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quinta-feira, 21 de maio de 2020

Ocupação de espaços 2: o inimigo agora é outro

Abigail Pereira Aranha

A ocupação de espaços pelo movimento comunista como ação político-ideológica é coisa do passado. Neste passado, a ocupação dos ambientes de produção intelectual, técnico-científica, de comunicação de massa, artística e de ensino por pessoas e ideias do movimento era valiosa para a parte boa do movimento para produzir o mundo melhor, tanto com a difusão das ideias quanto com a colocação das pessoas que creem nelas nas melhores posições para levá-las à prática. Para a parte não tão boa do movimento comunista, essa ocupação também era valiosa, mas tanto para vaidades pessoais quanto para tirar poder de ação e mesmo de expressão dos adversários presentes e futuros.

Mas algum dia, a parte má da esquerda mudou essa ocupação e fez a parte boa, cada vez menor, dividir os espaços com um terceiro grupo: os pequenos de espírito e os alienados, a maioria dos quais nem se preocupa com um compromisso ideológico. Assim, a ocupação esquerdista de espaços mudou de uma estratégia sociopolítica com fundamentos no mínimo dignos de atenção intelectual para uma guerra contra a realidade e a grandeza de espírito. Mais do que isso, essa guerra chega ao ponto da guerra contra a normalidade, o que as coisas deviam ser ou o que era esperado que elas fossem. É a ocupação dos altos escalões públicos e privados por desqualificados, da Justiça e da polícia por corruptos, da universidade por semianalfabetos, do ambiente intelectual por idiotas desinteressados em ideias divergentes, do ambiente técnico-científico por propagandistas e dogmáticos, do meio artístico-literário por gente de mau gosto, da imprensa por mentirosos e assim por diante.

Dirão estes que o mundo estava mergulhado em injustiça antes disso. Mesmo que isso seja verdade, e em boa parte é, a ideia aqui é substituir a estupidez, a truculência e o clientelismo eventuais do Catolicismo Romano, do Protestantismo e da política pré-esquerdista, além de uma opressão fictícia pelos brancos e pelos homens heterossexuais, pelo rancor da megalomania insatisfeita e pela pobreza de espírito de "losers" sem caráter.

Um outro caso não tão ligado à ocupação sociopolítica, mas ligado à vida social, é o do universo feminino. O feminismo de esquerda defendeu pelo menos desde a campanha pelo voto feminino uma participação das mulheres na vida social e política que as levaria, como consequência, a serem o menos distinguível possível dos homens. E quando um homem observa com atenção em uma mulher uma das diferenças físicas dela em relação a ele (e isso sem chegar na... diferença fundamental), isso pode acabar em desde repreensão no local de trabalho até prisão por assédio sexual. E essa já não é a mulher já desfavorecida pela Natureza (nada na frente, nada atrás, rosto não tão feminino) que tem uma apresentação visual que a deixa confundível com um homem. Chegamos ao ponto, no Brasil, de ter campanhas dizendo literalmente que um homem corre o risco de ter até 5 anos de prisão por se aproximar de uma mulher seminua em uma folia do Carnaval. Se o feminismo de esquerda trouxe alguma revolução sexual, ela foi essencialmente lesbianismo vulgar e anticristianismo barato. Se u'a mãe tem um filho de 6 anos que diz que na verdade é uma menina, ela pode pedir ajuda para o filho fazer cirurgia de mudança de sexo, mesmo se tiver que mandar uma carta para o Presidente da República. Isso aconteceu na Argentina.[1] Mas se a mesma mãe tiver uma filha fofinha de 6 anos que um dia disse "viva a putaria", a primeira reação dela é perguntar onde a filha aprendeu esse nome feio (não foi o meu caso, eu estava maior na época). Eu não considerei aqui o casamento porque nele, a diferença entre homem e mulher é de papéis sociais e papéis dentro do próprio ambiente doméstico. Mas se vamos observá-lo com atenção, até o casamento convencional mudou, para o homem, de um contrato social em que o homem poderia pelo menos conseguir algum respeito e algum conforto emocional para outro contrato social em que a mulher pode sair 10 anos depois levando os filhos e o dinheiro dele que ela puder. E no que sobra disso tudo, depois de mulheres que ficaram famosas por conteúdos eróticos ou pornográficos falarem mal do antigo trabalho, depois de prostitutas mudarem de estado para esconder o antigo trabalho frequentando uma igreja, a possibilidade de sexo casual com uma mulher fisicamente atraente e minimamente disponível já não é tão empolgante para um homem. Se a antinormalidade no contexto conservador era que as próprias ideias de sexo hétero e de mulher visualmente agradável para os homens eram quase criminosas (quando não eram literalmente), a antinormalidade no contexto feminista de esquerda é que não a mulher ter uma aparência sexualmente agradável ao homem, mas ela ser apenas dócil já é uma humilhação imposta pelo "machismo"; e isso se fizermos a concessão de que a tese "pênis em vagina é estupro" é minoritária e repulsiva dentro do próprio movimento feminista.

Ainda dentro do assunto do universo feminino, eu encontro pessoas dentro e fora da internet que se mostram chocadas em como eu acho que a heterossexualidade é normal, como é normal pra mim transar com amigos ou tocar e ser tocada por homens. Eu já recebi no Twitter um rapaz que disse que pensava que eu fosse mais liberal, porque (palavras dele, só trocando as conjugações verbais) eu aceito até o incesto[2], mas acho o homossexualismo doentio. Falando em homossexuais, chegamos a uma situação que conservadores e progressistas construíram: você pode conseguir a prisão de um homem ou de uma mulher por uma relação sexual normal com uma pessoa de 15 anos do sexo oposto (eu já estive dos dois lados); mas quem vai pra cadeia é você se discriminar um casal do mesmo sexo. Ah, eu já fui ameaçada de denúncia à Polícia Federal (de conservadores e feministas de esquerda) por dizer que uma pessoa que passou pela puberdade está biologicamente preparada para a vida sexual (heterossexual).

Mas se cada pessoa daquelas legiões de medíocres não tem domínio nem da habilidade associada à posição pela qual é publicamente conhecida, cada membro da parte não tão boa do movimento de esquerda tem pelo menos uma habilidade: a política. Esse grupo não apenas sabe administração em geral, também percebeu que se tentar fazer os bons ideais dos socialistas de bom caráter acabarem como o elevador de mais um despotismo, vai acabar preso pelos próprios agentes de segurança e fuzilado com aplausos do povo, como aconteceu com Nicolae Ceausescu na Romênia em 1989. Então, os dois grupos fazem um acordo: a legião de medíocres salva a pele da elite da esquerda para viver a esperança da guerra contra o mundo real enquanto essa esquerda profissional dá ao "povo" agrados governamentais e a expectativa de chegar a uma situação social, econômica e profissional além da que este "povo" tem o merecimento e a capacidade de conseguir.

NOTAS E REFERÊNCIAS:

[1] "Menino argentino de 6 anos é reconhecido como transexual", Agência Brasil, 26 de setembro de 2013, http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-09-26/menino-argentino-de-6-anos-e-reconhecido-como-transexual.

[2] "Abigail sobre o incesto", 15 de setembro de 2016, A Vez das Mulheres de Verdade, https://avezdasmulheres.blogspot.com/2016/09/abigail-sobre-o-incesto.html; e A Vez dos Homens que Prestam, https://avezdoshomens.blogspot.com/2016/09/abigail-sobre-o-incesto.html.

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