconteceu porque q aconteceu é a Falácia de Afirmar o Consequente. Mostrar supostas provas de q cuja conclusão lógica, em vez de p, é r é a Falácia da Conclusão Irrelevante. Também temos a Falácia da Equivocação, que é usar o mesmo termo com dois significados no mesmo argumento. Também temos a Falácia da Falsa Causa, que é afirmar que p é causa de q só porque p aconteceu primeiro. Eu dei aqui uma pequena revisão de Lógica pra explicar melhor.

2) Não entendeu?

Se isso tudo ficou muito abstrato, vou dar um exemplo rápido que vai esclarecer. Volto ao caso dos ateus que foram religiosos. Por que todo cristão que debate sobre Cristianismo ou Ateísmo com um ateu de verdade vira pó? Porque se você conversar com um cristão sobre os ateus, é possível você notar que o ateu desse cristão não é baseado em ateus de pesquisa de campo, mas na doutrina cristã mais alguns preconceitos generalizados no meio cristão. Mas com o cristão do ateu, acontece o contrário: este é baseado no Cristianismo em si, nos cristãos que ele conheceu e nele mesmo quando era cristão.

Um outro exemplo: por que o movimento antipornografia e o movimento abolicionista contra a prostituição não conseguem nada além de agitar uma bolha já existente? Na verdade, duas bolhas: uma do LGBT-Feminismo e uma conservadora. Porque a pornografia e a prostituição destes movimentos são os preconceitos de lésbicas psicóticas e de caipironas de beleza medíocre que não têm coragem de ter e dar uma relação sexual decente. Tudo que elas dizem é a crença de que sexo (heterossexual) é agressão contra a mulher ou pecado. Tudo que essas mulheres descobrem sobre a prostituição, a pornografia e até os "softcores" é exatamente o que elas sempre souberam desde quando começaram a se enturmar com lésbicas simiescas ou na classe de adolescentes da Escola Dominical da igreja da mãe. Ah, mais uma revisão de Lógica: admitir como premissa a própria conclusão a que se quer chegar é a falácia da Petição de Princípio.

Eu mesma sou ateia, licenciosa e defensora da pornografia e da prostituição; nenhum texto que eu escrevi pressupõe o Ateísmo ou a negação da castidade para ser válido. Mas nós vimos por aí textos e livros inteiros que podem ser fulminados se refutarmos ou não admitirmos algum postulado católico, ou liberal, ou feminista, ou evolucionista, etc.

Aproveito que eu mencionei o movimento antipornografia pra dar mais um exemplo da teoria fora da realidade. Na prática, no mundo real, as feministas e os conservadores contra o trabalho sexual são concordantes (com mesmo coração). Mas segundo eles mesmos, as lesbofeministas estão batendo de frente contra a sociedade baseada no Cristianismo e os conservadores estão denunciando, numa via indireta, o esquerdismo satânico e pedófilo.

3) Mais algumas notas

Volto ao meu caso pessoal pra deixar uma ilustração: eu já tive quem disse que eu defendo o Ateísmo e a prostituição pra legitimar a minha vida não-casta. Sim, eu levo pau na buceta, na boca e no cu, às vezes ao mesmo tempo. Mas eu não faço uma redação em formato filosófico da minha vida pessoal e do meu interior repreensível. É o contrário: é o meu dia-a-dia que representa o que eu mostro que penso, e também é a minha vida que justifica o Ateísmo. Fazer sexo "completo" com 4 homens hoje e com um homem casado e um filho dele amanhã demanda uma série de cuidados físicos, sanitários, jurídicos, de segurança e financeiros que eu não comento nos meus blogues; mas por causa desses cuidados eu posso dizer que putaria é algo bom. Isso vale para outras coisas que eu defendo e que eu digo. Mas é curioso que tanto religiosos (especialmente cristãos) quanto anticristãos pregadores de um mundo melhor pareçam não conceber que uma pessoa tenha uma visão do mundo além das conveniências e das mesquinharias pessoais, tenha uma vida de acordo com o que diz acreditar e pregue algo que dá certo se praticado.

Temos mais uma questão: quem vocifera as próprias ideias para responder uma ideia supostamente contrária faz pregação, não refutação. A refutação de uma afirmação é feita a partir da própria afirmação, não de uma crença contrária. Por exemplo, nós não refutamos o Criacionismo admitindo como princípio que a Teoria da Evolução é ciência, assim como não refutamos a Teoria da Evolução citando a Bíblia. Tanto a refutação do Criacionismo quanto a do Evolucionismo virão de algo externo aos dois. A comprovação também.

Bom, isso vem de outra questão: até que ponto os defensores de certas ideias têm palavras compreensíveis pra quem não concorda ou não é habituado com elas? Melhor: até que ponto eles mesmos entendem ideias externas ou o público externo? Uma área do conhecimento precisa de um vocabulário próprio para comunicação mais rápida entre os conhecedores, e o uso desse vocabulário por eles pode até cair num certo automatismo. Mas "tribos" também podem desenvolver um vocabulário próprio que cai no mesmo automatismo, mas, neste caso, isso combina sedentarismo intelectual com falta de costume com público externo ou, talvez, com o mundo externo. E isso é conhecido como "bolha". Vou dar alguns exemplos. O termo "Ativismo de Direitos Humanos dos Homens" não traz dificuldade de compreensão genérica pra quem nunca o viu antes, mas "ADHH" ou "ADH" sim. Leitora lésbica feminista, você já encontrou uma mulher normal perguntando o que é "cultura do estupro"? Leitor cristão conservador do Brasil ou de Portugal, você conseguiria explicar o que é a Bíblia ou quem é Jesus para, por exemplo, um tailandês que está no seu país há pouco tempo (mas que conheça bem o idioma)? Os exemplos que eu mostrei, chamo a sua atenção aqui, não são de exercícios de explicação oral ou escrita, são exercícios de associação de palavras próprias de uma comunidade a elementos reais que são externos a essa comunidade.

Tudo isso que eu disse não é sobre trapaceiros intelectuais ou doentes mentais tagarelas, é sobre pessoas de boa índole que não se deram conta das falhas das ideias em que acreditam. Tudo isso se aplica no grande problema que temos hoje na área sociopolítica pelo menos do Brasil e dos Estados Unidos, em que a oposição a esquerdistas psicopatas e progressistas esquizofrênicos é de, no máximo, conservadores que são de boa índole e corajosos, mas dogmáticos.

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