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domingo, 17 de maio de 2009
As fodonas
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Relações conjugais
"Sou casada há 12 anos e vivo infeliz. Meu marido é violento, grosseiro, autoritário, me trata muito mal. Sou infeliz, mas não consigo me separar. Por quê?"
Lídia, de Belo Horizonte
O grande objetivo de nossa vida é ser feliz. Isso significa estar em paz, em estado de prazer na maior parte do tempo. Nossas relações só fazem sentido se nos ajudarem nesse caminho. E o casamento, principalmente, tem um papel essencial na construção de nossa alegria. Afinal de contas, é com o companheiro que passamos a maior parte do tempo, dividimos com ele nossas intimidades boas ou ruins, partilhamos com ele nossas virtudes e defeitos. Porém, o casamento deve nos proporcionar um espaço de folga para crescermos, desenvolver nossas aptidões, sobretudo emocionais, e facilitar nossa travessia para as dificuldades da vida.
Infelizmente, tem sido, na maioria, lugar de sofrimento, competição, hostilidade, violências físicas e psicológicas. Tem estado mais para um ringue do que para um salão de festa. Mais para a luta do que para a dança. Essa é a queixa da leitora.
Quando, portanto, a relação conjugal se torna fonte de sofrimentos contínuos é hora de repensá-la. Muitas pessoas não sabem quando é tempo de desistir de uma relação. Outros não sabem se a relação ainda tem futuro. Muitas mensagens gravadas no inconsciente coletivo favorecem essas dúvidas: "O casamento é para sempre", "Mas vocês eram tão felizes no início", "Até que a morte os separe".
Neste caso, a leitora quer se separar, mas afirma não conseguir. Na verdade, não consigo é sinônimo de não quero. Racionalmente, ela quer. Ela está dividida e, com isso, ainda aumenta mais sua dor e angústia. Ela ainda pergunta. Por quê? Diante de uma situação semelhante, temos duas possibilidades. Tentar salvar o casamento ou então desistir dele. Acredito que sempre é importante tentar reconstruir uma relação que, em um momento anterior, foi escolhida pelos dois. Por pior que seja, qualquer relação tem a possibilidade de ser revista, analisada e melhorada. Para isso, existem algumas condições. Que o desejo de salvar o casamento seja dos dois. E que ambos aceitem buscar alternativas reais para superar os comportamentos de ambos, responsáveis pelo que foi feito da relação.
Um processo de terapia do casal seria uma alternativa, por exemplo. Se não houver mudanças significativas em cada um e, por consequência, na relação, continuar o casamento, além de perda de tempo, é também uma perda de vida emocional, pois o sofrimento e a violência tendem a aumentar cada vez mais. E por que é tão difícil se separar de relações infelizes? Medo. Medo de sofrerem mais ainda ao desistir do casamento. Medo das críticas, principalmente dos familiares, que, quase sempre, não estão nem aí se o casal está feliz ou não, interessando-lhes apenas a manutenção quantitativa do matrimônio. Medo de se sentirem culpados, e, sobretudo, medo da solidão.
A maioria de nós aprendeu que, se tiver alguém como parceiro, será automaticamente feliz. Que o namoro, o casamento em si nos levará necessariamente à felicidade. E isso não é verdade. O que nos ajuda a sermos felizes são relações alegres, motivadoras, respeitosas, na base da admiração e companheirismo. Partindo de um pressuposto falso, a maioria dos casais gasta muita energia para conservar e manter o casamento, ainda que infeliz. Daí o medo da solidão. Preservar a relação a qualquer preço passa a ser o único propósito, acompanhado da fantasia de que, com o tempo, mudará o parceiro, por meio de brigas, ameaças e exigências.
Já vimos que a separação não é a primeira nem a única saída para relações sofridas e infelizes. Se ainda há afeto e admiração, apesar das dificuldades e inadequações, a relação pode e deve ser tratada, vale a pena tentar caminhos novos de aprendizado e mudança. O quenão vale é acostumar-se com o sofrimento e, a partir de uma excessiva autoproteção, perpetuar-se em relações adoecidas e neuróticas.
Há uma grande diferença entre a paciência e a persistência. Sermos pacientes com um casamento infeliz significa colocarmos o tempo como aliado, não nos precipitarmos, mas estarmos profundamente ativos na busca de soluções, aprendendo com os próprios erros, pedindo ajuda externa, querendo, na prática, desenvolver mudanças. A persistência, ao contrário, é uma forma de teimosia. Por medo do desconhecido, insistimos na crença de que o tempo se encarregará de resolver relações esgotadas, mesmo mantendo formas fracassadas para se relacionar. Nesse caso, é muito comum o casal apelar para fatores externos, mudar de casa, ter um filho, fazer regime, comprar um carro novo, viajar, em vez de mudar a própria relação. É a onipotência de querer mudar o casamento sem mudar nada.
Toda tentativa de salvar o casamento é válida. Só não vale viver morrendo em nome de um amor que acabou e fechar o coração para novas oportunidades de vida. Estamos na vida para sermos felizes ou para estarmos casados?
Antônio Roberto. "Relações conjugais", Estado de Minas, Belo Horizonte, 01 de fevereiro de 2009, caderno Bem Viver, pág. 2.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Alexandre Vogler: obras de arte difíceis de mostrar ao povo (mesmo que questionem o "sistema")
Abigail Pereira Aranha
Discute-se, neste trabalho, a utilização do corpo feminino como grande fetiche para vender marcas diversas. Um exemplo bem definido por todos são da maioria das marcas de cerveja, onde as expõem em maior grau.Segundo Vogler, "se a mulher é usada por todas as campanhas, eu ponho o conteúdo sexista dessas mensagens no grau mais avançado. Poderia usar uma imagem mais tolerável, mas seria chover no molhado". Ele, ao mesmo tempo em que esconde, deixa à mostra partes de um órgão que, segundo as regras da moral e da boa conduta, não devem ser mostradas. (Pedro Alonso, "A intermedialidade no trabalho de Alexandre Vogler e a arte da performance", Ensaio crítico, 4 de julho de 2008, http://ensaioscriticos.blogspot.com/2008/07/intermedialidade-no-trabalho-de_04.html)
No momento em que posava para fotos em frente à sua criação, uma senhora – que mora num apartamento em frente ao malfadado muro – aparece à janela do prédio e reclama daquela imagem profana a qual terá que se deparar todos os dias. Em discussão com Alexandre – este tenta em vão convencer à moradora de que a provocação faz parte do processo de sua obra – ela sentencia e afirma categoricamente que ele precisava estudar arte, abominando sua criação. (Pedro Alonso. Texto citado)Segundo Alexandre Vogler, a interferência do público à sua obra se faz sentir pela negatividade de sua recepção, pois as imagens das vaginas coladas e espalhadas pela cidade são rasgadas e, segundo a matéria, alguns profissionais que colavam nos muros os cartazes já foram ameaçados pela polícia. (idem)
domingo, 29 de março de 2009
Noam Chomsky: "É muito natural para os intelectuais fazerem as coisas simples parecerem difíceis"
Em Language and Responsibility você chama a atenção para o papel do intelectual na manutenção da ordem social e na defesa dos interesses da elite e, em seguida, critica a idéia de que o conhecimento social (a História, a política internacional etc.) requer ferramentas especiais (teoria, metodologia) que o homem comum não tem e não pode ter. Ao mesmo tempo, a crítica que denuncia essa especialização perversa do conhecimento social é ela mesma especializada (no sentido em que requer tanto empenho, que apenas o “intelectual” ou o diletante esforçado podem fazê-la). Como o intelectual crítico pode escapar do dilema de criticar a especialização e ser ele próprio um especialista?
Eu acho que você deve ser honesto. Se você me pedisse para explicar-lhe a matéria que eu ensino nos meus cursos de pós-graduação em cinco minutos, eu diria que é impossível, porque ela requer muita fundamentação, muito entendimento e requer também conhecimento técnico etc. Mas se você me pedisse para explicar a crise da dívida brasileira em cinco minutos eu diria que sim, porque é elementar. Na verdade, virtualmente tudo relativo à política e à sociedade está na superfície. Ninguém entende as coisas muito bem e até mesmo nas ciências; uma vez além das grandes moléculas, tudo se torna bastante descritivo. As áreas nas quais há um conhecimento significativo e não superficial são raras. Se existe, você respeita; eu não vou falar de Física Quântica porque eu não entendo nada.
Por outro lado, essas outras questões são acessíveis a todo mundo. Uma das coisas que os intelectuais fazem é justamente tornar essas questões inacessíveis, por várias razões, inclusive razões de dominação e de interesse pessoal. É muito natural para os intelectuais fazerem as coisas simples parecerem difíceis. É o mesmo motivo que levava a Igreja medieval a criar mistérios. Aquilo era importante. Leia o grande inquisidor de Dostoievsky, ele diz de uma forma magnífica. O grande inquisidor explica que você deve criar mistérios porque de outra forma as pessoas comuns vão entender as coisas e elas devem ficar subordinadas, então você tem que fazer as coisas parecerem misteriosas e complicadas. Esse é o teste do intelectual. É também bom para eles. De repente, eles são pessoas importantes falando de coisas que ninguém entende... Às vezes, as coisas ficam meio cômicas, como no discurso pós-moderno. Principalmente em Paris, aquilo virou uma caricatura, é tudo jargão. Mas é muito arrogante, há muitas câmeras de televisão, muita pose, todos tentando decodificar e descobrir o significado por detrás das coisas, coisas que você pode explicar para uma criança de oito anos. Não há nada lá.
Essas são formas pelas quais os intelectuais contemporâneos, inclusive aqueles na esquerda, criam grandes carreiras, conseguem poder, marginalizam as pessoas, intimidam etc. Nos Estados Unidos, por exemplo, e, na verdade, em boa parte do terceiro mundo, muitos jovens militantes se sentem simplesmente intimidados pelo jargão incompreensível que vêm dos movimentos intelectuais de esquerda, que é impossível de entender, e faz com que as pessoas sintam que não podem fazer nada porque, a não ser que de algum modo entendam a última versão pós-moderna disso e daquilo, não podem sair às ruas e organizar as pessoas pois não são suficientemente inteligentes. Pode ser que a intenção não seja essa, mas o efeito é uma técnica de marginalização, controle e interesse próprio. As pessoas ganham prestígio, viajam bastante, vivem em altos círculos etc. Paris é talvez a versão mais extrema disso. Lá virou quase uma caricatura, mas você encontra também em outros lugares. Por outro lado, a pergunta que você deve fazer em relação a esse ponto é a seguinte: se há uma teoria ou conjunto de princípios ou doutrinas que são muito complicados e você tem que estuda-los, peça que lhe expliquem com palavras simples. Se alguém puder fazê-lo, então leve a sério. Peça para um físico, ele pode fazê-lo. Se há algo sobre uma experiência em Física que eu não compreendo (o que acontece com freqüência) eu posso procurar meus amigos no departamento de Física e pedir para que eles me expliquem, eu digo o nível no qual eu quero entender e eles podem fazê-lo. Da mesma forma que eu posso explicar para eles algo que esteja acontecendo num seminário de pós-graduação em Linquística, nos termos e com os detalhes que eles queiram entender - eles terão uma idéia.
Tente perguntar para alguém lhe explicar o último artigo de Derrida1 ou outro qualquer em termos que sejam compreensíveis. Eles não podem fazê-lo. Pelo menos não puderam fazer para mim, eu não entendo. E eu acho que as pessoas devem se perguntar que grande salto na evolução ocorreu que capacita as pessoas a terem essas percepções fantásticas sobre tópicos que ninguém entende muito bem e que elas não conseguem repartir com as pessoas comuns. As pessoas devem ser muito céticas quanto a isso. Na minha opinião, é apenas mais uma técnica pela qual os intelectuais dominam as pessoas.
CHOMSKY, Noam. Notas sobre o anarquismo. Tradução de Felipe Corrêa, Bruna Mantese, Rodrigo Rosa e Pablo Ortellado. São Paulo: Editora Imaginário e Sedição Editorial, pág. 135 - 7. O capítulo, “Anarquismo, Intelectuais e o Estado”, é parte da entrevista “Os Intelectuais, o Estado e os Meios de Comunicação”,conduzida por André Ryoki Inoue e Pablo Ortellado em novembro de 1996 e publicada na edição “Democracia e Autogestão” da revista Temporaes em 1999 pela Editora Humanitas de São Paulo.
1 Jacques Derrida, “filósofo da escola do desconstrutivismo, uma metodologia analítica que vem sendo aplicada na Lingüística, no Direito, Literatura e Arquitetura” (pág. 210)
quarta-feira, 25 de março de 2009
Alimentos para o bom humor
Especialista dá dicas de uma dieta alto astral e gostosa para o dia-a-dia
Você está se sentindo irritado, cansado, desvitalizado, estressado e com insônia? Hora de tomar consciência do seu ritmo de vida, de trabalho, rever suas opções, de parar de fazer coisas por obrigação e mudar o seu estilo de vida.
É o que propõe Conceição Trucom, química, cientista, palestrante e escritora sobre temas voltados para alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida. Segundo ela, nos alimentamos mal "porque a indústria alimentícia lava nossas mentes para viver de fast food, alimentos processados e industrializados". "O melhor seria dizer a indústria das doenças", afirma.
A cientista diz que é preciso ficar atento para introduzir na dieta alimentos que têm o poder de estimular o bom funcionamento do sistema nervoso, desintoxicar o fígado e intestinos, acabar com a irritação e espantar a tristeza. "Valorize e tenha uma boa cumplicidade com os alimentos que facilitam a limpeza das impurezas do organismo como o excesso de adrenalina que causa estresse e ansiedade, ou dos cortisóis que causam melancolia e depressão."
Alguns alimentos, ensina ela, conseguem prevenir as complicações da ansiedade acumulada porque batem de frente com sua química nociva. "Eles se opõem, por exemplo, aos radicais livres, que minam nossa energia e resistência sem dó."
Além da introdução desses alimentos para lá de alto astral, a especialista recomenda a prática de exercícios ao ar livre, caminhadas, alongamentos, dançar, fazer ioga, meditar e respeito ao corpo.

Publicado em: 22/02/2009
O Tempo, http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdNoticia=104059
terça-feira, 17 de março de 2009
De que adianta trocar a burka por minissaia, tailleur ou topless, se a frigidez é a mesma?
Abigail Pereira Aranha
Nos países muçulmanos na África, pelo menos 3 milhões de mulheres por ano são vítimas da mutilação genital, a retirada do clitóris para evitar o prazer. Na Nigéria e no Irã, a suspeita de adultério leva centenas de mulheres à morte por apedrejamento todo ano. No Paquistão, o estupro coletivo continua sendo uma das formas de punição de mulheres consideradas desonradas, entre os grupos mais radicais.1 Nos países muçulmanos, a mulher tem que andar coberta dos pés à cabeça e não pode andar sozinha. O Afeganistão tem a burka, que cobre até o rosto da mulher. Uma "revolução" islâmica jogou o Irã num regime teocrático. O líder dessa "revolução", o aiatolá Khomeini, deixou seus propósitos claros ao assumir o poder em 1979: livrar o país de qualquer influência ocidental.
Aqui no Brasil e nos outros países ocidentais, temos a minissaia. Pra alguns, é um escândalo até hoje. Mas nos países mais liberais e mais evoluídos em termos de dignidade humana a mulher aproveita essa liberdade e faz, pensa e vive o que as mulheres dos países muçulmanos estão impossibilitadas de viver? Será que quem usa minissaia é mais liberal que quem usa saia ou vestido comprido? Será que as mulheres daqui se não são mais liberais pelo menos têm menos "machismo"? Nem sempre.
A mulher deixou de se casar na adolescência com alguém escolhido pelos pais, mas não é raro o casamento por interesse. Uma mulher pode usar uma minissaia ou um short, mas não ser menos puritana que uma mulher da década de 50.
Num país, a mulher se casa nova e vive pro marido e pros filhos. No outro a mulher se casa mais tarde e engravida ou faz dieta pra salvar o casamento2, e se não consegue engravidar, faz tratamento. Num país a mulher não sai de casa sem um homem da família. No outro, a mulher parece ter alergia a homem, mesmo tratando o homem bem. Num país, os pais escolhem o marido da mulher. No outro, a mulher escolhe o marido pelo dinheiro ou pela canalhice, ou escolhe um marido pobre e bonzinho pra oprimi-lo.
E quando a mulher assume cargos de destaque, às vezes ela realmente merece admiração, por qualidades não só profissionais como pessoais. Mas muitas mulheres de destaque são autoritárias e histéricas, isso quando não conseguiram subir na carreira na base do sexo. Se uma mulher de destaque tem a fama de masculinizada ou feminazista, não é a toa. A mulher que constrói um sucesso canalizando a frustração com a própria aparência, a vida afetiva mal-resolvida ou uma grande vaidade para o trabalho e os estudos existe. E essa mulher, apesar de suas conquistas pessoais, mostra sua falta de humildade, sua dificuldade de relacionamento pessoal ou suas feridas interiores, tanto no relacionamento pessoal quanto profissional. Essa mulher, que pode ser um ídolo para feministas, é um anti-modelo como pessoa e profissional.
Temos de ver que as mulheres nem sempre valorizam a liberdade e os direitos que têm, e muitas vezes são tão machistas quanto os homens machistas. Parece até combinado. As mulheres podem ter alguns direitos, mas que continuem na linha e não busquem o direito até de serem mulheres. Assim, com essa mentalidade antiga ainda na cabeça, feminismo vira pensão, aborto, lesbianismo, lei contra homem e disputa com os homens por destaque. Use burka, minissaia, tailleur ou topless, a mulher continua reprimida sexualmente.
Mas eu concordo plenamente com quem diz que uma mulher não deve ser vista como puta só porque usa uma roupa menos comportada. Eu uso vestido comprido desde os 14 anos (tenho 18) e já tenho mais picas no currículo que qualquer mocinha de minissaia vai ter na vida. Hehehehe!
NOTAS:
1 "Dia Internacional da Mulher relembra problemática da violência", Jornal Hoje, 08 de março de 2008. Disponível em http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL342652-5602,00-DIA+INTERNACIONAL+DA+MULHER+RELEMBRA+PROBLEMATICA+DA+VIOLENCIA.html.
2 Um caso está relatado na revista Sou Mais Eu, na internet em http://mdemulher.abril.com.br/beleza-dieta/reportagem/dieta/emagreci-42-kg-dieta-sanduiche-light-396547.shtml?comments=yes.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Luta mesmo é pra ser hétero
Abigail Pereira Aranha
Hoje em dia tem gente defendendo ou dizendo que pratica homossexualismo, bissexualismo, zoofilia, etc. Opção sexual desse jeito é papo furado e eu vou explicar por quê. O que eu vou dizer pode parecer preconceito, mas não é. Aliás falando em preconceito, já reparou que heterofobia pode?
Até hoje, como tem sido a questão do sexo? Primeiro, se dificulta o sexo. A situação é tal que um homem e uma mulher não conseguem chegar perto em paz. Depois vem a "solução", o casamento. E com o casamento vem todo um controle social sobre o casal. Uma outra opção é a prostituição. Mas mesmo dentro do casamento o sexo é medíocre, com raras exceções. Em outros tempos, o sexo era mais pra reprodução e tinha muito casamento arranjado pelos pais do casal. Tinha casal que nem se conhecia antes do casamento.
Então, prazer é difícil, ciúme é comum, transar fora do casamento é muito complicado, ter contato com o sexo oposto, mesmo que não tenha nada de sexual, é complicado. E em que as "preferências" sexuais ajudam a acabar com tudo isso? Em nada.
Uma comodidade de transar com gente do mesmo sexo, com animal, etc é que a pessoa pode ficar muito bem se não ficar muita gente sabendo da "opção" dela. Dois homens ou duas mulheres homossexuais pode se fazer de apenas bons amigos. Podem transar em casa e todo mundo pensa que é só visita. Uma zoofílica com o bichinho dela ninguém vai implicar se não souber de nada. Mas vão um homem e uma mulher ficar sozinhos conversando, estudando pra uma prova da faculdade pra ver. Se uma mulher casada está sozinha em casa e chega um amigo, a vizinhança inteira fala que ela está chifrando o marido.
Ah, falando nisso, quero agradecer ao meu pai, à minha mãe e aos meus irmãos por terem me deixado estudar e transar com alguns dos meus colegas de escola homens no Ensino Médio. Mesmo que dar pros coleguinhas me desqualificasse, eu também não decepcionei vocês no meu rendimento na escola, né?
Já tem cidade onde casal de homossexuais pode andar de mãos dadas na rua, e com lei pra punir quem discriminar. A turma do respeito à "diversidade" sexual está aí pra defender tudo que é bagunça em matéria de sexo. Mas heterossexualidade, só num relacionamento estável. Pelo menos, eles não parecem achar ruim essa parte da Bíblia.
Muita gente acha o ciúme natural. Essas pessoas ficam chocados com um assassinato por ciúme, mas acham que um pouquinho de ciúme até faz parte do amor. É a repressão ao contato com o sexo oposto, e todo mundo aceita, ou, o que é pior, acha justo. Se um babaca possessivo proíbe a mulher de sair de casa pra ela não chegar perto de homem, muita gente acha que ele está no direito dele. Se uma mulher está conversando com um homem e chega o namorado querendo bater, vai ter gente dando razão pro namorado, que ele está protegendo o que é dele.
Chega uma hora em que o homossexual, o bissexual, o zoofílico, quer ter um filho, assim como a mulher estéril quer engravidar. Ou quer parecer uma pessoa séria, confiável, normal, pra sociedade e pro mercado de trabalho. Aí o que ele faz? Arranja um relacionamento hétero igual ao de todo mundo. Às vezes é sério, às vezes é fachada, mas é o mesmo relacionamento horrível que todo mundo tem. E arranja uma igreja pra ir também, ainda pagando de santo.
Está certo que homossexual foi muito discriminado no passado, mas nessa época o contato entre homem e mulher também era mais difícil e os casamentos eram piores, na cama e fora dela. Então, mais revolucionário que ser uma lésbica assumida é ser uma mulher sexuada heterossexual assumida e que não liga sexo a casamento. E também é mais revolucionário ser um homem heterossexual assumido que ser uma bicha louca.
A mulher só de puxar conversa com homens já pode ser vista como meio assanhada. Transando sem compromisso então, ela é a safada, a puta, a pervertida. No caso dos homens vai ser mais difícil. É difícil uma mulher aceitar uma relação de sexo e amizade. A maioria das mulheres parece ter alergia a homem. Mas o homem não pode ter uma parceira fixa só por causa de sexo, porque isso é perder muita coisa em troca de um sexo medíocre. Qualquer coisa, vai na zona mesmo, por que não?
E viver a heterossexualidade não tem a ver só com sexo. Quem não se reprime sexualmente nem é sexualmente frustrado se relaciona melhor com o sexo oposto. E também pensa melhor antes de casar, porque casamento geralmente é monotonia e falta de liberdade, e isso não só em matéria de sexo. Tem melhor humor, melhor saúde, melhor auto-estima. Aí, mesmo que se case, vai ser mais feliz que os casais que se casaram pra prestar contas à família. Mas quem assume a heterossexualidade sai dessa repressão sexual e do meio de uma gente hipócrita e covarde. E o principal é que fica melhor consigo mesmo com isso, e melhor até de saúde que os outros sexualmente insatisfeitos. Viver a heterossexualidade é ser honesto consigo mesmo, superar algum trauma pessoal que houver e não seguir uma sociedade reprimida, hipócrita e medíocre.