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domingo, 17 de maio de 2009

As fodonas

Abigail Pereira Aranha
A mulher já é a última bolacha do pacote só porque tem uma buceta. Não precisa de humildade, inteligência, caráter, educação, nada. Só de ter um rosto e um corpo bonitos já tem tudo. Só de ficar bem numa roupa curta e receber cantadas e olhares já é rainha do mundo. É só continuar cuidando do corpo e da beleza que os escravos da buceta vão estar lá pra inflar o ego, facilitar as coisas, fazer gentilezas e no final um deles se casar com ela pra bancar uma piranha frígida e gorda aposentada pelos cafajestes pro resto da vida.
Mas existe uma raça que é ainda mais superior que a mulher. É a fodona. A fodona é aquela que faz, que acontece, tem curso disso, é bem sucedida no trabalho, etc. O problema nisso é a mulher fazer cursos, constrói uma carreira, etc por vaidade, por competição.
Deixa eu mostrar uma reportagem de jornal sobre esse tipo.
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Caminho tortuoso
Déa Januzzi
"Não fui achada ainda!". A frase da diretora do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, Leila Renault da Silva, de 39 anos, reflete a condição vivida pelas mulheres do mundo contemporâneo. Elas fizeram a revolução sexual e profissional, que alterou radicalmente a história das relações familiares. Não querem mais fazer concessões. Provedor só o de internet. Não precisam mais de alguém para projetá-las socialmente nem pagar as contas, mas querem encontrar um companheiro à altura do esforço que cada uma fez para chegar aonde está. Nenhuma delas quer voltar atrás, abrir mão de conquistas, mas o caminho do relacionamento afetivo ficou mais difícil e complicado.
Leila se dedicou aos estudos e à carreira por muito tempo. Já realizou sozinha alguns projetos de vida e muitos sonhos. Tem um confortável apartamento no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de BH, carro, um ótimo salário, que lhe proporciona conhcecer o Brasil e viajar frequentemente para o exterior. "Achava que podia morrer depois de conhecer Paris, o que fiz no ano passado. Hoje, tenho certeza de que quero continuar vivendo por muito tempo ainda, para voltar a Paris várias vezes."
Ela se cuida: caminha todos os dias, pois não gosta de academia, está no auge da dieta alimentar e passa a maior parte do tempo no trabalho, que a consome muito. Reconhece que, dentro desse cenário, "muitas mulheres preferem a solidão a homens errados, porque a gente vai amadurecendo e fica mais exigente e seletiva". Depois de subir as escadas do sucesso, fica mais complicado arrumar um companheiro. "Os homens mais legais estão casados e os disponíveis se assustam com nossa condição financeira e profissional. Os divorciados, por sua vez, optam por mulheres mais jovens e o círculo se fecha para nós", explica.
Leila não pensa em se casar, mas em namorar, ter alguém para ir ao cinema, ao restaurante, viajar e compartilhar tudo de bom que a vida oferece. Sente falta desse companheiro especial, que esteja no mesmo nível emocional e material dela. Enquanto esse homem não chega, ela vai se divertindo, pois tem muitas amigas para fazer o que gosta, ir a restaurantes chineses, barzinhos legais, viagens – e ler muito. Atualmente, ela se entrega à leitura de Paixão índia, de Javier Moro, lançado pela Editora Planeta. E aguarda não mais um homem para completar sua vida, mas para somar. E que seja parecido com ela, não mais com o seu oposto.
EQUILÍBRIO Orientadora pedagógica da escola materna da Fundação Torino, Paula Cristina Pereira da Silva, de 38, sempre pensou em organizar a vida profissional em primeiro lugar, para depois entrar inteira num relacionamento afetivo e "ter o que oferecer ao outro, uma mulher equilibrada, em harmonia consigo mesma e bem-sucedida. Nunca gostei de depender financeiramente do outro". Então, fez cursos de graduação e pós, além de atualização, porque trabalha com crianças de 2 a 5 anos.
Estar sozinha no amor não priva Paula de continuar querendo alguém do mesmo nível. "Tenho direito de escolha", mas explica: "Ser sozinha no amor não é estar só na vida. Tenho muitos amigos, a casa sempre cheia, inclusive, de casais com seus filhos que adoram me visitar. Sou muito feliz do jeito que estou, com um monte de amigos e de projetos".
Ela confessa que já namorou muito, mas nunca teve vergonha de pôr um ponto final quando o relacionamento está ruim. "Não invisto em pessoas erradas". Paula, porém, diz que as amigas vivem questionando sua condição de solteira, porque ela está sozinha. "Os homens, por sua vez, acham que uma mulher de 38 que está sozinha tem algum defeito. Para quebrar o gelo, eu dou o troco. Digo que os homens é que estão com defeito."
Paula tem um apartamento, onde mora sozinha há 10 anos, mas pretende comprar uma casa. "As pessoas se espantam quando digo que estou juntando dinheiro para comprar uma casa, mas não entendem que não pretendo ficar só para sempre. Se esse cara especial não surgir, vou encher a casa de amigos". De uma família com sete irmãos, ela gosta de casa cheia, mas tem coragem de esperar mais um pouco. Propostas de casamento foram muitas, mas "ainda não era a hora. Queria dar conta da minha vida e ter um companheiro que me admirasse e respeitasse pelo tanto que consegui conquistar".
CONSTRANGIMENTO A mais jovem das três, Diginane Hiorranna, de 26, diz que tem amigas com relacionamentos altamente prejudiciais, pois elas acreditam que não ter um namorado é estar sozinha. "Ficam constrangidas de não ter um homem ao lado, alguém para apresentar, para sentar à mesa do bar com elas. Acho estranho porque mulher não precisa mais disso", diz.
Sem idealizar um determinado tipo de homem, ela prefere alguém que, em primeiro lugar, "respeite minhas ideias, meu espaço e minha forma de viver. Relacionamento a dois é uma eterna troca de conhecimentos, é estar bem consigo mesma para conseguir ficar bem com o outro". Ela não acredita na teoria de que os opostos se atraem, mas tem certeza de que os semelhantes se completam. E não tem medo de ficar sozinha, pois curte a casa, o trabalho, adora samba e principalmente a simplicidade das pessoas e dos lugares. "Gosto de pessoas sem máscaras, sem palavras difíceis, do valor das pequenas coisas que podem se tornar grandes. Gosto de gente que olha no olho."
(Estado de Minas, Belo Horizonte, 08 de fevereiro de 2009, caderno Bem Viver, pág. 3)
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Vamos voltar a uma frase:
"Não precisam mais de alguém para projetá-las socialmente nem pagar as contas, mas querem encontrar um companheiro à altura do esforço que cada uma fez para chegar aonde está."
Quer dizer, homem existe pra trabalhar, dar duro pra no fim bancar uma piranha frígida, gorda e chata e os eventuais filhos em troca de ter a companhia dela e duas ou três relações por mês. Mas a fodona é tão demais que não precisa de homem nem pra sustentá-la. A fodona é boa demais pros homens.
E quando a fodona é bonita e gostosa então, é uma deusa.
Dizem algumas fodonas que os homens tem medo de se aproximar delas. Mas elas não querem justamente mostrar como são superiores? Mas também tem muito homem frouxo por aí. Elas também falam disso como se todos os homens fossem machistas e não gostassem de mulher bem-sucedida.
A fodona é uma lésbica antipática. Tem muito horror a homem pra ser piranha, e é muito convencida pra ser piranha. Se não está sem sexo faz tempo, está casada com um frouxo. A mulher de verdade que se destaca é aberta, humilde, simpática. Ela é inteligente, estudada, informada, mas não é sabichona. Ela tem uma posição, mas não é uma lésbica feminazista metida a besta. Enfim, ela tem conteúdo, não ego inchado.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Relações conjugais

"Sou casada há 12 anos e vivo infeliz. Meu marido é violento, grosseiro, autoritário, me trata muito mal. Sou infeliz, mas não consigo me separar. Por quê?"

Lídia, de Belo Horizonte

O grande objetivo de nossa vida é ser feliz. Isso significa estar em paz, em estado de prazer na maior parte do tempo. Nossas relações só fazem sentido se nos ajudarem nesse caminho. E o casamento, principalmente, tem um papel essencial na construção de nossa alegria. Afinal de contas, é com o companheiro que passamos a maior parte do tempo, dividimos com ele nossas intimidades boas ou ruins, partilhamos com ele nossas virtudes e defeitos. Porém, o casamento deve nos proporcionar um espaço de folga para crescermos, desenvolver nossas aptidões, sobretudo emocionais, e facilitar nossa travessia para as dificuldades da vida.

Infelizmente, tem sido, na maioria, lugar de sofrimento, competição, hostilidade, violências físicas e psicológicas. Tem estado mais para um ringue do que para um salão de festa. Mais para a luta do que para a dança. Essa é a queixa da leitora.

Quando, portanto, a relação conjugal se torna fonte de sofrimentos contínuos é hora de repensá-la. Muitas pessoas não sabem quando é tempo de desistir de uma relação. Outros não sabem se a relação ainda tem futuro. Muitas mensagens gravadas no inconsciente coletivo favorecem essas dúvidas: "O casamento é para sempre", "Mas vocês eram tão felizes no início", "Até que a morte os separe".

Neste caso, a leitora quer se separar, mas afirma não conseguir. Na verdade, não consigo é sinônimo de não quero. Racionalmente, ela quer. Ela está dividida e, com isso, ainda aumenta mais sua dor e angústia. Ela ainda pergunta. Por quê? Diante de uma situação semelhante, temos duas possibilidades. Tentar salvar o casamento ou então desistir dele. Acredito que sempre é importante tentar reconstruir uma relação que, em um momento anterior, foi escolhida pelos dois. Por pior que seja, qualquer relação tem a possibilidade de ser revista, analisada e melhorada. Para isso, existem algumas condições. Que o desejo de salvar o casamento seja dos dois. E que ambos aceitem buscar alternativas reais para superar os comportamentos de ambos, responsáveis pelo que foi feito da relação.

Um processo de terapia do casal seria uma alternativa, por exemplo. Se não houver mudanças significativas em cada um e, por consequência, na relação, continuar o casamento, além de perda de tempo, é também uma perda de vida emocional, pois o sofrimento e a violência tendem a aumentar cada vez mais. E por que é tão difícil se separar de relações infelizes? Medo. Medo de sofrerem mais ainda ao desistir do casamento. Medo das críticas, principalmente dos familiares, que, quase sempre, não estão nem aí se o casal está feliz ou não, interessando-lhes apenas a manutenção quantitativa do matrimônio. Medo de se sentirem culpados, e, sobretudo, medo da solidão.

A maioria de nós aprendeu que, se tiver alguém como parceiro, será automaticamente feliz. Que o namoro, o casamento em si nos levará necessariamente à felicidade. E isso não é verdade. O que nos ajuda a sermos felizes são relações alegres, motivadoras, respeitosas, na base da admiração e companheirismo. Partindo de um pressuposto falso, a maioria dos casais gasta muita energia para conservar e manter o casamento, ainda que infeliz. Daí o medo da solidão. Preservar a relação a qualquer preço passa a ser o único propósito, acompanhado da fantasia de que, com o tempo, mudará o parceiro, por meio de brigas, ameaças e exigências.

Já vimos que a separação não é a primeira nem a única saída para relações sofridas e infelizes. Se ainda há afeto e admiração, apesar das dificuldades e inadequações, a relação pode e deve ser tratada, vale a pena tentar caminhos novos de aprendizado e mudança. O quenão vale é acostumar-se com o sofrimento e, a partir de uma excessiva autoproteção, perpetuar-se em relações adoecidas e neuróticas.

Há uma grande diferença entre a paciência e a persistência. Sermos pacientes com um casamento infeliz significa colocarmos o tempo como aliado, não nos precipitarmos, mas estarmos profundamente ativos na busca de soluções, aprendendo com os próprios erros, pedindo ajuda externa, querendo, na prática, desenvolver mudanças. A persistência, ao contrário, é uma forma de teimosia. Por medo do desconhecido, insistimos na crença de que o tempo se encarregará de resolver relações esgotadas, mesmo mantendo formas fracassadas para se relacionar. Nesse caso, é muito comum o casal apelar para fatores externos, mudar de casa, ter um filho, fazer regime, comprar um carro novo, viajar, em vez de mudar a própria relação. É a onipotência de querer mudar o casamento sem mudar nada.

Toda tentativa de salvar o casamento é válida. Só não vale viver morrendo em nome de um amor que acabou e fechar o coração para novas oportunidades de vida. Estamos na vida para sermos felizes ou para estarmos casados?

Antônio Roberto. "Relações conjugais", Estado de Minas, Belo Horizonte, 01 de fevereiro de 2009, caderno Bem Viver, pág. 2.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Alexandre Vogler: obras de arte difíceis de mostrar ao povo (mesmo que questionem o "sistema")

Abigail Pereira Aranha

Parte I - "Base para Unhas Fracas", sobre o corpo feminino como instrumento publicitário, enfrenta o velho horror ao sexo
A obra
Discute-se, neste trabalho, a utilização do corpo feminino como grande fetiche para vender marcas diversas. Um exemplo bem definido por todos são da maioria das marcas de cerveja, onde as expõem em maior grau.
Segundo Vogler, "se a mulher é usada por todas as campanhas, eu ponho o conteúdo sexista dessas mensagens no grau mais avançado. Poderia usar uma imagem mais tolerável, mas seria chover no molhado". Ele, ao mesmo tempo em que esconde, deixa à mostra partes de um órgão que, segundo as regras da moral e da boa conduta, não devem ser mostradas. (Pedro Alonso, "A intermedialidade no trabalho de Alexandre Vogler e a arte da performance", Ensaio crítico, 4 de julho de 2008, http://ensaioscriticos.blogspot.com/2008/07/intermedialidade-no-trabalho-de_04.html)
Cartaz de genitália causa revolta e é rasgado no Prado
Artista carioca quer que pessoas pensem sobre uso da imagem da mulher
Carolina Coutinho
A obra de arte do pintor carioca Alexandre Vogler, intitulada "Base para Unhas Fracas", que estampa a genitália feminina em 30 muros de Belo Horizonte, não causou só polêmica, mas também revoltou pessoas que se depararam com ela na rua. A imagem mostra a genitália parcialmente coberta pelas mãos da mulher casada com unhas pintadas de vermelho. No Prado, região Oeste da capital, a figura, afixada na quarta-feira numa avenida de grande movimento, foi rasgada no meio na manhã de ontem. A atitude provocou tristeza em uns e alegria em outros, ou melhor, outras. O autor da depredação permanece desconhecido. "Fiquei chateado por terem rasgado o cartaz. Daqui da minha mesa de trabalho eu olhava para a imagem várias vezes por dia. Se eu tivesse visto que a pessoa ia rasgar, teria corrido até lá e impedido", disse o gerente de vendas Luciano Caldeira dos Santos, 33. Para a vendedora Érica Baessa, 24, o estrago demorou para acontecer.
"Achei vulgar e absurda a foto desse cartaz. Não sei direito do que se trata, se é mesmo uma propaganda de esmalte, mas acho um desrespeito com as pessoas, principalmente as mulheres, crianças e idosas", disse indignada. Segundo o autor da obra, a intenção era mesmo chamar a atenção. Vogler explicou a figura como sendo uma forma de protesto contra o uso da imagem da mulher em campanhas publicitárias. "As pessoas não percebem que a mulher é tratada como objeto nas propagandas. Elas são usadas para atrair o consumidor e são expostas de maneira pejorativa. Quero que as pessoas reflitam", disse. Ele manipulou digitalmente a imagem.
Alguns gostam...
"O cartaz chamou a atenção de todas as pessoas que passam por aqui. Eu achei bonito e ao mesmo tempo um pouco agressivo."
Alan David da Silva, 23 vendedor
outros não
"Tenho uma filha pequena e não gostaria que ela visse. Trabalho com muitos homens e é constrangedor ouvir falar desse assunto."
érica baessa, 24 vendedora
"Cartaz de genitália causa revolta e é rasgado no Prado", O Tempo, Belo Horizonte, 15 de novembro de 2008, http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdEdicao=1113&IdCanal=6&IdSubCanal=&IdNoticia=95880&IdTipoNoticia=1.
Mais reações
No momento em que posava para fotos em frente à sua criação, uma senhora – que mora num apartamento em frente ao malfadado muro – aparece à janela do prédio e reclama daquela imagem profana a qual terá que se deparar todos os dias. Em discussão com Alexandre – este tenta em vão convencer à moradora de que a provocação faz parte do processo de sua obra – ela sentencia e afirma categoricamente que ele precisava estudar arte, abominando sua criação. (Pedro Alonso. Texto citado)
Segundo Alexandre Vogler, a interferência do público à sua obra se faz sentir pela negatividade de sua recepção, pois as imagens das vaginas coladas e espalhadas pela cidade são rasgadas e, segundo a matéria, alguns profissionais que colavam nos muros os cartazes já foram ameaçados pela polícia. (idem)
Uma cópia arrancada em Belo Horizonte já foi mostrada. Mais uma, no Rio de Janeiro: http://melkzda.blogspot.com/2008/06/base-para-unhas-fracas.html.
Parte II - Um tridente, símbolo de Netuno, mas que para os cristãos é outra coisa...
Entre a cruz e o tridente
Símbolo pintado no cruzeiro é criticado por moradores e religiosos e prefeitura tenta apagar
Helvio Lessa
A figura de um tridente pintado na encosta da Serra do Vulcão, logo atrás do Mirante do Cruzeiro, causou ontem polêmica entre moradores e religiosos de Nova Iguaçu. Muita gente ficou revoltada e acusava a prefeitura de desrespeito às religiões. O desenho fez parte de oficina de arte pública, no Projeto Interferências Urbanas, evento promovido pelo município semana passada.
"Isso é coisa do mal, do demônio. Uma afronta a um símbolo de Jesus e com a permissão da prefeitura. Subiram aqui com o pretexto de fazer arte e foram embora deixando esse símbolo do mal", disse a evangélica Edileide Amaro, 31 anos.
O prefeito Lindberg Farias (PT), no entanto, alega que o artista plástico Alexandre Vogler, responsável pela oficina, não tinha permissão para colocar o símbolo, que segundo ele é ligado diretamente ao diabo.
"Quando soube que tinha sido desenhado um tridente mandei retirar imediatamente. Ele tinha combinado de escrever "Eu amo Nova Iguaçu". Mas acabou colocando esse símbolo que afronta a cruz. Desde pequeno que vejo a figura do diabo com tridente na mão. Moramos numa cidade de Deus", justificou Lindberg.
Censura
O artista Alexandre Vogler, 32 anos, disse que a idéia do tridente está ligada ao deus Netuno, da mitologia grega e que não teve a intenção de afrontar qualquer religião. Alexandre afirmou que, depois que a pintura estava pronta, passou a ver uma possível relação do tridente com o símbolo de religiões afro-brasileiras.
"Não esperava toda essa polêmica. Considero a atitude da prefeitura uma censura à produção artística. A intenção da arte é provocar reflexão. Mas também acredito que levantou questões religiosas, que deveriam ser encaradas de maneira democrática", disse.
Segundo Alexandre Vogler, o poder público não costuma ter a mesma postura em relação a outras inscrições religiosas que estão espalhadas pela cidade. "Não esperava que minha arte fosse provocar esse tipo de retaliação pela prefeitura", acrescentou o artista.
Ponto tradicional da cidade
A cruz no alto da Serra de Madureira é um marco na cidade e pode ser visto de vários pontos. Fiéis de várias religiões usam o local para orações e eventos. O Mirante do Cruzeiro palco tradicional de uma superprodução da Via Sacra na Semana Santa, realizada todo ano, envolvendo centena de artistas.
O local, que chegou a ter iluminação especial com cores diferentes a estação do ano, segundo os moradores, agora se encontra abandonado. "Nunca aparecem aqui para tratar do problema da falta de água e da pavimentação da ladeira de acesso ao cruzeiro. Mas para fazer essa afronta arrumaram tempo", reclamou o vigilante Paulo Furtado, 45.
Arte e religião causaram polêmica em 2002, com a exposição de orixás na Lagoa, e em 2000, com a escultura de Exu dos Ventos, na entrada da Linha Amarela.
Helvio Lessa, "Entre a cruz e o tridente", O Dia, Rio de Janeiro, 15 de agosto de 2006, pág. 4.
Oração no lugar do tridente
Prefeitura defaz símbolo associado ao mal pintado em cruzeiro e promove ato ecumênico
Helvio Lessa
O prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), vai subir hoje a encosta da Serra do Vulcão, acompanhado de 20 padres e pastores para fazer um ato ecumênico no local onde, no fim de semana, foi pintado um tridente.
Lindberg acredita que essa é a melhor forma de tentar minimizar a polêmica que tomou conta da cidade e de provar que não tinha conhecimento do teor da obra, feita durante evento cultural da Funarte que contou com apoio da prefeitura.
Além de promover o ato religioso, o prefeito afirmou que vai processar o artista plástico Alexandre Vogler, que fez o tridente que provocou confusão na cidade.
"Ele não podia fazer aquilo. Estou convencido de que ele quis criar uma polêmica. O povo está revoltado. Esse Alexandre Vogler não estava autorizado por ninguém para pintar aquele tridente. Ele quis fazer uma afronta", disse Lindberg.
Dificuldade para apagar
Cerca de 40 funcionários da prefeitura passaram dois dias na encosta tentando apagar o tridente. Até enxada foi usada. Mas como a pintura feita na pedra e na vegetação não desaparecia por completo, a solução encontrada foi estender algumas linhas com cal para mudar o formato do desenho. Com isso, a imagem que pode ser vista de vários pontos da cidade é um enorme quadrado mal feito.
A intenção do prefeito é convocar outros artistas para desenhar uma nova obra. "Vamos nos reunir para decidir se será pintada uma grande cruz no local ou se colocaremos apenas a inscrição 'Nova Iguaçu está sob a proteção de Deus' na pedra", disse o prefeito.
O artista plástico Alexandre Vogler rebateu as acusações do prefeito e disse que Lindberg não tem elementos para mover um processo. Apesar de acreditar na liberdade de expressão de qualquer religião, Vogler voltou a dizer que o tridente é uma referência ao deus Netuno.
Segundo ele, o desenho era do conhecimento dos organizadores do evento e só surgiu devido à redução da verba prevista. "Era para ser colocada a inscrição "Eu amo Nova Iguaçu", com gambiarras. Mas a verba não foi suficiente para o que foi planejado", justificou.
Ambientalista denuncia risco ecológico
Ambientalistas de Nova Iguaçu pretendem responsabilizar tanto o prefeito quanto o artista plástico pelos possíveis danos ambientais provocados pela cal no local onde foi pintado o tridente.
Segundo o ativista Ricardo Portugal, da ONG Defensores do Gericinó, Mendanha e Tinguá (Dangemt) será feita uma representação no MP para apurar as responsabilidades.
"Além de tornar a terra infértil, a cal vai atingir o lençol freático. Pode ter um dano irreparável", justificou Ricardo. Moradores também temem que a pequena mina de água atrás do cruzeiro seja contaminada.
Lindberg, no entanto, disse que a informação é equivocada e que os técnicos da prefeitura afirmam que a cal não é prejudicial. "Ao contrário, serve como corretivo do solo", explicou.
Apesar disso, o prefeito garante que a alteração do desenho não será feita com cal. "Ainda estamos estudando qual o material a ser usado para corrigir o desenho", acrescentou Lindberg.
Helvio Lessa, "Oração no lugar do tridente", O Dia, Rio de Janeiro, 16 de agosto de 2006, pág. 4.
Religiosos contra tridente
Prefeito, padres e pastores oram no cruzeiro onde símbolo foi pintado. Cruz de plantas será feita
Marcos Galvão
"Feliz o homem que não toma o partido dos maus". Com base no Salmo 1, da Bíblia, foi feita a oração por cerca de 40 pastores e padres para marcar a retirada do tridente, figura pintada pelo artista plástico Alexandre Vogler acima do cruzeiro, símbolo tradicional cristão de Nova Iguaçu.
O prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), que pretende processar o artista, acompanhou a escalada de quase 100 metros do cruzeiro até o ponto onde o tridente foi pintado. "Faremos uma cruz com plantas, que será iluminada, para todos entenderem que sou do bem", explicou o prefeito.
A subida íngreme deixou pastores e padres ofegantes, mas não diminuiu o entusiasmo do grupo, que rezou à oração do Pai-Noss, benzeu o local onde o artista desenhou o tridente, já apagado, e entoou um hino evangélico, com o auxílio de uma banda de música.
"Essa terra é de Jesus. Aqui não entra o mal", disse o pastor João Nunes, da Assembléia de Deus de Nova Iguaçu, que ficou indignado com a imagem do tridente. "Estamos unidos a favor do bem", disse o padre Davenir Andrade, da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima e São Jorge. Ao final das celebrações, pastores fizeram uma oração pelo prefeito.
Manifestação
Ao chegar ao Morro do Cruzeiro, Lindberg foi recebido por moradores da comunidade que cobraram melhorias. Ele disse que não vai asfaltar o acesso ao cruzeiro para não atrair a construção desordenada de moradias.
"Só asfaltarei ruas até o Marco 100", disse ele, se referindo ao espaço de 100 metros delimitado pela prefeitura da Estrada de Madureira em direção ao morro. O cruzeiro fica a 200 metros de altura e já tem, segundo a prefeitura, 150 casas irregulares. O prefeito prometeu reflorestar o morro a partir de setembro.
Mudas de coroas-de-cristo
Uma cruz feita com plantas será feita no lugar do tridente do artista plástico Alexandre Vogler. Ontem, funcionários da prefeitura começaram o plantio de duas mil mudas de coroas-de-cristo. "Aproveitaremos a cal e faremos com as plantas o desenho de uma cruz", explicou o secretário municipal da cidade, Hélio Aleixo.
O diretor de Artes Visuais da Funarte, Xico Chaves, disse que o artista não cumpriu o previsto na programação feita pela fundação, em parceria com a prefeitura, no projeto Interferências Urbanas, realizado na semana passada. Segundo o programa, o artista deveria pintar 'I love Nova Iguaçu' (eu amo Nova Iguaçu, em inglês), com um coração no lugar da palavra 'love'.
Marcos Galvão, "Religiosos contra tridente", O Dia, Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2006, pág. 12.
Parte III - Conclusão
Um cristão tem mal-estar ao ver uma obra como "Base para Unhas Fracas", qualquer alusão ao sexo ou, em alguns casos, qualquer perna de fora ou foto de mulher amamentando (veja http://br.noticias.yahoo.com/s/reuters/081230/entretenimento/cultura_comportamento_facebook_amamenta).
O próprio Alexandre fala sobre "Base para Unhas Fracas" em um texto intitulado "Contexto 'Base para Unhas Fracas': Cidade, paisagem, mídia externa", disponível no blog Ensaio Crítico em http://ensaioscriticos.blogspot.com/2008/07/contexto-base-para-unhas-fracas-cidade.html.
É grosseira a ignorância de quem pensa que um tridente é símbolo do Diabo e, portanto, do mal. Esse estereótipo não tem sustentação nem na própria Bíblia.
O símbolo de Netuno pode ser conferido em http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADmbolo_astron%C3%B4mico. E os conhecedores do Satanismo sabem que Netuno não é um dos nomes infernais.
E eis que aparece alguém da ala verde, falando de cal contaminar a água. O ambientalismo é um campo onde meia dúzia de profissionais e ativistas sinceros convivem com uma maioria da qual os doutores são cientistas medíocres ou venais e os leigos são massa de manobra de uma canalhice colonialista. Mas essa é outra discussão.
Ah, e a base da obra foi criticar o uso da figura da mulher na publicidade, portanto, um fundo anticapitalista e feminista. Mas quem menos gostou da obra foram... mulheres do povo. Assim fica difícil.
As obras de Alexandre Vogler podem ser vistas em http://www.alexandrevogler.com. Um destaque para o seu balão Olho Grande, lançado no dia 7 de Setembro de 2002, mesmo dia do lançamento do dirigível "Olho no céu" (Zepelim controlado pela Secretaria de Segurança e criado pela governadora do Estado do Rio de Janeiro para monitorar áreas de risco).
Mas o ponto principal aqui é como a liberdade de expressão é falaciosa, se não abertamente inexistente, onde a religião e a ignorância predominam, sempre excitando (no mau sentido) algum grupo de exaltados quando o seu modo de pensar e de viver é contrariado. Que incidentes como estes sirvam de lição àqueles que pregam o respeito à religião: os religiosos querem liberdade para se expressar e viver conforme suas crenças e convicções, mas nem sempre aceitam o mesmo para os outros.

domingo, 29 de março de 2009

Noam Chomsky: "É muito natural para os intelectuais fazerem as coisas simples parecerem difíceis"

Em Language and Responsibility você chama a atenção para o papel do intelectual na manutenção da ordem social e na defesa dos interesses da elite e, em seguida, critica a idéia de que o conhecimento social (a História, a política internacional etc.) requer ferramentas especiais (teoria, metodologia) que o homem comum não tem e não pode ter. Ao mesmo tempo, a crítica que denuncia essa especialização perversa do conhecimento social é ela mesma especializada (no sentido em que requer tanto empenho, que apenas o “intelectual” ou o diletante esforçado podem fazê-la). Como o intelectual crítico pode escapar do dilema de criticar a especialização e ser ele próprio um especialista?

Eu acho que você deve ser honesto. Se você me pedisse para explicar-lhe a matéria que eu ensino nos meus cursos de pós-graduação em cinco minutos, eu diria que é impossível, porque ela requer muita fundamentação, muito entendimento e requer também conhecimento técnico etc. Mas se você me pedisse para explicar a crise da dívida brasileira em cinco minutos eu diria que sim, porque é elementar. Na verdade, virtualmente tudo relativo à política e à sociedade está na superfície. Ninguém entende as coisas muito bem e até mesmo nas ciências; uma vez além das grandes moléculas, tudo se torna bastante descritivo. As áreas nas quais há um conhecimento significativo e não superficial são raras. Se existe, você respeita; eu não vou falar de Física Quântica porque eu não entendo nada.

Por outro lado, essas outras questões são acessíveis a todo mundo. Uma das coisas que os intelectuais fazem é justamente tornar essas questões inacessíveis, por várias razões, inclusive razões de dominação e de interesse pessoal. É muito natural para os intelectuais fazerem as coisas simples parecerem difíceis. É o mesmo motivo que levava a Igreja medieval a criar mistérios. Aquilo era importante. Leia o grande inquisidor de Dostoievsky, ele diz de uma forma magnífica. O grande inquisidor explica que você deve criar mistérios porque de outra forma as pessoas comuns vão entender as coisas e elas devem ficar subordinadas, então você tem que fazer as coisas parecerem misteriosas e complicadas. Esse é o teste do intelectual. É também bom para eles. De repente, eles são pessoas importantes falando de coisas que ninguém entende... Às vezes, as coisas ficam meio cômicas, como no discurso pós-moderno. Principalmente em Paris, aquilo virou uma caricatura, é tudo jargão. Mas é muito arrogante, há muitas câmeras de televisão, muita pose, todos tentando decodificar e descobrir o significado por detrás das coisas, coisas que você pode explicar para uma criança de oito anos. Não há nada lá.

Essas são formas pelas quais os intelectuais contemporâneos, inclusive aqueles na esquerda, criam grandes carreiras, conseguem poder, marginalizam as pessoas, intimidam etc. Nos Estados Unidos, por exemplo, e, na verdade, em boa parte do terceiro mundo, muitos jovens militantes se sentem simplesmente intimidados pelo jargão incompreensível que vêm dos movimentos intelectuais de esquerda, que é impossível de entender, e faz com que as pessoas sintam que não podem fazer nada porque, a não ser que de algum modo entendam a última versão pós-moderna disso e daquilo, não podem sair às ruas e organizar as pessoas pois não são suficientemente inteligentes. Pode ser que a intenção não seja essa, mas o efeito é uma técnica de marginalização, controle e interesse próprio. As pessoas ganham prestígio, viajam bastante, vivem em altos círculos etc. Paris é talvez a versão mais extrema disso. Lá virou quase uma caricatura, mas você encontra também em outros lugares. Por outro lado, a pergunta que você deve fazer em relação a esse ponto é a seguinte: se há uma teoria ou conjunto de princípios ou doutrinas que são muito complicados e você tem que estuda-los, peça que lhe expliquem com palavras simples. Se alguém puder fazê-lo, então leve a sério. Peça para um físico, ele pode fazê-lo. Se há algo sobre uma experiência em Física que eu não compreendo (o que acontece com freqüência) eu posso procurar meus amigos no departamento de Física e pedir para que eles me expliquem, eu digo o nível no qual eu quero entender e eles podem fazê-lo. Da mesma forma que eu posso explicar para eles algo que esteja acontecendo num seminário de pós-graduação em Linquística, nos termos e com os detalhes que eles queiram entender - eles terão uma idéia.

Tente perguntar para alguém lhe explicar o último artigo de Derrida1 ou outro qualquer em termos que sejam compreensíveis. Eles não podem fazê-lo. Pelo menos não puderam fazer para mim, eu não entendo. E eu acho que as pessoas devem se perguntar que grande salto na evolução ocorreu que capacita as pessoas a terem essas percepções fantásticas sobre tópicos que ninguém entende muito bem e que elas não conseguem repartir com as pessoas comuns. As pessoas devem ser muito céticas quanto a isso. Na minha opinião, é apenas mais uma técnica pela qual os intelectuais dominam as pessoas.

CHOMSKY, Noam. Notas sobre o anarquismo. Tradução de Felipe Corrêa, Bruna Mantese, Rodrigo Rosa e Pablo Ortellado. São Paulo: Editora Imaginário e Sedição Editorial, pág. 135 - 7. O capítulo, “Anarquismo, Intelectuais e o Estado”, é parte da entrevista “Os Intelectuais, o Estado e os Meios de Comunicação”,conduzida por André Ryoki Inoue e Pablo Ortellado em novembro de 1996 e publicada na edição “Democracia e Autogestão” da revista Temporaes em 1999 pela Editora Humanitas de São Paulo.

1 Jacques Derrida, “filósofo da escola do desconstrutivismo, uma metodologia analítica que vem sendo aplicada na Lingüística, no Direito, Literatura e Arquitetura” (pág. 210)

quarta-feira, 25 de março de 2009

Alimentos para o bom humor

Especialista dá dicas de uma dieta alto astral e gostosa para o dia-a-dia

Especial para O Tempo

Você está se sentindo irritado, cansado, desvitalizado, estressado e com insônia? Hora de tomar consciência do seu ritmo de vida, de trabalho, rever suas opções, de parar de fazer coisas por obrigação e mudar o seu estilo de vida.

Saber se alimentar, ou melhor, tirar proveito dos alimentos pode ser uma ótima saída. Afinal, uma mudança em seus hábitos pode se traduzir em qualidade de vida e saúde.

É o que propõe Conceição Trucom, química, cientista, palestrante e escritora sobre temas voltados para alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida. Segundo ela, nos alimentamos mal "porque a indústria alimentícia lava nossas mentes para viver de fast food, alimentos processados e industrializados". "O melhor seria dizer a indústria das doenças", afirma.

Para ela, "quem entra nessa propaganda troca o imediatismo do prazer subnutrido e iludido pelo desamparo da desvitalização e doenças. Deixamos de ser vítimas quando nos desvinculamos do alimento industrializado".

A cientista diz que é preciso ficar atento para introduzir na dieta alimentos que têm o poder de estimular o bom funcionamento do sistema nervoso, desintoxicar o fígado e intestinos, acabar com a irritação e espantar a tristeza. "Valorize e tenha uma boa cumplicidade com os alimentos que facilitam a limpeza das impurezas do organismo como o excesso de adrenalina que causa estresse e ansiedade, ou dos cortisóis que causam melancolia e depressão."

Os alimentos orgânicos devem ser sempre privilegiados, por motivos óbvios. "Eles apresentam ação alcalinizante dos líquidos corporais, gerando um metabolismo mais harmônico e sereno, estado importante para meditar e refletir. São bem indicados para relaxar, baixar a bola das expectativas, enxergar os aspectos positivos de cada desafio, criar soluções e alternativas", diz Trucom.

Alguns alimentos, ensina ela, conseguem prevenir as complicações da ansiedade acumulada porque batem de frente com sua química nociva. "Eles se opõem, por exemplo, aos radicais livres, que minam nossa energia e resistência sem dó."

Mas é importante a regularidade. Não basta comer esses alimentos de vez em quando. É preciso constância, de preferência todos os dias porque eles estimulam a ótica positiva da vida e apresentam uma composição alquímica que nutre também a alma e o espírito.

Além da introdução desses alimentos para lá de alto astral, a especialista recomenda a prática de exercícios ao ar livre, caminhadas, alongamentos, dançar, fazer ioga, meditar e respeito ao corpo.


Publicado em: 22/02/2009

O Tempo, http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdNoticia=104059

terça-feira, 17 de março de 2009

De que adianta trocar a burka por minissaia, tailleur ou topless, se a frigidez é a mesma?

Abigail Pereira Aranha

Nos países muçulmanos na África, pelo menos 3 milhões de mulheres por ano são vítimas da mutilação genital, a retirada do clitóris para evitar o prazer. Na Nigéria e no Irã, a suspeita de adultério leva centenas de mulheres à morte por apedrejamento todo ano. No Paquistão, o estupro coletivo continua sendo uma das formas de punição de mulheres consideradas desonradas, entre os grupos mais radicais.1 Nos países muçulmanos, a mulher tem que andar coberta dos pés à cabeça e não pode andar sozinha. O Afeganistão tem a burka, que cobre até o rosto da mulher. Uma "revolução" islâmica jogou o Irã num regime teocrático. O líder dessa "revolução", o aiatolá Khomeini, deixou seus propósitos claros ao assumir o poder em 1979: livrar o país de qualquer influência ocidental.

Aqui no Brasil e nos outros países ocidentais, temos a minissaia. Pra alguns, é um escândalo até hoje. Mas nos países mais liberais e mais evoluídos em termos de dignidade humana a mulher aproveita essa liberdade e faz, pensa e vive o que as mulheres dos países muçulmanos estão impossibilitadas de viver? Será que quem usa minissaia é mais liberal que quem usa saia ou vestido comprido? Será que as mulheres daqui se não são mais liberais pelo menos têm menos "machismo"? Nem sempre.

A mulher deixou de se casar na adolescência com alguém escolhido pelos pais, mas não é raro o casamento por interesse. Uma mulher pode usar uma minissaia ou um short, mas não ser menos puritana que uma mulher da década de 50.

Num país, a mulher se casa nova e vive pro marido e pros filhos. No outro a mulher se casa mais tarde e engravida ou faz dieta pra salvar o casamento2, e se não consegue engravidar, faz tratamento. Num país a mulher não sai de casa sem um homem da família. No outro, a mulher parece ter alergia a homem, mesmo tratando o homem bem. Num país, os pais escolhem o marido da mulher. No outro, a mulher escolhe o marido pelo dinheiro ou pela canalhice, ou escolhe um marido pobre e bonzinho pra oprimi-lo.

E quando a mulher assume cargos de destaque, às vezes ela realmente merece admiração, por qualidades não só profissionais como pessoais. Mas muitas mulheres de destaque são autoritárias e histéricas, isso quando não conseguiram subir na carreira na base do sexo. Se uma mulher de destaque tem a fama de masculinizada ou feminazista, não é a toa. A mulher que constrói um sucesso canalizando a frustração com a própria aparência, a vida afetiva mal-resolvida ou uma grande vaidade para o trabalho e os estudos existe. E essa mulher, apesar de suas conquistas pessoais, mostra sua falta de humildade, sua dificuldade de relacionamento pessoal ou suas feridas interiores, tanto no relacionamento pessoal quanto profissional. Essa mulher, que pode ser um ídolo para feministas, é um anti-modelo como pessoa e profissional.

Temos de ver que as mulheres nem sempre valorizam a liberdade e os direitos que têm, e muitas vezes são tão machistas quanto os homens machistas. Parece até combinado. As mulheres podem ter alguns direitos, mas que continuem na linha e não busquem o direito até de serem mulheres. Assim, com essa mentalidade antiga ainda na cabeça, feminismo vira pensão, aborto, lesbianismo, lei contra homem e disputa com os homens por destaque. Use burka, minissaia, tailleur ou topless, a mulher continua reprimida sexualmente.

Mas eu concordo plenamente com quem diz que uma mulher não deve ser vista como puta só porque usa uma roupa menos comportada. Eu uso vestido comprido desde os 14 anos (tenho 18) e já tenho mais picas no currículo que qualquer mocinha de minissaia vai ter na vida. Hehehehe!

NOTAS:

1 "Dia Internacional da Mulher relembra problemática da violência", Jornal Hoje, 08 de março de 2008. Disponível em http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL342652-5602,00-DIA+INTERNACIONAL+DA+MULHER+RELEMBRA+PROBLEMATICA+DA+VIOLENCIA.html.

2 Um caso está relatado na revista Sou Mais Eu, na internet em http://mdemulher.abril.com.br/beleza-dieta/reportagem/dieta/emagreci-42-kg-dieta-sanduiche-light-396547.shtml?comments=yes.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Luta mesmo é pra ser hétero

Abigail Pereira Aranha

Hoje em dia tem gente defendendo ou dizendo que pratica homossexualismo, bissexualismo, zoofilia, etc. Opção sexual desse jeito é papo furado e eu vou explicar por quê. O que eu vou dizer pode parecer preconceito, mas não é. Aliás falando em preconceito, já reparou que heterofobia pode?

Até hoje, como tem sido a questão do sexo? Primeiro, se dificulta o sexo. A situação é tal que um homem e uma mulher não conseguem chegar perto em paz. Depois vem a "solução", o casamento. E com o casamento vem todo um controle social sobre o casal. Uma outra opção é a prostituição. Mas mesmo dentro do casamento o sexo é medíocre, com raras exceções. Em outros tempos, o sexo era mais pra reprodução e tinha muito casamento arranjado pelos pais do casal. Tinha casal que nem se conhecia antes do casamento.

Então, prazer é difícil, ciúme é comum, transar fora do casamento é muito complicado, ter contato com o sexo oposto, mesmo que não tenha nada de sexual, é complicado. E em que as "preferências" sexuais ajudam a acabar com tudo isso? Em nada.

Uma comodidade de transar com gente do mesmo sexo, com animal, etc é que a pessoa pode ficar muito bem se não ficar muita gente sabendo da "opção" dela. Dois homens ou duas mulheres homossexuais pode se fazer de apenas bons amigos. Podem transar em casa e todo mundo pensa que é só visita. Uma zoofílica com o bichinho dela ninguém vai implicar se não souber de nada. Mas vão um homem e uma mulher ficar sozinhos conversando, estudando pra uma prova da faculdade pra ver. Se uma mulher casada está sozinha em casa e chega um amigo, a vizinhança inteira fala que ela está chifrando o marido.

Ah, falando nisso, quero agradecer ao meu pai, à minha mãe e aos meus irmãos por terem me deixado estudar e transar com alguns dos meus colegas de escola homens no Ensino Médio. Mesmo que dar pros coleguinhas me desqualificasse, eu também não decepcionei vocês no meu rendimento na escola, né?

Já tem cidade onde casal de homossexuais pode andar de mãos dadas na rua, e com lei pra punir quem discriminar. A turma do respeito à "diversidade" sexual está aí pra defender tudo que é bagunça em matéria de sexo. Mas heterossexualidade, só num relacionamento estável. Pelo menos, eles não parecem achar ruim essa parte da Bíblia.

Muita gente acha o ciúme natural. Essas pessoas ficam chocados com um assassinato por ciúme, mas acham que um pouquinho de ciúme até faz parte do amor. É a repressão ao contato com o sexo oposto, e todo mundo aceita, ou, o que é pior, acha justo. Se um babaca possessivo proíbe a mulher de sair de casa pra ela não chegar perto de homem, muita gente acha que ele está no direito dele. Se uma mulher está conversando com um homem e chega o namorado querendo bater, vai ter gente dando razão pro namorado, que ele está protegendo o que é dele.

Chega uma hora em que o homossexual, o bissexual, o zoofílico, quer ter um filho, assim como a mulher estéril quer engravidar. Ou quer parecer uma pessoa séria, confiável, normal, pra sociedade e pro mercado de trabalho. Aí o que ele faz? Arranja um relacionamento hétero igual ao de todo mundo. Às vezes é sério, às vezes é fachada, mas é o mesmo relacionamento horrível que todo mundo tem. E arranja uma igreja pra ir também, ainda pagando de santo.

Está certo que homossexual foi muito discriminado no passado, mas nessa época o contato entre homem e mulher também era mais difícil e os casamentos eram piores, na cama e fora dela. Então, mais revolucionário que ser uma lésbica assumida é ser uma mulher sexuada heterossexual assumida e que não liga sexo a casamento. E também é mais revolucionário ser um homem heterossexual assumido que ser uma bicha louca.

A mulher só de puxar conversa com homens já pode ser vista como meio assanhada. Transando sem compromisso então, ela é a safada, a puta, a pervertida. No caso dos homens vai ser mais difícil. É difícil uma mulher aceitar uma relação de sexo e amizade. A maioria das mulheres parece ter alergia a homem. Mas o homem não pode ter uma parceira fixa só por causa de sexo, porque isso é perder muita coisa em troca de um sexo medíocre. Qualquer coisa, vai na zona mesmo, por que não?

E viver a heterossexualidade não tem a ver só com sexo. Quem não se reprime sexualmente nem é sexualmente frustrado se relaciona melhor com o sexo oposto. E também pensa melhor antes de casar, porque casamento geralmente é monotonia e falta de liberdade, e isso não só em matéria de sexo. Tem melhor humor, melhor saúde, melhor auto-estima. Aí, mesmo que se case, vai ser mais feliz que os casais que se casaram pra prestar contas à família. Mas quem assume a heterossexualidade sai dessa repressão sexual e do meio de uma gente hipócrita e covarde. E o principal é que fica melhor consigo mesmo com isso, e melhor até de saúde que os outros sexualmente insatisfeitos. Viver a heterossexualidade é ser honesto consigo mesmo, superar algum trauma pessoal que houver e não seguir uma sociedade reprimida, hipócrita e medíocre.

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