Olá, pessoal! Vou copiar aqui uma conversa que eu tive por mensagem privada com um velho amigo das redes sociais, que vou chamar aqui de Khun Nival. Khun é um pronome respeitoso usado na Tailândia. Eu aqui mal uso sr. ou sra., quando eu respeito e admiro um homem, é mais fácil eu chamar de parceiro ou gatinho mesmo, hehehehe.
A conversa foi longa, começou na noite de sábado e terminou na manhã da segunda. E vocês vão ver um pouco daquele desencontro de quando um vai responder o que o outro escreveu e o outro envia mais alguma coisa, o que acontece principalmente quando a conexão de internet está ruim, o que foi o meu caso em alguns dos horários. Espero que, mesmo assim, os amigos achem proveitosa. Já está com revisão, correção ortográfica e gramatical, e também algumas referências em hiperligações.
E esta reprodução é também um símbolo de agradecimento aos meus amigos e leitores honrados e inteligentes. E essa conversa é mais um exemplo pra mim de que duas pessoas comuns podem se enriquecer culturalmente uma à outra, às vezes dizendo uma à outra coisas com que concordam, mas sabem que são lúcidas e são quase indizíveis. Beijos.
Khun Nival 11/02 às 19:59: | - Khun Bi, não sei se você vai concordar comigo, mas acho que seria legal você fazer no seu blog uma lista de propostas sobre liberalidade ou liberdade sexual, gênero, direitos dos homens e dos meninos que os políticos poderiam adotar como projeto de lei. Você poderia fazer isso no seu blog a longo prazo. De tudo um pouco do que você escreveu até hoje que poderia ser aproveitado no cotidiano. |
Abigail 11/02 às 23:34: | - Bom, a ideia de criar leis para atingir um objetivo pode ser boa, tem valor sim, mas em vez da ideia de criar legislação, vou me guiar pela ideia de ação política. Quem é de direita às vezes ainda trata os esquerdistas como pessoas normais, aí pode cair no erro de trabalhar com a letra fria da lei. Os esquerdistas não usam só as leis que eles fazem pela política formal. Eles também usam brechas de leis já existentes e às vezes agem contra as leis formais. Este último caso foi o do impeachment sem cassação de direitos políticos da Dilma Rousseff. |
Abigail 11/02 às 23:38: | - Os anarquistas, eu sou anarquista, estão mais preparados para agir contra a letra da lei quando ela é injusta, tanto por ação direta em grupo quanto por insurreição pessoal. |
Abigail 11/02 às 23:45: | - Mas da parte da ação política, podemos ter duas linhas de ação ao mesmo tempo. - 1) Trabalho cultural na população, junto com a formação de grupos organizados; - 2) Políticos de direita entrando na luta política contra a esquerda, o que pode ser desfazer uma porcaria da esquerda, pode ser criar leis contra aspectos do esquerdismo-feminismo, pode ser atuação sobre o Executivo ou o Judiciário. |
Abigail 11/02 às 23:59: | - Eu mencionei políticos de direita, parece que eu saí do assunto, mas não saí tanto. O que deu sobrevida ao LGBT-Feminismo depois da Segunda Onda foi os direitistas e os conservadores fazendo besteira. Há feministas que pregam contra a heterossexualidade e contra os homens desde os anos 60. Mas em vez de termos o desmascaramento humilhante dessa turma há 50 anos, o que temos é conservadores cristãos dizendo e fazendo tanta bobagem, especialmente na repressão ao sexo, que até uns 10 anos atrás, ser antifeminista era praticamente coisa de semianalfabetos, provincianas neuróticas e tarados mal sucedidos. |
Abigail 12/02 às 00:07: | - Se o conservadorismo cristão burro não fizer asneiras, as associações de prostitutas e até a parte mais sensata do movimento feminista podem apresentar propostas boas. É o caso do projeto de lei do Jean Wyllys de regulamentação da prostituição e das casas de prostituição. A prostituição já deixou de ser crime. Se o projeto de lei do Jean Wyllys for aprovado, podemos ser referência pro mundo nessa parte sexual. Poderíamos dar lições para pelo menos Estados Unidos e França. |
Abigail 12/02 às 00:16: | - Mas na parte de legislação, a liberdade sexual já melhorou muito. O Código Penal de 1940 já foi melhor que o de 1890, e o original de 1940 já foi revogado em muitas besteiras, incluindo a criminalização do adultério e da prostituição. - O que a gente pode pensar em ação na lei formal é basicamente revogar as loucuras da extrema-esquerda. Na parte de gênero, é como diz o Falcão: "homem é homem, menino é menino, macaco é macaco e veado é veado". |
Abigail 12/02 às 00:21: | - Em Direitos Humanos dos Homens e Meninos, podemos reforçar as leis contra discriminação de gênero e revogar as leis que fazem ou estabelecem a discriminação. - Por exemplo, revogar a Vadia da Penha. E acabar com a Delegacia da Mulher. A lei vai ser igual para todos. Como a lei pode retroagir para beneficiar o réu, podemos ter homens condenados com direito a indenização. |
Khun Nival 12/02 às 08:00: | - O mais interessante seria uniformizar essa lei da violência doméstica para proteger tanto homem quanto mulher. Há de fato muitas distorções constitucionais entre o material e o formal cometidas pelo próprio legislador. |
Abigail 12/02 às 08:15: | - Mas o conceito de violência doméstica foi feito, na prática, para ser o que vemos hoje, sempre do homem contra a mulher, ou melhor, para ser usado pela mulher contra o homem. Sem isso, violência doméstica é só violência. |
Abigail 12/02 às 12:22: | - Ah, você deve ter lido postagens no Facebook defendendo um projeto de lei para tornar crime hediondo a falsa denúncia de estupro. Mais uma ideia burra da direita. Quando muito, podemos propor uma lei mudando a prescrição da punibilidade ou do prazo de denúncia. Falsa denúncia de roubo ou assassinato não é uma coisa leve. Falsa denúncia de estupro não é essencialmente diferente. Aí, do inquérito da falsa denúncia de estupro, vão aparecer falsa comunicação de crime, calúnia, fraude processual, abuso de autoridade, advocacia administrativa, ameaça. Tudo isso já está previsto na lei. Aí não é só a denunciante que vai ser punida. Vamos ter policial, advogado e juiz que vão se f%$&@. E só desfazer a palhaçada que a polícia e alguns deputados fizeram com a definição de estupro, muitos condenados vão ser inocentados com direito a indenização. |
Khun Nival 12/02 às 12:25: | - Que eu saiba, Khun Bi, já existe um artigo no Código Penal tipificando a falsa comunicação de crime. É porque muito dos nossos legisladores NÃO estudam ou não estudaram direito. E os que estudaram devem ter faltado às aulas rs. - E outra: não sei se você vai concordar comigo... mas os conservadores cometem um erro crasso ao aprovar leis escritas pelas feministas achando que convergem com suas idéias quando na verdade estão abrindo mais espaço para elas. Você vive dizendo isso no seu blog inclusive. |
Abigail 12/02 às 12:26: | - Que é isso! Concordo plenamente. |
Khun Nival 12/02 às 12:31: | - Os conservadores acham que estão fortalecendo o seu lado quando na verdade estão fortalecendo o lado adversário deles. - E tem direitista que não consegue entender isso. - Principalmente os nossos amigos direitistas do Face. - Esse é um dos principais calcanhares de Aquiles da direita. |
Abigail 12/02 às 12:33: | - Mas na parte dos legisladores que não estudaram Direito, na verdade eles não são perigosos. Eles costumam ser eleitos por eleitores irresponsáveis, mas eles não são perigosos por eles mesmos. O grave é quando eles são massa de manobra dos colegas esquerdistas, ou, pior ainda, dos parasitas de extrema-esquerda. Mas as feministas malucas que são deputadas e senadoras entendem de Direito. Hillary Clinton, por exemplo, é advogada. |
Khun Nival 12/02 às 12:36: | - E como advogada, dizem, a Hillary já defendeu um acusado de estupro. A história que dizem do caso é que ela tentou ludibriar a vítima. |
Khun Nival 12/02 às 12:36: | - Isso foi em meados da década de 1970. |
Abigail 12/02 às 12:37: | - Nossa! Advogada feminista também sabe ser pilantra. |
Khun Nival 12/02 às 12:38: | - Ela e o marido dela Bill são dois 171. |
Abigail 12/02 às 12:39: | - Você disse bem: "os conservadores acham que estão fortalecendo o seu lado quando na verdade estão fortalecendo o lado adversário deles". Mas você foi mais certeiro do que pensava. Eu faço uma pergunta: é possível conservadores e feministas de esquerda terem interesses comuns como tais? |
Khun Nival 12/02 às 12:41: | - Sim. Conservadores e feministas tem o comum o desejo, entre outros, de fiscalizar o órgão genital alheio. - Na Islândia, as feministas mais os conservadores do parlamento local aprovaram uma lei proibindo as casas de striptease. |
Abigail 12/02 às 12:41: | - Faltou um detalhe naquela minha pergunta: quais feministas? |
Khun Nival 12/02 às 12:42: | - As feministas alinhadas à extrema-esquerda. Ou como você mesma diz, as "lesbossocialistas". |
Abigail 12/02 às 12:44: | - No caso da Islândia que você citou, tivemos feministas que reprovaram isso, não sei detalhes de lá, mas aqui eu posso dar nomes de feministas que criticariam, homens e mulheres. |
Khun Nival 12/02 às 12:45: | - Eu sei que o feminismo é um movimento muito fragmentado. Mas eu sei também que o lado radical do movimento tem mais evidência por causa da mídia e do financiamento externo. |
Abigail 12/02 às 12:46: | - E falando dos "nossos amigos direitistas do Face", vamos fazer justiça aos seus e aos meus. Entre eles, muita gente é, no mínimo, mais sensata que a média. |
Khun Nival 12/02 às 12:51: | - Eu concordo com você, Khun Bi. - Eu também acho que muitos dos nossos amigos são bem sensatos. - Você é uma das poucas pessoas na internet que têm coragem de criticar tanto a esquerda quanto a direita. |
Khun Nival 12/02 às 12:52: | - Quando estas merecem, claro. |
Abigail 12/02 às 12:52: | - E quanto ao feminismo ser fragmentado, você chegou ao ponto. Os conservadores que querem "fiscalizar o órgão genital alheio" podem se unir às lésbicas feministas que também querem. Algumas feministas querem mesmo uma liberalidade sexual heterossexual feminina, e já recebem hostilidade daquelas outras na própria militância. Aí, os conservadores entram na briga que já existe do lado errado. |
Khun Nival 12/02 às 12:54: | - É como em um artigo que você escreveu sobre a "revolução sexual" dos anos 60, ou, como disse, a "revolução femdom". A impressão que se tem é de que, digamos, o sistema tirou o bastão da repressão sexual que era da direita religiosa e passou para a esquerda feminista. A esquerda feminista, hoje, é que reprime sexualmente as pessoas. |
Khun Nival 12/02 às 12:59: | - As feministas querem a liberdade sexual somente para a mulher. |
Abigail 12/02 às 13:30: | - Isso que você disse sobre as feministas, que elas querem a liberdade sexual somente para a mulher, foi o que me levou a criticar o Feminismo e, como você observou, a criticar a direita e a esquerda, já em 2006. |
Abigail 12/02 às 13:41: | - Porque a liberdade sexual heterossexual tem que ser liberdade para o homem e para a mulher. E como você observou bem, os feministas só pensam na mulher, como todo o Feminismo só pensa na mulher. A repressão sexual é para todos. O homem não pode transar com a mulher que quer. Os feministas, homens e mulheres, querem dar a entender que sim. A diferença entre homens e mulheres na sexualidade não é que a sexualidade do homem é aceita e a da mulher não, é que o homem tem mais gosto por sexo que a mulher. E quem mais reprime a vida sexual da mulher geralmente são outras mulheres. |
Abigail 12/02 às 13:55: | - Ah, e você também é uma pessoa que se é conservadora, é uma pessoa prudente. Inclusive nesta questão sexual. Nós dois sabemos como é falar de sexualidade com a direita burra. E você também é bem atento à questão de direitos dos homens. Até Jair Bolsonaro falha nisso. |
Khun Nival 12/02 às 15:07: | - Sou de centro-direita, mais moderado. Acredito no livre mercado, mas ao mesmo tempo poderia ter um pouquinho de regulação para evitar falhas como monopólio, oligopólio etc. Eu acho que nesta questão sexual, eu aprendi a não ser hipócrita como o pessoal tanto da esquerda quanto propriamente na direita. Um dos povos do mundo que mais admiro é o tailandês. Eles sabem coadunar uma cultura que mistura tradição familiar e uma certa liberdade sexual. Eles não são tão hipócritas quanto os ocidentais. A economia deles é uma das menos miseráveis do mundo. Quanto ao Jair Bolsonaro, eu não tenho nem muita simpatia nem muita antipatia dele. Ou seja, não me fede, nem me cheira. Como você sabe, sou monarquista. Por mim, eu não seria obrigado a votar para presidente. |
Abigail 12/02 às 16:02: | - Bom, eu tenho questionamentos graves quanto à monarquia. Para mim, soa como um arcaísmo. E nas questões que a gente estava discutindo, me chama a atenção que Inglaterra, Suécia e Japão são monarquias e são gravemente afetados pelo Feminismo. |
Abigail 12/02 às 16:17: | - E você conta que é centro-direita e defende a livre iniciativa mais uma moderação estatal para evitar abusos. Eu sou anarquista e tenho um raciocínio parecido, eu sou mais anarcossindicalista. E isso entra em um assunto que eu abordei em um texto que não me lembro qual: a interseção entre direita e esquerda. Nem a direita pura é contra o Estado, nem a esquerda pura é contra o Capitalismo. Aí, temos uma questão de cada lado. Para o capitalista: por que não usar o Estado para o meu interesse próprio? Para os políticos e os funcionários públicos: por que eu vou me limitar ao que o capitalista diz que eu tenho que ser e fazer? |
Abigail 12/02 às 16:20: | - Aí chegamos ao "deturparam Marx". Tanto o Marxismo quanto a empresa capitalista ao mesmo tempo não são nem preservados na sua pureza nem destruídos um pelo outro. |
Abigail 12/02 às 16:37: | - E o que você disse sobre a sua posição política volta àquilo que eu disse sobre a pergunta inicial. A coisa toda tem que começar do povo, ou no mínimo de grupos populares organizados. No Anarquismo, temos a possibilidade de representação de grupo, o representante vai ter poder limitado para aquilo que o grupo estabeleceu. Nos sistemas em que existe o Estado, ele pode ter um funcionamento parecido desde que o povo tenha uma direção própria, aí tanto o político quanto o funcionário público vai fazer o que foi atribuído a ele e pode receber resistência. |
Abigail 12/02 às 16:49: | - A esquerda sabe há décadas a importância do trabalho cultural-intelectual. No mínimo, eles trabalharam para tirar a direita e até os anarquistas da imprensa, da produção acadêmica, das artes e entretenimentos. Se desse para, além disso, conquistar uma boa parte do povo de verdade, melhor ainda. No Brasil, por exemplo, tivemos a "Pedagogia do Oprimido" em 1970. O PT, o PSOL ou o PSTU trabalhavam com obras sociais, formação de militância no Ensino Médio e na universidade, sindicato de professor, e a direita ainda não sabe por que não elegeu Aécio Neves em 2014 e não vai eleger Jair Bolsonaro em 2018. |
Abigail 12/02 às 16:57: | - Melhor: eu já fui bloqueada por lembrar que a direita demorou dois anos para tirar Dilma Rousseff no meio do segundo mandato. Porque pensar nisso pode dar vergonha. - Oi, gatinho. Escrevi muito? Tem algum ponto aonde você gostaria de voltar? |
Khun Nival 12/02 às 17:30: | - Eu vou te confessar uma coisa: eu votei na Dilma na eleição passada porque o pessoal aqui de casa foi funcionário público e "graças" à ela, ela sancionou uma lei permitindo que a mulher funcionária pública que tivesse mais de 25 anos de atuação no serviço público tivesse direito à aposentadoria. Votei porque fui "obrigado", já que no 1º turno votei no Eymael. A política brasileira, infelizmente é muito amadora. |
Khun Nival 12/02 às 17:33: | - O regime militar conseguiu vencer a esquerda nas armas, mas não conseguiu vencer a esquerda nas idéias. E por causa disso que ela "domina" os campi das universidades no Brasil. - Sou a favor de uma Escola "Sem Partido" e por uma epistemologia de ensino baseada no perspectivismo, que é o "meio-termo" entre a dogmática e o relativismo cultural. |
Khun Nival 12/02 às 17:35: | - Quanto ao que você disse da Monarquia Constitucional ser "arcaísmo", eu discordo: os países politicamente e economicamente mais "liberais" são monarquias. Mas concordo com você que em alguns países que são monarquias como é o caso da Suécia, o feminismo tornou-se dominante muito em decorrência da força dos governos social-democratas naquele país e do financiamento externo bilionário. |
Khun Nival 12/02 às 17:36: | - Quanto ao Anarquismo, eu não tenho ainda muito conhecimento e informação. Só sei que existem duas vertentes: uma vertente mais "libertária" chamada anarcocapitalismo e o anarquismo propriamente dito que tem um teor mais comunitarista. |
Khun Nival 12/02 às 17:50: | - Ah, o pensamento econômico que defende a liberdade econômica mediante regulação econômica para evitar falhas de mercado é o Ordoliberalismo. - Quanto ao sindicalismo, uma das críticas que se faz à atual CLT é devido aos resquícios de corporativismo como unicidade sindical, por exemplo. |
Abigail 12/02 às 18:42: | - Primeiro, eu tenho que mostrar uma satisfação minha nessa nossa conversa: você é a primeira pessoa de direita ou centro-direita que eu vejo mencionar o nome do Eymael. Eu escrevi em 2010 que ele era ignorado pela direita. |
Abigail 12/02 às 18:47: | - Vou pegar duas coisas que você disse: "a política brasileira, infelizmente é muito amadora". Você estava pensando nos não-esquerdistas. Aí, você continua: "o regime militar conseguiu vencer a esquerda nas armas, mas não conseguiu vencer a esquerda nas idéias". Isso me lembra o quê? Os intervencionistas. Você não deve ter pensado nisso. Aí eu mesma mando o torpedo, hehehehe. |
Abigail 12/02 às 18:51: | - A sua ideia pedagógica me parece boa (nunca ouvi falar em perspectivismo). Mas isso tem a ver com aquilo que estávamos discutindo. Os não-esquerdistas em geral confundem educação com escola quase tanto quanto confundem política com processo eleitoral. |
Khun Nival 12/02 às 18:54: | - Você está certa: educação não é só escola. Nosso conservadorismo, o brasileiro, dá atenção superficial à educação. E isso é cultural. Brasileiro pensa muito mais em trabalho do que em estudo. E não sabe que as duas coisas se complementam. Os conservadores só passaram a ter a educação como prioridade quando não teve outro jeito de sobreviver nas grandes cidades. |
Khun Nival 12/02 às 18:58: | - Eu sinceramente, não tenho opinião formada quanto à intervenção militar. Sou de uma geração que não viveu a época do regime militar. Eu nasci um mês depois da promulgação da nova constituição. Já nasci com a "nova república" (de "nova" não tem nada a não ser só o nome). |
Abigail 12/02 às 18:58: | - Bom, quando eu disse que Monarquia é arcaísmo, é no princípio em si, que remete ao Direito Divino dos Reis. Nós temos realmente monarquias desenvolvidas, por isso citei aquelas como exemplos para mostrar, no mínimo, problemas que ela não resolve, coisas que um Ricardo Dex nunca entenderia. |
Khun Nival 12/02 às 18:58: | - Sei, entendi o que você quis dizer. |
Abigail 12/02 às 19:01: | - Ah, Anarcocapitalismo ou Anarquismo Liberal são termos errados. Daí eu sempre uso o termo Ultraliberalismo. |
Khun Nival 12/02 às 19:04: | - De fato, Ultraliberalismo é o termo mais correto mesmo. - Tem gente que chama o Ordoliberalismo de "Neoliberalismo". Mas não confundir o neoliberalismo dos "Chicago Boys" Milton Friedman com esse "Neoliberalismo" Ordoliberal alemão. |
Abigail 12/02 às 19:04: | - O Anarquismo é contra as autoridades políticas. O Ultraliberalismo quer acabar com o Estado para que a sociedade seja regida pela iniciativa privada. É como defender a extinção da polícia para que o crime organizado cuide da segurança pública. |
Khun Nival 12/02 às 19:05: | - O Anarquismo é mais regido pela autogestão. Esse "anarcocapitalismo" seria literalmente trocar o Estado pelo mercado. |
Abigail 12/02 às 19:04: | - Mas o que Ordoliberalismo? |
Khun Nival 12/02 às 19:11: | - Ordoliberalismo foi o que eu te falei: Liberdade Econômica, só que uma certa regulação para evitar falhas de mercado como monopólios, oligopólios e cartel. - O Estado fiscalizaria descentralizadamente através da administração indireta por meio de entidade como órgão regulador. - Esse órgão seria independente. - No modelo norte-americano, o gestor do órgão tem mandato e estabilidade. Ou seja, o Poder Executivo simplesmente não pode tirá-lo de lá. - Não chega a ser interferência do Estado na economia, mas uma certa regulação para manter o mercado livre. - Para os ordoliberais, o mercado livre é um mercado sem falhas ou onde as falhas de mercado tem que ser evitadas. |
Khun Nival 12/02 às 19:14: | - O Ordoliberalismo está identificado com a centro-direita. |
Abigail 12/02 às 19:39: | - Agora eu sei um pouco mais. Essa é outra coisa legal de conversar com antiesquerdistas inteligentes. |
Khun Nival 12/02 às 19:45: | - Obrigado, Khun Bi Emoticon slightsmile - Conversar contigo hoje foi muito bom mesmo |
Abigail 12/02 às 19:47: | - Aproveitando essa abordagem em Economia, eu volto ao que você disse sobre monarquias liberais na economia. Eu sei que você entendeu quando eu disse, mas volto ao ponto: podemos ter muita liberdade de mercado na economia e muita ideologia de esquerda na vida cultural-intelectual e até na vida política do país. Num exemplo extremo, se Hillary Clinton tivesse sido a presidente dos Estados Unidos, a maior economia do mundo em 2020 seria a China, que abriu a economia para a iniciativa privada estrangeira, mas deixou o Socialismo na política. |
Khun Nival 12/02 às 19:50: | - A China tornou-se grande na economia por causa de um negócio chamado corporativismo e também por causa das Zonas Econômicas Especiais criadas pelo Deng Xiaoping, sucessor de Mao Zedong. A China Popular (Socialista/Comunista) entrou na ONU com a "expulsão" da República da China (Nacionalista/Capitalista). A China tem o maior mercado consumidor do mundo, mas a saída dos EUA do TPP (Acordo Trans-Pacífico) pela canetada do Trump pode colocar os EUA novamente na briga da liderança econômica, pois o TPP era protecionista, o Trump não. |
Khun Nival 12/02 às 19:52: | - *República da China (Nacionalista/Capitalista) = Taiwan. |
Khun Nival 12/02 às 19:57: | - E outra coisa: Globalismo é diferente de Globalização. - Globalismo é supranacionalismo (ONU, União Européia etc). Globalização é livre comércio. - A China Comunista oficialmente adota a política de um país e dois sistemas: mantém o socialismo de partido único concominado com a economia de mercado. - Economia de Mercado corporativista, mas economia de mercado. |
Abigail 12/02 às 20:01: | - Bom, país mais populoso do mundo está certo, mas maior mercado consumidor também? |
Khun Nival 12/02 às 20:02: | - Sim. - Maior população do mundo é muita gente consumindo. São 1 bilhão de pessoas consumindo e comprando constantemente. |
Khun Nival 12/02 às 20:08: | - Fora a mão de obra barata que os empresários que vão pra lá encontram. Lá não tem "CLT". - Lá não tem "direitos trabalhistas". Justamente um Estado "socialista". - Talvez resquícios de capitalismo puro você encontra em Hong Kong. - Sinceramente, esse tipo de sistema misto de misturar capitalismo econômico com socialismo político não é o favorito dos esquerdistas daqui. |
Abigail 12/02 às 20:16: | - Mas você entendeu a diferença? O país já era o mais populoso do mundo quando era uma roça e depois quando teve uma economia desenvolvida com salários desumanos. |
Khun Nival 12/02 às 20:24: | - Infelizmente, isso não deixa de ser uma verdade inconveniente, essa história do crescimento econômico de um lado e a miséria no outro. Mas o governo chinês quer manter a mão de obra barata para chamar mais investimento estrangeiro. - Essa mão de obra barata é que, por exemplo, tira os empresários daqui e vão pra lá. |
Khun Nival 12/02 às 20:25: | - Não sou contra direitos trabalhistas. Sou a favor de direitos para o trabalhador até porque o trabalhador não é bicho nem escravo. |
Abigail 12/02 às 20:25: | - Isso, e essa mão-de-obra barata não parece um grande mercado consumidor. |
Khun Nival 12/02 às 20:27: | - Pois é, a China tem uma enorme classe média que se concentra nas grandes cidades como Beijing (a capital), Nanjing, Shanghai, Tianjin, Nanquim, Shenzhen. Essas sim são o grande mercado consumidor chinês. |
Abigail 12/02 às 20:29: | - Bom, mas o que é classe média na China? E não dizia a Rainha Louca que 54% dos brasileiros chegaram à classe média com o Bolsa Família? |
Khun Nival 12/02 às 20:33: | - Essa conta do governo passado é uma falácia, pois de acordo com o mesmo, se considera "classe média" quem ganha entre R$ 291,00 e R$ 1.019,00 - A classe média chinesa tem uma renda anual de quase 30 mil dólares. - Ou seja, os parâmetros são muito, mas muito diferentes. |
Abigail 12/02 às 20:37: | - Mais uma boa informação. - Olha só, a gente começou a conversa com o assunto de leis pelos direitos dos homens, contra ideologia de gênero, liberdade sexual. Já passamos pela economia e NÃO saímos do assunto, em última análise. |
Khun Nival 12/02 às 20:38: | - Pois é, Khun Bi. Uma coisa leva à outra. - Uma coisa acabou que ligando uma à outra. |
Abigail 12/02 às 20:42: | - Porque a questão é de ação cultural na população. Um bom projeto de lei pode ser até de iniciativa popular, mas vamos ver: se Jair Bolsonaro tem um projeto de lei de castração química de estuprador e é chamado de machista e misógino, imagine se ele falasse em revogar a lei Maria da Penha. |
Khun Nival 12/02 às 20:46: | - Por isso que acho que bons projetos assim deveriam ser mais de inciativa popular do que da iniciativa de um único parlamentar. - Acaba que não entra na bipolaridade da esquerda-direita. |
Khun Nival 12/02 às 20:49: | - O problema é que a esquerda passa a impressão de que "protege criminosos de toda estirpe". - A esquerda quer ter o monopólio da virtude, e acha que as soluções dela para os problemas é que são as certas. - Daí o porque de rejeitar os projetos do Bolsonaro, por exemplo. |
Abigail 12/02 às 20:51: | - Eis o ponto. Mas temos parlamentares eleitos para legislar. Mesmo que os parlamentares sejam ruins, o povo não tem a ação política para bons projetos de lei ou apoiar quem os faz. O povo não vai em reunião de associação de bairro. Não vai em reunião de pais da escola do filho. |
Khun Nival 12/02 às 20:53: | - São pouquíssimas as pessoas que de fato participam da política como deveria ser. As pessoas somente se preocupam com a mesma em época de eleições, como se colocar o dedo lá na urna bastasse alguma coisa. |
Abigail 12/02 às 20:56: | - E mais: o cidadão mediano não aguenta nem conversa que preste no Facebook. |
Khun Nival 12/02 às 20:56: | - Isso mesmo: o cidadão mediano não sabe debater. |
Khun Nival 12/02 às 20:59: | - E se tenta, a fonte é baseada nas besteiras da mídia mainstream. - Faz tempo que eu não assisto certos noticiários. |
Abigail 12/02 às 21:03: | - Aí, o que acontece? A esquerda fica tanto com o domínio cultural quanto o da ação política. A esquerda não influencia só quem pensa isso ou aquilo. Quando ela marca espaço na televisão e na imprensa, por exemplo, ela influencia também quem tem preguiça de pensar. |
Khun Nival 12/02 às 21:05: | - A direita não está sabendo competir com a esquerda por esse espaço. - Aliás, a impressão que se tem é que a direita abriu o caminho para a esquerda dominar o espaço cultural. |
Abigail 12/02 às 21:18: | - Exatamente. Aliás, eu mesma já comecei meu trabalho em 2006 como defesa da inteligência, no sentido de apreender no mínimo a experiência cotidiana. Eu nunca usei uma abordagem de esquerda ou direita, exatamente porque eu via burrice dos dois lados. Os meus textos começaram a parecer conservadores lá pra 2012. Eu já observava, antes de ter um conhecimento mínimo do movimento esquerdista, que a necessidade urgente do Brasil era introduzir a sanidade mental na vida nacional. E este é o único jeito de vencer o esquerdismo. A direita precisa disso para não morrer, mas só pensa em ganhar eleição e reconstruir o interior de 1930. |
Khun Nival 12/02 às 21:20: | - Resumindo tudo que você disse agora: a direita precisa se atualizar e isso era para ontem. |
Abigail 12/02 às 21:22: | - Aí, naquele ponto inicial da conversa, qualquer projeto de lei pra consertar porcaria de vadia e radfem tem que ser o fim de um processo, porque a lei formal não pode ser o começo na situação em que estamos. |
Khun Nival 12/02 às 21:25: | - Isso tem que começar na cultura. - Começar na cultura e depois no direito positivo. - O Direito Material é um ponto de interseção é entre a cultura e o direito positivo, que são as leis propriamente ditas. - Colocar na cabeça do homem que ele pode ser vítima de violência doméstica e que ele pode e DEVE denunciar a companheira agressora. Isso é um exemplo. |
Abigail 12/02 às 21:27: | - Isso. Aí, volto ao começo da conversa. Qualquer projeto de lei para consertar porcaria de vadia e radfem deve ser pensado como o fim de um processo, não o começo. |
Khun Nival 12/02 às 21:27: | - Exatamente. |
Abigail 12/02 às 21:30: | - Por exemplo: porque a Marcha das Vadias não é ridicularizada em peso pela população, mas o Ativismo de Direitos dos Homens é? Isso é um sinal do estado cultural e mental do Brasil, dos Estados Unidos ou da Inglaterra. |
Khun Nival 12/02 às 21:34: | - Porque tudo que é do homem, inclusive o ativismo, é infelizmente tratado com sarcasmo. - Se isso era assim antes do feminismo, imagine depois. - Não se você conhece o Paul Joseph Watson. Ele postou um vídeo dizendo que o conservadorismo era a nova contracultura. E digo mais: o ativismo masculino também o é. |
Abigail 12/02 às 21:36: | - E com esse estado mental nacional, "direitos dos homens" não vira nem "trend topic" do Twitter. |
Khun Nival 12/02 às 21:36: | - E se vira, o Twitter logo apaga, já que o mesmo é uma corporação que se beneficia do feminismo. |
Khun Nival 12/02 às 22:00: | - Talvez a mídia alternativa seja o único espaço em que o masculinismo tem direito ao debate. |
Abigail 12/02 às 22:19: | - Esse é o problema. Qualquer possibilidade de discussão pública do masculinismo pode começar nos veículos alternativos, mas não acabar neles. |
Abigail 12/02 às 22:24: | - Ah, e eu estava comentando que ganhei bloqueio em redes sociais porque eu lembrei que a direita gastou dois anos para derrubar a Dilma no meio do segundo mandato. E eu já fui bloqueada quando lembrei a agonia da direita quando Rodrigo Constantino, Joice Hasselmann e Marco Antônio Villa foram demitidos da revista Veja. |
Khun Nival 12/02 às 22:28: | - E eles foram demitidos por quê? - Se bem que a Veja está muito longe de ser direita. - A Veja é o que eu chamo de esquerda de luxo. |
Abigail 12/02 às 22:31: | - Pois é, gatinho. Me responderam tipo isso no Twitter. Mas até perder isso é muito para a direita. |
Abigail 12/02 às 22:34: | - A gente estava discutindo sobre leis pelos direitos dos homens. Sabe quando a revista Veja tocou no assunto? Na resenha do "Sexo Privilegiado" do Martin Van Creveld em 2003. |
Khun Nival 12/02 às 22:38: | - Você leu as páginas amarelas com a Camille Paglia? - São poucas as vezes que a mídia fala sobre os direitos dos homens. |
Abigail 12/02 às 22:38: | - Li. Mas uma coisa a que eu sempre estive atenta desde que eu comecei o meu blogue é que criticar o Feminismo Radical nem sempre é defender os direitos humanos dos homens. |
Khun Nival 12/02 às 22:38: | - Sim. Verdade |
Abigail 12/02 às 22:45: | - Em geral, mulheres que criticam o Feminismo Radical fazem isso porque as radfems f%$&@€£ a sociedade. Por isso estamos vendo tantas novinhas antifeministas por aí. Quando eu escrevi sobre isso os meus dois textos "A hora de fechar a arca", era novembro de 2013 [https://avezdoshomens.blogspot.com.br/2013/11/a-hora-de-fechar-arca-parte-1.html e https://avezdoshomens.blogspot.com.br/2013/11/a-hora-de-fechar-arca-parte-2.html]. Agora, até o A Voice for Men Brasil já tem uma novinha, a Vanessa Rodrigues. |
Khun Nival 12/02 às 22:48: | - Essa nova geração está contestando tudo que vem da esquerda. Inclusive as mulheres em relação ao feminismo radical. - Isso é bom. |
Abigail 12/02 às 22:52: | - Não, gatinho. Isso é preocupante. Primeiro, porque agora é fácil, porque as besteiras do movimento feminista são visíveis. Até a Marcha das Vadias, só eu de mulher criticava o Feminismo na blogosfera [pelo menos em língua portuguesa, me esqueci de dizer]. Segundo, o próprio movimento feminista pode, como diria o Olavo de Carvalho, se limpar na própria sujeira. |
Abigail 12/02 às 22:58: | - Se o Feminismo não for desmoralizado na raiz, o movimento vai fazer com Valerie Solanas ou Lola Aronovich o que a esquerda fez com Hitler: recontar a história como se elas não fossem da turma. |
Khun Nival 12/02 às 23:02: | - É, Khun Bi: você tem razão. - As besteiras do movimento feminista são visíveis. O problema é que poucas pessoas se dão conta disso. - E quando se dão conta e dizem algo, logo são tratadas com descrédito. |
Khun Nival 12/02 às 23:17: | - É como você ver um monte de lixo na rua. Por mais que você diga que a rua está suja, as pessoas não vêm para limpar. - Não sei se a referência foi correta. - E concordo que devemos confrontar o radfem pela raiz. - Por exemplo, uma das coisas que me deixa mais indignado é essa relação meio bizarra do feminismo radical com o islamismo radical. |
Abigail 12/02 às 23:32: | - Bem lembrado. Isso só prova a degeneração cultural de vários países. Como uma escritora recebe mensagens ofensivas por publicar um livro intitulado "Case-se e seja submissa", que foi o caso da Costanza Miriano, mas não se comenta sobre feministas que defendem o Islamismo que tem regras de como e quando castigar a esposa? Mais ainda, como existem gays contra a islamofobia se os países islâmicos enforcam gays em guindaste? Mas o pior não é isso, o pior é que o público não acha isso estranho. |
Khun Nival 12/02 às 23:34: | - Daí porque tem gente que acredita na conspiração de conluio da esquerda com o Islã para tentar dominar o Ocidente. E o que é mais horrível é o feminismo participando disso. - Eu lembro de um post de uma comunidade radfem apoiando o Estado Islâmico - ISIS. |
Khun Nival 12/02 às 23:36: | - E aquela mulçumana que discursou no protesto contra o Trump falando a favor da Sharia. |
Abigail 12/02 às 23:51: | - Mas o preocupante nem é isso. É que isso não tenha virado um escândalo popular. Quantas pessoas no Brasil compartilharam essas duas pérolas? Volto à pergunta que eu fiz lá atrás: por que a Marcha das Vadias não foi ridicularizada em peso pelo povo? O estado mental da população geral tem boa recepção para esse tipo de coisa, não é só o Feminismo, é quase qualquer coisa que a esquerda ofereça. |
Khun Nival 13/02 às 00:01: | - Khun Bi, vou tentar refletir o que já discuti hoje. Já vou me recolher. Obrigado pela conversa de hoje. Tenha uma boa e excelente noite Emoticon like - Desculpe os erros de ortografia. |
Abigail 13/02 às 00:36: | - Você erra pouco. Mas eu estava pensando: eu posso publicar essa conversa como aquele texto que você me pediu? Foi muito bom para mim também. |
Khun Nival 13/02 às 06:58: | - Pode sim, Khun Bi. |
Abigail 13/02 às 08:09: | - Bom dia. É um prazer ter a sua amizade, e eu me sinto honrada pelo seu carinho. |
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