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quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

O assunto é sexo

Abigail Pereira Aranha
Pros homens moralistas ou cafajestes
Por que só homem pode gostar de sexo? Por que se a mulher disser "eu gosto de sexo" parece que é a mesma coisa dela falar "eu sou uma puta de beira de estrada que aceita tudo"? Se a mulher transa com você sem estar casada ela é pior? Ela é puta, vagabunda, galinha? E vale menos por isso? E até a prostituta mesmo, o que ela tem de pior? Só porque ela não é uma lerda que vive em função do marido, dos filhos e da igreja?
Você acha mesmo que existe mulher pra se divertir e mulher pra casar? Só de a sua filha ou irmã estar namorando você fica cheio de cuidados? E se ela der mesmo pro namorado? Ou pra ele e mais um amigo (ou uns amigos)? Ou pra um cara que é só um amigo, um conhecido, ou até que conheceu agora na rua? Ela engravidar sem querer ou pegar uma doença concordo que é um problema sério mesmo, mas fora isso o que tem de mais? E a sua namorada (ou esposa), se ela transar com outro qual é o problema? E você tem amante ou já ficou com outra quando já estava com ela?
Pros homens que prestam
Respeito à mulher significa pau mole? Por que você não pode se excitar com uma mulher sem deixar de ser um homem que presta? Você vê uma mulher gostosa com uma roupa que mostra o corpo em um comercial ou um programa de televisão. Pode ser apelação por falta de conteúdo, mas e a parte da moça? Será que você ser hétero é você ser cúmplice da objetificação da mulher? Parece que gostar de mulher é como arrotar num jantar de família.
Aliás, será que a sua heterossexualidade só serve pra você ser humilhado por imbecis que "protegem" a irmã ou a filha? E protegendo de quê? De uma foda que vai ser boa pra vocês dois?
Agora pras mulheres
Sexo tem que ser sempre com o nosso amado maridinho? E se ele não for nem bonito nem uma pessoa tratável, o seu marido é esse mesmo e pronto? Eu não estou nem pensando se ele chifra ou não.
Tem muita mulher que enche a boca pra falar que não se preocupa com a opinião dos outros, mas não conversa com homem pra ninguém ver e pensar mais coisas do que está vendo, deixa o namorado proibi-la de sair, quer casar só pra não ficar sozinha, quer engravidar pra não ficar sem filho, etc.
Aliás, você mulher gosta mesmo de sexo? Você sabe admirar um homem bonito? Você gosta como? Pau grande, ou pode ser médio? Louro, moreno, negro? Alto, baixo? Musculoso, robusto ou pode ser magro? E não me venha com aquela de que importante é ele ser romântico, carinhoso, etc. O carinho é importante sim, mas você está com vergonha de falar do que gosta? Ou nem gosta de sexo?
E por que não com dois, ou três, ou quatro? Por que não com algum homem que não seja seu marido? E por que não transar com um rapaz jovem se você é de mais idade? Por que não uma troca de casais com uns amigos?
Eu, Abigail
Eu tenho 15 anos e um ano e pouco de safadeza. Não sou puta de zona, não sou tarada, não sou doente. Não faço programa, não dou pra qualquer um, eu sou seletiva, olho mais o caráter e a inteligência mais até do que a beleza. Mas se eu vejo um homem gostoso, eu quero ir nele e ver no que dá. Se o cara é idiota, eu não insisto mais. Se der só uma amizade sem sexo, pode ser (às vezes, ele não quer ou eu sinto que não vai prestar). Mas se além de bonito e gostoso o homem é inteligente e topa me comer, aí o sexo tem que sair de qualquer jeito, nem que seja outro dia.
E além de gostar de sexo eu sou atéia e leio um bocado, sempre que eu acho uma coisa boa pra ser lida, impressa ou na internet. Gosto de fazer amizades com pessoas interessantes. Gosto de cozinhar e cuidar de crianças. Não gosto de novela, não gosto de fanático religioso, não gosto de gente burra que gosta de ser burra. Tem um monte de coisa que eu gosto e não gosto, é só pra mostrar que eu sou mais que um corpo. E quando eu digo que eu sou mais que um corpo eu não quero dizer que eu tenho horror a sexo, igual muitas mulheres têm.
E você, o que você acha?

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

A família é a base da sociedade

Abigail Pereira Aranha
Não é que toda família é ruim. Se os seus pais, seus filhos, seu cônjuge são pessoas agradáveis, você tem que ser amigo, ter respeito, fazer coisas boas junto. Mas isso é sorte. Você já ouviu falar que a família é a base da sociedade? É verdade, a família é a base desse mundinho que a gente vive.
1. Na família, nós aprendemos uma religião. Se você acredita que existe um deus, ou que pode existir um, é só porque você foi ensinado desde pequeno.
2. Na família, nós aprendemos que devemos baixar a cabeça pra qualquer cretino só porque é pai, irmão mais velho, policial, político, padre, etc. Mérito, argumentos e caráter estão em segundo lugar.
3. Na família, você aprende a duplicidade moral, a incoerência, a hipocrisia. Mesmo que veja um discurso com grande valor moral.
4. Na família, o pai bate na mãe e os dois batem nos filhos pra descontar os problemas, como patrão ordinário, privações, insatisfação no sexo.
5. Na família, você tem alguém pra controlar a sua vida.
6. Na família, é mais difícil pensar e estar com quem pensa diferente. Na Inquisição, por exemplo, os católicos tinham o "dever" de denunciar os hereges da própria casa.
7. Na família, quem trabalha fica mais preso ainda ao trabalho porque tem alguém que depende dele. E fora quando a mulher quer que o marido compre coisa que não precisa, os filhos passam 40 minutos no chuveiro,...
8. O casamento é um jeito pra mulher que não tem vergonha na cara montar nas costas de um homem e o único jeito do homem fazer sexo em paz. Aí a mulher usa o sexo apenas pra conseguir coisas do homem e o homem trabalha mais pra ajuntar dinheiro pra atrair as mulheres.
9. A família torna o sexo mais difícil para todos.
10. Quem não forma uma família, a sociedade olha diferente.
Não é o caso de se divorciar ou morar sozinho (tem vezes que é). Mas o negócio é não deixar a sua família te atrapalhar de viver nem tentar gostar de quem não merece ser gostado.

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

O Cristianismo envergonhado

Há alguns séculos atrás falavam que os não-brancos e os não-cristãos eram sem moral, sem princípios, devassos, com parte com o Diabo e coisas assim. Negros, índios, mouros eram exterminados e escravizados em nome da superioridade dos cristãos sobre o resto da humanidade. A Igreja dizia por exemplo que os judeus eram responsáveis pela morte de Cristo, entre outras coisas. Agora a Igreja reconhece que é formada de pessoas imperfeitas. Claro, agora que todo mundo sabe que os sacerdotes cristãos se envolvem em escândalos (sexuais, financeiros, etc.), que os políticos cristãos não são nenhum modelo de ética e competência, que os patrões cristãos tratam mal seus empregados, etc.

Agora a Igreja busca provas ao seu favor fora da fé. No século XX / XXI! Se a fé cristã tinha algum fundamento em fatos, porque tantos livros contrários foram destruídos e tantos cientistas e pessoas que pensavam foram ameaçados ou então mortos? Ninguém censura, persegue e mata quando está do lado da verdade, pelo contrário. O papa Pio XII disse em um congresso de História em 1955 que "a existência de Jesus Cristo não concerne à História, mas à fé". 1955 anos depois de Cristo! Isso é coisa pra um cristão dizer sobre a base da sua religião? E não um cristão qualquer, mas o chefe da Igreja? Depois de tanto tempo? Não é prova de que não há nada de verdade no Cristianismo?

Agora a Igreja quer que o cristão estude a Bíblia. Será? A leitura da Bíblia era proibida até poucas décadas e já foi motivo de morte na fogueira ter uma. Você ainda não entendeu? Por que o Livro Sagrado não podia ser conhecido do povo? Leia bem e confira. Mil contradições (compare, por exemplo, os textos dos evangelhos que falam do mesmo episódio). Erros de História, Geografia, Cultura, Biologia, etc. Não tem um texto onde o Filho de Deus fala que estrelas vão cair do céu (Mateus 24: 29)? Outro onde os alicerces do mundo aparecem (Salmo 18: 15)? Outro onde o coelho é ruminante (Levítico 11: 5)? O Pentateuco, a lei que Moisés recebeu do próprio Deus, manda os judeus matarem vários povos, manda os judeus não se envolverem com não-judeus (pra não conhecerem nada além dos mitos e preconceitos que eram ensinados a eles) e condena à morte adúlteros, filhos desobedientes, quem não acredita em Deus, entre outros. O Velho Testamento tem tantos absurdos que os próprios cristãos dizem que ele é atrasado (que Jesus veio e aboliu a Lei). Já reparou que eles sempre falam de "contexto", tanto no Velho Testamento quanto no Novo, quando alguém fala de absurdos?

Agora a Igreja se preocupa com a dignidade humana. Depois de não ter feito nada que preste pelos pobres, negros, mulheres. A Bíblia manda as mulheres serem submissas aos homens, os servos serem submissos aos senhores (inclusive os maus - 1 Pedro 2: 18), dar a outra face, negar a si mesmo, fugir dos prazeres. Quem chega a algum lugar desse jeito? Se Deus quisesse nos dar algo que se parecesse de longe com o Paraíso, não ia exigir que aceitássemos uma vida de cão para chegar lá.

Direitos humanos, direitos da mulher, direitos do trabalhador, nada veio da Bíblia ou da Igreja. Enquanto a humanidade estava progredindo, o Cristianismo nunca foi o herói, nem coadjuvante, nem figurante. Sempre foi o vilão, censurando, perseguindo, destruindo, matando e jogando seu rebanho de ignorantes em cima de quem lutava contra os preconceitos e os absurdos. Mas os cristãos ainda querem levar o mérito pelo desenvolvimento da Ciência, pelas liberdades e tudo que eles fizeram de tudo pra nunca existir.

O mundo saiu das trevas da religião. Não totalmente, há até muito pra caminhar antes de chegarmos em um mundo livre e decente sem os mitos e a opressão de qualquer religião, mas avançamos alguma coisa. E com o progresso que a humanidade experimentou contra a vontade da Igreja, as superstições cristãs estão desmascaradas. Quem pensa e vive fora da tacanhez cristã ainda pode sofrer ameaça, discriminação, isolamento, mas não morre na fogueira como dois séculos e meio atrás. O Cristianismo está envergonhado, pra quem não tiver medo de se esclarecer e pensar.

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Paraíso Concreto

Abigail Pereira Aranha
Enquanto senhoras com doutorado usam o que sabem como arma pra se promoverem, eu falo de coisas importantes dentro do meu primeiro ano de Ensino Médio de escola pública.
Enquanto muitos preferem não saber ou não pensar, eu prefiro refletir e pesquisar.
Enquanto muitos têm medo do que vai acontecer se não agirem como ovelhas, eu resolvi não ser, e descobri que pior que as chamas do Inferno é ele não existir e você tiver aceitado uma vida medíocre por medo.
Enquanto muitos têm trabalho pra fazer, estudo pra terminar, casa pra cuidar, filhos pra criar, bens pra ajuntar, e com isso estão ocupados demais pra dar atenção a quem não pensa como eles, eu tenho a escola e a casa, mas quero o que há de bom da vida.
Enquanto algumas mulheres só não são reprimidas em farras com traficantes ou quando estão entre quatro paredes com seus maridos com bom patrimônio, eu não escondo de ninguém que gosto de sexo.
Enquanto muitas mulheres são fiéis por medo de gravidez e doenças, eu uso camisinha e pronto.
Enquanto muitas mulheres mal conversam com homens pra parecerem "direitas", eu não deixo que quem acha que mulher deve ser dona de casa, empregada, mãe, propriedade dos pais ou do marido me diga como eu devo me comportar, agir, pensar, sentir e viver, ainda mais se elas mesmas são mulheres e têm algo a esconder.
Enquanto muitas mulheres mal admiram um homem atraente discretamente, quando já admiraram um, eu prefiro puxar uma conversa e ver se consigo uma amizade ou sexo (já consegui com vários deles).
Enquanto meninas querem passar dos 50 como donas de casa reprimidas, chefes mal-humoradas ou empregadas submissas, eu quero passar dos 50 sem lamentar nem o que eu fiz nem o que podia ter feito.
Enquanto muitos responsabilizam deuses e demônios, eu assumo os meus erros e não assumo os que não são meus.
Enquanto religiosos oram, eu penso e faço por merecer as coisas boas.
Enquanto alguns se desculpam até quando estão certos, eu só peço perdão quando erro com quem não merece.
Enquanto os religiosos agradecem os seus deuses, eu procuro agradecer as pessoas que merecem.
Enquanto os religiosos reverenciam reis, padres, juízes, patrões, etc. e amam quem os desrespeitam, eu só considero e dou o meu melhor pra quem merece minha consideração.
Enquanto muitos obedecem leis e ordens sem discutir ou pensar, eu não prejudico alguém que acho que não merece por causa delas.
Enquanto muitos procuram aprovação social, eu procuro a aprovação de quem gosta ou pode gostar de mim.
Enquanto alguns jovens pintam o cabelo, usam piercing na sobrancelha, falam um palavrão atrás do outro ou fazem alguma outra coisa pra chamar a atenção, eu penso o que não querem que seja pensado, falo o que não querem que seja falado e faço o que não querem que seja feito e chamo mais a atenção mesmo parecendo uma rezadeira (eu uso roupas discretas na rua, eu só mostro o corpo para os gatinhos).
Enquanto muitos preferem as melhores mentiras, eu prefiro as piores verdades.
Enquanto muitos escolhem uma velhice de alienação, moralismo, religiosidade e hipocrisia, eu decidi chegar aos 15 anos procurando a verdade e sendo atéia, e pretendo ser uma vovozinha com cada vez mais nobreza de espírito.
Enquanto muitos querem destaque com fama, posição social, emprego importante ou poder, eu quero que pessoas sejam mais inteligentes, informadas e felizes porque me ouviram, leram algo que eu escrevi, passaram bons momentos comigo ou por alguma outra coisa que eu fiz por elas.
Enquanto muitos riem de quem não se conforma, eu decidi não entregar nem mais um minuto, centavo ou caloria que eu puder evitar à exploração e à religião, porque sou consciente que são os fiéis que dão vida e bençãos pros seus deuses, e não o contrário.
Enquanto muitos lutam por um Paraíso em outra dimensão, eu construo a felicidade aqui, em um Paraíso Concreto.

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Sexo e alienação

Abigail Pereira Aranha
A gente aprende que o sexo é sujo e vergonhoso, principalmente nós mulheres. A não ser dentro do casamento, mas isso porque o casamento é sagrado, mais sagrado do que o sexo é sujo. E ainda assim, quanto menos prazer melhor.
E o casamento forma a família, que é a base da sociedade. Sem ironia. Ainda vou falar sobre a família em um outro texto. O casamento é um jeito de controlar o homem. Sendo casado, o homem tem uma casa, tem filhos, tem uma família pra cuidar, e por isso está mais sujeito a ser explorado, alienado e desrespeitado. Os casados costumam deixar quando morrem, não um mundo um pouquinho melhor, mas herança, sobrenome e filhos pra substituí-los no trabalho. Repare que homem casado em livro de História é político ou rico. E mulher casada na História é a mulher dele.
E tem a prostituição também. A ilegalidade da prostituição na verdade é a ILEGALIDADE DO SEXO. Ainda vou fazer um texto sobre isso. Mas a prostituta é a mulher com quem o homem insatisfeito sexualmente faz o que a mulher não aceita e ninguém pode saber, e a mulher que ninguém pode saber que ele procura.
Casamento é a posse do sexo, mas essa posse usa mais a alienação do que guardas ou coisa assim. É assim. O homem pode gostar de sexo. Quanto menos melhor, mas pode. O homem aprende que sexo é bom. O homem aprende que quanto mais sexo ele der conta de fazer e quanto mais mulheres ele conseguir mais homem ele é. Aí ele vem atrás de nós mulheres. Mas nós mulheres... não podemos imaginar sexo, não podemos ver sexo, não podemos ouvir falar de sexo, porque mulher aprende que sexo é nojento, horrível. Mulher aprende que se gostar de sexo é puta. E não vamos confundir gostar de sexo com ir pra cama alegremente satisfazer o "seu homem" e ser cheia de frescura com todos os outros. Mas mulher também aprende que casamento é benção. Ou, pelo menos, um bom negócio (dinheiro mesmo). Mulher também aprende que filho é presente de Deus. Então, homens procuram sexo e mulheres procuram casamento e filho. As mulheres aprendem a detestar sexo, então só vão fazer em último caso: ou obrigadas, ou pra conseguir alguma coisa (dinheiro, favor, filho, casamento), ou como quem vai pra forca (sexo por amor não é isso, meu bem?). Então, lá vão os homens pra prostituição ou pro casamento.
Vamos admitir. Pro homem, a única coisa que presta em quase todos os casamentos é sexo seguro (ou, melhor dizendo, covarde), filhos pra continuar o sobrenome e alguém pra cuidar dos filhos e dos bens. Se a mulher quer um homem para bancá-la, ela é trouxa, interesseira ou preguiçosa. Se ela quer um pretexto para transar em paz, casar não resolve, ou até complica mais ainda. Se ela quer filhos, pode até ser bom casar, mas não é preciso prender o pai da criança exigindo fidelidade. Se ela quer prestar uma conta pra sociedade (não ficar pra titia), aí é a maior bobagem.
E porque as mulheres cuidam tanto da aparência e de mostrar os seus lindos corpinhos se não vão dar pra ninguém? Tem mulher que gosta de sair pra rua com uma roupa quase arrebentando de justa ou curtíssima ou com uma blusa com os peitos quase saindo só pros homens olharem e cochicharem como ela é gostosa. E as que não estão com essa bola toda gostariam de estar pra fazer a mesma coisa. Mas ai de quem insinuar de leve na cara dela como ela é gostosa. Mulher assim é muito idiota. Reclama de ser vista como objeto, mas ELA É OBJETO, um corpo pra atiçar os homens e deixar o dono dela (o namorado ou marido cretino) mais orgulhoso, mas um corpo fútil e que tem nojo do sexo. Mostra o corpo fingindo que esconde, pra provocar mesmo. Está quente? É desculpa, porque camiseta e saia dá pra usar no calor. O problema é de quem olha? Quer sair pelada na rua e os outros que virem a cara? Os homens não têm respeito? Respeito por quem? Por uma mocinha reprimida, hipócrita e exibida? Os homens só pensam naquilo? E aquilo é ruim? O lindo corpinho da senhorita é pra ela conseguir um casamento, que prende o homem a ela e ao sistema que consome a vida dele. Depois que ela se casa e tem filhos, pode ficar chata, fresca e horrorosa. Falta tempo pra se cuidar? O trabalho de casa é pesado? Os filhos dão trabalho? Como é que não tinha nada disso quando ela queria ficar bonita e gostosa?
E aquelas mulheres que mostram os seios em público, homens que fazem bundalelê e coisas do tipo? E homens e mulheres que aparecem em páginas pornográficas (e não são atores nem da prostituição) ou tiram fotos eróticas em ambientes mais íntimos? E os que vivem falando palavrões ou fazendo gestos indecentes? Eles são imorais, devassos, pervertidos? Ou pelo menos mais liberais e menos reprimidos que os outros? Nem sempre. Como é que você fica sabendo das fotos ou dos casos, pra começar? Eles que contam? Talvez, se a pessoa for muito sua amiga. Mas quase sempre você fica sabendo porque o caso ficou falado ou alguém tirou a foto e espalhou. A pessoa mesma, pode se achar o cara se for homem. Se for mulher, no dia seguinte não sabe onde estava com a cabeça quando fez aquilo e pede a Deus pra que ninguém se lembre de falar com mais alguém, principalmente com a família ou o namorado. Caso contrário, sua vida estará destruída, porque tentou cumprir o seu papel de mulher de respeito e não conseguiu. Quantas delas não ficavam sozinhas nem com um amigo pra ninguém achar que ela não é uma "mulher honrada"? Ou seja, não ter vergonha do seu corpo foi um tipo de bebedeira moral (às vezes, numa bebedeira mesmo), um momento de lucidez, uma raríssima exceção à regra de repressão. Ou mostrar o corpo foi um jeito de chocar. Não fazendo um protesto contra a moral cristã hipócrita e degradante, mas fazendo um gesto que essa mesma moral acha nojento, portanto quem fez isso pensa como uma beata reprimida qualquer, e fez o que fez na falta de algo melhor para chocar alguém. E esse algo melhor poderia ser justamente estar tão à vontade com a sexualidade quanto quis parecer.
E o homossexualismo? Parece que é mais fácil pra algumas mulheres gostar de mulher que de homem e pra alguns homens gostar de homem que de mulher. Assumir uma sexualidade normal exige coragem, e essas pessoas não têm. Mas as pessoas preferem uma bicha metida ou uma sapatão mal amada do que uma pessoa de bem com a sexualidade e sem frustrações em geral.
Já ouviu falar de sublimação? É você pegar a energia guardada pelo sexo que você não faz e usar pra outras atividades, como estudo ou trabalho. Atividades úteis, dizem. Entendeu, né? Você se esquece que você é uma pessoa sexuada e se faz de máquina de trabalhar. Pensar só naquilo realmente não dá certo, mas achar que pensar em sexo é falta do que fazer também é ruim. Faz mal, eu mesma já tive gente já falou comigo que sou uma pessoa mais alegre, mais bem-humorada porque eu não me reprimo sexualmente.
Você era uma beata reprimida (chamada também de mulher honesta, direita, pura,...) e achava que era uma mulher de qualidades, dona do seu próprio corpo e que pensava por si? Primeiro você se tornou incapaz de fazer sexo por prazer. Depois, vendo algo tão natural e gostoso como indesejável, você se tornou capaz de abrir mão do seu próprio bem-estar. É bem sabido que mulheres que se reprimem sexualmente ficam mais mal-humoradas e trabalham mais (Isso é bom? Pra quem, meu bem?). Por sua causa homens tentam ganhar mais dinheiro, perdendo mais da sua vida no trabalho. Você, mulher honrada (como se gostar de sexo fosse desonra) é responsável pelos males do mundo, não por ser descendente de Eva (Gênesis 3: 17, Provérbios 31: 3, 1 Coríntios 11: 3, 1 Timóteo 2: 13, 14), mas por seguir os padrões religiosos. Aqueles padrões que você engole pensando que são pensamentos seus. Aquela moral absurda e hipócrita enlatada que você acha que é um padrão vindo dos céus.
E o ciúme? Você homem primeiro se acha dono ou protetor das suas filhas, das suas irmãs, da sua esposa, do seu marido. Aí você não deixa ninguém chegar perto. Você está ajudando o sistema que fez você próprio frustrado na criação de uma falta de sexo, pra que ele o use do jeito que lhe convém. E você achando que está protegendo alguém. E fora que o trabalhador, que não é dono de quase nada além do corpo com que ele trabalha, fica sendo dono de alguma coisa. Isso acalma, né?
Os inocentes acham que têm uma virtude ao ter vergonha ou nojo de um prazer legítimo e natural. Pobres dos jovens cristãos que acham que decidiram pela castidade por si mesmos. Se um dia eles descubrirem a verdade, vão ter tanto de que se arrepender. Falo isso de experiência própria.

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Quem está querendo me reprimir?

Abigail Pereira Aranha

Ontem, eu estava na aula de Geografia e a professora disse alguma coisa sobre a sociedade reprimir a sexualidade da mulher, e isso nem tinha a ver com o assunto da aula. Mas quando ela disse aquilo, eu me lembrei de um caso que aconteceu comigo e quase nem prestei atenção ao que ela falava. Eu estou no primeiro ano do Ensino Médio. Aí, eu estava estudando Física com um rapaz de outro primeiro ano da minha escola na casa dele. Ele já tinha feito uma prova e tinha ido muito melhor. Um dia, o pai dele chegou mais cedo em casa e pegou a gente sem roupa no sofá. A gente tinha transado, mas estava estudando. Só que estávamos pelados, eu com porra nos seios. Nem vimos ele entrando. Ele deu uma bronca na gente, falou que a gente estava de vadiagem (ou seja, se esqueceu de como o filho dele estava indo bem depois de ter começado a estudar comigo), me xingou de assanhada pra baixo, mas ficou à distância. E enquanto ele estava falando, chegou a mãe. O pai teve de segurar a velha pra ela não bater na gente. Ela falava até em me partir no meio (e ela é magrinha, eu sou robusta e um pouco mais alta que ela). O pai estava p da vida e conseguiu acalmar a mãe que estava mais p ainda. E o casal é amigo dos meus pais, o meu pai conhecia o pai do rapaz. Os pais dele encontraram o meu na rua, o meu pai percebeu que eles estavam meio sem jeito, eles iam contar, o meu pai disse que já sabia porque eu tinha contado pra ele. A mãe disse que tinha muita consideração pelo meu pai, mas me xingou de tudo que é nome (isso pelo que ele me contou). O pai do rapaz não disse nada (ia dizer mais o quê?). Me lembrei disso, aí eu comentei, quando vi já tinha falado: o Josué do 1º D saiu da escola por causa da mãe, porque ela me pegou pelada com ele em casa, pelo pai ele teria ficado. Aí que a professora se lembrou de voltar ao assunto da aula.

Eu sei que se naquele caso fosse eu a filha do casal, eu ia apanhar dos dois. Eu sei também que em outro país ou no Brasil mesmo em outra época, eu não ia só apanhar. Mas eu sei melhor ainda, exatamente porque eu tenho uma experiência sexual, que alguma coisa está errada nessa conversa de que a sociedade reprime a sexualidade da mulher. Vou explicar por pontos.

1. Eu conheço vários homens maravilhosos e transo com alguns deles, mas sempre que eu estou com eles um pouco mais de tempo, é escondido. Não é só o sexo, é até quando eles me convidam pra fazermos um lanche juntos. E não é só quando ele é um homem casado, ou quando a família dele não gosta de mim. É até com colegas de escola, adolescentes como eu.

2. Quando eu ouvi ou li alguém dizer que, para a sociedade, o homem que pega todas é garanhão e a mulher que sai com dois é desclassificada, ou que o homem que é virgem aos 17 anos é condenado porque é virgem e a mulher que não é virgem aos 17 anos é condenada porque não é virgem, quase sempre esse alguém é homem. Entendeu? Se a sociedade é dominada pelos homens e os homens determinam esse tipo de pensamento, por que quase sempre também são homens que denunciam isso?

3. Nunca uma mulher dessas que falam em sociedade machista falsa moralista conversou comigo sobre isso. Aliás, mal nos falamos. Mas vários homens já tocaram no assunto comigo.

4. Todo homem (já teve velho e já teve novo) que me pergunta por alguma garota ou mulher que a escola ou a vizinhança conhece como uma baita piranha, eu tenho que explicar que ela conversa comigo menos do que ele, isso quando ela não me odeia. As piranhas se encontram e até dividem os homens que ficam com elas, eu que fico de fora da turma delas, nem eu quero entrar nem elas me querem dentro.

5. Mesmo que a prostituição ou a pornografia sejam mal vistas, elas têm clientes. Quase todos homens. Os mesmos que dizem que determinam a sociedade.

6. Por que quase nenhuma prostituta ou ex-prostituta defende o que faz como quem, no mínimo, não fez nada de errado, mas toda mulher que se casou ou tem um amante por interesse, e está na cara que foi, não só assume como diz que não pode ser condenada por isso?

7. Por que várias atrizes pornôs famosas saem da profissão dizendo mentiras horrorosas sobre a pornografia? Por que várias mulheres que fizeram fotos ou filmes eróticos ou pornográficos só uma ou duas vezes dão entrevistas se dizendo arrependidas, envergonhadas, que fizeram aquilo por necessidade?

8. Por que, no caso da pergunta anterior, nenhuma filósofa, socióloga, mulher política ou mulher feminista aparece para comentar, se lembrando delas com carinho, ou até com elogios pela coragem, como vários homens já fizeram? Apesar de que, devo registrar, muitos homens dentro de grupos de troca de material pornográfico tratam aquelas moças como se valessem menos.

9. A sociedade não é feita de mulheres e homens? A sociedade não é feita de solteiros e casados? A sociedade não é feita de velhos e jovens, dos quais alguns são simpáticos e bem resolvidos, outros são antipáticos e frustrados? Como, então, uma sociedade pode trabalhar junta em uma coisa contra metade dela mesma?

10. Por que eu nunca encontrei um homem que diz que a mulher que não guarda a castidade não vale nada de dia e me come à noite? Porque eu só transo com homens bonzinhos, coerentes e não machistas? E se for? Só eu posso achar homens assim?

11. Por que sempre que eu ouço uma mulher falar em liberdade sexual é pra ela defender o aborto, defender o lesbianismo, atacar o Cristianismo (eu sou atéia, diga-se de passagem) ou desconversar sobre piranhagem com playboy ou vagabundo?

12. Por que eu sou a primeira mulher e adolescente da história da humanidade a usar a liberdade sexual para ter e dar prazer com dezenas de homens maravilhosos como pessoas, mas tratados como burros de carga ou inconvenientes pelas outras mulheres?

Eu prefiro não tentar dar resposta pra isso agora. É só pra você ir pensando.

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Eu fui (ou sou) prostituta (ou atriz pornô), onde está o problema?

Abigail Pereira Aranha

Quantas vezes nós ouvimos uma ex-prostituta, uma ex-atriz pornô ou uma mulher que fez um ensaio erótico dizer isso? Bom, gente, eu ainda não fiz essa carreira profissional. Até porque eu só tenho 15 anos. Preconceito da sociedade contra a mulher que tem uma foto seminua num calendário, que fez um material pornográfico, que é prostituta? Mesmo que este preconceito exista, quem não tem este preconceito? Pelo menos aparentemente, entre as pessoas que não vêem uma prostituta ou uma mulher pelada como pior ou com menos dignidade que as outras mulheres, não estão elas mesmas.

E se a sua mãe ou uma irmã sua fosse prostituta, ou posasse para uma revista pornô, ou fizesse um filme pornô? Ou, você poderia perguntar, se fosse a minha mãe ou uma irmã minha? A idéia por trás da pergunta é que existe algum problema, ou alguma coisa condenável, ou alguma coisa depreciativa nisso. Mas qual é essa coisa?

Vamos supor que seja verdade que prostitutas são reféns de criminosos e agredidas por clientes, que as atrizes pornôs são mantidas em cativeiro, que as mulheres que posam para revistas pornográficas recebem drogas. Pra começar, se uma mulher só faz sexo com um homem se ela for ameaçada, drogada ou casada, ela é lésbica. Mas ela pode estar na prostituição ou na pornografia porque gosta, ou encontrar homens com quem ela gosta de estar? Mas mesmo assim, ela está sempre em alguma situação degradante, como cativeiro ou vício em drogas, ou pode não estar? Se sim, ela pode sair da degradação sem sair da prostituição ou da pornografia? Se não, se a mulher pode escolher os homens, se ela pode ter segurança contra homens agressivos, se ela pode ser respeitada, se ela pode até conseguir um sexo bom para ela mesma, onde está o problema?

Ah, e você deve ter notado na última pergunta que eu pensei na hipótese de uma mulher ser respeitada como prostituta por um cliente, ou como atriz pornô ou modelo erótica pelos colegas homens, pela produção ou pelos homens que vão ver o trabalho. Quem pensou um absurdo é quem não consegue juntar sexo ou heterossexualidade de um homem com respeito a uma mulher com quem ele não é casado. Quem pensa isso ou é um homem que além de débil mental é um infeliz, ou é uma mulher neurótica, além de também débil mental e infeliz. E os dois com problemas sexuais, tanto na idéia que têm do sexo quanto na vida sexual em quantidade e qualidade.

Ah, um momento, nós vemos ex-prostitutas, ex-atrizes pornôs, ex-modelos de material erótico, sim. Uma ou outra, quase sempre em igrejas, e pregando contra a prostituição e a pornografia, dizendo como a vida delas por lá foi horrível. Isso quando não estão ativas no trabalho do Senhor, casadas com um homem da igreja, sem dar um sinalzinho da vida passada. E por que toda coroa que prega contra a prostituição e a pornografia tem cara de quem nunca tocaria um homem na vida se pudesse?

Mesmo que exista um preconceito da sociedade contra prostitutas ou mulheres que fazem trabalhos eróticos ou pornográficos, quem seria melhor pra provar como é estúpido discriminar uma excelente candidata a um emprego de médica só porque ela fez um filme pornográfico do que uma excelente médica que assume que fez um filme pornográfico? Ah, e sociedade não tem homens e mulheres, jovens e velhos, solteiros e casados? De quem essa médica tem de esconder o "passado", dos que gostam de pornografia, e do trabalho dela, ou dos que odeiam a pornografia? Quem seria melhor pra mostrar que uma atriz pornô ou uma mulher que posou seminua para um calendário pode ser inteligente e altruísta do que uma mulher inteligente e altruísta que não tem vergonha de ter sido atriz pornô ou ter posado seminua para um calendário? Quem seria melhor pra mostrar que uma prostituta ou uma mulher que fez fotos nua não é menos respeitável que a sua irmã ou a sua mãe: uma prostituta ou uma mulher que fez fotos nua que não é menos respeitável que a sua irmã ou a sua mãe, ou uma "ex-profissional" que faz pregação de falta de orgasmo disfarçada de ajuda a supostas vítimas do crime organizado?

Saber que a prostituição e a pornografia são quase as únicas possibilidades para homens pobres honestos de ter um sexo razoável ou até de ver um corpo feminino antes dos 25 anos pode ajudar a achar algum sentido nessa coisa toda. Digo homens pobres honestos porque homens pobres bandidos ainda têm mulheres que se oferecem pra eles. A questão que eu gostaria de trazer aqui não é por que, por exemplo, uma stripper é vergonha para a família, mas a ninfeta que se casou com um homem 40 anos mais velho claramente por interesse não é. A questão é por que a stripper age como se tivesse do que se envergonhar e a ninfeta interesseira age como se não tivesse. Ou por que uma garota de 15 anos estufa o peito quando mora junto com um vagabundo, mas uma universitária não quer que descubram que ela posou para uma revista erótica. Ou por que uma atriz finge que ninguém sabe que ela só teve uma carreira de sucesso porque é parente ou foi namorada de alguém famoso ou influente, mas esconde as cenas sensuais que já fez em um filme, ou esconderia se tivesse feito. Uma coisa é a mulher não poder assumir que é prostituta, que está na pornografia, que fez material erótico ou sensual onde isso é ilegal. Outra coisa é ela não assumir como se isso fosse vergonhoso, ou pior, como se isso fosse mais vergonhoso do que o que é vergonhoso de verdade.

A prostituição e a pornografia (embora a pornografia nem tanto) parecem ser os únicos trabalhos em que as pessoas mais qualificadas fogem e as menos qualificadas entram. Que muitas prostitutas não sejam bonitas nem tenham corpos exuberantes, a gente pode até desculpar pela estatística, embora todas as poucas mulheres assim que conhecemos da nossa convivência sejam casadas com babacas possessivos, casadas com otários manipulados que se acham os bons, namoradas de vagabundos ou, digamos, prostitutas não-declaradas. Mas é difícil achar uma prostituta que não seja velha, feia de corpo, viciada em drogas, alcoólatra ou horrível de trabalho. E este último, pelo que eu ouço dos meus amigos homens e por aí, parece padrão, atender de má vontade cobrando o mais caro possível (ou o pior possível pelo preço combinado). Como regra tanto na prostituição quanto na pornografia (onde a qualidade das profissionais é menos ruim), as mulheres entram porque não têm outra opção para conseguir dinheiro, ou para conseguir dinheiro rápido e cair fora rápido. Mas o preocupante é que não é só o universo feminino que trata oferecer sexo para um homem comum, nem que seja em cenas só para ele ver, como uma degradação. O preocupante é que o universo das mulheres da prostituição e da pornografia veja o que faz como degradação, mesmo atendendo homens comuns de bom caráter. Parece que é uma vergonha na visão das próprias mulheres "divertir" homens pobres honestos.

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