* com a nova foto (ou quase) de divulgação da Abigail
Há dois países, Canábia e Canabistão, em que metade da população usa maconha. Essa parcela da população tem todos os cargos de chefia em todas as empresas, todos os cargos políticos, têm influência na mídia, na economia, na educação, etc. A outra metade é tratada como pessoas de segunda classe e não têm influência política.
Mas lá, consumir ou vender maconha em local público é ilegal. E os próprios legisladores, apesar de tornaram crime o consumo de maconha, são usuários. Vender maconha é crime com punição de cadeia em Canábia e de morte no Canabistão.
Os usuários de maconha precisam parecer não viciados, por pressão uns dos outros.
Quando a imagem de um cidadão comum usando ou vendendo maconha se espalha na internet, outros cidadãos comuns denunciam a foto para a família, a comunidade e o empregador deste cidadão comum. Este cidadão é demitido, apesar de o patrão também usar maconha. Este cidadão tem que mudar de cidade porque é ridicularizado por milhares de cidadãos da vizinhança que também usam maconha.
Em metade das discussões entre um cidadão comum e um traficante, o cidadão comum chama o traficante de traficante como ofensa.
Em metade das discussões entre dois traficantes, um fala do que o outro já fez traficando maconha. E o outro nega.
Em algumas brigas entre dois cidadãos comuns, um diz que comprou maconha da irmã ou da filha do outro. E aí a briga fica mais feia.
Algumas pessoas são alistadas como vendedoras de maconha por quadrilhas, sob ameaça e vigilância pesada. Outras se tornam vendedoras de maconha porque gostam. Algumas só venderam poucas vezes. Mas todas essas vendedoras de maconha são discriminadas pelos clientes, perseguidas pela polícia e seus problemas são discriminados pela sociedade. Os clientes escondem que são clientes e humilham quem lhes oferece o serviço.
Revistas ou vídeos sobre maconha ou mostrando o uso de maconha tem que estar em lugares muito escondidos na Canábia e são proibidos totalmente no Canabistão.
Mas existe uma minoria que quer legalizar a maconha, porque quer acabar com a hipocrisia. Essa minoria é acusada de promover a bagunça da sociedade.
Um outro grupo, menor ainda, diz que quer liberdade e direitos para os vendedores de maconha, mas as pessoas desse grupo nunca aparecem quando um vendedor é preso, e quando um vendedor de maconha é humilhado publicamente, falam da sociedade maconhista mas não da liberação da maconha. E nunca alguém deste grupo foi visto vendendo ou usando maconha. Além de este grupo só existir na Canábia, ninguém quer ir para o Canabistão, onde vender maconha é punido com a morte. Outra: este grupo é patrocinado por usuários de maconha milionários, o outro não.
E quando um cidadão comum tenta conseguir maconha com um vendedor e este não quer vender, o vendedor é protegido por todos os cidadãos comuns que estiverem por perto. E este cidadão comum que queria maconha pode ser preso, isso se ele não for morto a pancadas ali mesmo.
Existe uma forma legal de usar maconha: com um único fornecedor, autorizado pelo governo e pelas famílias do usuário e do fornecedor. Este fornecedor fornece o produto quando e na quantidade que bem entende, sempre cobra caro e obter maconha não autorizada tem pena de morte para o comprador e o vendedor no Canabistão (já foi punido com cadeia na Canábia).
A estorinha parece absurda, incoerente? É uma parábola sobre o discurso feminista de que as mulheres são reprimidas sexualmente pelo patriarcado (e ao mesmo tempo são objeto sexual deste mesmo patriarcado).
(revisão de "O país de usuários de maconha que criminaliza as drogas", publicado em 17 de novembro em http://www.facebook.com/notes/abigail-pereira-aranha/o-pa%C3%ADs-de-usu%C3%A1rios-de-maconha-que-criminaliza-as-drogas/387929844671896)
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