Pesquisar este blog

quinta-feira, 23 de maio de 2024

Sua mãe sabe que você está aqui? (especial de 18 anos do trabalho da Abigail)

Abigail Pereira Aranha

O meu primeiro texto, meio bobinho no blogue A Vez das Mulheres de Verdade e com algumas "bobagens" no A Vez dos Homens que Prestam, foi em 23 de maio de 2006.[1] Mas eu não lembro a data para festejar, porque o Brasil e o mundo pioraram em quase tudo de lá até hoje, inclusive nos assuntos que eu me propus a abordar desde o começo, como relações entre homens e mulheres (no duplo sentido). E um outro problema é que, depois de 18 anos, eu ainda sou uma das poucas mulheres no mundo a trazer aquelas análises que eu propus no começo, quando eu tinha 15 anos; sobre assuntos que incluem política, filosofia, Ateísmo, Direitos Humanos dos Homens e, o que muita gente acha que era a única coisa que eu tinha na cabeça, vivência da heterossexualidade (mais conhecida por muita gente como p%§@ria). Mas aproveito o simbolismo dos 18 anos, a idade da maioridade, para abordar uma outra questão: a burrice da veneração aos idosos.

Teoricamente, eu poderia ou deveria estar lendo naquele ano de 2006 um blogue como o meu ou melhor, escrito por outra mulher com, na época, os 33 anos que eu tenho hoje. Por que isso não aconteceu? Por quanto tempo você teve a impressão de que qualquer pessoa com mais de 25 anos era fenomenal, ou de que pelo menos era isso que queriam que você pensasse? Onde estão essas pessoas agora? Cuidando das próprias vaidades e conversando mais de uma hora seguida sobre picuinhas?

Se os idosos em geral foram bem sucedidos em alguma coisa, foi em reproduzir nos filhos e nos netos a própria ignorância, ao ponto em que mesmo com as potencialidades da universalização do ensino e da popularização da internet inclusive em países do Terceiro Mundo, ainda é heresia duvidar de que o idoso seja símbolo da sabedoria, mesmo com evidências contrárias observadas por qualquer pessoa comum que conheça uma pessoa idosa. A própria fala de que a velhice leva à sabedoria é, na mais gentil das hipóteses, confundir a realidade cotidiana observável com o que ela deveria ser.

Pegando o exemplo do Brasil, a parcela de maiores de 60 anos é a parcela da grande maioria dos analfabetos e dos eleitores do PT, que não é parte da esquerda mais maluca e incompetente mas é o intermediário entre esta e a retaguarda que ela precisa para sobreviver. Essa é a parcela da população que vota em um comunista para Presidente da República porque acredita que ele vai baixar o preço do arroz e da carne, e em outro para deputado federal porque acredita que ele vai fazer obras na vizinhança com dinheiro arrecadado em São Paulo. Nós tivemos crises político-econômicas, a bizarrização da esquerda, censuras políticas e a quase falência do casamento heterossexual para vermos meia dúzia de "influenciadores" que têm 40 ou 50 anos hoje, e um número ainda mais inexpressivo de outros mais velhos que isso.

No caso do Brasil, nós tivemos alguns milhares de idosos acampando em portas de quartéis, do fim de outubro de 2022 a 8 de janeiro de 2023, para pedir por uma intervenção militar contra a colocação de Lula na Presidência da República em uma eleição fraudada. Eu criticava e ainda critico o método, a forma do movimento e a confiança dos manifestantes no destinatário das súplicas, mas nunca deixei de reconhecer que eles ainda tentaram fazer alguma coisa decente. A grande maioria da geração deles nem isso fez. Eleição roubada? Vamos ter um presidente que saiu da cadeia e vai perseguir opositores honestos? Vida que segue. Isso quando o ancião ou a anciã não estava comemorando abertamente, antegozando a picanha e o aumento do benefício assistencialista.

Ah, e nós vimos algumas poucas pessoas maduras e bem informadas começarem a perceber na fraudemia da CoViD-19 a besteira que o Brasil fez em ser parceiro comercial da China, ou do Partido Comunista Chinês. Eu não tinha 18 anos quando eu percebi e sinalizei que isso ia acabar mal economicamente e politicamente, no tempo em que quem avisava isso era Olavo de Carvalho, Gilberto Scofield Jr. do blogue No Oriente e meia dúzia de católicos chatos. E eu fazia isso nos mesmos textos em que eu mostrava que a censura ao sexo ia se tornar uma censura política (aliás, já era) e que a vilificação da heterossexualidade masculina ia justificar absurdos que estragariam a vida social para todos nós.

Nós que conhecemos a internet na primeira década do século XXI dificilmente vimos um blogueiro com mais de 35 anos naquela época. É mais fácil uma garota blogueira daquela época ter 35 anos hoje. Rede social é coisa de não-castos? Blogue é coisa de adolescente vagabundo? Aparentemente, era isso que as pessoas maduras daquela época pensavam, quando tinham o mínimo de conhecimento ou de ouvi-dizer para pensar alguma coisa, até quando a internet era o principal canal para essas pessoas se expressarem, encontrarem pessoas como elas e receberem informações que lhes pareciam confiáveis.

Se você não está nas exceções das pessoas privilegiadas (geralmente ricas), você não criou interesse pelo conhecimento por influência do seu pai ou da sua mãe (não confundir interesse pelo conhecimento com interesse por dinheiro via universidade); você não aprendeu sobre os aspectos mais superficiais da política na vida cotidiana das pessoas medíocres com os seus pais e os seus tios; você não descobriu o antifeminismo através do seu tio ou da sua tia; você não aprendeu nem sobre o seu próprio idioma com os seus pais, tios e avós, porque você tem mais escolaridade que eles. Quem pede a benção pros mais velhos nem está aqui ou lendo pessoas mais inteligentes que eu na internet, porque acredita que tudo que não passa na mídia tradicional é "teoria da conspiração" ou bobagem.

É até plausível que certos aspectos do nosso dia-a-dia estavam tão deteriorados naquele ano de 2006 que até uma garota de 15 anos com um mínimo de inteligência, atenção e caráter podia perceber e até escrever alguns rascunhos a respeito. Mas o horror, e é isso eu que eu tentei explicar, é que quase todas aquelas pessoas da faixa etária dos pais das meninas de 15 anos da época transformaram a diferença de idade que devia ser uma dianteira de conhecimento e de sabedoria em parte de um atestado de burrice. A outra parte é o tempo depois de aquela garota expor um certo aspecto da verdade até a pessoa perceber que a garota tinha razão.

Então, tudo isso que eu disse foi para edificar os leitores para evitarem os erros dos ancestrais naquilo que eu escrevo SOBRE eles. Não posso escrever PARA eles porque eles não estão aqui.

NOTAS E REFERÊNCIAS:

[1] "Prazer, meu nome é Abigail, sou uma "teen" querendo um papo bom com adultos", 23 de maio de 2006, A Vez das Mulheres de Verdade, https://avezdasmulheres.blogspot.com/2006/05/prazer-meu-nome-e-abigail-sou-uma.html; e A Vez dos Homens que Prestam, https://avezdoshomens.blogspot.com/2006/05/prazer-meu-nome-e-abigail-sou-uma-teen.html

Texto original em português sem fotos e vídeos de putaria no A Vez das Mulheres de Verdade: "Sua mãe sabe que você está aqui? (especial de 18 anos do trabalho da Abigail)", https://avezdasmulheres.blogspot.com/2024/05/sua-mae-sabe-que-voce-esta-aqui.html
Texto original em português com fotos e vídeos de putaria no A Vez dos Homens que Prestam: "Sua mãe sabe que você está aqui? (especial de 18 anos do trabalho da Abigail)", https://avezdoshomens.blogspot.com/2024/05/sua-mae-sabe-que-voce-esta-aqui.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Abigail Pereira Aranha no VK: vk.com/abigail.pereira.aranha
E-mail: saindodalinha2@gmail.com

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

AddThis