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sábado, 29 de outubro de 2022

Que pátria ou família?

Abigail Pereira Aranha

1) Introdução

Olá, meus amigos e minhxs inimigxs! Vamos assumir que a união das famílias forme a pátria e vamos pular certas questões complexas. Entre essas questões complexas, se só o modelo tradicional pode ser chamado família ou se a pátria pode se colocar acima dos laços familiares (isso aconteceu de Dt 13: 6 a 11 até as ditaduras de linha soviética). Se nos é dito que nós devemos colocar a pátria e a família em primeiro lugar (e vamos pular a parte de o que significam esses termos), a primeira ideia de uma pessoa com integridade mental, que pode ser uma criança, é perguntar por quê. Mas além da questão de se pátria e família estão realmente acima de nós, a questão é se estas podem estar CONTRA NÓS.

Se alguém diz a você com voz imponente o que você deve fazer a quem, isso não significa nem que quem disse tem autoridade pra dizer nem que o suposto dever existe perante alguém que o merece. A própria Bíblia diz que Satanás pediu adoração de Jesus Cristo.

No slogan "Deus, pátria e família", a parte de Deus sai um pouco da questão, mas vou passar um pouco nela: Deus não pode oferecer a você salvação numa vida futura enquanto lhe dá uma vida feia aqui. Não existe coisa boa criada por Satanás, a Antiga Serpente. Aliás, nem existe criação material satânica. Então, não faz sentido que Deus ordene, para pessoas comuns, a abstinência de alguma coisa boa que ele mesmo criou. Está certo que eu não acredito em Deus e nem na castidade, mas você pode achar algum erro no que eu disse dentro da fé cristã? Agora eu volto pra dimensão humana dos valores tradicionais, que incluem até essa questão da relação de Deus com qualidade de vida terrena que eu expus rapidamente.

Nós vemos a esquerda maluca promover a oposição de negros contra brancos, não-héteros contra heterossexuais, pobres contra não-pobres e mulheres contra homens. Mas a esquerda radical só faz uma exposição quase cartunesca do problema geral. Primeiro, a esquerda elegante também faz isso, ou algo com o mesmo espírito, dentro da sua elegância. Segundo, os conservadores às vezes também fazem isso, especialmente a aliança com o movimento feminista na defesa das mulheres e na repressão à (heteros)sexualidade adolescente. E terceiro, mesmo a esquerda maluca tem eleitores não-militantes, e mais ainda a esquerda menos maluca que dá suporte político a ela. E aí está o problema real. Desses eleitores (fora alguns poucos bem intencionados), alguns realmente apoiam os programas políticos de luta de classes porque são lésbicas simiescas sem grandes dotes profissionais, mulheres idosas que detestaram trabalhar pelo dinheiro das próprias contas, pessoas despreparadas para a vida honesta que por isso são pobres e personalidades do tipo; e os outros simplesmente ignoram todo o projeto político (ou o próprio assunto político) e escolhem o candidato por algum mérito administrativo que nem sempre é mesmo dele. A diferença entre os dois subgrupos é meio sutil, mas ambos podem acreditar que a carne barata ou o esgoto em certos bairros pobres dependem de matar os fascistas e prender os pastores fundamentalistas. Agora vou explicar melhor este problema geral.

2) O exemplo do contato homem-mulher

Ainda num passado recente, a pornografia era quase tão inominável quanto as drogas ilícitas, e a prostituição era crime. Se o prazer sexual de um homem hétero não era contra a nação, era contra a família.

As leis escritas, as regras religiosas e as regras informais sobre o contato entre homem e mulher sempre fizeram esse contato quase criminoso, a não ser que a mulher fosse tratada de alguma forma especial ou como se fosse outro homem. Você pode ver um homem e uma mulher que são amigos conversando, como o "respeito" é o homem com um nível de constrangimento maior do que se ele estivesse com outro homem. Tentar ver os seios ou a bunda de uma mulher é uma ofensa ou mesmo crime, com risco de agressão física extralegal. Assim, você pode ser chamado pra matar e morrer por mulheres que acham que têm mais valor por não deixarem você tocá-las.

3) Valores familiares

A regra geral nas famílias de países com certa decência política é que nem todos os membros votam em candidatos a presidente com mesmo alinhamento político-ideológico. Eu mesma não conheço exceção e duvido de que o leitor conheça. E isso confirma o que eu disse há uns 10 anos (que é lógico, mas indizível) que uma família tende a se aproximar da tendência geral em vez de se afastar dela, mais até que os próprios indivíduos. E quando as pessoas que comandam a família tentam forçar a uniformidade, podem errar do tradicionalismo estúpido ao progressismo insano; e, então, essas pessoas podem levar um membro com certa inteligência ao questionamento que vai do progressismo insano ao tradicionalismo estúpido. E isso não é questão de transmitir valores aos filhos e deixar a responsabilidade com eles na vida adulta. A questão é de autoridade intelectual e pessoal, uma autoridade que era quase desconhecida até um passado recente e ainda é muito desconhecida hoje. Adultos jovens que imitam pais ou avós cristãos tradicionais soam como uma excentricidade "cringe", e geralmente a visão geral tem um bocado de razão; e pais militantes de esquerda não têm um exemplo moral ou mesmo retórico que conseguem ser imitados pelos filhos.

4) Vou ter de colocar os casos do Brasil e da gripe chinesa aqui

O Mensalão, esquema de compra de apoio no Congresso pelo Partido dos Trabalhadores que estava no governo, foi denunciado e exposto na imprensa tradicional em 2005. Era maio de 2006 quando eu comecei a escrever certas reflexões, só pra fazer o registro de e para pessoas mentalmente normais com bom caráter. O presidente, Lula, concorreu ao segundo mandato em outubro daquele ano, e havia rumores de que ele conseguiria uma emenda constitucional para ter um terceiro. Ele foi reeleito, mas o terceiro mandato ficou para outro membro do partido, uma senhora Dilma Rousseff notoriamente sem atrativos técnicos, intelectuais e morais. Como alguns dos nossos compatriotas e dos nossos parentes defendiam o voto no PT? Carne, assistência social (também conhecida como "distribuição de renda" - dos impostos dos outros), cotas para semianalfabetos nas universidades (algumas delas novas), geladeira, smartphones e coisas deste nível. De 2006 a 2013, quem abordava, no Brasil, assuntos como leis contra o homem hétero, decadência cultural-intelectual geral e até o próprio Mensalão éramos essencialmente eu, um ou outro jornalista valente, meia dúzia de blogueiros de versão gratuita e meia dúzia de pseudônimos no Orkut e no Facebook. Quando os ex-beneficiários do Bolsa Família e do FIES precisaram procurar emprego, garotas "millenials" tradicionalistas começaram a encalhar, burgueses na casa dos 30 anos sentiram que iam perder o que sobrou da herança do avô; só aí apareceram meia dúzia de senhores e senhoras e muitas peles de pêssego nas redes sociais e no YouTube, de todas as regiões do país, defendendo o Cristianismo, a pátria, a família, o Liberalismo e o ufanismo militar, atacando o LGBT-Feminismo, o Socialismo e mesmo o PT. E até o começo de 2020, muitos dessa turma varriam o socialismo da China pra debaixo do tapete enquanto recebiam a parceria comercial, até sair o SARS-CoV-2 debaixo do tapete (e nem era o primeiro vírus chinês do século); agora temos até documentário sobre o tapete.

Estes falantes do Conservadorismo, e agora não fico só no Brasil, também atacaram espantalhos como a sexualização da mulher e a sexualização dos menores. Esses são os espantalhos mais notórios, e eu usei o termo "menores" porque eles confundem criança com adolescente; eu não. Por sinal, eu já fui acusada de defender a pedofilia por dizer que interesse sexual e até vida sexual na adolescência não é aberração. No caso do Brasil, isso é mais um exemplo da atipicidade do raciocínio normal. Esses conservadores do Brasil acusam a esquerda de danificar a inteligência nacional, mas o próprio passado glorioso que eles dizem que existiu não é algo que pode ser arrasado em 30 ou 40 anos antes que meia dúzia de católicos que nem eram nascidos percebam e soem a trombeta pra outra minoria de carolas. E eles alertam para o banheiro unissex, que é uma bandeira da esquerda que vai facilitar a pedofilia que inclui sexo com adolescentes. Somos chamados aqui a defender a nação, a família, as mulheres e as meninas menores de idade. Você homem pode ser agredido por um homem da família de uma dessas mulheres ou garotas adolescentes ou por ela mesma se você conversar com ela, e o agressor ou a agressora entender como assédio sexual.

E no caso do banheiro unissex, eu não sou contra, porque eu não tenho fobia de pica. Eu já fiz sexo em banheiro masculino, e no local de trabalho, é uma alegria para os meus colegas homens e para mim quando eu uso o vestiário masculino. Ops! A construção da frase anterior sugere que eu já fiz sexo no local de trabalho. Fiz também. Mas nem sempre que eu encontro amigos no vestiário masculino tem sexo, e nem sempre que eu encontrar um amigo no banheiro unissex vai acontecer uma relação sexual. Imaginar isso é projeção da fobia sexual das mães dos conservadores. Defender pátria e família é isso.

Vou pegar também o caso da CoViD-19, a pandemia de pânico da gripe chinesa. Você queria trabalhar normalmente como uma pessoa saudável faria e era visto como assassino em série. Você colocava a pergunta de qual era a diferença entre CoViD-19 e gripe comum, para definir o próprio nome antes de começar a conversa, e você era visto como genocida ou teórico da conspiração. Você não tomava a picada experimental que é chamada de vacina, quem tomou 2 ou até 4 doses e ainda tinha medo de se aproximar de pessoas saudáveis defendia que você perdesse o seu emprego e até direitos civis. Às vezes, tudo isso acontecia no seu próprio ambiente familiar. Aí você ficava em casa com a sua família por restrição ditatorial e desenvolveu depressão ou crise de ansiedade. A família era isso. A pátria era uma legião de vacinados que pensava que a saúde deles e a volta à vida normal dependia de quase te prender ou te matar.

5) Mais um pouco sobre o Brasil e a destruição mental no Brasil

Não existia país dividido nem polarização política no Brasil do Mensalão. Uma comunidade unida em torno de um crime de corrupção não pode ser um país ou uma igreja cristã tradicional, só uma horda de bandidos. Ou uma emulsão de hordas, sem grandes elementos de ligação a não ser o interesse em comum de faturarem o que puderem do produto do roubo e da destruição geral. E o nível de imoralidade e de anormalidade nesta corrupção, eu demorei quase uma década pra perceber, exige a destruição das próprias ideias de ética, de inteligência humana ou até de mundo real; o que me deu uma certa tristeza, embora não desânimo, porque o que me fez começar o meu trabalho naquele ano de 2006 era a própria ideia de, na pior das hipóteses, fazer um registro estático da mente e do espírito de uma pessoa normal. E foi exatamente a integridade mental que se tornou a grande questão não só do meu trabalho, da vida nacional inteira; mas o próprio aumento da pequenez de espírito e de intelecto até que as consequências atingissem as partes mais braçais do cotidiano do cidadão comum fez que a encrenca toda ficasse quase invisível (a não ser pra meia dúzia de chatos, esquisitos e fundamentalistas) até que qualquer passa-fome intelectualmente preguiçoso percebesse o preço do feijão e a falta de vagas de emprego; o que não significaria, como pudemos ver, um avivamento intelectual.

Ah, e enquanto eu escrevia, eu prestei atenção na palavra "consequências" na frase anterior: o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, de 2009 com adaptação até 2015, tirou o trema, que, no português, era usado só na letra u quando era pronunciada nos encontros "gue", "gui", "que" e "qui". Então, não temos mais a visão gráfica da diferença entre o u de "consequência" e o u de "queijo". Ops! Não diz o artigo 13 da Constituição Federal que "a língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil"? Já temos algo pelo menos estranho, um certo empobrecimento, na língua culta da pátria. O domínio da língua culta falada ou escrita entre a população é uma questão adicional.

6) Agora eu termino

Vamos defender um país onde você não seja prejudicado por ser homem, branco, hétero, não-pobre ou adulto jovem. Soa estranho? Qual é o interesse coletivo (e nem trago a questão de se existe um interesse da nação acima do bem-estar da população) onde você precisa no mínimo se explicar por não ser infeliz ou desfavorecido? Qual é a pátria onde qualquer sucesso ou capacidade para sustento próprio só é aceitável para sustentar os desfavorecidos? E aqui eu digo de passagem algo indizível: a pessoa que chega aos 25 ou 35 anos pensando em quem vai sustentá-la na velhice tem a mentalidade de um vagabundo de centro de cidade grande.

Karl Marx acertou no Manifesto Comunista sobre o patriotismo: "Os operários não têm pátria. Não se lhes pode tirar o que não têm." Ele também diz coisas razoáveis sobre a família, tanto a burguesa quanto a proletária (capítulo II, "Proletários e Comunistas"). A pessoa brasileira intelectualmente e moralmente decente precisa se pensar como parte não de uma família brasileira ou da nação brasileira, mas da seção decente da humanidade.

Texto original em português sem fotos e vídeos de putaria no A Vez das Mulheres de Verdade: "Que pátria ou família?", https://avezdasmulheres.blogspot.com/2022/10/que-patria-ou-familia.html.
Texto original em português com fotos e vídeos de putaria no A Vez dos Homens que Prestam: "Que pátria ou família?", https://avezdoshomens.blogspot.com/2022/10/que-patria-ou-familia.html.

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