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quinta-feira, 10 de abril de 2025

Introdução à psicanálise textual de brasileiros - parte 4

Abigail Pereira Aranha

01) Introdução - parte 1: notas sobre a linguagem humana

A introdução é repetida em toda a série. A numeração dos subtítulos é sequência desde a parte 1. Os atalhos diretos dos subtítulos estão nos números.

Com as honrosas exceções de nível mental humano, o que um brasileiro fala ou escreve não deve ser ouvido ou lido, mas examinado. Na linguagem humana, o mundo real é a referência e o assunto principal. Um dos casos em que isso pode ser diferente é a função metalinguística da linguagem, em que a linguagem se refere a elementos dela mesma. Um outro caso é de objetos em ciências abstratas, como Lógica e Matemática. Um outro caso é o de objetos ainda não existentes, mas previstos, como em projetos de engenharia. Mas em geral, o mundo real não é apenas referência da linguagem, também é referência do universo interior do ser humano. A partir do mundo real externo, o homem molda o que pensa, o que sente e o que faz (eu usei a palavra "homem" no sentido de ser humano, para incomodar alguma lesbofeminista que está lendo, hua, hua, hua, hua, hua). No Brasil, a linguagem humana é exceção. Não são só as falas que têm grande limitação intelectual, limitação de vocabulário ou até limitação geográfica. A própria ideia de que a linguagem usada por seres humanos possa ser mais abrangente e mais elevada que isso parece uma ideia alienígena no Brasil. Eu tenho uma tese para explicar por que isso acontece no Brasil de uma forma particular mais horrorosa, mas vou deixar essa minha parte para o final porque eu vou tentar evitar que essa explicação comprometa o entendimento da minha descrição do fenômeno em si, e também porque o assunto principal aqui não é essa origem histórica (ops!).

Para o leitor estrangeiro, eu desenvolvo a exposição a partir da experiência do Brasil não só porque eu sou brasileira e nunca saí do Brasil, também faço isso como uma espécie de alerta. Se o leitor é de um país desenvolvido, talvez eu mostre um aspecto insano da vida nacional brasileira que está menos longe de se reproduzir no seu país do que se imagina. Se o leitor é de um país ainda mais pobre economicamente que o Brasil, eu vou deixar mais claro que ter um dos 10 maiores PIB's do mundo pode não ser um reflexo da grandeza do país.

Dado que os brasileiros comuns não dominam a linguagem humana no sentido de linguagem associada com o mundo real, eles dão um status superior ao próprio universo interior subjetivo, especialmente o universo emocional, e ao universo verbal próprio. Estes universos interior e verbal podem ser moldados por aqueles a quem esses brasileiros comuns atribuem autoridade, como "a ciência" ou o governo de esquerda. Então, se você é uma pessoa normal e vai interagir com uma pessoa brasileira, você precisa verificar primeiro que essa pessoa não é doente mental; segundo, que essa pessoa não é semianalfabeta; terceiro, que essa pessoa não é de mau caráter. Tentar interagir com essa pessoa sem verificar isso é um risco de conversar com uma pessoa com um destes defeitos ou um risco de cair numa armadilha de manipulação psicológica. Uma interação semelhante a uma conversa com um intercâmbio de ideias ou de informações será a disputa da fala de um ser humano de mente normal contra a logorreia de um desequilibrado mental semianalfabeto (ou, com sorte, contra uma pessoa farsante).

Apesar de esta exposição ser sobre falas e escritos (e um tanto sobre comunicação de outras formas), a abordagem não é sobre debate de ideias, não é sobre a vida universitária, não é um rascunho de observatório de imprensa e nem mesmo sobre a vida em cidades grandes. A questão é a linguagem oral e escrita do brasileiro comum. Mais exatamente, a manifestação de algo que está acima (ou melhor, abaixo) da expressão de ideias mesmo no que devia ser conversa sobre assuntos grandes.

A diferença de raciocínio e de habilidade de expressão em língua culta que existiu no passado entre o brasileiro médio e a, digamos, elite falante diminuiu muito e está cada vez menor. Não porque o nível do povão está aumentando, e nem tanto por causa da popularização da internet que traz mais popularização da expressão de ideias e da circulação de informações e conhecimentos; mas principalmente porque essa elite falante e a elite em geral está ela mesma se aproximando do povo medíocre quando não está recebendo alguns indivíduos desta parte da população. Sim, eu me refiro às cotas sociorraciais e as cotas para mulheres. Ah, mulheres de verdade! Também existe aqui e ali uma cota LGBT ou alguma preferência de seleção para LGBT para cargos públicos, mas essa parte da população é minoria. Em qualquer país da América, as mulheres são cerca de metade da população e os não-brancos são, se não maioria, uma parte considerável. Portanto, em um país destes (não só no Brasil), a simples preferência por uma mulher ou um não-branco para uma vaga em posição de destaque é a promoção da mediocridade. Mas isso é uma particularidade recente, e até isso mostra, hoje com mais clareza, que uma coletividade não pode ter uma elite virtuosa e um povo néscio, ou uma elite inteligente e amante da sabedoria ao lado de um povo inculto e animalesco.

E isso que eu disse pode levar alguns leitores a me encaixarem na "extrema direita" e na "elite branca". E até isso tem a ver com o assunto que eu estou introduzindo aqui. Sim, eu sou uma mulher branca, sem vergonha. Ops, sem vergonha de ser branca, mas também me chamam de sem vergonha com razão.

02) Introdução - parte 2: notas sobre o analfabetismo

Analfabetismo é o desconhecimento da associação dos signos da linguagem humana entre si e com a realidade. Signo é a "ligação associativa entre o significado e o significante: signo linguístico" (Dicio Dicionário Online de Português). Significante é a "imagem acústica ou manifestação fônica do signo linguístico" (Dicio Dicionário Online de Português). Não saber ler ou escrever na língua nativa é só a imagem caricata do analfabetismo. Outro aspecto caricato é essa situação na língua nativa (fora os idiomas que não têm escrita). Chamo a sua atenção para que eu mencionei a linguagem humana, não a língua nativa, porque um imigrante que desconhece o idioma do país onde está não é considerado analfabeto, exatamente porque este imigrante pode, a partir do conhecimento do idioma nativo, aprender o idioma local. O aprendizado é mais difícil se o idioma local e o idioma nativo do imigrante usam alfabetos diferentes, como o latino e o grego, ou se um deles ou ambos são ideográficos, como o mandarim. Mas os idiomas em geral são aplicações da linguagem humana, que associa signos e significantes a objetos do mundo real. Por isso é possível o dicionário bilíngue, porque os signos de cada idioma se associam a um mesmo objeto extralinguístico, ou, numa função metaliguística, têm funções equivalentes em seus respectivos idiomas. E isso não desaparece quando uma palavra não tem uma palavra ou uma expressão correspondente no outro idioma, e é incorreto dizer que a palavra não tem tradução: a palavra tem significado, e o significado é traduzível.

Mas o analfabetismo não é exatamente o resultado da opressão socioeconômica. No máximo, foi uma obra repressiva de reinos passados (incluído o reino da Igreja Católica Apostólica Romana) da qual algumas pessoas amantes da verdade tiveram dificuldades para escapar. O analfabetismo é em primeiro lugar, mesmo nestes contextos, uma deficiência mental e moral, o desprezo ao que é superior, ao que é grande, ao que é duradouro, à comunhão com a verdade. Como consequência, desprezo à linguagem humana. Não é por acaso que a divisão entre Pré-História e História foi a invenção da escrita, nem que os primeiros usos da escrita foram feitos por povos desenvolvidos (a escrita foi um meio para o desenvolvimento intelectual e cultural, do qual uma das consequências foi a prosperidade econômica e outra foi mais aplicação da escrita). Para produzir o esquecimento disso, corre este discurso de que o analfabetismo é obra maligna dos ricos, em vez de pequenez de outros pobres que estes impõem aos outros sempre que podem. Nós tivemos no passado analfabetos denunciando alfabetizados à Inquisição, nós temos no Brasil do século XXI moradores de favelas tratando outros moradores que lêem livros como esquisitos.

Para os analfabetos e os semianalfabetos, o universo verbal pode ganhar uma vida própria independente da realidade ou pode ser o próprio mundo real. Para estes, a parte mais sofisticada da linguagem fica reduzida a gatilhos emocionais e extravasões emocionadas. Ah, e os analfabetos e os semianalfabetos entendem a linguagem animal, que é a linguagem como voz de comando ou como produtora de impacto no receptor, como o máximo da linguagem humana, porque esta linguagem tem efeitos "rápidos" e "práticos". A frase "as palavras têm poder" é uma ideia de analfabetos e semianalfabetos, porque as palavras foram feitas para serem SOBRE a realidade, não PARA ela. A magia é analfabetismo aplicado. Eu até poderia demonstrar essa frase com dados conhecidos, mas eu posso ser presa.

Dois efeitos comuns do analfabetismo e do semianalfabetismo são confundir aspectos da realidade muito diferentes só porque lhes foram dados nomes parecidos ou o mesmo e o contrário, não perceber semelhanças entre aspectos da realidade semelhantes ou interligados só porque lhes foram dados nomes diferentes. E aqui eu usei a voz passiva. Os nomes "foram dados" por quem? Quem tem ideias de esquerda tem uma lista de quem domina a comunicação de massa, a cultura, a política e a educação; quem tem ideias cristãs conservadoras tem outra lista. Mas no geral, cada indivíduo desta lista tem as mesmas características essenciais, como dominar o idioma (no sentido de conhecimento), ter recursos materiais para conseguir seus objetivos, ter habilidades para usar estes recursos e ter um conhecimento do indivíduo médio do público-alvo. E na linguagem, podemos adaptar aquela frase de Arnold Toynbee sobre política: os que não se interessam pela linguagem serão governados pelos que se interessam. Mas aqui, o desinteresse pela humanidade da linguagem é uma tentativa de domínio político pelo semianalfabeto comum, que serve ao poder de quem o governa.

E visto que o analfabetismo e o semianalfabetismo são a conexão precária entre a fala e a realidade, não apenas o analfabeto e o semianalfabeto têm uma barreira para entender o que é falado a eles, eles também descrevem muito mal a eles mesmos pelo que eles falam, se as palavras forem interpretadas pelo uso de pessoas mentalmente normais. Porque o objeto mais feio que o analfabeto e o semianalfabeto têm para descrever pela linguagem é a sua própria pessoa, feio demais para ser descrito pela linguagem saudável sem comprometer a autoestima. Daí a proposta desta exposição é examinar as falas do brasileiro típico, que geralmente é semianalfabeto mesmo quando tem um nível de instrução superior, pelo que elas manifestam, não pelo que as palavras deles dizem se forem interpretadas no uso culto do idioma.

13) Psicanálise verbal e textual - parte 11: Ser vítima de inveja e perseguição

Aí é clara a negação louca da realidade: toda pessoa que diz que é vítima da inveja de quem está ao redor ou da perseguição do Inimigo é pobre f@£%da. Você já viu um adesivo "sua inveja é a velocidade do meu sucesso" num Uno Mille que passa a noite na frente da casa na rua de menos de 7 metros de largura? Eu já vi.

A pessoa se dizer vítima de inveja e perseguição é uma mistura de linguagem fragmentada, pânico do próprio fracasso e projeção inversa da própria insignificância, e um sinal disso é esta pessoa buscar proteção contra a inveja e o mau olhado, tanto com amuletos quanto com o que chama de fé em Deus. Primeiro porque a pessoa não pode dizer por que é tão invejada e perseguida, a não ser, no máximo, por parecer menos fracassada perto da sua vizinhança de "losers" do Terceiro Mundo. Segundo, porque esta pessoa se coloca no centro de uma trama sobrenatural e metafísica, exatamente, novamente, na projeção inversa da própria pequenez. E nisso entra o que é chamado hoje em dia de fé cristã: o deus brasileiro não é alguém superior que pode elevar mentalmente e moralmente quem o busca e o serve, alguém que vive além e acima, inclusive geograficamente, das periferias horríveis onde vivem muitos dos seus fiéis; mas o deus brasileiro está lá pra dizer "você é a joia da criação" para um medíocre fracassado qualquer, e também está lá para fazer "milagres" para atender as demandas mesquinhas desta pessoa. Eu ainda vou abordar mais especificamente o deus brasileiro.

14) Psicanálise verbal e textual - parte 12: Vamos deixar de falar sobre sexo

Poderíamos confirmar a suspeita de que a Bíblia tem mais trechos contra o sexo que contra o roubo, ou de que a Bíblia podia ter mais mandamentos e recomendações sanitários no lugar de mandamentos e vilipêndios contra quem tem vida sexual mais decente; mas pior que isso é o quanto a parte antissexual da Bíblia é levada a sério por pessoas que se anunciam como cristãs e negligenciam partes moralmente valiosas da própria Bíblia. A explicação parece visível na entrada do próprio templo: pencas de mulher feia. É verdade que a moral antissexual também é forte na Inglaterra e na América Anglo-Saxônica (Estados Unidos e Canadá) e que as mulheres feias destes países são razoáveis quase bonitas na América Latina (eu sou hétero, mas eu vejo alguns rapazes brasileiros admirando o perfil por aqui). Mas o que está por trás disso por lá tem a mesma essência que aqui, e mostrar isso apontando a feiura física das mulheres do Brasil pode ajudar a lançar luz para quem não é tão acostumado com falta de beleza.

A mulher brasileira comum é feia de rosto, horrorosa de corpo, pobre e infeliz. E o Brasil é o maior país católico do mundo (em número de fiéis), e quase todo o país era católico quando as nossas avós tinham a nossa idade. Sim, a moral antissexual foi feita pra mulher feia, de corpo esquisito, pobre, infeliz e invejosa. Para ela, é revigorante uma moral em que ser uma mulher fisicamente agradável aos homens é ser uma mulher sexualmente ativa e ser uma mulher sexualmente ativa faz ir pro Inferno. Para ela, é lisonjeador um preconceito em que uma mulher bonita ou sexualmente ativa é burra, não confiável, frívola ou, com a entrada da mulher no trabalho não-doméstico, pouco profissional.

Ah, sim, quando vemos uma mulher falando contra o machismo, vemos que ela é feia pra caralho, ou ela não é tão desfavorecida e se faz feia pra caralho. É a mesma mulher, ou do mesmo perfil, que prega a castidade. E pra completar, essa mulher que já não era fisicamente chamativa ou parcamente lembrava uma mulher caminha no sentido contrário ao do que lhe falta e desenvolve um comportamento e um nível mental em que a sua própria presença ou imagem é repulsiva, e ela faz isso como se isso a fizesse mais forte ou mais mulher. Negação louca da realidade.

Assim, quando uma multidão de mulheres com essa desenvolve uma cultura em que o sexo é um assunto feio e proibido, essas mulheres estão se protegendo da visão pública do fracasso delas como mulheres e como seres humanos. Sim, porque um ser humano é homem ou mulher, e esta distinção é biológica, física e sexual; a visão não deve ser o contrário, reduzir o homem e a mulher a alguma coisa tamanho único para que a mulher possa ser motorista de veículos pesados, militar, executiva, presidente do país e tudo de impressionante que algum homem é.

15) Psicanálise verbal e textual - parte 13: Identidade tribal

O máximo do uso comum da linguagem brasileira que tem associação com o mundo real externo é o que eu chamo de identidade tribal: a rotulação da outra pessoa em grupos diferentes que, portanto, não devem ser ouvidos. Mesmo que a pessoa brasileira típica faça essa rotulação de outra pessoa pelo que esta fala, a identidade tribal não é da tribo em que a outra pessoa está, mas da em que ela não está, que é a da própria pessoa que rotula.

Mas quando alguém usa a identificação tribal, é certo que esta pessoa receba uma identificação tribal. Quem chama alguém do século XXI de nazista ou fascista deve ser rotulado como militante da esquerda; quem chama alguém de machista deve ser rotulado como feminista (ou, como eu diria, lesbofeminista); quem chama alguém de racista deve ser rotulado como africanista; e assim por diante. Porque se alguém reduz tudo que alguém que não tenha o mesmo pensamento tenha a dizer a um rótulo feio com validade vencida, isso é sinal de que o rótulo feio esconde um raciocínio enlatado intelectualmente pobre. Nisso, parece que eu estou analisando a esquerda universitária, mas até assim podemos seguir a linha de que se os que têm formação universitária são isso, ainda mais os menos escolarizados, que podem ser cópias mal feitas dos primeiros.

Por sinal, esta é a quarta parte de uma série de textos e quem me acompanhou da parte 1 até aqui são admiradores que têm um perfil pouco variado, apesar de eu ter quase 19 anos que eu escrevo este blogue, ou exatamente porque eu escrevo há quase 19 anos. Mais exatamente, um brasileiro típico, daqueles do "sextou", não termina o primeiro subtítulo, "introdução parte 1"; um esquerdopata que é universitário ou funcionário público talvez se arraste até o segundo subtítulo, "introdução parte 2". Eu já tive algumas poucas moças LGBT-feministas lendo o que eu escrevia, mas elas me viram como uma boneca sexual bolsonarista e pararam de me acompanhar. Bom, no último contato que eu tive com uma delas, Jair Bolsonaro ainda era um deputado federal pensado como candidato a presidente. Eu quase posso determinar qual é o perfil de você que está lendo: é homem heterossexual (que eu sei, tenho dois leitores gays), é de direita, quase certamente é cristão (porque os ateus quase todos são de esquerda e me consideram bolsonarista, alguns até pensam que eu sou uma cristã conservadora), mas você não tem uma visão rígida a favor da castidade. Por isso você se diverte um pouco quando eu menciono as minhas visitas a amigos homens ou deles na minha casa em que nós fazemos comida e eles comem a rosquinha que eu preparo pra eles comerem. Mas para algumas pessoas, eu já ganhei uma identidade tribal, da tribo das piranhas conservadoras.

Introdução à psicanálise textual de brasileiros
No A Vez das Mulheres de Verdade No A Vez dos Homens que Prestam

parte 1 SEM PUTARIA:

https://avezdasmulheres.blogspot.com/2025/01/introducao-psicanalise-textual-parte-1.html

parte 1 COM PUTARIA:

https://avezdoshomens.blogspot.com/2025/01/introducao-psicanalise-textual-parte-1.html

parte 2 SEM PUTARIA:

https://avezdasmulheres.blogspot.com/2025/01/introducao-psicanalise-textual-parte-2.html

parte 2 COM PUTARIA:

https://avezdoshomens.blogspot.com/2025/01/introducao-psicanalise-textual-parte-2.html

parte 3 SEM PUTARIA:

https://avezdasmulheres.blogspot.com/2025/02/introducao-psicanalise-textual-parte-3.html

parte 3 COM PUTARIA:

https://avezdoshomens.blogspot.com/2025/02/introducao-psicanalise-textual-parte-3.html

parte 4 SEM PUTARIA:

https://avezdasmulheres.blogspot.com/2025/04/introducao-psicanalise-textual-parte-4.html

parte 4 COM PUTARIA:

https://avezdoshomens.blogspot.com/2025/04/introducao-psicanalise-textual-parte-4.html

sábado, 8 de março de 2025

O Dia Internacional da Mulher e a inversão do discurso pronto

Abigail Pereira Aranha

Quando nós ouvimos repetidamente uma certa ideia, o contrário geralmente está mais perto da verdade. Isso tem uma explicação até psiquiátrica aplicada à política: a repetição da mentira é um sufocamento da verdade, ou a tentativa disso, e a tagarelice de mentiras e loucuras pode servir à autoestima, ao poder e a fuga da realidade especialmente sobre si mesmo para desde vacas "losers" confinadas em vidas insignificantes em periferias de municípios pequenos até classes dominantes de impérios. Afinal, nunca existiu no mundo uma sapiocracia, que é o governo dos sábios (este termo, eu inventei agora). No caso de sociedades inteiras, tanto reinados de ou com religião quanto governos que se dizem antirreligiosos vão repetir suas próprias mentiras pelos meios de comunicação de massa da própria coletividade, que podem incluir, na Idade Contemporânea, a imprensa. Então, se, no caso do Brasil, uma pessoa diz num programa da Rede Globo que abalou os padrões dominantes, alguma coisa está errada.

Num exemplo rápido, nós fomos livrados pela industrialização do Brasil e pela popularização da internet daquele discurso antigo de que os idosos são sábios. Essa ideia ainda pode ser ouvida ou lida até hoje repetida por "boomers" que conseguem manejar um smartphone ou por pessoas com 30 ou 40 anos que conseguiram diploma universitário com dinheiro do pai e patrimônio de herança do avô; mas qualquer pessoa com 30 ou 40 anos fora deste caso que mora em área urbana de cidade grande se baseia nos idosos que conhece, e, portanto, associa idoso a tudo menos sabedoria.

Isso se aplica também ao LGBT-Feminismo e, particularmente, ao Dia Internacional da Mulher. Você pode saber ou descobrir que a data foi motivada por um episódio que teria acontecido quase um século antes, e mesmo este registro pode ser um mosaico de dois casos separados por décadas, uma greve sem mortes e um incêndio acidental em um galpão em más condições. Mas isso já é um conhecimento avançado, você só vai descobrir e acreditar se você se livrar mentalmente do discurso repetido especialmente nesta data comemorativa, aquele discurso que classifica quem diz o que eu disse com a palavra que junta "macho" com "ista". O que eu vou abordar aqui é a trapaça psicológica e sociopolítica do discurso lesbofeminista no Dia Internacional da Mulher (mas não só neste dia). Aquele exemplo rápido da sabedoria dos idosos tem a ver com isso também, inclusive com o dado de que pouquíssimos trabalhos antifeministas relevantes foram feitos antes dos anos 1990. Logo, raríssimas pessoas que tinham mais de 50 anos em 2000 tiveram a capacidade ou sequer o interesse de fazer um trabalho digno de nota em defesa do que é chamado de machismo ou que, mesmo com malícia, possa ser enquadrado como tal.

Você ouve que as mulheres são essenciais na nossa sociedade. E os homens, as mulheres feministas reconhecem o valor deles? Você reconhece e viu alguém reconhecer o valor dos homens?

Você ouve que a mulher é vítima de um padrão de beleza. As lesbofeministas querem nos vitimar com uma ditadura da feiura? Aliás, você sabe que padrão feminino de beleza é este?

Você ouve que a mulher não tem espaços na sociedade. Quem disse isso foi a atriz da Rede Globo, a executiva entrevistada no Fantástico da Rede Globo, a professora universitária, a deputada federal,...

Você ouve que as mulheres conquistaram muitas coisas com muita luta. É porque o vovô do policial ensinou pro neto que é feio bater em mulher.

Você ouve que a mulher é vista como objeto sexual. Você homem sem barba é mais feminino que a mulher que diz isso, ou ela tenta ser o mais repulsivo que pode.

Você ouve que a mulher pode ser o que ela quiser. E ela sempre quer ser um homem, mais exatamente o ex-namorado babaca ou o tio que a estuprou com 12 anos.

Você ouve que a mulher pode ser o que ela quiser. Mas se ela não vê problema em ser dona de casa submissa ao marido, ela é submissa ao machismo. E se ela não vê problemas em ser vista sexualmente e ter uma vida contra a castidade, tanto por trabalho sexual quanto por gostar de dar prazer aos homens, ela deve ser libertada do machismo.

Você ouve que a mulher tem medo de estar na rua à noite e ser estuprada. E se você lê estatísticas de violência, sabe que o risco de o homem ser assassinado é o mesmo.

Você ouve que a mulher é vítima de violência por ser mulher. Mas você nunca ouviu falar de homens que agridem mulheres aleatórias (só um ou outro que matou algumas mulheres em série), e ainda ouve homens dizendo que estão prontos a defender mulheres. Ah, e a mulher que diz isso quer favorecimento por ser mulher, como no emprego no serviço público ou na iniciativa privada?

Você ouve que a mulher conquistou liberdade sexual com o Feminismo. Mas se a Abigail conta que faz sexo com os amigos e compartilha conteúdos que agradam os homens héteros, ela é capacho do machismo ou fake de homem. Além de que se você homem nunca encontrou uma Abigail P. Aranha em um episódio do dia-a-dia, você nunca encontrou uma mulher interessada em sexo nem conhece um homem que encontrou.

Você ouve que a mulher merece o melhor. E o marido que paga as contas dela, ou o pai, ou os filhos e irmãos homens, merecem só obrigação?

Eu deixei aqui algumas perguntas das quais eu tenho respostas. Mas o meu ponto aqui é mostrar que as perguntas existem. Assim como não é afirmar um conjunto de dados e de ideias específicos que você não sabe ou com que você não concorda, mas mostrar a ideia de que o que você passou a sua vida ouvindo pode ser uma burrice longe da verdade, aplicando isso a um assunto específico.

Agora você, Abigail, vai me dizer que é necessário um Dia do Homem e um Movimento de Direitos dos Homens? Bom, eles já existem, sendo o Dia do Homem no Brasil o dia 15 de julho e o Dia Internacional do Homem o dia 19 de novembro. Mas você está preparado para ouvir ou ler sobre isso agora?

Texto original em português sem fotos e vídeos de putaria no A Vez das Mulheres de Verdade: "O Dia Internacional da Mulher e a inversão do discurso pronto", https://avezdasmulheres.blogspot.com/2025/03/dia-da-mulher-inversao-do-discurso.html
Texto original em português com fotos e vídeos de putaria no A Vez dos Homens que Prestam: "O Dia Internacional da Mulher e a inversão do discurso pronto", https://avezdoshomens.blogspot.com/2025/03/dia-da-mulher-inversao-do-discurso.html

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Introdução à psicanálise textual de brasileiros - parte 2

Abigail Pereira Aranha

01) Introdução - parte 1: notas sobre a linguagem humana

A introdução é repetida em toda a série. A numeração dos subtítulos é sequência desde a parte 1. Os atalhos diretos dos subtítulos estão nos números.

Com as honrosas exceções de nível mental humano, o que um brasileiro fala ou escreve não deve ser ouvido ou lido, mas examinado. Na linguagem humana, o mundo real é a referência e o assunto principal. Um dos casos em que isso pode ser diferente é a função metalinguística da linguagem, em que a linguagem se refere a elementos dela mesma. Um outro caso é de objetos em ciências abstratas, como Lógica e Matemática. Um outro caso é o de objetos ainda não existentes, mas previstos, como em projetos de engenharia. Mas em geral, o mundo real não é apenas referência da linguagem, também é referência do universo interior do ser humano. A partir do mundo real externo, o homem molda o que pensa, o que sente e o que faz (eu usei a palavra "homem" no sentido de ser humano, para incomodar alguma lesbofeminista que está lendo, hua, hua, hua, hua, hua). No Brasil, a linguagem humana é exceção. Não são só as falas que têm grande limitação intelectual, limitação de vocabulário ou até limitação geográfica. A própria ideia de que a linguagem usada por seres humanos possa ser mais abrangente e mais elevada que isso parece uma ideia alienígena no Brasil. Eu tenho uma tese para explicar por que isso acontece no Brasil de uma forma particular mais horrorosa, mas vou deixar essa minha parte para o final porque eu vou tentar evitar que essa explicação comprometa o entendimento da minha descrição do fenômeno em si, e também porque o assunto principal aqui não é essa origem histórica (ops!).

Para o leitor estrangeiro, eu desenvolvo a exposição a partir da experiência do Brasil não só porque eu sou brasileira e nunca saí do Brasil, também faço isso como uma espécie de alerta. Se o leitor é de um país desenvolvido, talvez eu mostre um aspecto insano da vida nacional brasileira que está menos longe de se reproduzir no seu país do que se imagina. Se o leitor é de um país ainda mais pobre economicamente que o Brasil, eu vou deixar mais claro que ter um dos 10 maiores PIB's do mundo pode não ser um reflexo da grandeza do país.

Dado que os brasileiros comuns não dominam a linguagem humana no sentido de linguagem associada com o mundo real, eles dão um status superior ao próprio universo interior subjetivo, especialmente o universo emocional, e ao universo verbal próprio. Estes universos interior e verbal podem ser moldados por aqueles a quem esses brasileiros comuns atribuem autoridade, como "a ciência" ou o governo de esquerda. Então, se você é uma pessoa normal e vai interagir com uma pessoa brasileira, você precisa verificar primeiro que essa pessoa não é doente mental; segundo, que essa pessoa não é semianalfabeta; terceiro, que essa pessoa não é de mau caráter. Tentar interagir com essa pessoa sem verificar isso é um risco de conversar com uma pessoa com um destes defeitos ou um risco de cair numa armadilha de manipulação psicológica. Uma interação semelhante a uma conversa com um intercâmbio de ideias ou de informações será a disputa da fala de um ser humano de mente normal contra a logorreia de um desequilibrado mental semianalfabeto (ou, com sorte, contra uma pessoa farsante).

Apesar de esta exposição ser sobre falas e escritos (e um tanto sobre comunicação de outras formas), a abordagem não é sobre debate de ideias, não é sobre a vida universitária, não é um rascunho de observatório de imprensa e nem mesmo sobre a vida em cidades grandes. A questão é a linguagem oral e escrita do brasileiro comum. Mais exatamente, a manifestação de algo que está acima (ou melhor, abaixo) da expressão de ideias mesmo no que devia ser conversa sobre assuntos grandes.

A diferença de raciocínio e de habilidade de expressão em língua culta que existiu no passado entre o brasileiro médio e a, digamos, elite falante diminuiu muito e está cada vez menor. Não porque o nível do povão está aumentando, e nem tanto por causa da popularização da internet que traz mais popularização da expressão de ideias e da circulação de informações e conhecimentos; mas principalmente porque essa elite falante e a elite em geral está ela mesma se aproximando do povo medíocre quando não está recebendo alguns indivíduos desta parte da população. Sim, eu me refiro às cotas sociorraciais e as cotas para mulheres. Ah, mulheres de verdade! Também existe aqui e ali uma cota LGBT ou alguma preferência de seleção para LGBT para cargos públicos, mas essa parte da população é minoria. Em qualquer país da América, as mulheres são cerca de metade da população e os não-brancos são, se não maioria, uma parte considerável. Portanto, em um país destes (não só no Brasil), a simples preferência por uma mulher ou um não-branco para uma vaga em posição de destaque é a promoção da mediocridade. Mas isso é uma particularidade recente, e até isso mostra, hoje com mais clareza, que uma coletividade não pode ter uma elite virtuosa e um povo néscio, ou uma elite inteligente e amante da sabedoria ao lado de um povo inculto e animalesco.

E isso que eu disse pode levar alguns leitores a me encaixarem na "extrema direita" e na "elite branca". E até isso tem a ver com o assunto que eu estou introduzindo aqui. Sim, eu sou uma mulher branca, sem vergonha. Ops, sem vergonha de ser branca, mas também me chamam de sem vergonha com razão.

02) Introdução - parte 2: notas sobre o analfabetismo

Analfabetismo é o desconhecimento da associação dos signos da linguagem humana entre si e com a realidade. Signo é a "ligação associativa entre o significado e o significante: signo linguístico" (Dicio Dicionário Online de Português). Significante é a "imagem acústica ou manifestação fônica do signo linguístico" (Dicio Dicionário Online de Português). Não saber ler ou escrever na língua nativa é só a imagem caricata do analfabetismo. Outro aspecto caricato é essa situação na língua nativa (fora os idiomas que não têm escrita). Chamo a sua atenção para que eu mencionei a linguagem humana, não a língua nativa, porque um imigrante que desconhece o idioma do país onde está não é considerado analfabeto, exatamente porque este imigrante pode, a partir do conhecimento do idioma nativo, aprender o idioma local. O aprendizado é mais difícil se o idioma local e o idioma nativo do imigrante usam alfabetos diferentes, como o latino e o grego, ou se um deles ou ambos são ideográficos, como o mandarim. Mas os idiomas em geral são aplicações da linguagem humana, que associa signos e significantes a objetos do mundo real. Por isso é possível o dicionário bilíngue, porque os signos de cada idioma se associam a um mesmo objeto extralinguístico, ou, numa função metaliguística, têm funções equivalentes em seus respectivos idiomas. E isso não desaparece quando uma palavra não tem uma palavra ou uma expressão correspondente no outro idioma, e é incorreto dizer que a palavra não tem tradução: a palavra tem significado, e o significado é traduzível.

Mas o analfabetismo não é exatamente o resultado da opressão socioeconômica. No máximo, foi uma obra repressiva de reinos passados (incluído o reino da Igreja Católica Apostólica Romana) da qual algumas pessoas amantes da verdade tiveram dificuldades para escapar. O analfabetismo é em primeiro lugar, mesmo nestes contextos, uma deficiência mental e moral, o desprezo ao que é superior, ao que é grande, ao que é duradouro, à comunhão com a verdade. Como consequência, desprezo à linguagem humana. Não é por acaso que a divisão entre Pré-História e História foi a invenção da escrita, nem que os primeiros usos da escrita foram feitos por povos desenvolvidos (a escrita foi um meio para o desenvolvimento intelectual e cultural, do qual uma das consequências foi a prosperidade econômica e outra foi mais aplicação da escrita). Para produzir o esquecimento disso, corre este discurso de que o analfabetismo é obra maligna dos ricos, em vez de pequenez de outros pobres que estes impõem aos outros sempre que podem. Nós tivemos no passado analfabetos denunciando alfabetizados à Inquisição, nós temos no Brasil do século XXI moradores de favelas tratando outros moradores que lêem livros como esquisitos.

Para os analfabetos e os semianalfabetos, o universo verbal pode ganhar uma vida própria independente da realidade ou pode ser o próprio mundo real. Para estes, a parte mais sofisticada da linguagem fica reduzida a gatilhos emocionais e extravasões emocionadas. Ah, e os analfabetos e os semianalfabetos entendem a linguagem animal, que é a linguagem como voz de comando ou como produtora de impacto no receptor, como o máximo da linguagem humana, porque esta linguagem tem efeitos "rápidos" e "práticos". A frase "as palavras têm poder" é uma ideia de analfabetos e semianalfabetos, porque as palavras foram feitas para serem SOBRE a realidade, não PARA ela. A magia é analfabetismo aplicado. Eu até poderia demonstrar essa frase com dados conhecidos, mas eu posso ser presa.

Dois efeitos comuns do analfabetismo e do semianalfabetismo são confundir aspectos da realidade muito diferentes só porque lhes foram dados nomes parecidos ou o mesmo e o contrário, não perceber semelhanças entre aspectos da realidade semelhantes ou interligados só porque lhes foram dados nomes diferentes. E aqui eu usei a voz passiva. Os nomes "foram dados" por quem? Quem tem ideias de esquerda tem uma lista de quem domina a comunicação de massa, a cultura, a política e a educação; quem tem ideias cristãs conservadoras tem outra lista. Mas no geral, cada indivíduo desta lista tem as mesmas características essenciais, como dominar o idioma (no sentido de conhecimento), ter recursos materiais para conseguir seus objetivos, ter habilidades para usar estes recursos e ter um conhecimento do indivíduo médio do público-alvo. E na linguagem, podemos adaptar aquela frase de Arnold Toynbee sobre política: os que não se interessam pela linguagem serão governados pelos que se interessam. Mas aqui, o desinteresse pela humanidade da linguagem é uma tentativa de domínio político pelo semianalfabeto comum, que serve ao poder de quem o governa.

E visto que o analfabetismo e o semianalfabetismo são a conexão precária entre a fala e a realidade, não apenas o analfabeto e o semianalfabeto têm uma barreira para entender o que é falado a eles, eles também descrevem muito mal a eles mesmos pelo que eles falam, se as palavras forem interpretadas pelo uso de pessoas mentalmente normais. Porque o objeto mais feio que o analfabeto e o semianalfabeto têm para descrever pela linguagem é a sua própria pessoa, feio demais para ser descrito pela linguagem saudável sem comprometer a autoestima. Daí a proposta desta exposição é examinar as falas do brasileiro típico, que geralmente é semianalfabeto mesmo quando tem um nível de instrução superior, pelo que elas manifestam, não pelo que as palavras deles dizem se forem interpretadas no uso culto do idioma.

06) Psicanálise verbal e textual - parte 04: Glorificação do analfabetismo e do inexplicável

Nós vemos cada vez menos pessoas falando da superioridade do analfabeto (da "escola da vida") sobre a pessoa culta, porque em geral são velhos fracassados que estão morrendo na irrelevância em um país que não é aquele em que eles cresceram. Mas ainda vemos gente não tão velha (40, 50 anos) que exalta os milagres que os cientistas não explicam, como a cura de uma doença incurável ou um mistério antigo. A explicação é a mesma: a esperança da vitória da burrice e do absurdo na guerra contra a realidade. E, no caso dessas pessoas, a realidade da vida delas é, digamos, modesta. E é desta realidade da vida delas que estas pessoas desejam a salvação que desafia a natureza da realidade. Como não dá pra falar de milagres sem falar de Deus, ainda vou deixar umas palavras sobre o Deus brasileiro nesta série.

Isto também é uma espécie de inveja que essas pessoas têm de pessoas inteligentes. Eu digo "uma espécie de inveja" porque a inveja é o desejo de ter algo que o outro tem, e o semianalfabeto está abaixo de considerar a normalidade mental desejável. Talvez haja uma inveja da colocação socioeconômica que uma pessoa culta conseguiu por merecimento.

07) Psicanálise verbal e textual - parte 05: Inteligência não-autorizada

"Inteligência não-autorizada" foi um nome que me ocorreu agora para nomear um fenômeno que você já viu. No resto do mundo, conhecimento e comunhão com a verdade são fontes de autoridade; no Brasil, é fonte de zombaria. Há duas situações em que isso acontece. A primeira quando você expõe algum erro do interlocutor que se apresenta como conhecedor do assunto (isso pode ser visto com frequência em salas de aula de faculdades). A segunda quando o interlocutor sabe menos que você e fala como ironia, sem perceber a própria ignorância, como se você soubesse algo que ele não sabe (e você realmente sabe).

Eu abordei há pouco a glorificação do semianalfabetismo. Agora parece que eu exponho um fenômeno contrário, o da veneração do conhecimento ou da aparência dele. Na verdade, a aparente valorização da educação só acontece no Brasil recente porque não estamos no Feudalismo nem na economia agrária de 100 anos atrás. E para alguns, um serviço técnico ou acadêmico especializado (ou com uma aparência de especialização) pode ser meio de vida, e vida economicamente muito acima da média da população. Para estas pessoas (que às vezes posam conhecimento que não têm de áreas além de sua especialização mais conhecida), uma refutação ou a simples presença de uma pessoa com inteligência visível é uma ameaça à imagem delas. Para pessoas que zombam da inteligência que não são nem isso (não raro, pessoas idosas com uma incultura notória), também.

Ah, e na palavra "não-autorizada", eu também sinalizo para a origem social da atitude. O brasileiro médio imagina o exercício profissional e a própria demonstração de capacidade intelectual como permissões, às vezes como unções divinas. E usando as palavras "unções divinas", eu não fiz só uma metáfora. Nós temos a Bíblia impressa há alguns séculos, mas ainda assim o meio cristão tem muitas pessoas se orientando por pregadores que às vezes contradizem a própria Bíblia; em vez de a massificação da Bíblia produzir uma espécie de cultura bíblica popular, onde uma pessoa do povo pode falar dos Profetas Menores como quem faz uma receita culinária que aprendeu da avó. Mas a ideia da "unção divina" também aparece onde se tenta ser o contrário da igreja, como universidades públicas dominadas pela militância de esquerda e burocracias de governos esquerdistas. Não é mais generalizada aquela ideia de que os governantes têm uma sabedoria divina para fazerem o que fazem, mas a burocracia administrativa e o serviço público docente universitário ainda recebem ou pretendem receber um preconceito semelhante, o de que os altos cargos são ocupados por gente à altura deles; este preconceito é maior quanto menor a inteligência da pessoa. E o brasileiro típico não vê o curso universitário como elevação mental no subconjunto da verdade que é o conhecimento científico, porque não concebe a Ciência como parte da verdade; mas como acesso a vaidades e um bom dinheiro, não raro via serviço público. Daí, o cargo formal, não a habilidade que ele devia representar, é o fim dessa trajetória universitária, junto com a substituição de quem teria mérito para estar lá. Por isso, para este brasileiro típico, é válido evitar o trabalho físico e mental necessário e desejável para estar à altura do que o diploma representa se puder consegui-lo mesmo assim. Então, uma pessoa comum aplicar a inteligência para falar de tais ungidos é blasfêmia.

08) Psicanálise verbal e textual - parte 06: Glorificação de ricos medíocres

Eu poderia citar nomes de pilantras, "filhinhos de papai" e mulheres "cabeça de vento" que são exaltados como pessoas inteligentes e cultas só porque têm muito dinheiro. Não faço isso aqui porque a conversa poderia se desviar para questionar um dos exemplos específicos e também porque sempre que se diz algo com crítica sobre estas pessoas, há quem diga que a fala é invejosa ou de quem não sabe nada (o que também é exemplo do que eu estou abordando aqui). E quem fala de um megaempresário como sendo uma pessoa inteligente sempre é uma pessoa que ela mesma não é notória por muita cultura. E por que isso acontece? Porque pessoas pobres de espírito veem duas coisas nessas pessoas ricas: o sucesso naquilo que realmente importa e uma pessoa que, na verdade, não lhes parece melhor que elas.

No primeiro ponto, é o sucesso naquilo que importa para a pessoa pobre que também é pobre de espírito: dinheiro, ostentação e farsa. Aí, pode até haver, aí sim, uma inveja genuína. Mas é uma inveja leve por causa do segundo ponto: é uma pessoa rica que mesmo parecendo culta, não parece estar num nível superior ao dessa pessoa pobre (a não ser em dinheiro e em alguma outra coisa). Novamente, uma espécie de esperança no sucesso da mediocridade ou, no mínimo, no insucesso da inteligência e da virtude.

Ah, uma coisa que os homens brasileiros típicos observam quando falam de homens ricos: as mulheres ao lado deles. Às vezes, elas são as esposas. Aí, ainda mais quando o homem rico é feio e barrigudo, nós vemos aquele provérbio de que a boca fala do que o coração está cheio. Mas isso não é mau, eu não dou a mesma atenção a essas musas porque eu sou hétero. E eu me lembrando disso, deixo uma brecha pra alguns dizerem que o meu coração e a minha mente são cheios de prostituição, lascívia e concupiscência. Xi, eu também tenho peito grande! A minha filha que eu ainda não tenho vai receber o espírito do ateísmo e o da licenciosidade pelo leite materno e vai transar com vários homens desde os 14 anos, como a mamãe.

Até na Bíblia o brasileiro típico dá atenção especial às pessoas sem brilho que ficaram bem sucedidas pela misericórdia divina: José, que não era levado a sério nem pelos meio-irmãos, que se tornou o segundo mais poderoso do Egito; Davi, um rapaz mirrado que também não era levado a sério pelos irmãos, que se tornou rei de Israel; ou Daniel, cativo na Babilônia, que se tornou mestre dos magos no reinado de Nabucodonosor e presidente de príncipes do império medo-persa. Talvez seja um apelo popular dos escritores da Bíblia, do Velho e do Novo Testamento. Mas mesmo que a elite judaica do Velho Testamento e a Igreja Católica tenham mesmo construído este apelo popular, o ponto a que eu chamo a sua atenção é por que este apelo funciona: em um povo de um país católico subdesenvolvido como o Brasil, há muito mais pessoas que querem ver uma pessoa parecida com elas, mas rica pela graça de Deus, que pessoas que querem ver um exemplo de uma pessoa melhor que elas que merece, por isso, uma posição de destaque.

Isso também explica por que tantos brasileiros louvam a Deus por mandar o seu Filho como um bebê que nasceu e foi colocado em u'a manjedoura (que é um comedouro de bovinos e equinos), mas apostam na loteria querendo ganhar o prêmio máximo: nem o Deus deles é superior a eles próprios. Aliás, volto ao caso de Daniel: ele foi para a cova dos leões porque ele teve uma vida correta mais uma vida religiosa com Deus (Dn 6), mas o brasileiro apequenado vê a cova dos leões como um símbolo da sua vida apequenada no seu bairro horroroso. Eu já prometi deixar umas palavras sobre o deus brasileiro e mantenho a promessa, mas ainda tenho muita coisa pra escrever antes.

Introdução à psicanálise textual de brasileiros
No A Vez das Mulheres de Verdade No A Vez dos Homens que Prestam

parte 1 SEM PUTARIA:

https://avezdasmulheres.blogspot.com/2025/01/introducao-psicanalise-textual-parte-1.html

parte 1 COM PUTARIA:

https://avezdoshomens.blogspot.com/2025/01/introducao-psicanalise-textual-parte-1.html

parte 2 SEM PUTARIA:

https://avezdasmulheres.blogspot.com/2025/01/introducao-psicanalise-textual-parte-2.html

parte 2 COM PUTARIA:

https://avezdoshomens.blogspot.com/2025/01/introducao-psicanalise-textual-parte-2.html

parte 3 SEM PUTARIA:

https://avezdasmulheres.blogspot.com/2025/02/introducao-psicanalise-textual-parte-3.html

parte 3 COM PUTARIA:

https://avezdoshomens.blogspot.com/2025/02/introducao-psicanalise-textual-parte-3.html

domingo, 19 de janeiro de 2025

Introdução à psicanálise textual de brasileiros - parte 1

Abigail Pereira Aranha

01) Introdução - parte 1: notas sobre a linguagem humana

A introdução é repetida em toda a série. A numeração dos subtítulos é sequência desde a parte 1. Os atalhos diretos dos subtítulos estão nos números.

Com as honrosas exceções de nível mental humano, o que um brasileiro fala ou escreve não deve ser ouvido ou lido, mas examinado. Na linguagem humana, o mundo real é a referência e o assunto principal. Um dos casos em que isso pode ser diferente é a função metalinguística da linguagem, em que a linguagem se refere a elementos dela mesma. Um outro caso é de objetos em ciências abstratas, como Lógica e Matemática. Um outro caso é o de objetos ainda não existentes, mas previstos, como em projetos de engenharia. Mas em geral, o mundo real não é apenas referência da linguagem, também é referência do universo interior do ser humano. A partir do mundo real externo, o homem molda o que pensa, o que sente e o que faz (eu usei a palavra "homem" no sentido de ser humano, para incomodar alguma lesbofeminista que está lendo, hua, hua, hua, hua, hua). No Brasil, a linguagem humana é exceção. Não são só as falas que têm grande limitação intelectual, limitação de vocabulário ou até limitação geográfica. A própria ideia de que a linguagem usada por seres humanos possa ser mais abrangente e mais elevada que isso parece uma ideia alienígena no Brasil. Eu tenho uma tese para explicar por que isso acontece no Brasil de uma forma particular mais horrorosa, mas vou deixar essa minha parte para o final porque eu vou tentar evitar que essa explicação comprometa o entendimento da minha descrição do fenômeno em si, e também porque o assunto principal aqui não é essa origem histórica (ops!).

Para o leitor estrangeiro, eu desenvolvo a exposição a partir da experiência do Brasil não só porque eu sou brasileira e nunca saí do Brasil, também faço isso como uma espécie de alerta. Se o leitor é de um país desenvolvido, talvez eu mostre um aspecto insano da vida nacional brasileira que está menos longe de se reproduzir no seu país do que se imagina. Se o leitor é de um país ainda mais pobre economicamente que o Brasil, eu vou deixar mais claro que ter um dos 10 maiores PIB's do mundo pode não ser um reflexo da grandeza do país.

Dado que os brasileiros comuns não dominam a linguagem humana no sentido de linguagem associada com o mundo real, eles dão um status superior ao próprio universo interior subjetivo, especialmente o universo emocional, e ao universo verbal próprio. Estes universos interior e verbal podem ser moldados por aqueles a quem esses brasileiros comuns atribuem autoridade, como "a ciência" ou o governo de esquerda. Então, se você é uma pessoa normal e vai interagir com uma pessoa brasileira, você precisa verificar primeiro que essa pessoa não é doente mental; segundo, que essa pessoa não é semianalfabeta; terceiro, que essa pessoa não é de mau caráter. Tentar interagir com essa pessoa sem verificar isso é um risco de conversar com uma pessoa com um destes defeitos ou um risco de cair numa armadilha de manipulação psicológica. Uma interação semelhante a uma conversa com um intercâmbio de ideias ou de informações será a disputa da fala de um ser humano de mente normal contra a logorreia de um desequilibrado mental semianalfabeto (ou, com sorte, contra uma pessoa farsante).

Apesar de esta exposição ser sobre falas e escritos (e um tanto sobre comunicação de outras formas), a abordagem não é sobre debate de ideias, não é sobre a vida universitária, não é um rascunho de observatório de imprensa e nem mesmo sobre a vida em cidades grandes. A questão é a linguagem oral e escrita do brasileiro comum. Mais exatamente, a manifestação de algo que está acima (ou melhor, abaixo) da expressão de ideias mesmo no que devia ser conversa sobre assuntos grandes.

A diferença de raciocínio e de habilidade de expressão em língua culta que existiu no passado entre o brasileiro médio e a, digamos, elite falante diminuiu muito e está cada vez menor. Não porque o nível do povão está aumentando, e nem tanto por causa da popularização da internet que traz mais popularização da expressão de ideias e da circulação de informações e conhecimentos; mas principalmente porque essa elite falante e a elite em geral está ela mesma se aproximando do povo medíocre quando não está recebendo alguns indivíduos desta parte da população. Sim, eu me refiro às cotas sociorraciais e as cotas para mulheres. Ah, mulheres de verdade! Também existe aqui e ali uma cota LGBT ou alguma preferência de seleção para LGBT para cargos públicos, mas essa parte da população é minoria. Em qualquer país da América, as mulheres são cerca de metade da população e os não-brancos são, se não maioria, uma parte considerável. Portanto, em um país destes (não só no Brasil), a simples preferência por uma mulher ou um não-branco para uma vaga em posição de destaque é a promoção da mediocridade. Mas isso é uma particularidade recente, e até isso mostra, hoje com mais clareza, que uma coletividade não pode ter uma elite virtuosa e um povo néscio, ou uma elite inteligente e amante da sabedoria ao lado de um povo inculto e animalesco.

E isso que eu disse pode levar alguns leitores a me encaixarem na "extrema direita" e na "elite branca". E até isso tem a ver com o assunto que eu estou introduzindo aqui. Sim, eu sou uma mulher branca, sem vergonha. Ops, sem vergonha de ser branca, mas também me chamam de sem vergonha com razão.

02) Introdução - parte 2: notas sobre o analfabetismo

Analfabetismo é o desconhecimento da associação dos signos da linguagem humana entre si e com a realidade. Signo é a "ligação associativa entre o significado e o significante: signo linguístico" (Dicio Dicionário Online de Português). Significante é a "imagem acústica ou manifestação fônica do signo linguístico" (Dicio Dicionário Online de Português). Não saber ler ou escrever na língua nativa é só a imagem caricata do analfabetismo. Outro aspecto caricato é essa situação na língua nativa (fora os idiomas que não têm escrita). Chamo a sua atenção para que eu mencionei a linguagem humana, não a língua nativa, porque um imigrante que desconhece o idioma do país onde está não é considerado analfabeto, exatamente porque este imigrante pode, a partir do conhecimento do idioma nativo, aprender o idioma local. O aprendizado é mais difícil se o idioma local e o idioma nativo do imigrante usam alfabetos diferentes, como o latino e o grego, ou se um deles ou ambos são ideográficos, como o mandarim. Mas os idiomas em geral são aplicações da linguagem humana, que associa signos e significantes a objetos do mundo real. Por isso é possível o dicionário bilíngue, porque os signos de cada idioma se associam a um mesmo objeto extralinguístico, ou, numa função metaliguística, têm funções equivalentes em seus respectivos idiomas. E isso não desaparece quando uma palavra não tem uma palavra ou uma expressão correspondente no outro idioma, e é incorreto dizer que a palavra não tem tradução: a palavra tem significado, e o significado é traduzível.

Mas o analfabetismo não é exatamente o resultado da opressão socioeconômica. No máximo, foi uma obra repressiva de reinos passados (incluído o reino da Igreja Católica Apostólica Romana) da qual algumas pessoas amantes da verdade tiveram dificuldades para escapar. O analfabetismo é em primeiro lugar, mesmo nestes contextos, uma deficiência mental e moral, o desprezo ao que é superior, ao que é grande, ao que é duradouro, à comunhão com a verdade. Como consequência, desprezo à linguagem humana. Não é por acaso que a divisão entre Pré-História e História foi a invenção da escrita, nem que os primeiros usos da escrita foram feitos por povos desenvolvidos (a escrita foi um meio para o desenvolvimento intelectual e cultural, do qual uma das consequências foi a prosperidade econômica e outra foi mais aplicação da escrita). Para produzir o esquecimento disso, corre este discurso de que o analfabetismo é obra maligna dos ricos, em vez de pequenez de outros pobres que estes impõem aos outros sempre que podem. Nós tivemos no passado analfabetos denunciando alfabetizados à Inquisição, nós temos no Brasil do século XXI moradores de favelas tratando outros moradores que lêem livros como esquisitos.

Para os analfabetos e os semianalfabetos, o universo verbal pode ganhar uma vida própria independente da realidade ou pode ser o próprio mundo real. Para estes, a parte mais sofisticada da linguagem fica reduzida a gatilhos emocionais e extravasões emocionadas. Ah, e os analfabetos e os semianalfabetos entendem a linguagem animal, que é a linguagem como voz de comando ou como produtora de impacto no receptor, como o máximo da linguagem humana, porque esta linguagem tem efeitos "rápidos" e "práticos". A frase "as palavras têm poder" é uma ideia de analfabetos e semianalfabetos, porque as palavras foram feitas para serem SOBRE a realidade, não PARA ela. A magia é analfabetismo aplicado. Eu até poderia demonstrar essa frase com dados conhecidos, mas eu posso ser presa.

Dois efeitos comuns do analfabetismo e do semianalfabetismo são confundir aspectos da realidade muito diferentes só porque lhes foram dados nomes parecidos ou o mesmo e o contrário, não perceber semelhanças entre aspectos da realidade semelhantes ou interligados só porque lhes foram dados nomes diferentes. E aqui eu usei a voz passiva. Os nomes "foram dados" por quem? Quem tem ideias de esquerda tem uma lista de quem domina a comunicação de massa, a cultura, a política e a educação; quem tem ideias cristãs conservadoras tem outra lista. Mas no geral, cada indivíduo desta lista tem as mesmas características essenciais, como dominar o idioma (no sentido de conhecimento), ter recursos materiais para conseguir seus objetivos, ter habilidades para usar estes recursos e ter um conhecimento do indivíduo médio do público-alvo. E na linguagem, podemos adaptar aquela frase de Arnold Toynbee sobre política: os que não se interessam pela linguagem serão governados pelos que se interessam. Mas aqui, o desinteresse pela humanidade da linguagem é uma tentativa de domínio político pelo semianalfabeto comum, que serve ao poder de quem o governa.

E visto que o analfabetismo e o semianalfabetismo são a conexão precária entre a fala e a realidade, não apenas o analfabeto e o semianalfabeto têm uma barreira para entender o que é falado a eles, eles também descrevem muito mal a eles mesmos pelo que eles falam, se as palavras forem interpretadas pelo uso de pessoas mentalmente normais. Porque o objeto mais feio que o analfabeto e o semianalfabeto têm para descrever pela linguagem é a sua própria pessoa, feio demais para ser descrito pela linguagem saudável sem comprometer a autoestima. Daí a proposta desta exposição é examinar as falas do brasileiro típico, que geralmente é semianalfabeto mesmo quando tem um nível de instrução superior, pelo que elas manifestam, não pelo que as palavras deles dizem se forem interpretadas no uso culto do idioma.

03) Psicanálise verbal e textual - parte 01: Do que há em abundância no coração, disso fala a boca

Mt 12: 34 b. Mesmo quem não crê em Deus (como é o meu caso) pode reconhecer que essa foi uma frase sábia de Jesus Cristo (ou de quem o inventou, para quem não crê que ele existiu, como também é o meu caso).

Quem fala em pecado viveu em pecado. Quem fala em fracasso vive no fracasso. Quem fala contra os ricos é pobre. Toda pessoa que fala contra a humanidade (que todos são pecadores, que os filhos não amam os pais, etc) está generalizando as canalhices das pessoas com quem conviveu (e a pessoa que fala geralmente é mulher).

Então, a Abigail P. Aranha fala de sexo e compartilha pornografia na internet porque é uma ímpia pervertida ninfomaníaca. Não, é quem pensa assim que tem uma mentalidade não-saudável, a sexofobia. E as boas relações entre homem e mulher que eu cultivo no trabalho e em outros ambientes que eu comento aqui rapidamente, a pessoa não vê. Até isso eu vou abordar nesta série.

Por que alguém atribui um monte de pecados a alguém que não os tem? Porque está tentando encontrar os seus próprios pecados em outros para não ver os seus próprios. Neste sentido, a confissão bíblica dos pecados (Sl 32: 5, Tg 5: 16) pode ser libertadora.

Numa ilustração rápida (mais ou menos rápida), podemos meditar sobre as palavras de Jesus contra os fariseus (p. ex.: Mt 23).

04) Psicanálise verbal e textual - parte 02: Linguagem excretora

A linguagem do brasileiro típico é uma linguagem excretora: um canal que manda pro meio externo algo que vem do interior. O brasileiro típico, especialmente a mulher brasileira típica, não apenas usa a fala ou a escrita essencialmente para manifestar oscilações emocionais, ignorância, vaidade, opiniões superficiais, confissão de pecados (de como é semianalfabeto, pobre de espírito e de mau caráter) ou para tratar de assuntos de muito baixa abrangência, relevância ou duração. Essa pessoa também não tem capacidade cerebral para conceber uma linguagem acima disso.

A linguagem excretora é uma aplicação má daquele princípio de que "do que há em abundância no coração, disso fala a boca". Porque isso nem sempre é algo negativo, mesmo quando uma boa parte do que sai da boca é emocional. Porque mesmo no Brasil, ainda há uma minoria visível de pessoas que não são de quociente de inteligência baixo e inteligência emocional menor ainda. As pessoas que têm inteligência emocional e têm integridade mental sabem teoricamente ou empiricamente que as emoções negativas têm importância orgânica, e sabem que as emoções no geral não precisam ser isoladas da razão. E pessoas mentalmente saudáveis moldam o universo emocional a partir do mundo real externo, não o contrário, como o brasileiro típico faz (principalmente a mulher brasileira típica). Por isso a Bíblia tem um livro chamado "Lamentações de Jeremias", do mesmo profeta do livro de Jeremias, que nós podemos aproveitar (uma dica que eu dou é ter lido antes o livro de Jeremias). Quem não acredita em Deus (como é o meu caso) também pode ter proveito com a leitura. Por exemplo, a linha geral do livro é aquela frase famosa do Capitão Nascimento no filme "Tropa de Elite": "eu avisei que ia dar m£%#@".

05) Psicanálise verbal e textual - parte 03: A falta de princípio de não-contradição

Até talvez cerca de 1990, quem tinha acesso à imprensa ou ao meio acadêmico podia defender mentiras ou abominações, mas dificilmente mostrava contradição interna em um artigo ou em um livro inteiro. Hoje, essa contradição é no mínimo pouco espantosa, embora ainda não seja comum, em desde trabalhos técnicos até uma série de postagens de um popular em rede social equivalente a 3 ou 4 parágrafos médios.

Quando nós discordamos de certas falas ou certos escritos, o emissor ou alguém que concorda com ele nos atribui um certo conjunto de ideias ou atitudes, sempre uma coisa muito feia. Mas por que não seria a própria pessoa que diz aquilo quem tem ideias feias que nem são dela mesma e atitudes feias? Aí voltamos àquela situação em que a pessoa fala de alguém segundo o que ela mesma é. Neste caso, vemos desde profissionais que ganham dinheiro ou garantem um emprego bem pago repetindo um discurso pronto até semianalfabetos que recebem este discurso pronto reproduzido pelos primeiros e o reproduzem também (geralmente mal) por falta de conhecer e de se interessar por outra fala.

O desprezo à não-contradição e à coerência entre os que deviam ser a parte culta e pensante da população pode ser explicado em parte pela reverência ao dinheiro e à vaidade somada aos ganhos pessoais em dizer certas coisas ou evitar dizer outras. A outra parte da explicação é a mesma do mesmo tipo de atitude entre os cidadãos comuns: a esperança de vitória na luta contra a estrutura da realidade. Porque a realidade é coerente e não-contraditória por implicação lógica.

Introdução à psicanálise textual de brasileiros
No A Vez das Mulheres de Verdade No A Vez dos Homens que Prestam

parte 1 SEM PUTARIA:

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parte 1 COM PUTARIA:

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parte 2 COM PUTARIA:

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