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segunda-feira, 30 de junho de 2014

(Erros de) Lógica feminista seleção 2 ou O Puritano-Feminismo episódio 16: caso Yasmin Ferreira contra o porteiro, rapaz não vê problemas nos elogios do porteiro e feministas pedem pra ele passar a mãe na frente de uma obra

Abigail Pereira Aranha

O dia em que uma estudante cansou de ser assediada (alguns comentários em Pragmatismo Político)

Cansada de ser assediada pelo mesmo porteiro a caminho da faculdade, em Copacabana, a estudante Yasmin Ferreira resolveu reagir nesta terça-feira. O funcionário de um prédio na Rua Raul Pompeia, que aparece de camisa branca, sai de cena quando vê que está sendo filmado.

Lucas

postado em 03/jun/2014 às 23:19

Paradoxal... Explico; Mulher n gosta de ser elogiada? não vejo razão nenhuma para um estardalhaço deste tamanho. Todas sabem que isso é a coisa mais normal do mundo, ainda mais aquelas q a natureza dotou de certos atributos. Elogio é uma coisa que faz bem à auto-estima. A mulher gosta de saber que é gostosa...Ou não? Então pq a hipocrisia? O sujeito foi apenas 'sincero como não se pode ser'... O que é um pecado nos dias de hoje.

Eliane

postado em 04/jun/2014 às 17:05

Concordo contigo Eva,manda a mãe dele e se tiver irmã passar na frente do referido porteiro.

Eliane

postado em 04/jun/2014 às 17:09

Se for com a sua mãe tudo bem né?Deve estar acostumada.

Lucas

postado em 04/jun/2014 às 22:59

Os feministas de plantão estão cheios de ódio no coração... é incrivel que não se possa nem ao menos ter uma opinião. Vocês são os suprassumos da intolerância e agora a culpada é da minha falecida mãe... Por favor muchachos...Deveriam vocês condenar a mim pela opinião e o porteiro à pena de morte pela expressão? que tal? Qual seria a solução? Cuidado para não cairem no outro extremo do ódio e da intolerancia... Em tempo, para alguns trouxas aí; 'homem' feminista é uma coisa horrorosa... realmente nauseante.

Lucas Gordo bobo

postado em 03/jun/2014 às 23:24

Lucas, manda sua mãe/mulher/filha passar aqui na frente de casa e todo dia eu chamar elas de gostosas, tesão, peitudas, bundudas... Vamos ver se vai continuar achando hipocrisia!

Marcela

postado em 03/jun/2014 às 23:25

Você é apenas um idiota :) Se chamarem sua mãe, irmã, esposa, namorada, sei lá o que de gostosa, dizer que o peito delas é uma delícia, aí não pode né? Babaca!

Aragão

postado em 03/jun/2014 às 23:27

Então, no próximo dia das mães, de de presente uma tanga para a sua mãe e uma corrida de taxi para a frente de uma construção para os peões ficarem elogiando ela. Afinal, sua mãe é mulher e toda mulher gosta de elogios.

Eduardo S. de Carvalho

postado em 03/jun/2014 às 23:30

Lucas, nós, homens, geralmente pensamos assim. Mas se a moça tá na dela, não tem problemas com auto-estima, não, esses "elogios" não são "a coisa mais normal do mundo". Você se sentiria à vontade se uma mulher olhasse pra sua calça e elogiasse em público o volume entre suas pernas? Eu me sentiria constrangido.

http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/06/o-dia-em-que-uma-estudante-cansou-de-ser-assediada.html

Exercício de Raciocínio Lógico: sexo hétero é desrespeito à mulher ou refúgio das mulheres tolas?

Boa tarde, meus amigos e minh@s inimig@s! Vamos tentar descobrir o pensamento lesbonazista nesse apanhado. Primeiro, vamos às premissas:

I) A feminazista Valerie Solanas disse que "Sexo é o refúgio dos tolos. E quanto mais tola é a mulher, quanto mais profundamente ela é encaixada na 'cultura' masculina, em resumo, quanto mais amável ela é, mais sexual ela é";

II) Valerie Solanas estava errada;

III) A feminazista Andrea Dworkin disse que "Coito heterosexual é a pura, formalizada expressão de desprezo pelo corpo das mulheres";

IV) Andrea Dworkin estava errada;

V) A feminazista Marilyn French disse que os homens estupram as mulheres com seus olhares;

VI) Marilyn French estava errada;

VII) I, III e V representam o Feminismo e aceitar I, III ou V é ser feminista;

VIII) ser machista é acreditar que todas as mulheres são propriedade de algum homem;

IX) ser feminista é defender a liberdade sexual da mulher;

X) (do Lucas, de II, IV e VI) todas as mulheres gostam de ser elogiadas por homens heterossexuais;

XI) (do Lucas, de II, IV e VI) todas as mulheres gostam de ser sexualmente atraentes;

XII) (do Lucas, de VI) todos os homens heterossexuais podem se agradar de qualquer mulher por ser bonita ou gostosa e quando mostram que se agradam de mulheres fisicamente agradáveis são apenas "sinceros como não se pode ser";

XIII) (do Lucas, de X, XI e XII) todas as mulheres podem ser elogiadas por serem fisicamente atraentes;

XIV) (do Lucas, de XIII) todas as mulheres que se mostram atraentes e rejeitam elogios de homens heterossexuais (não cantadas vulgares, o que já é um problema) são hipócritas ou contraditórias;

XV) (conclusão, do Lucas e minha) nenhum homem e nenhuma mulher deveria ver algo de errado nisso tudo.

Agora, vamos às respostas feministas:

Caso 1 - você homem heterossexual NÃO GOSTARIA que sua irmã ou sua mãe fosse elogiada por ser gostosa. Portanto, não XV (um homem vê algo de errado nisso tudo). Portanto, não XIII (nem todas as mulheres podem ser elogiadas por serem fisicamente atraentes). Portanto, não XII (existem mulheres que os homens heterossexuais não podem mostrar que se agradam delas por serem bonitas ou gostosas). Portanto, não VI (Marilyn French estava certa). Por VIII, Lucas é machista. Por VII, Lucas é feminista. Por VIII, quem disse que a mãe ou a irmã dele deveria passar seminua na frente de um monte de homens para receber cantadas defende o machismo.

Caso 2 - você homem heterossexual GOSTARIA que sua irmã ou sua mãe fosse elogiada por ser gostosa e ela daria uma de Yasmin Ferreira. Portanto, XIII, XIV e XV. Vamos chamar de M a irmã ou a mãe do Lucas. Por XIV, M é hipócrita ou contraditória. Se M não pode ser elogiada por ser fisicamente atraente, não XIII (existem mulheres que não podem ser elogiadas por serem fisicamente atraentes). Portanto, não X e não XII. Portanto, não II, não IV ou não VI. Portanto, I (Valerie Solanas estava certa), III (Andrea Dworkin estava certa) ou V (Marilyn French estava certa). Por VII, M é feminista. Por VII, Lucas não é machista (ele não acredita que M é propriedade de alguém). Por IX, Lucas é feminista. Por VIII, quem disse que M deveria passar seminua na frente de um monte de homens para receber cantadas defende o machismo.

Caso 3 - você homem heterossexual GOSTARIA que sua irmã ou sua mãe fosse elogiada por ser gostosa e ela ACEITARIA os elogios. Portanto, XIII, XIV e XV. Vamos chamar de M a irmã ou a mãe do Lucas. Por VIII, quem disse que M deveria passar seminua na frente de um monte de homens para receber cantadas defende o machismo; por I, M é tola. Por VII, Lucas não é machista (ele não acredita que M é propriedade de alguém). Por IX, Lucas é feminista (ele defende a liberdade sexual da mulher).

Caso 4 - você homem heterossexual GOSTARIA que sua irmã ou sua mãe fosse elogiada por ser gostosa e ela ACEITARIA os elogios e algumas propostas de sexo. Portanto, XIII, XIV e XV. Por IX, M é feminista. Por VIII, quem disse que M deveria passar seminua na frente de um monte de homens para receber cantadas defende o machismo; por I, M é tola; por III, M é desrespeitada. Por VII, Lucas não é machista (ele não acredita que M é propriedade de alguém). Por IX, Lucas é feminista (ele defende a liberdade sexual da mulher).

Ah, e eu fiz questão de destacar o último comentário, do rapaz que ia ficar com vergonha se uma mulher olhasse pro "volume" dele. Eu não duvido da sua heterossexualidade, sei como é, eu já dei umas olhadas de Lobo Mau pra Chapeuzinho Vermelho pra alguns pacotes na rua e no ônibus sem querer e alguns ficaram com vergonha. Mas pelo menos você não fez igual as moças feministas que comparam assédio de dois homens a uma mulher com assédio de dois gays a um homem hétero.

Conclusões: um homem heterossexual que não vê problemas em uma mulher ser elogiada ou cantada por um porteiro na rua por ser boazuda é feminista, mesmo que a mulher seja a mãe dele; se a irmã ou a mãe desse homem heterossexual receber o elogio ou a cantada e não gostar, ela é feminista; se ela gostar, também é feminista; uma mulher que vê problemas nisso tudo também é feminista e também machista. O único jeito de um homem ser machista sem ser feminista é incentivar a irmã ou a filha a servir sexualmente o patriarcado e oferecer a moça para os chegados da firma. Quiá, quiá, quiá, quiá, quiá!

domingo, 29 de junho de 2014

Solidão, esse santo remédio

Com o sucesso do meu último texto, no qual coloquei impressões muito pessoais em uma espécie de diário que não envolve apenas minhas transas, mas também o que vai além, decidi escrever mais um texto nessa linha.

Gostei muito de ler os comentários de vocês nesse último post e um deles me fez ter vontade de escrever a respeito. A Keyla me escreveu super respeitosa dizendo que, embora admire toda a minha coragem, fica se perguntando se não sou, no fundo, uma garota solitária, distante da família e dos amigos e é pensando nessa tal de solidão que vou escrever o texto de hoje.

Respondendo ao questionamento da Keila, hoje em dia não me sinto só. Muito pelo contrário: fiz amigos em São Paulo, voltei a falar com minha família e minhas fodas amigas acabam se tornando amigas mesmo. Tenho muito carinho pelas pessoas com quem saio e a recíproca é verdadeira, não é algo vazio como se pensa por aí.

Por outro lado, passei por maus bocados.

Solidão, esse santo remédio (Lola Benvenutti)

Assentos preferenciais para mulheres nos ônibus de Fortaleza: projeto de lei de vereador mangina ganha críticas de MULHERES

Abigail Pereira Aranha

Mulheres, obesos, idosos e deficientes terão preferência em todos os assentos de ônibus

De acordo com o parlamentar Carlos Dutra, a matéria visa garantir o direito pleno, já que atualmente, só há alguns assentos reservados para uso por gestantes, idosos e deficientes físicos

Por Felipe Lima em Cotidiano

27 de junho de 2014

projeto também determina que os permissionários e concessionários dos serviços do transporte público coletivo regular e complementar deverão afixar avisos ao longo dos veículos (FOTO: DIVULGAÇÃO)

projeto também determina que os permissionários e concessionários dos serviços do transporte público coletivo regular e complementar deverão afixar avisos ao longo dos veículos (FOTO: DIVULGAÇÃO)

A Câmara Municipal de Fortaleza aprovou em discussão única, na última sessão ordinária de quarta-feira (25), o projeto de lei 0097/2014, de autoria do vereador Carlos Dutra (Pros), que garante a preferência de todos os assentos dos transportes coletivos para mulheres, idosos, obesos e pessoas com deficiência. O projeto segue para redação final.

Logo, de acordo com a mensagem, todos os assentos instalados nos veículos dos serviços de transporte público coletivo regular e complementar de Fortaleza serão destinados para uso preferencial por passageiros do sexo feminino, idosos, obesos, pessoas com deficiência e pessoas com limitação temporária de locomoção.

Avisos obrigatórios

O projeto também determina que os permissionários e concessionários dos serviços do transporte público coletivo regular e complementar deverão afixar avisos ao longo dos veículos, informando sobre a preferência dos assentos. Após a sanção, os permissionários e concessionários dos serviços de terão um prazo de 30 dias para se adequarem à Lei.

De acordo com o parlamentar Carlos Dutra, a matéria visa garantir o direito pleno, já que atualmente, só há alguns assentos reservados para uso por gestantes, idosos e deficientes físicos. “Infelizmente, não é incomum nos depararmos com cenas nos coletivos, onde idosos, deficientes e gestantes viajam em pé, peça ocupação dos poucos lugares reservados, na maioria das vezes por passageiros não afeitos a esse direito”, frisou.

Com informações da Câmara Municipal de Fortaleza

Tribuna do Ceará, Fortaleza, http://tribunadoceara.uol.com.br/noticias/cotidiano-2/mulheres-obesos-idosos-e-deficientes-terao-preferencia-em-todos-os-assentos-de-onibus

Da constitucionalidade do projeto (página 2 do projeto de lei)

A matéria apresentada encontra abrigo e constitucionalidade

Na Lei Orgânica do Município de Fortaleza

Art. 8º. Compete ao Município:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

(...)

Na Constituição Federal:

Art. 31. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local.

As lesbonazistas curtem na página do jornal

Francimara BarrosNum pode? Vocês num aguentariam ser mulher por um dia, nós mulheres temos nossas fases difícil. Eu aprovo essa lei sim! Merecemos muito mais que isso.

As lesbonazistas não me representam: mulheres que meteram a real na página da Tribuna do Ceará no Facebook

(https://www.facebook.com/tribunadoceara/photos/a.417554675005400.1073741827.365742560186612/652502908177241/?type=1&relevant_count=1)

Geisa Duarte Trocaria essa lei por uma q obrigasse as empresas de onibus a colocar uma frota compatível com o numero de usuários, evitando a superlotação...

Ana Clara Abreu É inconstitucional....Quer dizer se um homem cansado que trabalha na construção civil pegando pesado qdo chega a hora de ir para sua casa cheio de dor etc...doido para sentar e nao vai poder??? Absurdo e desumano... Pois serei a primeira a dar o lugar no onibus !!! DIREITOS IGUAIS PARA TODOS!

Rafelle Mayra Não concordo e se eu fosse homem também não levantaria.

Gisele Oliveira Mulheres? Pq?????????? Saporra não sabe ficar em pé, não? Eu, heim! Sou mulher, mas discordo, ó.

Ohanna Corrêa Que absurdo!! Mulher que apoia essa lei me envergonha!

Marcela Letícia Ridículo. Eu não levantaria nem fodendo se fosse um homem.

Silvéria Oliveira Direitos IGUAIS pra todos homens e mulheres. Todos pagam passagem e impostos também...

Aline Sqs Precisava nem de lei, questão de bom senso para idosos e gestantes, deficientes. Agora pra mulheres, não concordo.

Joelma Costa L P tenho certeza que a pessoa que pensa que essa lei vai vigorar não anda de ônibus! para começar, isso é inconstitucional, pois todos somos iguais perante a lei; e se todos pagam pelo transporte coletivo então todos tem direitos. segundo; se não existisse superlotação não existiria este problema e não vai ser assim que este problema será resolvido, isso só causará atritos entre as pessoas que precisam do transporte público. E o povo se matando por um acento e quem inventou essa lei sentado no banco de seu carro de luxo.

Outra lesbonazista se atrapalha com os clichês e... diz coisa certa (no Facebook)

Fabi Moreno Porquê os homens devem ceder sua cadeira para uma mulher? É muito abusivo a forma com as Leis são "empurradas goela a baixo" na população. Ninguém ao menos consultou coletivamente, se parte da população concordava com tal façanha! Ceder a cadeira para uma mulher, é o mesmo que justificar o machismo e valores patriarcais na sociedade contemporânea. Dessa forma, a mulher é tida como uma figura fragilizada, a mulher enquanto fetiche e objeto de desejo sexual nos transportes coletivos, e fora deles também, porque sentadas não evitam de serem abusadas. O transporte coletivo, que não é mais COLETIVO, passa então ser um espaço de segregação social, marcado pelo recorte de gênero.

Outra feminista vai falar de encoxada e... diz coisa certa (no Facebook)

Julia Maria Quer dizer que homens, gays, crianças podem "encochar" e mulheres não? Qual a lógica que eu ainda não entendi. Não gosto de ser encochada, mas a solução não é dá preferência ao assento e sim tirar os tarados das ruas

Lesbonazista diz o que quer e ouve o que não quer... e de mulheres (no Facebook)

Chris Raoni Vcs homens q estão reclamando é pq não sabem o q é para a mulher ser abusada dentro de coletivo lotado. Não são vcs q ficam levando "peruzada" de tarado no traseiro, né?! Engraçado como só pq a mulher conquistou seu espaço já vem uma penca de mariquinhas choramingar q os direitos tem q ser iguais. Felizmente pra mlr só falta mesmo o pinto pra superar o machismo que hj se resume à falta de cortesia de alguns cavalheiros, viu. Te contar....

Ingrid Pessoa "só pq a mulher conquistou seu espaço" - desde quando assento preferencial pra mulher é "conquistar nosso espaço"?

"choramingar q os direitos tem q ser iguais" - por que não deveria ser?

"o machismo que hj se resume à falta de cortesia de alguns cavalheiros" - vou fingir que não li isso.

Priscilla Martins afinal ser mulher agora é deficiência

Hemily Leticia Você tem alguma problema mulher? Só vejo isso após ler seu comentário. Mulheres são seres humanos, homens também, todos se sentem cansados, todos merecem respeito. Assim como mulheres são abusadas nos onibus, saiba que homens também, você sabia? Ou seu feminismo não deixou você chegar a esse ponto? Vai doer ficar em pé? TODOS SOMOS IGUAIS!

Thallyta Lima'h Valia mulher n sabia que p gente so faltava o pinto p conquista nosso espaco!

por mim p gente conquista nosso espaco n precisamos ta pissando em homem nenhum.. eu sei que nos lutamos mt p sermos reconhecida, passamos por preconceitos, mas n precisamos disso direitos iqual a todo homens, mulheres, gays e lebiscas!

Jessica Carvalho Isso aí nunca que vai diminuir os abusos. Mesmo que todos os assentos forem utilizados por mulheres, ainda ficarão dezenas em pé. E as que vão em pé , como ficam?

Madeline Silveira Correia Desculpe querida mais descordo de vc. Eu vendo um trabalhador cansado um pai de familia daria sim meu lugar. Essa lei é inconstitucional, direitos iguais pra todos.

Meus comentários na matéria

Amigos, eu vi isso no perfil de um amigo e teve MULHER, não lésbica imbecil igual as que gostaram aqui, achando que era erro do jornal. E não é. E não só isso como tem coisa pior no projeto de lei:

"Nos últimos anos, outro efeito negativo da lotação dos veículos vem se intensificando, principalmente nas grandes cidades, que é o abuso ou assédio sexual a mulheres que viajam em pé. Até alguns estupros já foram registrados.

"(...) Outro aspecto importante da matéria em tela é justamente o caráter educacional da futura norma, que proporcionará uma cultura de respeito e cortesia para com as mulheres e os demais passageiros com alguma limitação."

(http://216.59.16.201:8080/sapl/sapl_documentos/materia/18147_texto_integral)

Então TODOS os homens são estupradores e ainda precisam aprender a respeitar mulher? Deve ser porque os que respeitavam estão chutando o balde de tanto levar patada ou presos por falsa denúncia. Agora mais essa?

Gatinhos de Fortaleza, abandonem os ônibus. Menos passageiros, mais tarifa. Mais gente que não paga, mais tarifa ainda. Mais os carros de vocês nas ruas, menos velocidade para os ônibus, mais ônibus para cumprir os horários e mais tarifa ainda. E quem vai pagar é o show das poderosas. Hua, hua, hua, hua, hua!

sábado, 28 de junho de 2014

Eu não sou dançarina de funk para agradar betas, sou namorada de bandido, ser revistada antes da visita é estupro e não mereço ser estuprada

Abigail Pereira Aranha para Revista Fórum e Instituto Patrícia Galvão

Gente, ainda bem que eu não tenho nenhum homem da família ou das minhas amizades preso. Eu fui só fazer a matéria sobre revista vexatória antes de visita em presídio. O que eles mandam a gente fazer ali só aquelas bailarinas de funk fazem. E quanto mais tola é a mulher, quanto mais profundamente ela é encaixada na "cultura" masculina, em resumo, quanto mais amável ela é, mais sexual ela é, como disse nossa companheira Valerie Solanas no "Manifesto SCUM".

Percebi que as mulheres que visitam os falsos acusados de qualquer crime são as mães ou as irmãs. As mães e as irmãs também visitam os traficantes, mas as moças mais novas vão visitar os traficantes, os ladrões, os assassinos. E algumas das mais novas vão visitar um preso e acabam conhecendo e namorando outro, às vezes até criminoso sexual.

Fazem a gente abaixar, peladas, três vezes de frente, três de costas, fazer quadradinho de 8, de 16, ficar em frente ao espelho, colocar a mão, abrir, passar o papel. Só quem abre as pernas ali sabe como é. Aquilo é um estupro. Entre as técnicas de violência contra a mulher, os agentes homens do patriarcado inventaram mais essa, o estupro sem penetração, no qual, aliás, quem tira a roupa é só a gente. Será que eles se imaginam penetrando a gente e batendo a cabeça do pau em um canivete suíço no nosso útero?

O Estado faz de tudo pra gente abandonar a nossa família. Primeiro, cria uma lei inconstitucional como a Maria da Penha. Depois, cria um telefone para denúncia anônima. Basta uma cunhada escrota inventar uma estória pro 180 mais uns machucados, a polícia vai prender o meu irmão. Basta uma favelada obesa mórbida com cara de macaco inventar uma estória de assédio sexual pro 180, o meu pai vai ser preso e tratado como culpado até provar a inocência, em vez de inocente até prova do contrário (isso se ele não for linchado antes). Digo família mas família de sangue, porque um homem de bem preso injustamente é mais fácil de receber a notícia de que a ex-esposa mudou de cidade com outro homem levando metade do patrimônio dele do que receber uma visita dela. E nessa violência do Estado vemos a cultura do estupro tirando a roupa de mulheres idosas indo visitar filhos presos por falsa acusação de estupro.

Ah, e eu vi uma cena de cortar o coração: uma mulher de 24 anos, linda, com um corpão, estava na fila da revista e viu um rapaz que ela conhece, evangélico, funcionário de uma empresa terceirizada, e tentou se esconder. Ele viu, ela viu que ele viu, ela saiu da fila chorando, e um pouco pra frente ele comentou com um colega que ela deixa de conversar com ele dizendo que o namorado é estúpido e ciumento, mas não deixa de se submeter àquela revista pra ficar com o namorado.

"Lá vai embora a marmita de ladrão", é o que dizem os agentes penitenciários às mulheres e namoradas de internos. É muito humilhante! Eu sempre condenei as mulheres que posam nuas, fazem filmes pornôs, dançam sensualmente ou até se prostituem para caras como eles ou ainda abaixo, e vejo que até elas estão em melhor conceito com eles do que eu. Eu sempre evitei até ser simpática demais com homens conhecidos no trabalho ou na faculdade para não dizerem que eu sou disponível para caras héteros legais, e eles imaginam o que eu faço com traficante em visita íntima. E eu, como disse, nem tenho namorado preso. Ele é meio rude e já me assustou, por causa disso eu sou distante de todos os homens do meu convívio, e esses agentes me imaginando com outro homem.

Já não basta passar o dia espantando betas? ("Beta", para quem não sabe, é o homem não-criminoso, não-vagabundo e não-cafajeste, mas sem destaque social) Todos os homens são estupradores e é tudo o que eles são. Eles nos estupram com seus olhos. Os meganhas nos estupram vendo se levamos alguma coisa na vagina antes da visita íntima. Já imaginou o rapaz que tenta ser legal com uma colega de trabalho e ela nem dá bom dia, se ele descobre o que ela passa para visitar o namorado bad boy na cadeia? A Constituição Federal garante o direito à intimidade e assegura o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Chega! Meu corpo, minhas regras!

Texto original em português sem filmes de putaria, no A Vez das Mulheres de Verdade: Eu não sou dançarina de funk para agradar betas, sou namorada de bandido, ser revistada antes da visita é estupro e não mereço ser estuprada, http://avezdasmulheres.blog.com/2014/06/27/eu-nao-sou-dancarina-de-funk
Texto original em português com filmes de putaria, no A Vez dos Homens que Prestam: Eu não sou dançarina de funk para agradar betas, sou namorada de bandido, ser revistada antes da visita é estupro e não mereço ser estuprada, http://avezdoshomens.blogspot.com/2014/06/eu-nao-sou-dancarina-de-funk-para.html

Apêndice

"Só quem abre as pernas ali sabe como é. Aquilo é um estupro"

http://agenciapatriciagalvao.org.br/violencia/quem-abre-pernas-ali-sabe-como-e-aquilo-e-um-estupro

http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/04/quem-abre-pernas-ali-sabe-como-e-aquilo-e-um-estupro

09/04/2014 - 11:42

(Revista Fórum, 09/04/2014) “Eu vi muita coisa ruim. Uma senhora bem velhinha, magrinha, foi obrigada a ficar nua também. Tímida, ela tentou cobrir a genitália com as duas mãozinhas. Nossa, teve que ouvir coisas absurdas. A agente disse: ‘Você não teve vergonha de usar isso pra fabricar bandido pra encher o saco da gente, agora tem vergonha de mostrar?’. Ela tremia de medo. E eu não podia falar nada, porque, se eu reagisse, sabia que meu filho seria espancado.” Essa história foi contada por dona Cremilda, que fez visitas regulares ao filho, ex-detento, durante os 12 meses em que ele esteve na prisão.

Indignada, dona Cremilda fez questão de contar, durante a Audiência Pública realizada pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo no último dia 29 de março, todas as atrocidades que presenciou e viveu durante as revistas pelas quais era submetida nas visitas aos presídios.

“O que eles mandam a gente fazer ali só aquelas bailarinas de funk fazem. E na velocidade 100 ainda! Ficamos peladas, tem que abaixar, pôr as mãos nos joelhos, abrir as pernas, arreganhar, respirar, abaixar de novo, três vezes seguidas.”

Visita em presídio é sinônimo de humilhação. (Foto: geledes.org)

Esse procedimento descrito pela dona Cremilda é ilegal e tem nome: revista vexatória. Comumente utilizada nos presídios pelo Brasil, esse tipo de revista faz parte de um conjunto de humilhações e de tratamento sub-humano a que os visitantes de internos do sistema prisional estão fadados a se submeter. A Audiência Pública realizada pelo Núcleo de Situação Carcerária e pela Ouvidoria da Defensoria Pública de São Paulo teve como objetivo justamente debater o tema e iniciar uma campanha de conscientização para que os familiares de presos que passam por esse tipo de situação saibam dos seus direitos e, acima de tudo, não encarem esse procedimento como algo aceitável.

Revista Vexatória: uma ilegalidade

Entende-se por revista vexatória o procedimento pelo qual passam os visitantes de presos, que são obrigados a se desnudar, realizar agachamentos, ter sua genitália exposta e inspecionada, bem como passar por situações humilhantes, como deboches e abusos por parte dos agentes penitenciários. “Lá vai embora a marmita de ladrão”, é o que dizem os agentes penitenciários às mulheres e namoradas de internos, de acordo com Priscila, mulher de um homem preso no complexo de Presidente Venceslau, interior de São Paulo.

A Constituição Federal garante o direito à intimidade e assegura o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Esse direito, no entanto, não é preservado na maior parte dos presídios do país e a revista vexatória, humilhante e invasiva é utilizada a todos, mulheres, homens, idosos e crianças, como procedimento padrão. “A revista vexatória é ilegal e não tem qualquer previsão em qualquer norma brasileira ou internacional. A prática do desnudamento, agachamento ou qualquer outro tipo de humilhação é uma inconstitucionalidade. A lei estabelece alguns critérios gerais para a revista de qualquer pessoa e não há qualquer menção ao tipo de revista que é feito atualmente”, explicou Patrick Cacicedo, coordenador do Núcleo de Situação Carcerária da Defensoria Pública de São Paulo.

Os critérios citados por Patrick são que a revista deve ser uma inspeção de segurança que tem ser feita por meio eletrônico ou mecânico ou, excepcionalmente, manual. A revista eletrônica é feita por aparelhos detectores de metais e similares ou ainda por aparelhos de raios X. A revista manual deve ser utilizada em último caso, com o funcionário ou funcionária tocando, superficialmente, o corpo da pessoa visitante com as mãos por cima da roupa. Ela só deve ser aplicada quando houver fundada suspeita de que a pessoa visitante esteja com substâncias ou objetos proibidos (como celulares, armas ou drogas). Esse tipo de revista, pela lei, deve preservar a honra e a dignidade, ser feita em local reservado e ser realizada por funcionário ou funcionária do mesmo sexo do visitante.

Na prática, o que acontece, no entanto, não tem nada a ver com isso. Na maior parte dos presídios pelo país, todos os visitantes são obrigados a ficar nus e são inspecionados em grupo, inclusive ao lado de filhos ou crianças pequenas, que acompanham toda a humilhação e muitas vezes também são despidos para que sejam inspecionados.

Humilhação gratuita

Um estudo feito recentemente pela Rede Justiça Criminal, uma entidade formada por movimentos sociais e ONGs que atuam com direitos humanos no sistema prisional, revelou um dado interessante acerca do tema: em 2012, somente nos presídios do Estado de São Paulo, foram realizadas aproximadamente 3,5 milhões de revistas vexatórias. De todos os casos, em apenas 0,02% deles houve a apreensão de drogas ou celulares com os visitantes.

“Os dados já mostraram claramente que o meio utilizado não alcança os seus fins, que seria o de apreender a entrada de objetos e substâncias proibidas nas cadeias. Então, é evidente que a revista vexatória não é utilizada para esse fim que é proposto. Então qual seria o objetivo? Um objetivo muito claro de afastar todos os familiares dos estabelecimentos prisionais através de uma relação absolutamente opressora e humilhante. Eles querem que as pessoas parem de adentrar num local onde tantas ilegalidades são praticadas”, analisou Patrick.

Audiência Pública sobre revista vexatória realizada pela Defensoria Pública de São Paulo. (Foto: Ivan Longo)

Para o defensor público, há um interesse muito claro de manter não só os familiares, mas todas as pessoas que não são presos ou que não trabalham ali longe desse tipo de estabelecimento. “O ambiente carcerário é um ambiente de tortura institucionalizada. É tortura física e psicológica. Lá, todas as ilegalidades bárbaras acontecem. Então não é de interesse de quem administra o sistema que as pessoas tenham contato com essas ilegalidades. Tanto que é comum que os presos peçam para que os familiares não os visitem por conta da revista. Eu, por exemplo, não gostaria que minha mãe passasse por uma situação assim. Essa humilhação toda, portanto, é um meio para que as pessoas desistam de ver toda aquela situação de ilegalidade e não denuncie todas as violações de direitos humanos que ocorrem lá dentro”, completou.

Dona Cremilda, que viveu na pele o constrangimento das revistas vexatórias, também está ciente de que encontrar objetos ou substâncias proibidas não é o principal intuito desse tipo de procedimento. “A gente fica presa junto com o nosso filho de um jeito tão brutal, tão estúpido, cruel… E vejo comentários de que essas revistas são para impedir a entrada de ilícitos. Não é, gente! Eles sabem que o povo, a família, não entra com ilícito. Eles sabem muito bem por onde entra. Isso é só prática de tortura. Eles torturam a família para torturar o preso também. É que a prática da tortura no Brasil ainda permanece. A ditadura ainda permanece.”

“O Estado faz de tudo pra gente abandonar nossa família”

O constrangimento pelo qual os visitantes de internos do sistema prisional têm que passar não se limita apenas ao fato de ter que ficarem despidos. A humilhação acontece durante todo o processo de visita, desde a preparação para se deslocar até o sistema penitenciário, que normalmente fica longe dos centros urbanos, passando pelo desgaste de ter que aguentar uma fila de mais de 5 horas para conseguir entrar no presídio, até a revista propriamente dita e situações de humilhação psicológica, como comida que muitas vezes é jogada fora pelos funcionários ou deboches que os visitantes têm que ouvir.

Priscila, por exemplo, começa a sua jornada na terça-feira para que consiga, com sorte, visitar o marido no sábado. Em seu depoimento durante a Audiência Pública, a jovem, além de contar detalhes do que se passam nessas revistas, revelou outro grande problema adjacente dessa humilhação: se reclamar, além de perder o direito de visita, o preso corre o risco de sofrer represálias e até mesmo ser violentado. Assim Priscila começou seu depoimento:

“Toda ação tem sua reação. Tudo o que nós, familiares, falamos e fazemos aqui fora, reflete lá dentro. Só que como quem tá na chuva é pra se molhar, vamos lá.

(...) na terça a gente já vai pro mercado comprar as coisas. Na quinta eu começo a me arrumar, porque a gente quer chegar na cadeia pra fazer a visita com o cabelo arrumado, a unha feita…. Afinal, eu sou mulher, e quero chegar lá bem apresentada. Na quinta-feira, pego o ônibus cheio de sacolas. Na sexta-feira, meio-dia, eu já tô chegando na pensão pra aguardar a entrada na cadeia.

Então eu gasto dinheiro com o jumbo (comida e produtos de higiene que os familiares levam aos presos), gasto com passagem, gasto com a pensão, pago pra tomar banho e até pra guardar a comida que eu levei em uma geladeira. Pego a senha e fico esperando até o outro dia. Aí chega na hora, é capaz de você não conseguir entrar com aquela comida, eles dizem que mudou a alimentação, que aquilo não pode mais. Mas, e aí? E meu dinheiro vai pra onde? Aí, além do detector, eles enfiam aqueles talheres nojentos na comida. ‘Tira o ferrinho do sutiã que não pode’, os agentes dizem. Eles acham mesmo que eu vou abrir um cadeado com o ferrinho do sutiã? Então eu passo pela revista, entro na sala com mais 4 ou 5 mulheres com crianças ainda. ‘Abaixa, faz força, encosta na parede, faz força como se fosse ter um filho’. Mas que força é essa? Eu nunca tive um filho! A gente chora... ‘Segura que vai cair’, dizem as agentes. Segurar o que? Eu não tô levando nada!

Várias vezes que a gente chega pra visitar tem funcionário que tá usando máscara. Máscara?! Acabei de tomar banho, tô bonita, vim arrumada!

(…)

Eu não julgo a opção sexual de ninguém, mas tem agente que usa a opção sexual pra ficar te olhando como se você fosse um objeto. Quem o Estado pensa que é pra invadir meu corpo desse jeito?

(…)

O Estado faz de tudo pra gente abandonar a nossa família. Fazem a gente abaixar, peladas, três vezes de frente, três de costas, fazer quadradinho de 8, de 16, ficar em frente ao espelho, colocar a mão, abrir, passar o papel. (…) O Estado faz de tudo pra você abandonar seu parente. Mas a gente não abandona. Só quem abre as pernas ali sabe como é. Aquilo é um estupro”, revelou, carregada de emoção, a jovem.

“Não é permitida?!”

Agentes penitenciários inspecionando comida trazida pelas visitantes. (Foto: Reprodução/Youtube)

“Gente, eu não sabia! Passei por isso por 10 anos!” Essa foi a reação de Elis ao ser perguntada sobre revista vexatória. Ex-mulher de um interno do sistema prisional, a mulher de 33 anos, que começou visitando o marido na prisão aos 20, passou, em todas as visitas, por humilhações e constrangimentos da chamada visita íntima, mas achava que era obrigatório, e por isso não questionava os agentes.

A falta de informação e de denúncias a respeito dos direitos que os visitantes têm em preservar sua intimidade é um dos principais fatores que contribuem para que a revista vexatória seja um procedimento tão comum e tão legitimado dentro dos presídios.

Apesar de não saber que é ilegal, Elis, que é bastante espontânea e que, segundo ela, nunca teve problemas para tirar a roupa, sentiu-se oprimida durante todo o período em que fez visitas ao marido.

“Eu tinha que me arreganhar, ficava muito constrangida. Nunca tive problemas em ficar pelada. Mas a gente tinha que praticamente fazer uma manobra. Uma pessoa que é obesa ou idosa tem dificuldades em fazer aqueles movimentos. Então, quando a agente não conseguia ver o canal vaginal da mulher (ela queria ver praticamente o útero da pessoa), ela alegava que não havia condições de fazer a revista e a pessoa tinha que voltar pra casa, depois de horas de viagem e desgaste físico e emocional. Já teve caso de a visitante ser presa por ficar irritada com a conduta da agente e ir pra cima dela. É muito abuso”, revelou.

Quando a mulher está menstruada o constrangimento é ainda pior. De acordo com os depoimentos de familiares dos internos, o fato de a mulher estar menstruada provoca uma ira ainda maior das agentes penitenciárias, como se aquilo fosse mais um delito, já que os visitantes são sempre tratados como se também fossem criminosos. “Eu vi coisas como senhoras de idade com a perna inchada que, quando se abaixavam, a pele partia e sangrava. Menstruação é outra situação complicada. A companheira que passa menstruada, que coincide de o fluxo sair no mesmo dia, tem que fazer a limpeza ali na hora, por si só. É muito ruim. Elas (as agentes) olham aquela situação como se a menstruada tivesse cometido mais um delito”, afirmou dona Cremilda que, de bom humor, se define como uma cidadã mal comportada, por não aceitar as imposições e a violência do Estado.

Conscientização

Dona Cremilda contou que reclamou por diversas vezes da conduta dos agentes e da humilhação das revistas à administração carcerária. Ela escrevia cartas para todo mundo e, por isso, seu filho acabava apanhando. Seu filho pedia para que ela parasse de o visitar para não sofrer, mas ela dizia que, caso se calasse, ele sentiria vergonha da mãe que tem. “Certa vez meu filho foi chamado pelo chefe dos agentes que disse: ‘Qual é a da sua mãe? Louca ela não é, por que escreve de maneira tão linear, tão certinha… Sua mãe deve ter sido puta’. Naturalmente, meu filho não agiu violentamente, apenas disse que eu era uma mulher decente. Mas essa resposta foi o bastante para provocar uma surra tão grande….”.

Se o visitante reclama do constrangimento da revista, quem sofre as consequências é o preso. (Foto: Pastoral Carcerária)

É exatamente por esse tipo de consequência que as reclamações dos familiares provocam que a Defensoria Pública do Estado de São Paulo recomenda que os familiares, caso passem por revista vexatória ou qualquer outro tipo de humilhação, procurem diretamente o órgão, e não reivindiquem diretamente à administração dos presídios. “As ações da Defensoria ainda não fizeram resultados concretos em relação a indenização. São processos muito lentos e que ainda não tiveram o seu final. A Defensoria, no entanto, tem atuado fortemente nessa área em conjunto com vários movimentos sociais e sociedade civil em várias frentes. Uma dessas frentes é o trabalho de conscientização para mostrar que esse tipo de situação é ilegal. Há um trabalho de educação, há um trabalho de judicialização dessas demandas…”, explicou o defensor público Patrick.

Alguns Estados da federação têm tomado medidas para acabar com a revista vexatória. Em Goiás, por exemplo, nenhuma pessoa precisa despir-se, fazer flexões, agachamentos ou dar saltos, muito menos submeter-se ao toque em partes íntimas para visitar internos no sistema prisional. Denominado de “revista humanizada”, o novo procedimento é regra desde julho de 2012, quando foi publicada a portaria 435/2012, da Secretaria de Estado e Administração Penitenciária e Justiça. A mudança de postura na revista, zelando pelo respeito aos direitos humanos dos visitantes, criou um ambiente muito mais ameno no sistema carcerário. Até o momento, não houve registros de aumento de entrada de ilícitos no sistema pela mudança do procedimento de revista.

Para que a revista humanizada torne-se uma realidade em todo o país, a Rede Justiça Criminal, Defensorias Públicas de diversos Estados, movimentos sociais e pessoas interessadas no tema apoiam o Projeto de Lei 480/2013 da senadora Ana Rita (PT/ES), que visa proibir a prática da revista vexatória que, na Constituição atual, não é mencionada e, por isso, acaba sendo praticada. O projeto tramita no Senado mas ainda não há previsão para a votação.

Enquanto o projeto de lei não é aprovado e as entidades relacionadas ao tema lutam para promover uma conscientização quanto ao problema, Priscila, que ainda faz visitas constantes ao marido no complexo de Presidente Venceslau, acredita que a melhor arma, por hora, é a coragem. “O primeiro passo é fazer com que as pessoas percam o medo. Elas têm medo de falar, de mostrar o rosto, de ir pra cima, porque não temos voz ativa, o Estado comanda a gente. Eu como visitante, porta de cadeia que sou, posso falar, façam com que elas percam o medo! Do jeito que tá as pessoas vão continuar sofrendo, até chegar o dia que, infelizmente, o familiar entre em óbito no presídio”.

A humilhação pela qual passam pessoas que visitam amigos e familiares presos, mesmo mulheres grávidas, idosas, crianças ou pessoas com deficiência, é uma forma de tratamento desumano e degradante que viola o artigo 5º da Constituição Federal, que prevê a inviolabilidade da intimidade. Para o defensor público Marcelo Carneiro Novaes, trata-se da “institucionalização do estupro”.

Atualmente, cerca de meio milhão de pessoas, entre homens, mulheres e crianças, passam, semanalmente, pelo procedimento de revista vexatória.

Acesse o site de origem: “Só quem abre as pernas ali sabe como é. Aquilo é um estupro”

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Homem é tão ruim de serviço que o genocídio machista é o com menos mortos da História

Abigail Pereira Aranha como Débora Prado

Uma potência chamada São Paulo

São Paulo é uma das 27 unidades federativas do Brasil. O Estado está localizado no sul da região Sudeste e tem como limites os estados Minas Gerais (N e NE), Rio de Janeiro (NE), oceano Atlântico (L), Paraná (S) e Mato Grosso do Sul (O). Ocupa uma área de 248.808,8 quilômetros quadrados, sendo pouco maior que o Reino Unido. Sua capital é a cidade de São Paulo e seu atual governador é Geraldo Alckmin.

Falar do Estado de São Paulo é sempre no superlativo. Terceira unidade administrativa mais populosa da América do Sul, superada apenas pelo próprio país e ligeiramente pela Colômbia, à frente da Argentina e de todos os outros países sul-americanos. Tem a maior população do Brasil: são mais de 40 milhões de habitantes distribuídos em 645 municípios.

Estado mais cosmopolita da América do Sul, São Paulo abriga cerca de três milhões de imigrantes, de 70 diferentes nacionalidades. Sua população, a mais diversificada do Brasil, descende principalmente de imigrantes italianos e portugueses, embora haja também forte influência de ameríndios e africanos e de outras grandes correntes migratórias, como árabes, alemães, espanhóis e japoneses. Construído com o esforço de povos de todos os cantos do Brasil e do mundo, mantém arraigado em cada pedaço desta terra a vocação para o trabalho.

Mais rica das unidades federativas, São Paulo também figura entre os estados com alto Índice de Desenvolvimento Humano, sendo superado apenas por Santa Catarina e pelo Distrito Federal. Responsável por mais de 31% do PIB do país, São Paulo legitima seu status de "motor econômico" do Brasil por possuir melhor infraestrutura, mão de obra qualificada, fabricar produtos de alta tecnologia, além de abrigar o maior parque industrial e a maior produção econômica.

Mas o destaque não fica somente na indústria. O paulista também prima pela excelência nas áreas de agricultura e pecuária. Na economia, dos 260 shopping centers existentes no país, 80 estão localizados no Estado, sendo responsáveis por mais de 200 mil empregos, e uma ampla rede atacadista e varejista espalhada pelos municípios. Por tudo isso, São Paulo pode mesmo ser resumida como uma potência civil, espiritual e socioeconômica.

Página do Governo de São Paulo, http://www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/principal_conheca. Grifos meus.

Dado alarmante: feminicídio no estado de São Paulo faz UMA vítima a cada DOIS dias

Os assassinatos de mulheres pela condição de ser mulher, quase sempre cometidos por homens e motivados pelo ódio, o desprezo ou o sentimento de perda da propriedade sobre a vítima, chegam a UM CASO a cada DOIS DIAS em São Paulo. Se também forem considerados os homicídios de mulheres motivados por conflitos intrafamiliares, o número subiria para praticamente um assassinato a cada dia.

E vejam só a tabela com dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo que a nossa Agência Patrícia Galvão faz questão de mostrar. Nenhuma mulher foi morta por ser lésbica de janeiro a abril de 2014. Se as mulheres já morrem sendo héteros, vocês estão escondendo a homofobia, cara...mbolas? (Quase falei em cará com alho, desculpem, meninas) Nenhuma mulher foi linchada de janeiro a abril de 2014. Quando a Fabiana Maria de Jesus foi espancada em maio e morreu aqui em São Paulo mesmo, depois de confundida com uma suposta sequestradora de crianças, nós mostramos que ela não seria considerada culpada sem provas e a morte dela seria um escândalo nacional se ela fosse homem.

Mas isso mostra como mesmo sem a tipificação do feminicídio o patriarcado é incompetente, como os homens que o fazem. Vamos assumir que o feminicídio é um caso por dia em São Paulo. Isso significa que os homens precisam de mais de sete meses para produzir o mesmo número de mortos de UM ataque da guerra civil da Síria (220). Também precisam de mais de VINTE ANOS para produzir o mesmo número de mortos de UM DIA do Massacre de Ruanda (cerca de 800.000 em 100 dias), sendo que Ruanda tem menos de um terço da população do estado de São Paulo. Que raios de genocídio é esse? Estão de sacanagem com a nossa cara, seus inúteis? E os homens enxergam as mulheres como objetos. Imagine se não enxergassem!

Apêndice

A cada 2 dias ocorre um feminicídio em São Paulo

http://agenciapatriciagalvao.org.br/violencia/cada-2-dias-ocorre-um-feminicidio-em-sao-paulo

24/06/2014 - 12:36

(Débora Prado / Agência Patrícia Galvão, 24/06/2014) Dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo reforçam avaliação de que o crime com motivação de gênero é uma das maiores causas da morte de mulheres.

Na última-sexta feira, 13, uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo (leia aqui) trouxe dados alarmantes sobre a violência em São Paulo: 12,5% de um total de 1.606 vítimas de homicídios dolosos de janeiro a abril deste ano foram motivados por conflitos entre familiares e casais, segundo dados do governo. Esses crimes levaram à triste estatística de que, a cada 2 dias, 3 pessoas foram mortas em briga de família no Estado.

A reportagem, porém, não informava quantas vítimas deste percentual eram homens e quantas eram mulheres – o que, para especialistas ouvidas pela Agência Patrícia Galvão, desconsidera um dado importante da realidade. “Uma peculiaridade nos crimes que acontecem dentro da família é que, no Brasil e internacionalmente, a maior parte das vítimas são mulheres”, contextualiza a médica Ana Flávia d’Oliveira, pesquisadora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, especialista em violência de gênero e professora no Departamento de Medicina Preventiva da USP.

“Se observarmos os dados disponíveis sobre os homicídios de mulheres, como o Mapa da Violência e o Dossiê Mulher do Rio de Janeiro, vamos ver que os crimes em família têm uma característica feminina. As mortes das mulheres por pessoas que não são da sua intimidade, da sua família, por exemplo, são bastante inferiores aos homicídios praticados contra as mulheres no espaço doméstico. Da mesma forma, a grande maioria das vítimas de estupro são mulheres e o peso da violência sexual contra as mulheres e meninas é mais alto no espaço familiar”, compara a advogada Leila Linhares Barsted, coordenadora executiva da ONG Cepia – Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação, que integrou o consórcio de organizações que elaborou o anteprojeto da Lei Maria da Penha.

Especialista no enfrentamento da violência contra as mulheres, Leila Linhares aponta: “sem os dados desagregados por sexo ficamos sem saber o peso da violência contra as mulheres neste quadro de São Paulo. Podemos inferir apenas que a maioria das vítimas nas brigas entre casais sejam mulheres”.

Os dados desagregados obtidos pela Agência Patrícia Galvão junto à Secretaria de Segurança Pública (disponíveis na íntegra neste link) mostram que as análises das especialistas estão corretas. De janeiro a abril, 63,2% das vítimas de homicídio motivado por conflitos entre casais eram mulheres. Nos conflitos entre familiares, 39,8% das vítimas eram do sexo feminino.

Isso quer dizer que dos cerca de 90 assassinatos motivados por briga de casal, 57 foram de mulheres. Se adicionados a estes dados os números relativos a outro tipo de crime também frequentemente associado à violência de gênero – o de mortes com sinais de violência sexual – o percentual de vítimas mulheres é ainda maior: 83,3%, ou seja, mais 8 homicídios.

Estima-se que a cada dois dias uma mulher seja assassinada por razão de gênero somente no Estado de São Paulo

Contudo, esses dados ainda podem estar ocultando a real gravidade do fenômeno da violência de gênero, uma vez que consideram só os homicídios dolosos que constam nos boletins de ocorrência registrados pela Polícia Civil no Estado em que foi apontada que a motivação do assassinato enquadra-se em “conflitos entre casais” e aqueles em que o crime foi praticado com violência sexual – duas das condicionantes que segundo o Projeto de Lei do Senado 292/2013 caracterizam o feminicídio (ou o assassinato de uma mulher pela condição de ser mulher, quase sempre cometido por homens e motivado pelo ódio, o desprezo ou o sentimento de perda da propriedade sobre a vítima).

Tabela_homicidio_ssp

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DE SÃO PAULO: Distribuição de vítimas de homicídio doloso no Estado segundo sexo e contexto ou possível motivação, com base no Registro Digital de Ocorrências (Jan. a Abr/2014 – em %)

Se também forem considerados os homicídios de mulheres motivados por conflitos intrafamiliares, o número subiria para praticamente um assassinato a cada dia. A Secretaria de Segurança Pública informa ainda que em 28% dos BOs a motivação ou o contexto do homicídio não foi apontado previamente.

“As mulheres são assassinadas por serem mulheres. E não é por acaso que a violência doméstica e a sexual são denunciadas pelos movimentos de mulheres há décadas, é porque elas são uma realidade empírica, um fato no cotidiano das mulheres. E vale lembrar que os casos em que ocorrem mortes são só o pico do iceberg, uma vez que não contemplam muitos mais episódios em que não há morte, mas há danos à saúde física, mental e aos direitos das mulheres”, destaca a médica e pesquisadora Ana Flávia D’Oliveira, diante das estatísticas da Secretaria de Segurança de São Paulo.

Segundo Ana Flávia, a maior parte dos homicídios dolosos acontece no espaço público, no Brasil e no mundo, e é tanto cometida quanto dirigida aos homens. “Eles são a maioria das vítimas na idade reprodutiva, até porque parte do legado da discriminação das mulheres foi colocar o espaço público como um espaço masculino”, explica. No espaço privado, porém, a estatística se inverte: a maior parte dos autores de agressões seguem sendo do sexo masculino, mas a maior parte das vítimas são mulheres.

Nesse sentido, para a médica, ignorar a distribuição por sexo nos crimes cometidos em relações íntimas é um problema, uma vez que não permite a compreensão de que diferentes formas de homicídios necessitam de políticas públicas distintas.

Causas da violência doméstica

Diferentemente do que aponta o psicólogo e professor da USP Sérgio Kodato na reportagem da Folha de S.Paulo - para quem os fatores que influenciam nesse quadro de violência na família vão de crise econômica a desorganização familiar, causada em parte pela ausência da figura da ‘autoridade paterna’ - as especialistas em violência contra as mulheres destacam que as causas dos crimes em relações íntimas são fruto de um padrão histórico, mantido e atualizado justamente pela definição monolítica e hierarquizada de supostos papéis de homens e mulheres, criando relações desiguais de poder.

“É preciso enxergar que nos arranjos familiares há desigualdades de valor e de poder e reconhecer que, se isso não for observado e trabalhado, a violência continuará acontecendo”, avalia a médica Ana Flávia.

Em sentido semelhante, Leila Linhares lembra que a violência contra as mulheres no ambiente doméstico de hoje é fruto da manutenção de um padrão histórico de banalização destes crimes no âmbito da família. “Hoje em dia temos mais estatísticas que mostram claramente que isso acontece, mas vivemos num país em que, até recentemente, a violência contra a mulher era banalizada”, comenta.

Para além da realidade das mulheres, ela aponta ainda outros padrões de discriminação muito fortes no Brasil, que também estão associados ao uso da violência e atingem outras parcelas da sociedade, como negros, indígenas, homossexuais e moradores de rua.

“Não podemos esquecer que no nosso país milhões de pessoas foram tratadas como ‘coisa’. Nós temos essa herança da escravidão, que nos deixou padrões de desumanização do outro. Passamos ainda por ditaduras que legitimaram a violência, como a ditadura militar que deixou um legado forte nas instituições. Além disso, existe um padrão de competitividade muito forte na sociedade hoje em dia, que favorece o não reconhecimento de mecanismos de solidariedade ou de gentileza entre as pessoas. Temos que pensar e refletir muito sobre esse tecido social brasileiro, olhando para o legado dessa história de discriminação e desumanização do outro”, destaca Leila Linhares.

Família

As especialistas ressaltam ainda a importância do reconhecimento dos múltiplos modelos de família para se pensar em políticas públicas que possam diminuir essa violência. “Do ponto de vista sociológico, você tem famílias de mãe com filhos, de avós com netos, tios, famílias homoparentais, mães e pais solteiros – temos um mosaico de formações de família muito forte na sociedade brasileira e esse mosaico não quer dizer que essas novas formas de família vão gerar pessoas que vão cometer crimes. O fato de não se ter pai, por exemplo, não significa que não há ali outras figuras que exerçam a função de criação. Do mesmo modo, a presença do pai não é garantidora de que não vão acontecer crimes. Nós temos criminalidade no mundo todo, por diferentes fatores sociais e psíquicos”, frisa a advogada Leila Linhares.

Para a médica Ana Flávia, é muito perigoso associar os crimes domésticos a normas tradicionais de gênero, como as de que seria papel do homem ser o provedor e chefe da família, enquanto da mulher seria cuidar da casa e dos filhos. “Essas normas só reiteram as desigualdades nas relações que estão na base da maioria destes crimes”, destaca.

Em relação ao homicídio de mulheres, o caminho para reduzir as tristes estatísticas, para a médica, está justamente na mudança de relações desiguais e na efetivação dos direitos já previstos em Lei. “A Lei Maria da Penha é um instrumento legal de política afirmativa para reduzir a violência contra as mulheres que a política urbana não reduz. E o caminho que ela aponta é o de valorização das mulheres na sociedade e a promoção da igualdade entre homens e mulheres”, aponta.

Indicações de fontes

Anaflaviaoliveira 300x249Ana Flávia D’Oliveira – médica, professora do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP
(11) 3061.7085 ou 3061.7285 (Secretaria) - aflolive@usp.br

leilalinhares premioclaudia2011 300x213Leila Linhares Barsted – advogada e coordenadora da Cepia – Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação
(21) 2205.2136 / 2558.6115 / 98700.3106 - barsted@cepia.org.br

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Como você homem hétero pode se aproximar de uma mulher "normal" sem parecer homem (e sem conseguir p*##a nenhuma que preste)

Abigail Pereira Aranha como Carol Patrocínio

Nós adoramos homens. Nós devemos mostrar aos homens que não é certo agredir uma mulher, achamos que um homem fazer mais do que OLHAR para as mulheres que chamam sua atenção é como pegar um relógio incrível numa loja e faz parte da cultura do estupro, sabemos que homens são ensinados a tratar mulheres como objetos ou propriedades, mas nós adoramos homens. É, infelizmente, vivemos em um momento em que sentimos medo de homens.

As denúncias de estupro e assédio que qualquer múmia frustrada pode fazer de telefone público não ajudam nosso medo a diminuir. Cada homem que nos olha como se fôssemos um belo bife de picanha ou faz comentários que não pedimos para ouvir é um estuprador em potencial. Embora eu já tenha dito que aceitar que tocar uma mulher é permitido é parte da cultura do estupro, não estou dizendo que todos os homens são estupradores, estou dizendo apenas que o medo não é algo racional, mesmo que OS HOMENS devam REPENSAR a relação que tem com as mulheres.

Li esses dias um texto incrível de uma mulher chamada Phaedra Starling. Ela criou um guia para que você, homem decente que quer apenas encontrar uma gatinha para compartilhar a vida (lembre-se de que sexo heterossexual é desrespeito ao corpo da mulher), possa se aproximar das mulheres sem deixá-las apavoradas. Achei a ideia tão genial que resolvi adaptá-la para um texto em português.

Aceite o medo que temos de caras legais. Todos os dias lemos histórias terríveis de caras que pareciam o sonho de qualquer mãe se tornando vilões dos mais perigosos, mesmo que a nossa amiga esteja há cinco anos mal falando com os pais porque foi morar junto com um traficante de drogas. E o caso do sonho da mamãe pode ser mais uma falsa denúncia ou um cara que simplesmente cansou de levar a pior. Não tem como a gente saber que você é um cara legal. Em uma propaganda das lojas Marisa, a loja teve que pedir desculpas por um erro de interpretação de várias de nós, porque vimos uma camiseta escrita "great rapers tonight" e confundimos "raper" (cantor de rap) com "rapist" (estuprador). Mas como você é um cara bacana e nós adoramos homens, vai respeitar isso e nos fazer sentir segurança, certo? Ah, e podemos ter um namorado estúpido e possessivo.

Tenha consciência do ambiente. O que são lugares bons? Como os homens acreditam que atitudes violentas contra mulheres são naturais, vamos lembrar que estamos falando de lugares bons para OLHAR para as mulheres que chamam sua atenção. O que são lugares bons? Lugares que ela pode sair quando quiser. A estação de metrô, por exemplo, é aceitável, mas o carro do metrô, não (lutamos por vagões rosas para isso, lembra?). Um shopping é bacana, mas um elevador, não. Vê a diferença? Ela pode namorar um cara cretino que divide o perfil do Facebook com ela, ou ter ido ao baile funk mais podre de um raio de 50 km no último fim de semana, mas você, como um cara legal, não vai ter dificuldade em entender que ela precisa, sempre, ter opção de ir embora da sua presença.

Leia as indiretas. Ela precisa dar um sinal verde para você se aproximar. Sim, você precisa ser observador. A qualquer momento ela pode deixar de querer você por perto. E você, cara legal, está pronto para respeitar isso. Mesmo que não ganhe com isso mais do que uma conversa de amenidades ou pseudointelectualidade. Ou a chance de provocar ciúmes no namoradinho capacho.

Respeite o que ela diz e nunca coloque seu direito de ser respeitado igual ao dela. Para que uma mulher se sinta segura, ela precisa ter certeza de que sua vontade será a lei máxima. Mulheres falam. O tempo inteiro. Falam de futilidades, das picuinhas do trabalho, do namorado babaca, de livros estúpidos que elas gostam, do professor da faculdade que deu o primeiro trabalho decente em 5 semestres e até do que não sabem como se soubessem. Mas se você chegasse para cumprimentar outro homem e ele desse a mão para você sem olhar no seu rosto, você acharia que ele tem algo contra você, certo? Quando uma mulher não olha para você ou é monossilábica quer dizer a mesma coisa. Não é timidez, é um aviso para você voltar para onde veio. Mais uma vez, respeite. Não toque em uma mulher sem que ela toque em você antes. Aliás, não espere nem que ela lhe dê um boa tarde primeiro. Aceite a educação e a TPM com o mesmo respeito. Você, como um cara legal, não vai ter dificuldade em fazer nada disso. Se nós dissermos que você tem medo de conversar com mulheres de atitude e não tem vida sexual fora da zona, amadureça lendo textos como este.

Texto original em português sem desenhos e fotos de putaria, no A Vez das Mulheres de Verdade: Como você homem hétero pode se aproximar de uma mulher "normal" sem parecer homem (e sem conseguir porra nenhuma que preste), http://avezdasmulheres.blog.com/2014/06/25/como-se-aproximar-de-uma-mulher-normal
Texto original em português com desenhos e fotos de putaria, no A Vez dos Homens que Prestam: Como você homem hétero pode se aproximar de uma mulher "normal" sem parecer homem (e sem conseguir porra nenhuma que preste), http://avezdoshomens.blogspot.com/2014/06/como-voce-homem-hetero-pode-se.html

Apêndice

Seis passos para se aproximar de uma mulher sem parecer um tarado

https://br.mulher.yahoo.com/blogs/preliminares/6-passos-para-se-aproximar-uma-mulher-sem-110347666.html

Por | Preliminares – seg, 5 de mai de 2014 08:03 BRT

  • Saiba como paquerar uma mulher sem deixá-la apavorada. (Foto: iStock)

    Yahoo Brasil - Saiba como paquerar uma mulher sem deixá-la apavorada. (Foto: iStock)

Nós adoramos homens - ok, algumas de nós gostam bem mais de mulheres, mas vou focar aqui naquelas que curtem homens, tá? - e diariamente travamos uma luta interna para manter essa paixão mesmo com todo o medo que sentimos. É, infelizmente, vivemos em um momento em que sentimos medo de homens.

A estatísticas sobre estupro e assédio não ajudam nosso medo a diminuir. Cada homem que nos olha como se fôssemos um belo bife de picanha ou faz comentários que não pedimos para ouvir é um estuprador em potencial. Não, não estou dizendo que todos os homens são estupradores, apenas que o medo não é algo racional e não tem como a gente saber qual a intenção de cada um de vocês. Quem vê cara não vê índole.

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Li esses dias um texto incrível de uma mulher chamada Phaedra Starling. Ela criou um guia para que você, homem decente que quer apenas encontrar uma gatinha para compartilhar a vida, possa se aproximar das mulheres sem deixá-las apavoradas. Achei a ideia tão genial que resolvi adaptá-la para um texto em português.

Aceite o medo
Queira você ou não, temos medo. Evitamos sair na rua a noite sozinhas, evitamos lugares escuros, escolhemos o caminho mais longo se ele for mais movimentado. Quando temos um encontro, avisamos uma amiga com quem estamos saindo e ligamos assim que voltamos - e não é só para contar como foi, mas para garantir que estamos vivas e seguras. Todos os dias lemos histórias terríveis de caras que pareciam o sonho de qualquer mãe se tornando vilões dos mais perigosos. Não tem como a gente saber que você é um cara legal. Mas como você é um cara bacana, vai respeitar isso e nos fazer sentir segurança, certo?

Tenha consciência do ambiente
Rua escura, beco, lugar sem movimento, metro lotado. Esses são lugares que você não deve, de maneira alguma, se aproximar. Nem se for apenas para dizer que o tênis dela está desamarrado. Ela está com medo de ser assediada/estuprada/roubada/morta e sua aproximação já faz o coração bater mais acelerado - e não é por um bom motivo.

É uma pena deixar passar a chance de falar com aquela garota que parecia se encaixar perfeitamente nos seus sonhos, mas lembre-se que ela precisa estar segura para dar abertura para você.

O que são lugares bons? Lugares que ela pode sair quando quiser. A estação de metrô, por exemplo, é aceitável, mas o carro do metrô, não. Um shopping é bacana, mas um elevador, não. Vê a diferença? Ela precisa, sempre, ter opção de ir embora.

Leia os sinais
Ela precisa dar um sinal verde para você se aproximar. Se ela não o viu, entre em seu campo de visão para que ela o localize, você, mais uma vez, não quer assustá-la. Assim que ela o notar, ok, sinal verde para aproximação se ela não estiver lendo um livro, olhando para o outro lado ou apenas evitando contato visual com você. Sim, você precisa ser observador.

Se você olhou para ela e rolou um contato visual, dê um passo a frente. Pode abordar a mulher, mas fique atento aos próximos sinais. A qualquer momento ela pode deixar de querer você por perto. E você, cara legal, está pronto para respeitar isso.

Respeite o que ela diz
Mulheres falam. O tempo inteiro. Seja com palavras ou com o corpo. Estamos nos comunicando sem parar. Se você chegasse para cumprimentar outro homem e ele desse a mão para você sem olhar no seu rosto, você acharia que ele tem algo contra você, certo? Quando uma mulher não olha para você ou é monossilábica quer dizer a mesma coisa. Não é timidez, é um aviso para você voltar para onde veio. Mais uma vez, respeite.

Entenda porque você se torna uma ameaça
Você se torna uma ameaça quando coloca a sua vontade como mais importante. Ela não te dá abertura para se aproximar e ainda assim você se aproxima. Ela tenta cortar o papo sendo monossilábica e você continua insistindo. Ela dá um passo para trás e você dá um passo para frente. Como é que uma mulher vai se sentir segura quando se sente acuada?

No começo desse texto eu expliquei que todo homem é uma ameaça até que deixe de ser. Sua pontuação começa em 100, por exemplo, e vai caindo. Mas quando você não respeita o espaço de uma mulher, sua pontuação aumenta e ela passa a ter mais medo ainda de você. Mesmo que você esteja em um lugar movimentado e ela esteja acompanhada é como se você fosse o cara da rua escura.

Nunca coloque sua vontade acima da dela
Para que uma mulher se sinta segura, ela precisa ter certeza de que sua vontade será respeitada. Se você não consegue aceitar uma negativa para um café, iria aceitar um não na hora do sexo? Ela não sabe e prefere não se arriscar.

Não toque em uma mulher sem que ela toque em você antes - não estamos falando de esbarrões sem intenção. Não ultrapasse os limites que ela colocar. Aceite o sim e o não com o mesmo respeito. Não a ameace física ou verbalmente.

Se você quer conhecer aquela mulher, quer respeitá-la e conseguir o respeito dela. No primeiro contato você precisa que ela tenha o máximo de certeza que puder de que você não é um predador. Você, como um cara legal, não vai ter dificuldade em fazer nada disso.

Você tem alguma dúvida sobre sexo? Manda para mim no preliminarescomcarol@yahoo.com.br e siga-me no Twitter (@carolpatrocinio).

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