1) Introdução: um pouco sobre o Censo 2022 do Brasil
Eu já pensava em dizer que o futuro demográfico do Brasil dependia dos cada vez menos homens incautos o suficiente para engravidar uma mulher. Então, li algumas notícias sobre o resultado do Censo 2022. Vou reproduzir um trecho de um artigo do UOL[1]:
A população cresceu em 12,3 milhões de pessoas em comparação a 2010, quando foi realizado o último censo. Na época, eram 190,7 milhões de habitantes, e agora chegamos a 203 milhões; uma alta de 6,4%.
Porém, o dado divulgado hoje "reduz" a população do país, estimada anualmente pelo órgão. A projeção atual do IBGE é de que haveria 213,3 milhões de habitantes no país em 2021.
O aumento da população de 2010 a 2022 foi só de 6,4%, 12,3 milhões de habitantes. Nós tivemos um bom tanto de brasileiros se mudando para o exterior, por causa do governo Dilma Rousseff e do atual governo Lula. Mas isso dá uns 2 milhões de pessoas a menos no Brasil (exagerando). Quantos óbitos nós tivemos? Vamos colocar, em números redondos, 10 milhões. Então, tirando os emigrantes e os mortos, o Brasil ganhou 24 milhões de habitantes. O Brasil em 2010 tinha cerca de 100 milhões de mulheres e meninas. Vamos admitir que as meninas e mulheres com idade para uma gravidez mais ou menos segura tinham de 4 a 35 anos em 2010 (a menina que fez 4 anos em 2010 fez 16 anos em 2022). Vamos supor que essas mulheres e meninas foram 40 milhões. Então tivemos 0,6 filhos por mulher fértil neste período? Nem isso. Se por um lado tivemos brasileiros saindo nos governos de Lula e Dilma Rousseff, pelo outro lado nós tivemos estrangeiros chegando nos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro. Daqueles 24 milhões de habitantes a mais no Brasil, quantos vieram da Venezuela, talvez atravessando a fronteira a pé? Quantos vieram da Argentina? E dos nascimentos, que não foram aqueles 24 milhões, quantos foram de filhos de mulheres estrangeiras que não estavam no Brasil no censo anterior?
Eu estou tratando aqui sobre mães de novos filhos e o assunto aqui são os pais. Mas você percebeu onde estou tentando chegar? Cada mulher que tinha entre 16 e 35 anos entre 2010 e 2022 teve, neste intervalo, uma média de 0,6 filhos. Ou nem isso. Se fizemos a conta de 4 a 35 anos em 2010 para as mulheres, podemos fazer de 8 a 50 anos para os homens (o rapaz de 20 anos em 2022 tinha 8 anos em 2010). Afinal, você deve ter ouvido alguma história por aí de um velhote que teve um filho com uma adolescente. Se esses homens e meninos eram metade do total de cerca de 90 milhões, então eram 45 milhões. Isso é uma conta por baixo, como você deve ter notado, e já chegamos no ponto: são ainda menos filhos para cada homem com pelo menos 20 anos em 2022 do que os já poucos para cada mulher fértil entre 2010 e 2022.
Sabe o que eu acho? Eu acho é pouco![2] Ops! Quem acha pouco são os conservadores. Eu acho é muito bebê nascendo. O número baixo de pais de novos filhos é porque cada vez mais os homens percebem que ter um filho (ou mais um) não vai dar certo, ou porque cada vez menos as mulheres dão chance para um relacionamento amoroso, ou porque é cada vez mais provável para o homem que ainda insiste num relacionamento se dar mal.
2) Século XXI para as mulheres, anos 1950 para os homens
Mais exatamente, os tempos recentes são de cada vez mais libertação das mulheres dos papéis tradicionais e de cada vez mais prisão dos homens nos papéis tradicionais e nos novos papéis lesbofeministas. Ops! Por falar em prisão, um homem corre o risco de ser preso por esbarrar em ou conversar com uma mulher no Carnaval. E por falar em pais, diz uma lenda conservadora que o Carnaval é a época de mais geração de crianças. A mulher do século XXI quer o marido tradicional dos anos 1950 e a esposa tradicional dos anos 1950. Você já deve ter visto mulheres dizerem que não sabem cozinhar ou que dividem tarefas domésticas com o marido. Se o pai ainda está com a mãe, ele ainda está em falta quando trabalha para sustentar a família; se eles estão separados, o pai ainda está em falta quando paga a pensão alimentícia; mas a mãe é guerreira quando trabalha e deixa o filho com a avó.
Tá bom, mesmo com a minha vida de orgias desde os 14 anos, alegrando dezenas de pais, eu não sou uma daquelas mães. Eu quero dar aos meus filhos e ao pai deles a parte boa da esposa de brochura conservadora do começo do século XX mais a parte também boa da mulher do casamento aberto.
Não por acaso, quem ainda insiste em pregar para os homens terem filhos são os pregadores cristãos. Não por um ardil maligno (ou católico), mas por falta de conexão com a realidade do entorno para entender o que mudou. A trapalhada anacrônica não fica só em usar Sl 127: 3 - 5, onde os pregadores confundem as rixas tribais da época e a futura formação do Feudalismo com a vida normal da família ocidental moderna. Já que superar o "mundo" é fácil (porque apesar de o "mundo" ter uma vida sexual melhor que a dos "salvos", os homens são afeminados irresponsáveis e as mulheres são abortistas), o terrorismo do século XXI é que nós precisamos ter mais filhos que os muçulmanos. O pregador faz uma ligação entre demografia e poder que é desmentida no começo do livro de Êxodo, mas o público-alvo dele entende menos disso ainda.
Para os pregadores cristãos, o pai tem a obrigação de morrer pela família se essa família estiver em perigo. Em tempos de paz, a esposa tem direitos que ele não tem, ele pode ser chefiado por uma mulher de menos de 30 anos no trabalho, ele pode ser abordado por uma policial mulher de menos de 65 kg e as Forças Armadas do país dele podem ter "mulheres trans" como oficiais. A esses pregadores conservadores, vamos dar o crédito de que, mesmo anacrônicos, eles são honestos. Se eles são honestos e decentes, eles mesmos pais casados, eles ainda precisam lutar contra pastores e padres que "não julgam" mães solteiras, esquerdopatas[3] e lésbicas (às vezes, mães solteiras esquerdopatas lésbicas nas igrejas deles), mas julgam o machismo e o consumo da prostituição feminina e da pornografia hétero pelos homens. E não são poucos homens casados que procuram mulheres na prostituição ou na pornografia. Quantas vezes os pregadores que falam contra essas coisas dizem que o homem casado não pode tratar o sexo com a esposa como direito dele? Isso eu li num livro evangélico. E quantas vezes eles ligam a pornografia normal e o "softcore" à violência contra a mulher e ao abuso sexual de crianças? E quantas vezes eles citam aquele texto que diz que a mulher deve satisfazer o marido sexualmente? 1Co 7: 4 e 5.
Temos o Dia dos Pais no Brasil no segundo domingo de agosto. Quantos milhões de pais não podem ver os filhos, ou só podem ver por autorização judicial? Quantos bons pais vão receber reconhecimento e carinho dos filhos? Nos dias de hoje, não tem muita graça ser pai mesmo nas partes boas. Inclusive eu penso nisso enquanto ofereço coisas boas para o meu pai. Bom, eu gostaria de oferecer algumas coisas boas como mingau de milho verde nos meus seios, como eu ofereço para os meus amigos, mas como ele ainda não aceita (pra ele, mas ele já aceita eu oferecer pros meus amigos e alguns amigos dele), eu vou oferecer na tacinha. Mesmo assim, quando ele vai na minha casa (nós não moramos na mesma cidade), eu estou pronta para oferecer descanso, alegria, boas conversas e amor filial.
Os bons pais precisam de uma casa onde vão encontrar paz, em vez de mais guerra.
[3] "Esquerdopata" é a mistura de esquerdista com psicopata. O termo é do jornalista Reinaldo Azevedo, no tempo em que ele era oposição aos "petralhas", outro termo dele juntando petista com Irmãos Metralha.
1) Dizem que o feminismo fez mal às mulheres e bem aos homens[1]
Dizem que o feminismo fez mal às mulheres e bem aos homens.
-Homens que não conseguem transar por serem preteridos por mulheres ou por perderem interesses em mulheres que já tiveram inúmeros parceiros sexuais diferentes ao longo da vida que entram em depressão ou se filiam a grupos extremistas foram beneficiados com o feminismo exatamente em quê?
Dizem que o feminismo fez mal às mulheres e bem aos homens.
Existem diversas leis e projetos de leis que punem o homem, e somente o homem, que olha para uma mulher semi-nua na rua ou nas academias, mas não há UM ÚNICO E ESCASSO projeto de lei que visa regular a maneira da mulher se vestir para evitar tais situações (dentro desse contexto) é beneficiar o homem em quê?
Projetos de leis que visam remodelar o crime e o conceito de estupro que passa a ser não mais a violência, espancamento mediante o coito forçado e coercitivo, que causa sofrimento, desespero, medo e dor a vítima, mas sim da decisão da mulher, mesmo que tardia, em dizer que foi estuprada mesmo em relações sexuais naturais, prazerosas e conscientes, que também visa punir somente o macho, é beneficiar o homem exatamente em quê?
Num processo de divórcio, o homem perde parte do seu patrimônio para a mulher, mas se a casa for da mulher, o homem não tem direito a nada é beneficiar o homem exatamente em quê?
A esposa pode xingar o marido, mas se o marido revidar com outra ofensa, este é afastado do lar podendo ser preso e tratado como bandido. Isso é beneficiar o homem exatamente em quê?
Agora fica umas conservadias, feministas travestidas de conservadoras que se dizem anti-feministas, dizendo que o feminismo beneficiou o homem.
MENTIRA!
Tomemos cuidado com algumas mulheres que se dizem anti-feministas. É apenas feminismo pra conservadores. O Feminismo foi adotado pelos conservadores e para ele que ele vai migrar quando a invasão LGBT dentro do movimento feminista dentro da esquerda estiver a avançado a ponto de tornar o mesmo irreconhecível.
2) A esquerda que já foi inteligente e o vídeo que me levou aos pontos principais
Eu recebi nas recomendações do YouTube um vídeo sobre "minoria modelo". "O mito do japonês inteligente: expondo uma mentira que dói"[2]. Descrição:
"japonês é tudo bom de matemática" "chines é tudo xing ling"
"se o japones consegue, pq o negro não?" - MINORIA MODELO. Preconceito Amarelo. Racismo do dia a dia. Vamos tocar nessa ferida?
Este vídeo destrói o mito do japonês inteligente: tem um japonês de esquerda caviar (royalties para o Rodrigo Constantino).
Eu mesma sempre vi que alguma coisa estava errada: japoneses, coreanos e chineses têm QI alto, mas ninguém fora da Ásia perde cultura em não saber ler um caractere do que eles escrevem, além de eles serem campeões também em suicídios.
Mas o seu assunto aqui de "minoria modelo" é uma mistura de loucura com vigarice: vocês falam de racismo em programa de domingo da Rede Globo, em secretarias da Presidência da República e em data comemorativa nacional. A conta não fecha. A não ser que você venda a discriminação positiva como um racismo contra (existe racismo a favor).
Ah, e o perigo amarelo que era teoria da conspiração virou verdade. Chamo você pra conhecer o meu trabalho e ler o meu texto "O vírus novo do imperador chinês"[4].
Se nós podemos provar ou ver provas de que algumas coisas que são ditas como se fossem fatos sociopolíticos são absurdos lógicos, por que o discurso absurdo continua e ganha até mais espaço político? Num exemplo genérico, a mera existência de uma secretaria do governo nacional específica para defender uma parcela da população que é discriminada contra (existe discriminação a favor) já é um problema de incoerência. Não pode ser numa democracia porque a discriminação apareceria no governo democraticamente eleito, e nem numa ditadura porque a parcela discriminada tem ainda menos poder para levantar um ditador do que para conseguir igualdade na vida normal; mas vamos pular essa parte. Depois de essa secretaria começar a existir e funcionar, não temos mais de 3 resultados possíveis. O primeiro é que o trabalho deste órgão estatal é eficaz e enquanto reduz a discriminação contrária, reduz a demanda pela própria existência. O segundo é que o trabalho deste órgão estatal é pouco produtivo e ele tem que ser ou encerrado ou reformado de forma que leve ao caso anterior. O terceiro é que a discriminação em questão vai atuar na prática contra essa parte da Administração Pública contrária a ela, e isso pode levar ao fim dessa secretaria ou a um dos casos anteriores.
Quando temos um absurdo lógico acolhido dentro da classe política, isso também significa uma orientação política contra o aspecto correspondente do mundo real.
Eu às vezes falo coisas sobre sexo com algumas pessoas e pelo conteúdo da fala e pela forma como se fosse algo natural, elas olham pra mim como se eu tivesse aberto um portal interdimensional entre o nosso mundo e as profundezas do Inferno. Por exemplo, quando eu falo sobre sexo com um dos meus cunhados na frente da minha irmã esposa dele, ainda mais se for sexo com ele na frente dela. Eu não vou dar outros exemplos para não espantar os leitores novos, mas eu não passo do sexo hétero entre pessoas depois da puberdade (xi!). Eu entro nesse assunto para ilustrar como nós podemos considerar uma coisa como lei do Universo ou pelo menos cláusula pétrea da civilização humana só porque passamos a vida ouvindo essa coisa dos mais velhos.
Sobre repressão sexual, nós primeiro ouvimos que era lei divina. Depois, ouvimos que era opressão masculina contra as mulheres. Metade da população reprimir a sexualidade da outra metade, sendo interessada em sexo com essa mesma outra metade, não faz sentido. Mas o assunto é loucura mesmo.
5) A loucura dos oprimidos opressores e o analfabetismo
Mas por trás do aspecto político formal, temos o problema da generalização dessa falta de percepção lógica da população em geral. Isso vai aparecer também nas grandes empresas privadas. Exercícios lógicos como este não apenas são obras de uma meia dúzia pulverizada e atípica de cidadãos comuns anônimos e de pessoas com algum alcance público, eles também não acham muitas pessoas capazes de ver essa lógica. Mas dizer que isso é resultado da falta de investimento em Educação já é um exemplo da desconexão com a realidade e com a linguagem humana. Porque a linguagem humana associa cada palavra a algum elemento do mundo real, e o termo "falta de investimento em Educação" é só um clichê feito exatamente para não ter relação com elementos da realidade que se parecem com o que o termo devia significar. Uma comparação internacional de "investimento em Educação" com dados técnicos pode comprovar aquela falácia porque a tese é contra a realidade e a realidade gera dados observáveis. E a Ciência não é Ciência se nega a realidade observável. Aliás, ISSO é um dado que não parece ser de conhecimento público.
Essa estupidez generalizada não é uma conspiração milenar para uma elite dominar o povo na ignorância e na miséria. O caminho é o contrário: a parte do povo que é mais estúpida e que mais odeia a verdade elege uma classe governante que a representa. E essa eleição não acontece só nas democracias.[5] O que faz multidões apoiarem essa estrutura é uma esperança de salvação na insanidade. Especialmente as pessoas fracassadas pobres sem brilho próprio. Para pessoas com integridade mental e moral, as palavras e outras formas de linguagem são associadas ao mundo real, descrevendo elementos do mundo real. Para pessoas sem integridade mental ou moral, o que devia ser linguagem humana é expressão de emoções, de burrices, de mesquinharias individuais, no máximo de assuntos comunitários ou de corporativismo tribal; e aí não adianta analisar as palavras, porque essas palavras são menos o conteúdo que teriam se viessem de uma pessoa normal do que uma coleção de sinais e sintomas de uma subjetividade mentalmente deficiente, talvez manifestação de doença mental no sentido técnico.
Enquanto muitos países tinham reis e imperadores, vários nobres eram analfabetos, incluindo alguns reis e imperadores. Isso tem relação com o analfabetismo da população geral, que via pensadores e cientistas serem mortos como criminosos e livros serem queimados em praça pública. E aqui eu chamo a atenção para o analfabetismo: o analfabeto típico não é uma pessoa que foi afastada do conhecimento por um ardil maligno das elites governantes, o analfabeto típico é uma pessoa que desconhece a linguagem humana porque despreza a verdade e a grandeza de espírito. Isso também é o caso do analfabetismo funcional.
Uma criança educada em um ambiente analfabeto, com uma linguagem desumanizada, ou vai se tornar ela própria tão analfabeta e doente mental quanto os mais velhos, ou, insistindo em respeitar a comunhão com a verdade, pode ter transtornos de ansiedade. "Respeitar" as tradições dos ancestrais e seguir sem discutir a criação que recebeu dos pais é coisa de pessoa mediana de região subdesenvolvida. Isso não é ofensa barata, é dado estatístico! O louvor ao analfabetismo feudal não cola mais.
Por sinal, o discurso de que em países como o Brasil, o povo é honesto e os políticos são corruptos deve ser ele mesmo visto como sinal dessa loucura analfabeta. Não é apenas uma impressão superficial errada, ou mesmo uma mentira. Esta tese é inverossímil, é dita por pessoas do próprio povo para negar a realidade sobre ele mesmo. A confissão dos pecados citada na Bíblia é uma academia para a saúde mental e o desenvolvimento pessoal (Sl 32: 3 a 5, Pv 28: 13, 1Jo 1: 9). Confessar os defeitos de tudo e todos é autoprojeção para esconder os próprios pecados. Sim, isso é uma parte boa da Bíblia, mas a maior parte dos cristãos é de católicos, que não leem a Bíblia mesmo depois de alfabetizados há pouco tempo.
15 de julho é o Dia do Homem no Brasil. 19 de novembro é o Dia Internacional do Homem. Se você não sabia disso antes, você pode ver aqui um exemplo daquilo que eu dizia sobre loucura. Vou dar um exemplo, além daqueles do texto que eu copiei no começo. Como um país machista pode ter um Ministério da Mulher no governo nacional? No governo brasileiro do presidente Jair Bolsonaro, cristão conservador, o Ministério da Mulher e o Ministério dos Direitos Humanos foram juntados como Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Hoje, no governo do seu sucessor Lula, esquerdista, essas áreas foram divididas em 3 ministérios: Ministério das Mulheres, Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (aqui, a família é tratada com outra visão até no nome do ministério) e Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.[6] Com o presidente cristão conservador, a mulher foi rebaixada a ser humano pelo menos em discurso. Com o presidente de linha socialista, nem isso. E o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania tem também uma Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+.[7] Então, um homem só tem uma seção no governo se não for hétero.
Aqui, eu pego o exemplo um tanto cartunesco do atual governo federal esquerdista do Brasil. Mas quando e onde o homem heterossexual foi privilegiado?
Eu estava no meu trabalho no dia 12 e numa visita a outra empresa, eu ouvi duas moças e um rapaz comentando um caso no refeitório: um instrutor de academia foi agredido por outro homem por ter "dado em cima" de uma mulher durante a sessão; mas o agressor não era marido ou namorado da mulher, era amante dela. Uma das moças disse que uma mulher nota quando outra mulher é "vagabunda", que aquela mulher tinha mesmo essa fama, mas o que os três colegas falaram mais foi sobre como o agredido devia ter ética profissional. Bom, se eu fizesse academia, depois de conseguir uma roupa em que cabem dois melões em cima e duas meias melancias em baixo, eu fecharia o negócio. Os rapazes veriam as minhas formas e nós teríamos que ficar a portas fechadas. As vadias de academia sairiam furiosas, porque não vão aceitar o meu convite pra confraternizar. Eu teria que ter um esquema com os funcionários, eu vou dar a eles algo que eles vão gostar em troca da cumplicidade. Mas pra começar, eu não dou conta de mais de 4 de uma vez.
Eu tive realmente essa imaginação de mim mesma numa academia, mas eu compartilhei aqui para uma descontração. Mas enquanto eu ouvia aquele caso, me vieram à mente 3 problemas. O primeiro é aquele que eu venho abordando desde o começo do meu trabalho: a ideia de que a heterossexualidade masculina é um pecado ou coisa equivalente; e contra ela, é válido até matar. Isso é um problema histórico, que mesmo hoje quase todas as pessoas não percebem como um problema, mas veem como uma lei do Universo. Mas se qualquer ideia tacanha católico-protestante podia ter força até de lei até o século XX, nós temos hoje em dia algumas ideias vindas no movimento esquerdista que não são muito melhores ou muito melhor pensadas. Um exemplo é o Orgulho LGBTQIA+, como foi celebrado no mês passado. E isso leva aos outros dois problemas. O segundo problema (o primeiro desses dois): e se, naquele caso, a moça fosse um homem gay? Alguém diria que o instrutor deveria controlar os seus impulsos homossexuais no trabalho? Sim, mas lembrando que isso também vale para as pessoas heterossexuais. Percebeu? O terceiro problema: e se aquele instrutor fosse um homem gay assediando um homem hétero? Uma mulher que se declarasse assediada cairia, inclusive juridicamente, naquela questão do primeiro problema: contra o sexo, tudo é permitido. Mas o homem hétero teria uma possibilidade real de ser processado ou preso por homofobia.
Olá, meus amigos e minhxs inimigxs! Vou abordar o rebuliço do bloco para crianças trans na Parada do Orgulho LGBT em São Paulo. Eu dizia em agosto do ano passado[1]:
Combate ao sexo e à sexualidade na internet para impedir uma criança de descobrir cenas de sexo e se viciar em pornografia aos 10 anos. Sim, há quem jure que descobriu casos assim. São mulheres pastoras (vamos pular a parte de se a Bíblia permite) e mulheres feministas. (...) Ah, a censura era contra a heterossexualidade, pra mãe salvar o filho de 14 anos de ver seios mais bonitos que os dela, ou pro pai afastar homens pedófilos da filha de 15 anos. Na hora em que um menino de 6 anos diz que é gay ou transexual, pau no cu dos conservadores.
Na última frase, eu fiz referência ao caso de um menino transexual de 6 anos na Argentina em 2013, que eu abordei na época[2]. Neste caso, a mãe do menino mandou uma carta para a então presidente da Argentina Cristina Kirchner para conseguir a mudança de sexo nos documentos dele. Naquele mesmo ano, também na Argentina (eu também comento no texto), uma menina de 13 anos teve um vídeo erótico vazado que, como dizia o título de uma notícia do Clarín, "convulsiona a La Plata".
Voltando ao caso deste junho de 2023, este é o título de uma reportagem da Folha de São Paulo: "Crianças trans na Parada LGBT+ viram munição para conservadores". Como está no texto, "munição para alguns setores contaminarem toda a sociedade com a ideia de que os progressistas estão indo longe demais e querem transexualizar inocentes criancinhas". E tá errado? Vou deixar a reportagem no apêndice.
Este caso das crianças trans na Parada Gay me chama a atenção porque eu já fui afastada de crianças e adolescentes por causa da minha vida (heteros)sexual, para não ser modelo pra elas. Então, de onde vieram essas crianças trans se os pais delas pensam que eu sou imprópria para as crianças e os adolescentes?
Eu já lembrei aos leitores em vários textos de que o Feminismo já foi conservador na Primeira Onda e já teve uma boa convivência com as mulheres cristãs na Segunda Onda, e o antifeminismo só começou quando o movimento feminista ficou abertamente esquerdista, anticristão e antimasculino. O caso do que chamam de crianças trans é parecido: os esquerdistas e os conservadores estavam unidos em impedirem as crianças e os adolescentes de terem conhecimento sobre sexo, até que a esquerda decidiu seguir um plano próprio. A loucura do LGBT-Feminismo recente é o preço que as tribufus interioranas conservadoras estão sendo cobradas por ajudarem a esquerda para elas tentarem tornar o mundo um paraíso para quem odeia sexo.
O problema do que chamam de criança trans é de entendimento da normalidade. Ops! Eu usei a palavra "normalidade" contra a palavra "transexual", e haverá quem entenda que eu estou expressando a chamada heteronormatividade, um preconceito que diz que é normal ser heterossexual. Isso também sinaliza para o que eu disse.
E você achou curioso que isso aconteceu pouco depois da panicodemia da gripe chinesa? Ainda era junho de 2020 quando o Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos das Nações Unidas produziu um relatório sobre "o impacto da pandemia de COVID-19 nos direitos humanos das pessoas LGBT"[3]. Eu achei a pérola enquanto eu pesquisava sobre "direitos humanos das pessoas LGBT" na Agenda 2030. Antes, eu achei um artigo da The Harvard Gazette de outubro de 2020: "batalha pelos direitos LGBTQ em meio à pandemia"[4]. Enquanto pra você e pra mim, eles diziam "fique em casa". E o artigo tem um ato falho muito legal: "é claro que a crise está oferecendo cobertura aos regimes totalitários para consolidar seu poder". Não diga!
Eu pesquisei de novo e achei outra pérola também de junho de 2020: "Great Reset: Por que a inclusão LGBT+ é o segredo do sucesso pós-pandemia das cidades"[5]. Está na página do Fórum Econômico Mundial! E cadê os meus direitos humanos de trabalhar em 2020 sem ser chamada de genocida ou teórica da conspiração? "Saúde pública se sobrepõe a direito pessoal, dizem governadores". UOL Debate de 23 de abril de 2020[6]. Um dos participantes era o governador do Maranhão, atual ministro da Justiça Flávio Dino.
Durante as medidas de restrição social da panicodemia, a população em geral saiu com ainda menos inteligência, saúde mental e percepção da realidade do que entrou. E agora, nós temos uma sandice que já tínhamos antes, o ativismo trans, com um outro problema a mais: a identificação de uma pessoa com o gênero oposto ao do próprio corpo numa época em que o homem precisa ser desconstruído e a mulher precisa deixar de ser feminina e bonita. Ou: o homem masculino é assassino de gays e mulheres; a mulher feminina é capacho dos homens conservadores, marionete da indústria da beleza e objeto do mercado sexual. Então, a "criança trans" está se identificando com quem?
4) Mais uma vez, transexualismo não é disfunção sexual
E precisamos ter em mente que criança trans não é do mesmo tipo que criança homossexual. Porque a homossexualidade é uma orientação sexual, ou algo parecido; a transexualidade é uma doença mental, uma dificuldade grave de conexão com a realidade (porque o mundo real físico observável não é referência para essa pessoa nem no que se refere a ela mesma). Mas tanto a criança homossexual quanto a criança trans não existem. A criança homossexual é só uma criança que brinca de imitar alguns homossexuais mais caricatos, um deles pode ser um dos pais. A criança trans é uma criança com modelos tóxicos (nós não conhecemos uma "mulher trans" que pareça uma dona de casa de comercial de meados do século XX, nem um "homem trans" que é fã de personagens heróicos masculinos). Os gays, as lésbicas e os transexuais têm um movimento pra eles na esquerda (não que eles estejam unidos, quem conhece o Movimento LGBTQIA+ por dentro sabe como as letrinhas têm antipatia entre elas mesmas), então os conservadores confundem tudo e colocam o transexualismo como questão de sexo.
5) Meretrizes e, dizem alguns, LGBT's podem entrar no Céu, mas eu não entro nem na igreja
Eu uso um disfarce de gorda pra fora de casa, pra não chamar a atenção pro meu corpo. Se eu usar uma burka, quem der uma olhada mais atenta vai perceber o tamanho dos meus seios e da minha bunda. Se eu for a uma igreja evangélica com vestido comprido de mangas compridas sem o disfarce por baixo, eu vou ser expulsa. Em algumas igrejas, um demônio pode entrar (no corpo de alguém), mas eu não. Porque as minhas formas podem induzir o fiel ao pecado. Aí, o irmão pode expor o problema pra mim e eu vou querer ficar com ele a sós. Eu também posso abalar casamentos, e nem posso entrar na relação pra ajudar.
Se eu fosse mesmo me converter ao Cristianismo do tempo da vovó, eu poderia fazer cirurgias de redução das mamas e das nádegas e toda a igreja ficaria feliz, inclusive eu. O problema é que eu sou hétero, eu gosto de ver homens honrados com alegria de me ver e gosto de dar a eles o que eles querem. Mas além deste, há um outro problema, que tem a ver com o assunto aqui: se eu fosse lésbica ou "mulher trans", eu teria uma igreja pra mim.
6) Transexualismo não tem relação com sexo, mas o combate ao ativismo trans tem
Os cristãos conservadores, especialmente as mulheres conservadoras, têm um padrão moral em que a falta de sexo é um dos maiores valores. Com essa mentalidade, eles dizem que o Movimento LGBTQIA+ quer produzir a erotização das crianças e incentivar a pedofilia. Eu já tento explicar há um bom tempo, e com mais profundidade em um texto de 2016[7], que pedofilia é diferente de sexo com crianças, e as duas coisas são diferentes de sexo com adolescentes. Não são a esquerda em geral e o Movimento LGBTQIA+ especificamente que querem produzir a sexualização infantil, são os conservadores de direita que usam as crianças e os adolescentes como cortina de fumaça para reprimir o sexo.
Para os conservadores, a liberalidade heterossexual está ligada a todas as perversões sexuais possíveis, incluindo a transexualidade (que, como eu expliquei rapidamente, é transtorno psiquiátrico, não orientação sexual). Mas você pode me mostrar alguma mulher feminista ou algum militante LGBTQIA+ falando em sexualidade heterossexual sem ser como objetificação da mulher pelo homem?
O que você, pai ou mãe, ensinou de valores de verdade para os seus filhos? Esse é o título de uma reflexão que eu compartilhei em fevereiro de 2012[8].
Pelo menos no Brasil, enquanto as lesbofeministas malucas e os pregadores conservadores diziam que o softcore induzia ao estupro e a pornografia heterossexual normal levava à pedofilia, a direita cristã se obrigava a votar em um presidente de centro para o concorrente de esquerda não ser eleito. Ao mesmo tempo, pelo menos no Brasil e nos Estados Unidos, os conservadores e a esquerda defendiam o controle da internet, os conservadores em nome de proteger as crianças do sexo (na teoria e na prática). Quando a esquerda maluca anticristã conquistou espaços na sociedade, os liberais-conservadores tiveram de usar a internet e as redes sociais que antes condenavam como ambientes de satanistas e pervertidos sexuais; e lá, foram submetidos à mesma censura que defenderam. E enquanto os pregadores tradicionais pregavam contra a pornografia, a prostituição, o sexo fora do casamento e as mulheres de biquíni na televisão, a militância esquerdista entrava nas próprias igrejas. Ao final, os próprios esquerdistas anunciaram a teologia feminista, a teologia negra e as igrejas "inclusivas" de LGBT, enquanto qualquer pastor que reprovasse o esquerdista[9] e a mãe solteira se arriscava a ser reprovado por mais da metade dos membros assíduos aos cultos de domingo. O horror ao sexo fez valer a concordância com a esquerda maluca?
[9] Por exemplo: "'Diziam que eu não era cristão de verdade': os evangélicos que mudaram de igreja por causa do bolsonarismo". BBC News Brasil, 30 de setembro de 2022. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63055714
Crianças trans na Parada LGBT+ viram munição para conservadores
Grupo afirma que menores não têm capacidade de deliberar sobre adequação de gênero; terapia hormonal só pode ser realizada a partir dos 16 anos
12.jun.2023 às 18h25
Anna Virginia Balloussier
Bruno Lucca
SÃO PAULO
"Crianças trans existem." O estandarte vinha nas cores azul, rosa e branca, que identificam a causa transexual, assim como o arco-íris representa o conjunto sob o guarda-chuva da diversidade sexual e de gênero. Adultos em perna-de-pau e menores de idade em volta, um deles fazendo joinha.
Essas imagens tiradas domingo (11), na Parada do Orgulho LGBT+, em São Paulo, se alastraram tal qual pavio de pólvora nas redes conservadoras. "Qual a tara dessas pessoas com crianças? Não acho certo. E vocês?", publicou no Twitter Amanda Vettorazzo, coordenadora do MBL (Movimento Brasil Livre) e uma das primeiras a trazer as fotos para a arena pública.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) seguiu junto. "A esquerda tenta empurrar sua agenda justamente na infância, para que o estrago introduzido seja de difícil reversão", postou o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Por que eles querem tanto a audiência de crianças?", disse Nikolas Ferreira (PL-MG), recordista de votos em 2022 para a Câmara.
Participantes exibem cartaz com a frase 'Crianças trans existem' durante a 27ª edição da Parada do Orgulho LGBT+, na avenida Paulista, em São Paulo - Eduardo Knapp - 11.jun.23/Folhapress
Thamirys Nunes, 33, já foi denunciada ao Conselho Tutelar. Viu um buffet infantil negar festa de aniversário para sua filha e cinco escolas a recusarem. Acostumou-se a ser alvejada por conservadores, mas também por progressistas que não querem sua causa na linha de frente. Temem que vire combustível para o outro polo inflamar o debate sobre direitos LGBTQIA+.
Ela é a fundadora da Minha Criança Trans, ONG que levou o bloco com crianças e adolescentes à Parada. Em 2022 eles também saíram, mas a presença do grupo só viralizou nesta edição do evento.
Thamirys conta que a filha tinha 3 anos quando a família percebeu sua disforia de gênero —desconexão entre o sexo com que alguém nasce e como se identifica. Não conseguia entender a razão de ser chamada pelo masculino. "Ela falava: ‘Mamãe, posso morrer hoje para nascer menina amanhã? Eu teria sido mais feliz se Deus tivesse me feito menina’."
Foi um baque. Ela vinha de uma "família extremamente conservadora", diz. "Eu mesma era bem conservadora, para ser sincera. Mas, em prol da felicidade da minha filha, resolvi falar: tá bom, como [ela] pode ser feliz?"
Comprou-lhe uma sapatilha com brilho, a primeira peça feminina, e formou uma junta de especialistas para entender como criar a menina. Não há qualquer tratamento hormonal envolvido, ao menos até a puberdade, segundo a mãe. Qualquer cirurgia de redesignação sexual, de acordo com o CFM (Conselho Federal de Medicina), só depois dos 18 anos.
A criança tem hoje 8 anos e passa pela chamada transição social, que consiste em adequar nomes, pronomes, roupas e outros fatores ao gênero no qual ela se reconhece.
Seu acompanhamento psicológico é feito no Amtigos (Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual), do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo). O projeto virou alvo, em maio, de uma CPI na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), que investigará o tratamento concedido a menores de idade.
No ambulatório paulistano, uma equipe multidisciplinar composta por psiquiatras, psicólogos, endocrinologistas e pediatras oferece apoio a crianças e jovens com inconformidade de gênero. Lá, seguindo as diretrizes do CFM, o atendimento ocorre em etapas.
Primeiro, há conversa. Muita. Paciente e familiares são ouvidos. Constatada a disforia e o desejo de transição, há duas opções: se o menor estiver no começo da puberdade, é iniciado o bloqueio puberal, impedindo o desenvolvimento de atributos sexuais indesejados. Já em caso de puberdade avançada, o mais indicado é a terapia hormonal, prevista a partir dos 16 anos.
Alexandre Saadeh, coordenador do Amtigos, diz ser importante o período de diálogo e, se houver acordo, a supressão da puberdade, método que pode ser revertido no futuro. Ele afirma que sentir desconforto com o corpo nem sempre significa transexualidade. Pode ser algo pontual.
"Ninguém é obrigado a tomar hormônios e fazer cirurgias. Caso aconteça, é fruto de um criterioso acompanhamento pautado em conceitos médicos, não ideológicos", afirma.
Karen de Marca, diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, ressalta que nem sempre é necessária uma intervenção nos pacientes. Para ela, o acolhimento a fim de mitigar o sofrimento é o mais valioso. "A exclusão dessas pessoas é o que de pior pode acontecer. Há perigo de mutilação corporal e até suicídio."
O pastor e teólogo Yago Martins tacha de criminosa a bandeira levantada por Thamirys e sua organização, que acolhe 580 famílias com filhos trans. "Quando nasce, a pessoa não tem maturidade para perceber a própria sexualidade ou identidade de gênero", afirma.
Ele credita ao "lobby político" e ao "engajamento de grupos progressistas" a normalização de um transtorno registrado no DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), publicado pela Associação Americana de Psiquiatria, segundo ele. Na verdade, a entidade americana não trata a disforia de gênero como transtorno desde 2013. Em seu manual, diz que a variação de gênero não pode ser enquadrada como patologia, mas problemas psicológicos surgem do sofrimento causado pela inadequação. Estes, sim, devem ser tratados.
Em 2018, a OMS (Organização Mundial da Saúde) removeu a transexualidade da lista de doenças mentais.
"Se alguém se sente gordo sendo exageradamente magro, dizemos que possui anorexia e tentamos conformar a imagem à biologia por meio de tratamento", afirma o pastor Martins, que tem pós-graduação em neurociência e psicologia. "Mas, se alguém se sente mulher sendo homem, mutilamos a biologia em nome de ideologia."
Algumas vozes fora do conservadorismo viram um erro estratégico na publicização da pauta. Autor de "Crônica de uma Tragédia Anunciada: Como a Extrema-Direita Chegou ao Poder" e colunista da Folha, Wilson Gomes conheceu a foto a partir de um post de Maurício Souza (PL-MG), jogador de vôlei eleito deputado após ser acusado de homofobia.
"A tese de que os progressistas têm uma ideologia degenerada que viola as crianças é típica dos conservadores que emergiram ao poder com Bolsonaro", afirma Gomes. "Se você juntar o tema 'trans', 'sexo' e 'criança', cria um coquetel de medos para o qual ainda não há vacina. A questão, portanto, não é se crianças trans existem ou não, é se essa pauta, um poderoso espantalho para a maioria conservadora, beneficia de algum modo a pauta trans."
Thamirys já ouviu que não deveria jogar sua bandeira para o escrutínio público, sob o risco de fornecer munição para alguns setores contaminarem toda a sociedade com a ideia de que os progressistas estão indo longe demais e querem transexualizar inocentes criancinhas.
"Pergunto: e onde eu deveria estar? Como posso proteger minha filha se eu não falar que ela existe? Se eu não tiver nenhuma política pública [para crianças como ela], se pediatras e juízes não estiverem preparados para recebê-la? Quem protege a menina trans expulsa de casa aos 11 que o Estado finge que não viu, que a família finge que não sabe e onde o ambiente mais acolhedor que ela encontra é na prostituição, na exploração sexual?"
Texto original em português com fotos e vídeos de putaria no A Vez dos Homens que Prestam: "Como os conservadores fizeram feio ser hétero e bonito ser homo - episódio 7: crianças trans existem (eram os adolescentes que não podiam ver nudez)", https://avezdoshomens.blogspot.com/2023/06/feio-ser-hetero-bonito-ser-homo-7.html
Os poucos antiesquerdistas que parecem inteligentes confundem anglofilia com alta cultura. "Anglofilia" foi um neologismo que eu fiz agora: é a veneração pela Inglaterra e por suas colônias desenvolvidas, mais notoriamente os Estados Unidos. Até o finado prof. Olavo de Carvalho caiu nessa, mesmo depois de registrar na introdução de "O Imbecil Coletivo" que o Brasil começou a imitar a cultura estadunidense depois de que essa cultura já estava em decadência. A anglofilia é um pedantismo de herdeiros de elites agrárias falidas dos países católicos da América. Pra dar uma ideia do problema, deixo algumas perguntas.
1) Por que nenhum liberal comenta que a prostituição é crime nos Estados Unidos, com uma época em que policiais homens se fingiam de clientes e policiais mulheres se fingiam de prostitutas só pra dar flagrante?
2) Se o Protestantismo é um valor dos Estados Unidos e da Inglaterra, por que a única liderança protestante inglesa foi o rei Henrique VIII?
3) Por que os conservadores antifeministas não comentam que foi nos Estados Unidos e na Inglaterra que o Feminismo surgiu, e como onda conservadora?
4) Como um país evoluído de gente bonita e culta pode ser um lugar onde qualquer vaca semianalfabeta brasileira que detesta quem tem QI maior que o dela quer entrar como imigrante?
2) Algumas notas minhas no VK: a cultura do Primeiro Mundo, parte 1[02]
Pessoal, se lembram do que eu disse sobre por que eu traduzo alguns textos meus pro inglês, pro espanhol, pro italiano e pro francês, às vezes textos baseados em notícias do Brasil? Antes de reproduzir essa lista, eu gostaria de chamar a atenção pra um outro ponto, que eu me dei conta agora: se o desnível intelectual-cultural do Primeiro Mundo em relação ao Brasil acompanhasse o desnível econômico, um brasileiro típico teria ojeriza ou vergonha de estar lá, talvez até mesmo enquanto fala, aqui, sobre esses países.
Com 30% a mais de QI médio que o do Brasil, que é 83[03], um país teria 108. Como é a vida de uma pessoa com esse QI no Brasil? Tem poucos interlocutores a não ser que aceite um nível mais inculto de conversa; é vista como arrogante; ganha inimizade dos chefes e dos colegas de trabalho que sabem menos que ela; a mulher é cristã conservadora pros progressistas e promíscua pros cristãos conservadores; acontece a mesma coisa entre as pessoas da própria família; e por aí vai. No entanto, qualquer semianalfabeto brasileiro que faz viagem de 3 ou 5 dias pro Primeiro Mundo volta contando sobre a viagem pros colegas de trabalho, e a ninfeta fútil do atendimento ao público e a faxineira favelada ainda perguntam sobre mais detalhes. E qualquer velha inculta moradora de bairro pobre conta com gosto quando tem um filho que mora no Primeiro Mundo, que provavelmente chegou como imigrante ilegal.
Se o brasileiro típico é dinherista, inculto, pequeno de espírito e não consegue conceber algo maior do que a mediocridade do ambiente em que cresceu, isso ainda não explica que ele não se sinta desconfortável em ver, por imagem ou presencialmente, a diferença pra melhor entre o Primeiro Mundo e o Brasil. Porque, por isso mesmo, a visão de algo de qualidade intelectual-cultural superior será constrangedora ou no mínimo estranha. Como esse brasileiro vai associar um país de Primeiro Mundo a monumentos, lugares bonitos, comidas diferentes, produtos de primeira qualidade e mulheres bonitas? Tirando a parte das mulheres (que é uma questão genética, e chamo a atenção pra que mesmo elas não são associadas a uma sexualidade liberal a não ser por maledicência provinciana), nada disso traz ao brasileiro um sinal opressor de uma superioridade intelectual-cultural humilhante. Por sinal, até alguma literatura dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França, por exemplo, é exibida por farsantes intelectuais daqui.
Agora eu copio um trecho do meu texto "O Petrolão da CoViD-19 e o preço da estupidez", de 12 de agosto de 2021[04]:
"Eu comentei uma vez sobre o meu estranho hábito de traduzir em 4 idiomas textos meus sobre atualidades do Brasil, em algum ano antes da fraudemia da gripe chinesa. O motivo pra isso, eu dizia, era compartilhar com leitores não-lusófonos alguma coisa relevante e não-regional que eu aprendia da minha experiência cotidiana. A intenção era essa também com leitores de Portugal, Moçambique e Angola, que eu sabia que tinha. E a minha experiência cotidiana, ou a sua, é a de uma pessoa que vive em algum lugar do mundo, fala algum idioma, é homem ou mulher, etc. No meu caso, eu sou uma mulher brasileira, que vive no Brasil e fala português. Por um lado, isso me leva a escrever coisas que eu não diria (ou nem saberia) se eu fosse dos Estados Unidos ou do Norte da Índia. Por outro lado, se eu não for uma pessoa intelectualmente pequena, eu posso apresentar, como moradora do Brasil, uma reflexão que um leitor dos Estados Unidos, da Índia ou mesmo de outro país lusófono não vê de forma corriqueira; ou mesmo no Brasil, eu posso apresentar, como uma garota que nasceu e mora no estado de Minas Gerais, uma observação não corriqueira para um leitor do estado do Pará ou do estado de Pernambuco. E nos meus relatos breves da minha vida de licenciosidade, eu também trago pontos para reflexão. Depois desse comentário, o caso da 'plandemia', ou 'panicodemia', me mostrou que o resto do mundo é ainda menos diferente do Brasil do que eu imaginava naquela época."
3) Algumas notas minhas no VK: a cultura do Primeiro Mundo, parte 2[05]
O desnível intelectual-cultural entre o Primeiro Mundo e o Brasil é tão menor que o desnível econômico, urbanístico, industrial, tecnológico ou mesmo acadêmico que um brasileiro típico ainda pode ter uma informação entre superficial e razoável sobre qualquer pessoa do Primeiro Mundo que tenha destaque acadêmico, literário, empresarial, político ou artístico e imaginar que poderia estar no lugar dessa pessoa, com coisas tão simples e fortuitas como nascer naquela família, crescer naquele lugar, ter a oportunidade e o dinheiro pra estudar onde aquela pessoa estudou, conhecer certas outras pessoas ou, quando a pessoa em questão é mulher, ter nascido uma mulher com um certo perfil físico. O brasileiro típico não chegou ao nível de psicose de rebaixar a esses termos uma inteligência, uma bibliografia ou uma conduta moral de superioridade humilhante (e eu lembro que conduta moral de alto nível não é e não se mede pelo nível de gimnofobia e aversão ao sexo).
A cidade de Londres foi criada no século I pelo Império Romano, e o inglês é um dialeto do latim. Isso ilustra como o Reino Unido de certa forma tenta ser ou pensa que é o Império Romano: na área política, o expansionismo para a América, a África, a Índia e a Oceania; na área religiosa, um Catolicismo melhorado junto com um puritanismo inquisitorial, que a Coroa inglesa levou para onde conseguiu chegar. Ah, os países anglófonos tentam fazer o inglês ser o latim (de certa forma, até conseguiram). Nossos bisavós tinham as nossas idades quando a língua chique era a francesa, e os nossos avós, no caso do Brasil, tinham as nossas idades quando ouviam músicas em italiano. Ops! "Chic" vem do francês.
A frase "ninguém nunca perdeu dinheiro por subestimar a inteligência do povo norte-americano"[06] foi atribuída ao jornalista Henry Louis Mencken. Na verdade, ele disse "nunca ninguém neste mundo perdeu dinheiro ao subestimar a inteligência das grandes massas do povo simples"[07], na coluna de 18 de setembro de 1926 do jornal "The Evening Sun", de Baltimore, estado de Maryland, Estados Unidos. Aquela versão é como foi registrada na seção de carta de leitores do jornal "Richmond Times-Dispatch" de 1º de junho de 1935 (obrigada ao Quote Investigator[08]). Não faz muito tempo que podíamos ver esquerdistas que conseguiam mostrar como os Estados Unidos tinham gente burra tanto na política quanto na população geral. Se lembra do Michael Moore?
A anglofilia leva os conservadores a exaltarem a Revolução Americana enquanto, por serem conservadores, demonizam a Revolução Francesa. A Revolução Americana aconteceu, numa descrição rápida, quando a Coroa britânica tentou tratar os Estados Unidos como uma colônia comum, como a Guiana Inglesa ou Serra Leoa. Os Estados Unidos não conheceram o Feudalismo. A França antes da Revolução Francesa sim, e teve a revolução contra ele. A queda política da Igreja Católica Apostólica Romana virou mágoa dos conservadores até hoje. Ah, a Revolução Francesa trouxe os conceitos de direita e esquerda na política, mas o Conservadorismo, também daquela época, é o que hoje é chamado de direita (ou extrema direita). A direita original é algo como a centro-esquerda de hoje, a ala revolucionária que queria construir a revolução com a velha ordem. E o progresso que veio com a Revolução Francesa, que dividiu Idade Moderna e Idade Contemporânea, criou o rancor dos conservadores contra a modernidade. Se os Estados Unidos e o Canadá, ex-colônias britânicas, não tivessem se tornado países desenvolvidos, o Cristianismo hoje seria quase uma crendice do Terceiro Mundo junto com o vodu e as religiões indígenas sul-americanas, só que com mais adeptos.
Eu já disse uma vez que o orgulho que alguns têm de serem negros, eu tenho de ser branca[09]; e um dos motivos é a liberdade que eu tenho aqui, por influência da colonização europeia, de ser ateia, de compartilhar ideias com vocês com um pouco de pornografia no meio e de ter bons momentos inclusive sexuais com amigos e colegas de trabalho homens. Mas se a Revolução Francesa tivesse chegado na Inglaterra e nos Estados Unidos, teríamos um mundo ainda melhor? É uma boa pergunta. Porque hoje é fácil comparar a África com a Europa ou a Ásia com a Europa no sentido sociopolítico, é fácil mostrar o que a Europa levou de bom praqueles lugares, mas comparar um país europeu com outro e imaginar como seria o mundo se um estivesse na posição de influência do outro é complicado. E por isso é complicado perceber e analisar o que eu chamo aqui de anglofilia.
Os conservadores brasileiros que falam em guerra cultural conseguem ver os Estados Unidos e a Inglaterra, ao mesmo tempo, como terras da literatura de alto nível e como matrizes de tudo que é vulgar ou idiota nas artes e entretenimentos e de toda a loucura esquerdista que chegava ao Brasil na década seguinte (hoje em dia, quase em tempo real); da mesma forma que, dentro dos tópicos religiosos, como terras dos maiores e mais sérios pregadores cristãos conservadores e como origem de todas as heresias escandalosas e todas as infiltrações esquerdistas no meio cristão, além de capital de tudo que é bruxaria e pornografia. Alguns conservadores podem contar como os Estados Unidos e a Inglaterra, tanto os governos quanto a iniciativa privada, financiaram a industrialização da União Soviética, a industrialização da China socialista e o terrorismo islâmico; enquanto outros conservadores (e alguns deles mesmos) louvam os Estados Unidos como a capital da liberdade individual e do Capitalismo "laissez-faire" (deixem fazer, em francês). Não diz a própria Bíblia que "não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons"? Ou que uma fonte não pode dar água doce e água amarga? (Mt 7: 18 e Tg 3: 11, 12)
Eu disse aqui e ali que a trama contra o Conservadorismo é uma trama política e cultural socialista contra o povo de verdade.[10] Eu também disse indiretamente, mas eu mais demonstrei que verbalizei, que eu prefiro estar ao lado de conservadores e criacionistas contra a trama da engenharia social da esquerda recente do que estar ao lado dos esquerdistas que se dizem ateus. Eu disse e não retiro. Mas aqui, eu argumentei rapidamente que o Conservadorismo é praticamente uma veneração ao império inglês, que é uma imitação da Igreja de Roma. Um sinal de como a cultura angloamericana é superestimada é que mesmo no século XXI, os conservadores vencem com dificuldade ou perdem para uma esquerda de bandidos, doentes mentais e "losers" que faz ofertas demagógicas à parte mais fracassada e semianalfabeta do eleitorado; em outras palavras, os conservadores têm em pé de igualdade, mesmo na área político-eleitoral, um gênero de adversários que seria caso de cadeia ou de hospício aos olhos de uma coletividade mentalmente normal.[11] Outro sinal é que quando os conservadores falam em "guerra cultural" no século XXI, mesmo depois de uma série de insanidades da militância progressista, eles ainda parecem suas próprias trisavós se juntando a uma multidão na sua localidade rural do interior para queimar livros ou agredir uma mulher menos feia e sexualmente reprimida que elas.
[11] Aparentemente, eu só observei os casos da esquerda desastrada nos governos federais da América do Sul. E realmente eu fiz isso, mas como exemplo prático que também pode ser aproveitado pelo Primeiro Mundo. Por sinal, os Estados Unidos têm hoje a sua Dilma Rousseff, o presidente Joe Biden empossado por fraude eleitoral.