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quarta-feira, 6 de dezembro de 2006
O assunto é sexo
quinta-feira, 16 de novembro de 2006
A família é a base da sociedade
quinta-feira, 26 de outubro de 2006
O Cristianismo envergonhado
Há alguns séculos atrás falavam que os não-brancos e os não-cristãos eram sem moral, sem princípios, devassos, com parte com o Diabo e coisas assim. Negros, índios, mouros eram exterminados e escravizados em nome da superioridade dos cristãos sobre o resto da humanidade. A Igreja dizia por exemplo que os judeus eram responsáveis pela morte de Cristo, entre outras coisas. Agora a Igreja reconhece que é formada de pessoas imperfeitas. Claro, agora que todo mundo sabe que os sacerdotes cristãos se envolvem em escândalos (sexuais, financeiros, etc.), que os políticos cristãos não são nenhum modelo de ética e competência, que os patrões cristãos tratam mal seus empregados, etc.
Agora a Igreja quer que o cristão estude a Bíblia. Será? A leitura da Bíblia era proibida até poucas décadas e já foi motivo de morte na fogueira ter uma. Você ainda não entendeu? Por que o Livro Sagrado não podia ser conhecido do povo? Leia bem e confira. Mil contradições (compare, por exemplo, os textos dos evangelhos que falam do mesmo episódio). Erros de História, Geografia, Cultura, Biologia, etc. Não tem um texto onde o Filho de Deus fala que estrelas vão cair do céu (Mateus 24: 29)? Outro onde os alicerces do mundo aparecem (Salmo 18: 15)? Outro onde o coelho é ruminante (Levítico 11: 5)? O Pentateuco, a lei que Moisés recebeu do próprio Deus, manda os judeus matarem vários povos, manda os judeus não se envolverem com não-judeus (pra não conhecerem nada além dos mitos e preconceitos que eram ensinados a eles) e condena à morte adúlteros, filhos desobedientes, quem não acredita em Deus, entre outros. O Velho Testamento tem tantos absurdos que os próprios cristãos dizem que ele é atrasado (que Jesus veio e aboliu a Lei). Já reparou que eles sempre falam de "contexto", tanto no Velho Testamento quanto no Novo, quando alguém fala de absurdos?
Direitos humanos, direitos da mulher, direitos do trabalhador, nada veio da Bíblia ou da Igreja. Enquanto a humanidade estava progredindo, o Cristianismo nunca foi o herói, nem coadjuvante, nem figurante. Sempre foi o vilão, censurando, perseguindo, destruindo, matando e jogando seu rebanho de ignorantes em cima de quem lutava contra os preconceitos e os absurdos. Mas os cristãos ainda querem levar o mérito pelo desenvolvimento da Ciência, pelas liberdades e tudo que eles fizeram de tudo pra nunca existir.
terça-feira, 24 de outubro de 2006
Paraíso Concreto
quinta-feira, 19 de outubro de 2006
Sexo e alienação
terça-feira, 5 de setembro de 2006
Quem está querendo me reprimir?
Abigail Pereira Aranha
Ontem, eu estava na aula de Geografia e a professora disse alguma coisa sobre a sociedade reprimir a sexualidade da mulher, e isso nem tinha a ver com o assunto da aula. Mas quando ela disse aquilo, eu me lembrei de um caso que aconteceu comigo e quase nem prestei atenção ao que ela falava. Eu estou no primeiro ano do Ensino Médio. Aí, eu estava estudando Física com um rapaz de outro primeiro ano da minha escola na casa dele. Ele já tinha feito uma prova e tinha ido muito melhor. Um dia, o pai dele chegou mais cedo em casa e pegou a gente sem roupa no sofá. A gente tinha transado, mas estava estudando. Só que estávamos pelados, eu com porra nos seios. Nem vimos ele entrando. Ele deu uma bronca na gente, falou que a gente estava de vadiagem (ou seja, se esqueceu de como o filho dele estava indo bem depois de ter começado a estudar comigo), me xingou de assanhada pra baixo, mas ficou à distância. E enquanto ele estava falando, chegou a mãe. O pai teve de segurar a velha pra ela não bater na gente. Ela falava até em me partir no meio (e ela é magrinha, eu sou robusta e um pouco mais alta que ela). O pai estava p da vida e conseguiu acalmar a mãe que estava mais p ainda. E o casal é amigo dos meus pais, o meu pai conhecia o pai do rapaz. Os pais dele encontraram o meu na rua, o meu pai percebeu que eles estavam meio sem jeito, eles iam contar, o meu pai disse que já sabia porque eu tinha contado pra ele. A mãe disse que tinha muita consideração pelo meu pai, mas me xingou de tudo que é nome (isso pelo que ele me contou). O pai do rapaz não disse nada (ia dizer mais o quê?). Me lembrei disso, aí eu comentei, quando vi já tinha falado: o Josué do 1º D saiu da escola por causa da mãe, porque ela me pegou pelada com ele em casa, pelo pai ele teria ficado. Aí que a professora se lembrou de voltar ao assunto da aula.
Eu sei que se naquele caso fosse eu a filha do casal, eu ia apanhar dos dois. Eu sei também que em outro país ou no Brasil mesmo em outra época, eu não ia só apanhar. Mas eu sei melhor ainda, exatamente porque eu tenho uma experiência sexual, que alguma coisa está errada nessa conversa de que a sociedade reprime a sexualidade da mulher. Vou explicar por pontos.
1. Eu conheço vários homens maravilhosos e transo com alguns deles, mas sempre que eu estou com eles um pouco mais de tempo, é escondido. Não é só o sexo, é até quando eles me convidam pra fazermos um lanche juntos. E não é só quando ele é um homem casado, ou quando a família dele não gosta de mim. É até com colegas de escola, adolescentes como eu.
2. Quando eu ouvi ou li alguém dizer que, para a sociedade, o homem que pega todas é garanhão e a mulher que sai com dois é desclassificada, ou que o homem que é virgem aos 17 anos é condenado porque é virgem e a mulher que não é virgem aos 17 anos é condenada porque não é virgem, quase sempre esse alguém é homem. Entendeu? Se a sociedade é dominada pelos homens e os homens determinam esse tipo de pensamento, por que quase sempre também são homens que denunciam isso?
3. Nunca uma mulher dessas que falam em sociedade machista falsa moralista conversou comigo sobre isso. Aliás, mal nos falamos. Mas vários homens já tocaram no assunto comigo.
4. Todo homem (já teve velho e já teve novo) que me pergunta por alguma garota ou mulher que a escola ou a vizinhança conhece como uma baita piranha, eu tenho que explicar que ela conversa comigo menos do que ele, isso quando ela não me odeia. As piranhas se encontram e até dividem os homens que ficam com elas, eu que fico de fora da turma delas, nem eu quero entrar nem elas me querem dentro.
5. Mesmo que a prostituição ou a pornografia sejam mal vistas, elas têm clientes. Quase todos homens. Os mesmos que dizem que determinam a sociedade.
6. Por que quase nenhuma prostituta ou ex-prostituta defende o que faz como quem, no mínimo, não fez nada de errado, mas toda mulher que se casou ou tem um amante por interesse, e está na cara que foi, não só assume como diz que não pode ser condenada por isso?
7. Por que várias atrizes pornôs famosas saem da profissão dizendo mentiras horrorosas sobre a pornografia? Por que várias mulheres que fizeram fotos ou filmes eróticos ou pornográficos só uma ou duas vezes dão entrevistas se dizendo arrependidas, envergonhadas, que fizeram aquilo por necessidade?
8. Por que, no caso da pergunta anterior, nenhuma filósofa, socióloga, mulher política ou mulher feminista aparece para comentar, se lembrando delas com carinho, ou até com elogios pela coragem, como vários homens já fizeram? Apesar de que, devo registrar, muitos homens dentro de grupos de troca de material pornográfico tratam aquelas moças como se valessem menos.
9. A sociedade não é feita de mulheres e homens? A sociedade não é feita de solteiros e casados? A sociedade não é feita de velhos e jovens, dos quais alguns são simpáticos e bem resolvidos, outros são antipáticos e frustrados? Como, então, uma sociedade pode trabalhar junta em uma coisa contra metade dela mesma?
10. Por que eu nunca encontrei um homem que diz que a mulher que não guarda a castidade não vale nada de dia e me come à noite? Porque eu só transo com homens bonzinhos, coerentes e não machistas? E se for? Só eu posso achar homens assim?
11. Por que sempre que eu ouço uma mulher falar em liberdade sexual é pra ela defender o aborto, defender o lesbianismo, atacar o Cristianismo (eu sou atéia, diga-se de passagem) ou desconversar sobre piranhagem com playboy ou vagabundo?
12. Por que eu sou a primeira mulher e adolescente da história da humanidade a usar a liberdade sexual para ter e dar prazer com dezenas de homens maravilhosos como pessoas, mas tratados como burros de carga ou inconvenientes pelas outras mulheres?
Eu prefiro não tentar dar resposta pra isso agora. É só pra você ir pensando.
terça-feira, 22 de agosto de 2006
Eu fui (ou sou) prostituta (ou atriz pornô), onde está o problema?
Abigail Pereira Aranha
Quantas vezes nós ouvimos uma ex-prostituta, uma ex-atriz pornô ou uma mulher que fez um ensaio erótico dizer isso? Bom, gente, eu ainda não fiz essa carreira profissional. Até porque eu só tenho 15 anos. Preconceito da sociedade contra a mulher que tem uma foto seminua num calendário, que fez um material pornográfico, que é prostituta? Mesmo que este preconceito exista, quem não tem este preconceito? Pelo menos aparentemente, entre as pessoas que não vêem uma prostituta ou uma mulher pelada como pior ou com menos dignidade que as outras mulheres, não estão elas mesmas.
E se a sua mãe ou uma irmã sua fosse prostituta, ou posasse para uma revista pornô, ou fizesse um filme pornô? Ou, você poderia perguntar, se fosse a minha mãe ou uma irmã minha? A idéia por trás da pergunta é que existe algum problema, ou alguma coisa condenável, ou alguma coisa depreciativa nisso. Mas qual é essa coisa?
Vamos supor que seja verdade que prostitutas são reféns de criminosos e agredidas por clientes, que as atrizes pornôs são mantidas em cativeiro, que as mulheres que posam para revistas pornográficas recebem drogas. Pra começar, se uma mulher só faz sexo com um homem se ela for ameaçada, drogada ou casada, ela é lésbica. Mas ela pode estar na prostituição ou na pornografia porque gosta, ou encontrar homens com quem ela gosta de estar? Mas mesmo assim, ela está sempre em alguma situação degradante, como cativeiro ou vício em drogas, ou pode não estar? Se sim, ela pode sair da degradação sem sair da prostituição ou da pornografia? Se não, se a mulher pode escolher os homens, se ela pode ter segurança contra homens agressivos, se ela pode ser respeitada, se ela pode até conseguir um sexo bom para ela mesma, onde está o problema?
Ah, e você deve ter notado na última pergunta que eu pensei na hipótese de uma mulher ser respeitada como prostituta por um cliente, ou como atriz pornô ou modelo erótica pelos colegas homens, pela produção ou pelos homens que vão ver o trabalho. Quem pensou um absurdo é quem não consegue juntar sexo ou heterossexualidade de um homem com respeito a uma mulher com quem ele não é casado. Quem pensa isso ou é um homem que além de débil mental é um infeliz, ou é uma mulher neurótica, além de também débil mental e infeliz. E os dois com problemas sexuais, tanto na idéia que têm do sexo quanto na vida sexual em quantidade e qualidade.
Ah, um momento, nós vemos ex-prostitutas, ex-atrizes pornôs, ex-modelos de material erótico, sim. Uma ou outra, quase sempre em igrejas, e pregando contra a prostituição e a pornografia, dizendo como a vida delas por lá foi horrível. Isso quando não estão ativas no trabalho do Senhor, casadas com um homem da igreja, sem dar um sinalzinho da vida passada. E por que toda coroa que prega contra a prostituição e a pornografia tem cara de quem nunca tocaria um homem na vida se pudesse?
Mesmo que exista um preconceito da sociedade contra prostitutas ou mulheres que fazem trabalhos eróticos ou pornográficos, quem seria melhor pra provar como é estúpido discriminar uma excelente candidata a um emprego de médica só porque ela fez um filme pornográfico do que uma excelente médica que assume que fez um filme pornográfico? Ah, e sociedade não tem homens e mulheres, jovens e velhos, solteiros e casados? De quem essa médica tem de esconder o "passado", dos que gostam de pornografia, e do trabalho dela, ou dos que odeiam a pornografia? Quem seria melhor pra mostrar que uma atriz pornô ou uma mulher que posou seminua para um calendário pode ser inteligente e altruísta do que uma mulher inteligente e altruísta que não tem vergonha de ter sido atriz pornô ou ter posado seminua para um calendário? Quem seria melhor pra mostrar que uma prostituta ou uma mulher que fez fotos nua não é menos respeitável que a sua irmã ou a sua mãe: uma prostituta ou uma mulher que fez fotos nua que não é menos respeitável que a sua irmã ou a sua mãe, ou uma "ex-profissional" que faz pregação de falta de orgasmo disfarçada de ajuda a supostas vítimas do crime organizado?
Saber que a prostituição e a pornografia são quase as únicas possibilidades para homens pobres honestos de ter um sexo razoável ou até de ver um corpo feminino antes dos 25 anos pode ajudar a achar algum sentido nessa coisa toda. Digo homens pobres honestos porque homens pobres bandidos ainda têm mulheres que se oferecem pra eles. A questão que eu gostaria de trazer aqui não é por que, por exemplo, uma stripper é vergonha para a família, mas a ninfeta que se casou com um homem 40 anos mais velho claramente por interesse não é. A questão é por que a stripper age como se tivesse do que se envergonhar e a ninfeta interesseira age como se não tivesse. Ou por que uma garota de 15 anos estufa o peito quando mora junto com um vagabundo, mas uma universitária não quer que descubram que ela posou para uma revista erótica. Ou por que uma atriz finge que ninguém sabe que ela só teve uma carreira de sucesso porque é parente ou foi namorada de alguém famoso ou influente, mas esconde as cenas sensuais que já fez em um filme, ou esconderia se tivesse feito. Uma coisa é a mulher não poder assumir que é prostituta, que está na pornografia, que fez material erótico ou sensual onde isso é ilegal. Outra coisa é ela não assumir como se isso fosse vergonhoso, ou pior, como se isso fosse mais vergonhoso do que o que é vergonhoso de verdade.
A prostituição e a pornografia (embora a pornografia nem tanto) parecem ser os únicos trabalhos em que as pessoas mais qualificadas fogem e as menos qualificadas entram. Que muitas prostitutas não sejam bonitas nem tenham corpos exuberantes, a gente pode até desculpar pela estatística, embora todas as poucas mulheres assim que conhecemos da nossa convivência sejam casadas com babacas possessivos, casadas com otários manipulados que se acham os bons, namoradas de vagabundos ou, digamos, prostitutas não-declaradas. Mas é difícil achar uma prostituta que não seja velha, feia de corpo, viciada em drogas, alcoólatra ou horrível de trabalho. E este último, pelo que eu ouço dos meus amigos homens e por aí, parece padrão, atender de má vontade cobrando o mais caro possível (ou o pior possível pelo preço combinado). Como regra tanto na prostituição quanto na pornografia (onde a qualidade das profissionais é menos ruim), as mulheres entram porque não têm outra opção para conseguir dinheiro, ou para conseguir dinheiro rápido e cair fora rápido. Mas o preocupante é que não é só o universo feminino que trata oferecer sexo para um homem comum, nem que seja em cenas só para ele ver, como uma degradação. O preocupante é que o universo das mulheres da prostituição e da pornografia veja o que faz como degradação, mesmo atendendo homens comuns de bom caráter. Parece que é uma vergonha na visão das próprias mulheres "divertir" homens pobres honestos.