Não basta ser bom de serviço, tem que saber se comportar
No setor de panificação, 99% das demissões não estão ligadas a problemas técnicos
Na padaria. Claudenice Aguilar diz que é difícil encontrar pessoas solícitas para o atendimento
Publicado em 13/04/14 - 03h00
Ana Paula Pedrosa
Ter um currículo recheado de títulos não garante vida longa no emprego. Estudo da especialista em gestão de carreira e imagem Waleska Farias mostra que 80% das demissões são causadas por problemas de relacionamento ou de comportamento, não por deficiência técnica dos profissionais. Fofoca, uso de palavrões, falta de educação e brincadeiras que ofendem os colegas, mesmo sem intenção, estão entre as causas das demissões. E o percentual poderia ser ainda maior, caso houvesse mão de obra capacitada para suprir a demanda das empresas.
"Como ainda falta mão de obra qualificada, as empresas ficam reféns desse tipo de profissional até encontrar outro para o lugar", diz a presidente da Dasein Executive Search, Adriana Prates. Isso vale para todos os níveis de carreira, dos mais básicos aos executivos. No setor de panificação, por exemplo, 99% das demissões não estão ligadas a problemas técnicos. "O serviço, a pessoa aprende. Mas é difícil ensinar a trabalhar em equipe, a ter comprometimento com o trabalho", resume a assistente de recursos humanos da entidade, Danielle Barbosa.
Na padaria Forno D'Oro, a falta de interesse em aprender, a dificuldade em trabalhar em grupo e o não-cumprimento de horários estão entre os principais problemas para formar a equipe. "Eu gasto 60% da minha energia e do meu tempo com seleção de pessoal", diz a sócia Aline Moreira Mignolo. Mesmo assim, a tarefa não é fácil. "Faltam pessoas agradáveis no atendimento, solícitas", reclama a gerente da padaria, Claudenice Aguilar. Segundo ela, antigamente era mais fácil contratar porque havia "volume" de mão de obra.
Acesso a educação. A ampliação do acesso à educação tornou as empresas menos tolerantes aos problemas de comportamento dos funcionários. "Com a facilidade de acesso ao conhecimento, os profissionais ampliaram suas competências técnicas. Mas desenvolver comportamento é mais difícil, não tem escola para isso", afirma o especialista em carreiras da Faceb/Unipac Bom Despacho, Willer Mamed.
"É mais fácil capacitar uma outra pessoa do que mudar o hábito de alguém que tem tendência a fazer fofoca, por exemplo", concorda a consultora da Scriptus Consultoria Empresarial Rafaela Lôbo. Ela diz que algumas empresas elaboram guias éticos que detalham o comportamento que esperam dos funcionários. Nesse caso, é mais fácil cobrar.
Outras promovem palestras comportamentais para atingir seus objetivos, que podem ser até em relação ao guarda-roupa. "Eu já tive clientes que pediram para falar na palestra para as funcionárias não irem ao trabalho de roupa curta. São questões delicadas, mas que têm que ser tratadas de maneira objetiva", afirma.
Quatro Hs
Ideal. O profissional ideal, segundo o especialista em carreiras Willer Mamed, é o que alia conhecimento técnico aos "4 Hs": humildade, humor, honestidade e humanidade.
COMENTÁRIOS (3)
Jekyll and Hyde(Politicamente Incorreto)
Bem oportuna a matéria. "Humildade, humor, honestidade e humanidade", segundo Willer Mamed, é o perfil ideal, aliado ao conhecimento técnico. Isso! Mas alguns velhacos subalternos, são humildes apenas com os patrões, principalmente quando seus chefes ou patrões estão presentes. Aqui, é comum a grosseria, a estupidez dos empregados. Em supermercados, em casas lotéricas e em muitos estabelecimentos comerciais. No entanto, a matéria me surpreendeu, pois sei de muitos casos de empresas que não dispensam determinados funcionários, mal educados, de lua, justamente, pq eles são bons de serviços e bem mandados. Enfim, puxa-sacos dos chefes ou patrões. Eu poderia citar muitos exemplos, e, certamente, todos nós, consumidores, temos sido bem maltratados no comércio, em repartições públicas, etc. Mas, vou citar somente um exemplo: num prédio comercial, Rua Curitiba, 545, existe um recepcionista, que tem, no mínimo, 25 anos de casa. Bem, pelo menos até o ano passado, ele trabalhava no prédio. Neste ano, não passei perto do local. O cara é super sem educação. Me destratou, numa atitude das mais estúpidas. E sei de outras pessoa que ele também destratou. E o baixinho, feioso, envelhecido, deve ter prestígio com a sua chefia. Provavelmente, é desses que faz tudo o que o chefe pede (manda)... não importa de trabalhar no seu dia de folga... sempre pronto a fazer horas extras... Impressionante... até mesmo pelo fato dele ainda estar vivo. Ele tem muita sorte de nunca ter levado um tiro. Coisas do Brasil.
Responder - 13 - 4 - 3:14 PM Apr 13, 2014
Fuentes
Verdade... aqui em Minas Gerais, sobretudo BH, posso atestar sem medo de questionamentos ou críticas, que de uma maneira bem generalizada, as pessoas que trabalham no comércio atendem super mal seus clientes (seus não, das lojas às quais estas bestas humanas "trabalham"). São péssimamente mal educados, descontrolados, sem treinamento algum para desempenhar suas funções... efim. Faço minhas as palavras do Jekyll & Hyde.
Responder - 1 - 0 - 7:30 AM Apr 14, 2014
João Carlos
Querem funcionários comprometidos pagando salário mínimo? HA HA HA.
Responder - 3 - 0 - 8:12 AM Apr 14, 2014
O Tempo, Belo Horizonte, 13/04/14, http://www.otempo.com.br/capa/economia/n%C3%A3o-basta-ser-bom-de-servi%C3%A7o-tem-que-saber-se-comportar-1.822820.
Comentários de A Proibida do LinkedIn
Não basta ser bom de serviço para quem já é e se importa em ser. E para quem não tem humildade, humor, honestidade e humanidade, não basta nem é necessário. Aqui, como cada vez mais acontece no Brasil, os comentários são mais notícia que a matéria jornalística.
O aquecimento da economia com justiça social e o acesso mais fácil ao ensino superior para os alunos medíocres da escola pública tornaram as empresas menos tolerantes aos funcionários cansados de tolerar cafajestagem de colega medíocre e chefe escroto em troca de salário baixo pago com cara de cu. E também levou mais gente medíocre para o empreendedorismo. Mas com a presença cada vez maior da mulher e do negro de família pobre no mercado de trabalho, isto vai melhorar. Depois de eliminarem profissionais exemplares e qualificados no processo seletivo ou na fofoca, eles vão guerrear os medíocres contra os não-medíocres.
E certa vez uma professora foi demitida da escola porque tirou uma foto de biquíni e mesmo mostrando o currículo (vitae) em mais de 2500 empresas, não conseguiu vaga. Poxa, Departamento de Recursos Humanos, falta de mão de obra qualificada e vocês com essas picuinhas? E se vocês mandam uma pessoa excelente pra concorrência e o concorrente nos quebra?
E não se esqueça de que não basta competência. Sem o perfume certo e a roupa certa na entrevista, o entrevistador não vai avaliar a sua competência. Com beleza, você mulher vai ser prejudicada por entrevistadora mulher. E depois de conseguir a vaga, você precisa saber conviver com os colegas cretinos, encrenqueiros e ruins de serviço, porque o errado é sempre você.
Apêndice
Professora demitida por posar de biquíni vira atriz pornô
Na indústria pornô, Tiffany Shepherd usa o nome de Leah Lust.
Ela já estrelou cinco filmes. 'É muito profissional', afirmou Tiffany.
Uma professora de biologia que foi demitida no estado da Flórida, nos EUA, depois de posar em fotos picantes, decidiu dar uma guinada na carreira. Tiffany Shepherd, de 31 anos, virou atriz pornô, segundo o jornal norte-americano "New York Daily News".
Tiffany Shepherd, de 31 anos, virou atriz pornô depois que foi demitida da escola em que trabalhava. (Foto: Reprodução/New York Daily News)
Tiffany tinha sido demitida de uma escola na cidade de Port St. Lucie, na Flórida, em abril de 2008. O colégio resolveu despedi-la porque considerou inadequado o fato dela ter posado de biquíni em um barco de pesca. Ela também perdeu a guarda de dois de seus três filhos.
Segundo o periódico, ela decidiu virar atriz pornô porque não conseguiu um novo emprego em sua área, apesar de ter enviado cerca de 2,5 mil currículos. "Não estou particularmente orgulhosa dele. Para ser honesta, eu odeio isso", disse Tiffany.
Na indústria pornográfica, Tiffany Shepherd usa o nome de Leah Lust. Ela já estrelou cinco filmes. "É muito profissional", afirmou.
G1, São Paulo, 02/09/09, http://g1.globo.com/Noticias/PlanetaBizarro/0,,MUL1290213-6091,00-PROFESSORA+DEMITIDA+POR+POSAR+DE+BIQUINI+VIRA+ATRIZ+PORNO.html
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