Michel Temer e sua "homenagem" no Dia Internacional da Mulher (trechos)
por Tory Oliveira — publicado 09/03/2017 15h46
Em discurso no 8 de março, presidente reduz papel das mulheres na sociedade a cuidar da casa, criar os filhos e fazer supermercado
No Dia Internacional da Mulher, data tradicionalmente marcada por passeatas e, neste ano, por um chamado de greve internacional em prol de direitos, Michel Temer fez uma "homenagem" ao 8 de março em que reduzia o papel delas na sociedade brasileira à tarefas como cuidar da casa, da formação dos filhos e do gerenciamento das compras no supermercado.
Criticado por criar um primeiro escalão do governo federal quase que exclusivamente masculino, Temer afirmou que "aqui e fora do Brasil" a mulher ainda é tratada como uma figura "de segundo grau, quando na verdade, ela deve ocupar o primeiro grau em todas as sociedades".
O peemedebista afirmou que dizia isso com "a maior tranquilidade", por ter absoluta convicção "até por formação familiar e por estar ao lado da Marcela", do "quanto a mulher faz pela casa, o quanto faz pelo lar, o que faz pelos filhos".
"Se a sociedade vai bem, quando os filhos crescem, é porque tiveram uma adequada educação e formação em suas casas. E seguramente isso quem faz não é o homem, isso quem faz é a mulher", afirmou.
(...) Temer aproveitou para exaltar sua participação nos ganhos de direitos femininos ao longo do tempo no Brasil, após lamentar que o direito ao voto só tenha sido dado às mulheres "nos idos de 1930".
No discurso, ele relembrou seu papel na criação das Delegacias da Mulher em São Paulo, durante sua gestão como Secretário de Segurança Pública na década de 1980. Ao citar ações no combate à violência de gênero e ao feminicídio, concedeu que são frutos do "movimento das mulheres", mas emendou que também fazem parte "da compreensão dos homens".
Outra gafe foi que, ao comentar o papel da mulher na economia, o presidente tenha optado por restringir tal participação na chamada economia doméstica. Nas palavras dele:
"Ninguém mais é capaz de indicar os desajustes, por exemplo, de preços em supermercados do que a mulher. Ninguém é capaz de melhor detectar as eventuais flutuações econômicas do que a mulher, pelo orçamento doméstico maior ou menor", afirmou.
(...) "Porque hoje homens e mulheres são igualmente empregados. Com algumas restrições ainda. Mas a gente vê em muitas reportagens, das mais variadas, como a mulher hoje ocupa um espaço executivo de grande relevância. O número de mulheres que comandam empresas, que comandam diretorias, é imenso", declarou, sem levar em conta que, no Brasil, as mulheres ganham em média 30% a menos do que os homens e que são absoluta minoria nos cargos diretivos em empresas.
(...) A fala causou desconforto na plateia, de composição majoritariamente feminina e com a presença de servidoras e deputadas federais. Nas redes sociais, o descontentamento atingiu mulheres de todas as matizes ideológicas, como a professora da USP e uma das protagonistas do processo de impeachment de Dilma Rousseff, Janaina Paschoal, e a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).
Gente, que discurso foi aquele que o Presidente fez em homenagem às mulheres? Parece programa humorístico! Ao ler, pensei que fosse piada!
— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) March 9, 2017
Avisem Temer Q é 2017. A gente lava roupa, cozinha e arruma casa pq ñ há igualdade. Mas somos +Q isso. Ganhamos até Presidência, e no voto.
— Maria do Rosario (@mariadorosario) March 8, 2017
Outras, ainda, ironizaram a fala do presidente, afirmando que ela parecia ser mais adequada ao século passado.
Na quinta-feira 9, em uma tentativa de minimizar a má repercussão da fala, Michel Temer recorreu às redes sociais para defender direitos iguais para homens e mulheres "em casa e no trabalho". Ele disse ainda não o governo não tolerará "preconceito e violência contra a mulher".
"Michel Temer e sua 'homenagem' no Dia Internacional da Mulher", Carta Capital, 09 de março de 2017, https://www.cartacapital.com.br/politica/michel-temer-e-sua-homenagem-no-dia-internacional-da-mulher.
Tomi Lahren não entendeu o Dia Internacional da Mulher, ela alega que ela é uma "mulher de verdade"
A medida que os protestos "Um Dia Sem Uma Mulher" ocorreram em todo o país, Tomi Lahren não estava muito feliz com o que ela viu.
Robert Sobel - Especialista em Notícias
Publicado em 08 de março de 2017
Tomi Lahren sobre o Dia Internacional da Mulher, via Facebook
A quarta-feira marcou o "#Dia Internacional da Mulher", e como forma de celebrar o evento, milhões de mulheres em todo os Estados Unidos participaram do protesto "Um Dia Sem Uma Mulher". Nem todo mundo estava de acordo com o protesto, no entanto, o que incluiu o tijolo de direita #Tomi Lahren.
Tomi disparou
Como parte do protesto "Um Dia Sem Uma Mulher", mulheres de várias cidades ao longo do país decidiram não trabalhar como demonstração de solidariedade aos direitos das mulheres. No Condado de Maryland Price George's, as escolas foram fechadas como uma forma de deixar as professoras participarem do protesto, levando à irritação dos pais que se esforçaram para encontrar outros planos para seus filhos. Como esperado, a reação ao evento caiu ao longo das linhas partidárias e da ideologia política. Os democratas e os esquerdistas apoiaram na maior parte e até mesmo participaram na celebração e no protesto, enquanto os republicanos e os conservadores fizeram pressão contrária. Durante a edição de 8 de março de "Pensamentos Finais" na Blaze TV, Tomi Lahren decidiu expressar sua opinião.
"Feliz Dia Internacional da Mulher. Estou aqui no trabalho hoje porque eu sou uma mulher, não uma vítima", disse Tomi Lahren para abrir seu quadro. "Eu não acordei esta manhã e me preocupei com a cor de protesto que eu usaria, ou o que o mundo faria sem mim, porque eu não acordei sentindo como se a narrativa do vitimismo fosse parte da minha história", Lahren passou a dizer. [Nota da tradutora: em vez de "victimhood", vitimismo, o original traz "victim-hood", que pode ser traduzido como "capuz de vítima"]
Only liberals could turn a day celebrating women into an excuse to skip work and complain instead #InternationalWomensDay #daywithoutwomen
— Tomi Lahren (@TomiLahren) March 8, 2017
(Só esquerdistas poderiam transformar um dia celebrando as mulheres em uma desculpa para deixar de ir ao trabalho e reclamar em vez disso. #DiaInternacionalDaMulher #diasemmulheres)
"As mulheres de verdade não têm que lembrar ao mundo todos os dias que a história nos desprezou uma vez", disse Tomi Lahren, antes de acrescentar: "as mulheres de verdade não acordam e faltam ao trabalho para marchar por abortos e contraceptivos pagos". "As mulheres de verdade compreendem que a verdadeira igualdade não significa um tratamento especial", ela observou, antes de reproduzir um videoclipe de celebridades esquerdistas como Madonna e Ashley Judd atacando #Donald Trump.
Organizers of January's Women's March call for 'A Day Without a Woman.' https://t.co/v7rGqmBXP5 pic.twitter.com/0SccKDMCkd
— ABC News (@ABC) March 8, 2017
(Os organizadores da Marcha das Mulheres de janeiro chamam para "Um Dia Sem Uma Mulher".)
Tomi fecha
"Eu não sei sobre um dia sem mulheres, mas eu poderia usar um dia sem esta bosta feminista desagradável disfarçada de direitos das mulheres", disse Tomi Lahren, enquanto acrescentando: "se você constantemente afirma que você é uma vítima, você será sempre uma vítima". "Para as jovens senhoras que estão por aí, vocês não precisam exigir coisas gratuitas dos contribuintes para serem mulheres de verdade. Vocês também não precisam faltar ao trabalho e fechar escolas públicas para serem mulheres de verdade", disse Lahren, afirmando: "isso é o que se chama egoísta de verdade". Lahren fechou seu quadro lembrando aos telespectadores que ela é uma republicana que pagará por seu próprio controle de natalidade.
"Tomi Lahren loses it over International Women's Day, claims she's a 'real woman'", Robert Sobel, Blasting News, 08 de março de 2017, http://us.blastingnews.com/showbiz-tv/2017/03/tomi-lahren-loses-it-over-international-women-s-day-claims-she-s-a-real-woman-001534431.html.
Notas de 22 dias
Nós vimos o presidente da República tentar fazer uma homenagem às mulheres no Dia Internacional da Mulher no perfil pessoal no Twitter e ser malhado. Patrícia Campos Mello, Folha de São Paulo, dia 09: "Temer conseguiu ser pior que Trump no Dia da Mulher". "O presidente americano, conhecido por sua incontinência verbal e habitual misoginia, estava surpreendentemente contido". Eu peguei esse trecho só para lembrar como a nossa mídia tradicional retrata o Donald Trump. Pior que Donald Trump é o quê? Hitler? Não, Hitler é o Trump! ("Capa da Istoé coloca 'bigode do Hitler' em Trump e a ideia nem é original", Reaçonaria, 13 de janeiro de 2017) E a colunista chamou de "pior que Trump" um homem feminista. Pragmatismo Político, dia 10: "Discurso de Temer no Dia da Mulher vira vergonha internacional". O resumo é interessante.
1º de março, Quarta-Feira de Cinzas: "Mulheres protestam contra assédio e machismo em blocos de Carnaval" (Folhapress, publicado na Folha de Pernambuco em 01 de março de 2017). "Muitos blocos de rua aproveitaram a folia para protestar contra o machismo".
02 de março, revista Monet: "Emma Watson é criticada por posar de topless para ensaio: 'Feminista ou hipócrita?'". "'Feminismo, feminismo... diferença salarial entre homens e mulheres... por que não me levam a sério... feminismo... oh, e aqui estão meus peitos', ironizou uma colunista do Daily Mail". Dirão alguns direitistas e conservadores que ela provou do próprio veneno. Isso até é verdade, mas isso não significa que ela vai ser conservadora ou liberal se abandonar o Feminismo. Nem que esse "fogo amigo" conta a favor do Conservadorismo e contra o Feminismo. Já explico, depois de outras notas.
Congresso em Foco, 07 de março, véspera do Dia Internacional da Mulher: "STF rejeita recurso e confirma Bolsonaro como réu". "Ministros da Primeira Turma do Supremo decidem, por unanimidade, recusar os argumentos da defesa do deputado e reiteram decisão de abrir duas ações penais contra ele por incitação ao crime de estupro e injúria". Lembrando, ou explicando rapidamente para quem não é do Brasil, é o caso em que a deputada Maria do Rosário chama o deputado Jair Bolsonaro de estuprador e ele responde que se ele fosse estuprador, não a estupraria porque ela não merece. Como diz uma piada que circulou no Facebook na época em que o caso foi aberto, eu disse que uma árvore não devia ser cortada e fui preso por crime ambiental. "A defesa do parlamentar alega que ele não fez qualquer incitação ao estupro e que é autor de projetos que endurecem punição a estupradores. 'Ele é conhecido por projetos de lei que tendem a aumentar as penas de crimes e para que condenado por crime sexual deve ser submetido a castração química para obter benefícios. É uma mentira insinuar que o deputado tenha incitado a prática de qualquer crime', alega a defesa". Atenção para esse trecho. Explico daqui a pouco.
Dia 17 de fevereiro, o Reinaldo Azevedo publica um vídeo respondendo ao vídeo da Joice Hasselmann onde ela diz que ele passou a atacar os movimentos democráticos que vão fazer u'a manifestação em defesa da Operação Lava-Jato no dia 26 de março. O Reinaldo desmascarou a distinta, "cuja exuberância não exatamente ligada às questões do intelecto precede em muito à sua capacidade de formular qualquer ideia razoável". Disse que ela "ganhou visibilidade na Veja, e se reinventou como jornalista de direita", "quando você se comportou como jornalista, pegou textos que não eram seus" e "os seus amigos de extrema-direita confundem essa sua exuberância com uma outra coisa". Então, vários homens conservadores fazem vídeos criticando o Reinaldo Azevedo. Eu comentei o caso em "Mulher, o ponto fraco dos cristãos conservadores - parte 3: mas não do Reinaldo Azevedo", versões sem putaria e com putaria. Ele já tinha publicado antes, na mesma semana, uma série de quatro artigos "Revolução dos Idiotas" criticando a "direita xucra". Quando ele chamou a direita burra de "direita xucra", nenhum deles tomou conhecimento. Quando ele atacou uma MILF da direita brasileira, eles se manifestaram. Mas não só isso. Todos os vídeos que ele publicou no Youtube depois desse dia, sobre qualquer assunto, tiveram mais "descurtidas" do que curtidas. Ah, e respondendo a esse vídeo do Reinaldo, a Joice gravou outro onde ela diz: "me atacou por ser mulher, e ter atributos femininos, como ele diz".
Eu publiquei no Google Plus em 06 de janeiro:
Como tudo na ideologia conservadora, o antifeminismo conservador se fecha em suas próprias ideias enlatadas e mal consegue ir ao mundo real quando a esquerda faz besteiras suficientes para que qualquer outra coisa seja digna de atenção. Por isso as denúncias sérias contra as atrocidades do movimento feminista só começaram a chegar ao público quando foram feitas por ex-militantes como Erin Pizzey, porque tudo que mulheres conservadoras como Phyllis Schlafly tinham eram lendas urbanas e ufanismo provinciano. Também por isso o Ativismo de Direitos dos Homens começou com homens ex-feministas, e não com pregadores que descobrem mensagens contra a família em desenhos animados. As palavras das atrizes pornôs Valentina Nappi, Mercedes Carrera e a feminista Nina Hartley contra o Feminismo Radical são muito mais relevantes que as do grupo Women Against Feminism, talvez só não sejam conhecidas por mais gente porque os conservadores são em maior número que os fãs de pornografia inteligentes. Senhoras ditas antifeministas conservadoras (na verdade, feministas de direita) como Suzanne Venker, Ann Coulter, Thais Azevedo, Bruna Luíza ou Ana Caroline Campagnolo só são levadas a sério porque netos cabaços de coronéis falidos e senhores genros de assassinos de aluguel têm fantasias sexuais mal resolvidas.
(https://plus.google.com/+AbigailPereiraAranha/posts/MsFoRmaiXMJ)
Agora, sim: por que o Conservadorismo não ganha nada quando o movimento lesbofeminista começa a incomodar o povo de verdade, e até alguns dos próprios militantes? Porque a direita e os conservadores nunca atacaram o Feminismo.
Quando liberais e conservadores falam em Feminismo, eles criticam o LGBT-Feminismo da esquerda para mostrar que o verdadeiro feminismo é o modelo liberal-conservador. Vamos voltar àqueles casos. Jair Bolsonaro não pode ser culpado de incitação ao estupro porque ele é feminista, e a prova de que ele é feminista é que ele fez projetos de lei para castração química de estupradores (homens que estupram mulheres). Tomi Lahren criticou aquela palhaçada lésbica mostrando que ela é uma verdadeira feminista, e que ela não é rebelde ou parasita porque a sociedade estadunidense já é boa suficiente para as mulheres que queiram ganhar a vida com trabalho honesto. Ah, aquela caricatura de que feminista é gorda, feia e peluda também tenta ser uma campanha publicitária dos feministas conservadores contra as mulheres feministas de esquerda. E isso para falarmos da direita. Na esquerda, ou entre os que não são antiesquerdistas, o que o homem faz quase sempre que é acusado de machismo? Se ajoelha para o LGBT-Feminismo, como fez o presidente da República Michel Temer. Entre o ginocentrismo "vintage" dos conservadores e o Feminismo século XXI dos progressistas, o povo tende a ficar com os progressistas.
O machismo do presidente do Brasil ou do presidente dos Estados Unidos Donald Trump foi tentar fazer um agrado para as mulheres no dia "delas". Ninguém vai rir de uma mulher (pelo menos não sem um repúdio público) se ela rejeitar um assédio sexual ou for estuprada por um homem bonito. O contrário já aconteceu. Então, onde está uma coisa ou uma pessoa que justifica tanta algazarra lésbica? Se os maiores veículos de comunicação de qualquer país do Ocidente abrem espaço para militantes feministas falarem à vontade, se professoras universitárias estão defendendo o Feminismo na universidade e se até a aparência e os modos de algumas dessas mulheres feministas são rudes demais para alguém oprimido, todo o discurso e todo o movimento feminista perderam a credibilidade. Não é só porque elas dizem que a sexualidade masculina é incentivada e isso é mentira; ou porque as falsas denúncias de crimes sexuais de mulheres contra homens são maioria e elas dizem que são 2%; ou porque elas dizem que as mulheres ganham 30% a menos que os homens fazendo o mesmo trabalho e elas não dão nem podem dar um exemplo disso. É porque qualquer coisa que elas dizem contra a sociedade inteira não poderia ser ouvida de bom grado pela mesma sociedade. Nós nunca vimos uma organização criminosa apoiar a divulgação de um dossiê contra ela mesma. Mais: se essa sociedade impõe, por exemplo, um padrão de beleza para as mulheres, mulheres que fazem questão de serem toscas e intratáveis não podem formar um movimento que possa ter, no mínimo, a expectativa de ser levado a sério, assim como não se espera alguém com visual anarcopunk em uma entrevista de emprego. Se o objetivo do movimento feito por essas mulheres é derrubar este e outros padrões impostos às mulheres, esse movimento deve ganhar uma oposição tal que além de ridicularizado, vai ser destruído. E se esse movimento conseguir qualquer coisa, ele teve poder e recursos para isso que nem as militantes declaram nem o discurso delas admite que poderiam existir. Então, o Feminismo não existe porque precisa, ele existe porque pode existir. Por sinal, o Ativismo de Direitos dos Homens é tratado como caso de polícia em alguns lugares sem qualquer crime, às vezes justamente por defender homens sob falsa acusação criminal; a pornografia foi acusada de incentivar o estupro tanto por conservadores quanto feministas de esquerda quando todas as pesquisas sérias mostram uma correlação negativa (um diminui quando o outro aumenta); mas ninguém propôs criminalizar o Feminismo por ter militantes que defendem o extermínio de 90% dos homens ou a criminalização do sexo heterossexual.
Mais um problema: o Feminismo é tão dominante que mesmo quando a militância ataca a população geral, a direita ou até militantes atacam outros militantes, quase ninguém pensa nos homens. Eu volto à foto sensual da Emma Watson (o assunto, porque eu sou uma garota hétero): tivemos críticas de mulheres feministas que desprezam a heterossexualidade masculina e de homens que não são militantes feministas, talvez conservadores, que também acham uma mulher reprovável quando agrada a essa heterossexualidade (e é provável que nesse episódio, o grande prazer que ela mesma teve foi o da vaidade alimentada). Eu já tenho medo de fazer uma caminhada com aquela roupa justa e um homem ficar com medo de olhar para os meus seios e a minha bunda exagerados, e ele ter medo de me dar um "oi" ou quando eu dou um "oi" pra ele. Eu já tenho medo de ser simpática com um homem e ele ter medo de se animar mais do que pode. Eu já tenho medo (e isso já está acontecendo comigo) de eu falar coisas sem vergonha com um homem para descontração e ele ficar com medo de eu não ser tão desinibida. Eu já tenho medo (e isso já aconteceu comigo) de estar pelada sozinha em casa e receber um entregador ou um leiturista e ele ter medo de entrar, principalmente depois de eu dizer que ele pode voltar fora do expediente para me observar melhor. Toda essa confusão parece caminhar para um feminismo conservador moderado servindo de controle para um feminismo de extrema-esquerda depois que este f%@¬$ a vida social e principalmente a relação homem-mulher.
Como disse a Mercedes Carrera no Twitter: "É por isso que eles dizem que 'lutar contra o [imaginário] patriarcado é um emprego de tempo integral'. É como lutar contra o Coelhinho da Páscoa" (09 de maio de 2016, https://twitter.com/TheMercedesXXX/status/729723208631377921). Sabe por que os esquerdopatas sempre dizem que o Dia Internacional da Mulher não tem nada para comemorar? Porque ele não existe para comemorar nada, existe para repetir a ladainha lésbica e encher o saco.
Apêndice
"Temer conseguiu ser pior que Trump no Dia da Mulher", Patrícia Campos Mello, Folha de São Paulo, 09 de março de 2017. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/patriciacamposmello/2017/03/1865050-temer-conseguiu-ser-pior-que-trump-no-dia-da-mulher.shtml. |
Temer conseguiu ser pior que Trump no Dia da Mulher
Patrícia Campos Mello
09/03/2017
Até Donald Trump conseguiu se sair melhor do que o presidente Michel Temer no Dia da Mulher.
O presidente americano, conhecido por sua incontinência verbal e habitual misoginia, estava surpreendentemente contido. Trump deve ter sido brifado inúmeras vezes antes de compor sua graciosa mensagem no
Twitter: "Vamos honrar o papel fundamental da mulher aqui na América e no resto do mundo. Eu tenho um respeito tremendo pelas mulheres e pelos vários papéis que elas desempenham, que são vitais para nossa sociedade e economia."
Ainda que soe hipócrita Trump falar sobre o "tremendo respeito" que tem pelas mulheres, as mesmas que ele diz conseguir "agarrar pelos genitais", o tom foi correto.
Comparemos com o nosso presidente, que elogiou o "o quanto a mulher faz pela casa, pelo lar" e a importância da figura feminina para a formação dos filhos que, segundo ele, é "seguramente" de responsabilidade da mãe.
Não é difícil acertar. O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, outro que tampouco se notabiliza pelo respeito aos direitos das pessoas, também conseguiu. "As Filipinas têm uma boa colocação na Ásia-Pacífico no ranking de igualdade de gênero. Meu governo vai lutar para manter essa distinção, além de continuar a reconhecer a preciosa colaboração das mulheres nos esportes, nas ciências, no governo, educação e serviço público." E continuou: "as mulheres têm transformado as sociedades ao desempenhar seus papéis de mães, trabalhadoras, intelectuais, educadoras, soldadas, ativistas, artistas e líderes."
Um pouco diferente do que disse nosso presidente Temer, ao afirmar que a mulher tem uma grande participação na economia do país porque é "capaz de indicar os desajustes de preços em supermercados" e "identificar flutuações econômicas no orçamento doméstico".
Se tem um chefe de Estado que concorre com Temer na categoria fala mais sexista e inadequada do Dia da Mulher é o grande democrata Vladimir Putin, presidente da Rússia.
"Dia e noite, vocês tomam conta dos seus filhos, netos e de sua família. Até hoje, dia internacional da Mulher, vocês estão ocupadas com sua rotina, trabalhando incansavelmente, nunca se atrasando."
"Vocês preenchem este mundo com beleza e vitalidade, conforto e cordialidade, meiguice e generosidade de espírito."
E essas mulheres meigas precisam da proteção de super-homens como Putin.
"As mulheres também precisam do apoio dos homens. Vamos fazer o possível para cercar as muolheres que amamos com atenção e carinho, para que elas possam sempre sorrir."
Enternecedor, o discurso veio do mesmo sujeito que assinou recentemente uma lei que poderia ser chamda de "anti-Maria da Penha". De agora em diante, se o marido bater na mulher mas não quebrar nenhum osso, ele não vai para a prisão, é só multado.
Na Rússia, morre uma mulher a cada 40 minutos vítima de violência doméstica. Presumivelmente, esses maridos que batem nas mulheres não são os mesmos que se esforçam por fazê-las sorrir.
Este texto em português sem cartoon de nudez no A Vez das Mulheres de Verdade: "Dia Internacional da Mulher, o Dia (quase) Sem Um Inimigo para o Feminismo (notas de 22 dias)", http://avezdasmulheres.over-blog.com/2017/03/dia-internacional-da-mulher-o-dia-quase-sem-um-inimigo.html. Este texto em português com cartoon de nudez no A Vez dos Homens que Prestam: "Dia Internacional da Mulher, o Dia (quase) Sem Um Inimigo para o Feminismo (notas de 22 dias)", http://avezdoshomens.blogspot.com/2017/03/dia-internacional-da-mulher-o-dia-quase.html.
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