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sábado, 3 de outubro de 2015

"Marriage strike" é pouco

Abigail Pereira Aranha

Amigos masculinistas, vocês não conseguiram sensibilizar a sociedade nem espaços miseráveis na imprensa mostrando que os homens são maioria nos piores trabalhos, nos mortos por acidente de trabalho, nos mortos por acidente de trânsito, nos suicídios, na população de rua, nas vítimas de violência doméstica e até nos estupros de verdade. A "mass media" só lhes deu atenção, esporádica, de má vontade e quase sempre para, usando o termo do dr. Romeu Tuma Jr., "assassinato de reputação", por três motivos. O primeiro é que os MGTOW nos Estados Unidos ou a Real no Brasil não apenas adotaram a "marriage strike" (greve de casamentos) e trocaram as oportunidades de mimar vadias enrustidas por atividades mais prazerosas como jogos eletrônicos e musculação; eles também estão, por isso, com melhor qualidade de vida do que os paspalhos casados ou com namorada que passam a semana esperando a sexta-feira para, se tiverem sorte, ficarem com três ou quatro amigos ao redor de uma mesa na calçada em frente a um bar fazendo piadas imbecis e falando de vadia "gostosa". O segundo é que muitos rapazes que nem são antifeministas já estão desinteressados do casamento ou mesmo evitando contato próximo com mulheres por causa do Feminismo, que aqui eu uso no sentido de exaltação e suporte social à baixeza de espírito do universo feminino. O terceiro é exatamente o crescimento do movimento feminista, naquele sentido, a notoriedade das consequências negativas dele e a falta de crítica feminina anterior considerável. Porque as mulheres feministas moderadas não passam de fachada amigável e exército idiota útil para o feminismo radical; e o antifeminismo feminino até a década de 2000 era basicamente lendas urbanas de carolas provincianas baseadas de outras mulheres que pareciam menos neuróticas que elas.

Eu só posso condenar a misoginia (de verdade) de alguns poucos participantes de fóruns antifeministas como princípio de vida ou de ação. Exatamente por eu ter feito coisas boas para os homens que prestam, e coisas muito boas com 251 deles desde os meus 14 anos, eu sei que as mulheres se preocupam muito mais com "vestir a carapuça", como dizemos no Brasil, quando repudiamos as vadias do que com ações práticas diferentes das delas, e não tenho como condenar a misoginia em si. Mas até a misoginia de verdade conta mais a favor do antifeminismo do que contra. Vejamos o caso do Brasil: menos de 10% das vítimas de homicídio são mulheres, 70% deles (pegando um dado antigo) praticados pelo marido ou namorado da vítima, nenhum destes homens é um dos nossos; portanto, tudo o que os inimigos do masculinismo podem nos atribuir de crimes é alguma parcela de 3% (30% de 10%) do total geral de homicídios. Portanto, nem a misoginia que eles inventam no ativismo de direitos dos homens é significativa. Afinal, se 60% dos homicídios (vamos supor, não tenho os dados) forem homens vítimas de latrocínios, sequestros ou conflitos entre criminosos rivais, é 20 vezes mais difícil uma mulher ser morta por homens odiadores de mulheres do que um homem ser morto por criminosos "profissionais", culpa do antifeminismo.

Um homem mediano que mostra revolta contra o feminismo ou a mediocridade feminina em seu perfil pessoal no Google Plus ou no Facebook sempre atrai alguma mulher revoltada nos comentários. Aparecem mulheres feministas para glorificar a estultice feminina, mulheres não-feministas para fazer a mesma coisa, mulheres "exceções" para dizer que os rapazes estão generalizando e, cada vez mais, mulheres tradicionais para criticar as outras. Eu, por exemplo, acompanho um amigo antifeminista que tem perfis nas duas redes, cada postagem dele no Google Plus eu conheci uma vadia nova. Mas mesmo isso é consequência de um poder maior dos rapazes sobre a própria mente e a própria vida.

Eis o ponto: só indivíduos com poder individual conseguem fazer alguma coisa, e um grupo de indivíduos só pode enfrentar uma injustiça social se os membros tiverem poder individual. Mais: o poder começa com inteligência e de controle da própria mente. A própria experiência socialista mostra isso: as massas de despossuídos sem consciência própria só serviram como trampolim de carreiristas ricos ou financiados por bilionários, depois ficaram em uma vida tão ruim quanto antes ou ainda pior. Os direitistas erram em dizer que a miséria dos países socialistas prova que o Socialismo não funciona. Socialismo não é modo de produção nem política de distribuição de renda, é concentração de poder mais politização da vida social. Você já se observou quando recebe o seu salário, mesmo sabendo que mal vai pagar as suas contas e vai estar "duro" uma semana depois? Uma população com menos dinheiro, menos comida e menos informação é uma população com menos recursos e com menos poder, ora.

Aliás, falando de poder e cultura, vamos ver uma coisa sobre o movimento masculinista: por que a página A Voice for Men Brasil trabalha especialmente com traduções da A Voice for Men dos Estados Unidos, mas tem produção local, e nem existe uma "A Voice for Men Latinoamerica" para os países de língua espanhola da América Latina, que dividem a A Voice for Men en Español com a Espanha? O ativismo pelo direito dos homens não começou nos Estados Unidos só porque o Feminismo também começou e está mais adiantado lá, os Estados Unidos também são a potência mundial capitalista democrática. Quando os feministas (homens e mulheres) e as mulheres medíocres ocuparam a política, a força estatal, a imprensa, as universidades e o mercado cultural, alguns homens perceberam o que estava acontecendo e usaram seus computadores e a internet popularizada para avisar os outros, que poderiam ver os artigos, os fóruns ou os vídeos em cibercafés ou em computadores com acesso a internet em casa ou no trabalho. Quem sabia inglês e estava em outros países com menos recursos da internet, veria aquele material depois. E qual é a maior economia da América Latina? O Brasil. Ainda não entendeu? A China é a segunda economia do mundo, mas tem salários miseráveis, uma política socialista, uma sociedade insuportável sexualmente reprimida e mais de dois milênios de tirania. Como vai o ativismo de direitos dos homens lá? E a greve de casamentos? A China tinha a previsão em 2007 de chegar a 2020 com 300 milhões a menos de mulheres que homens.[01] Se a previsão de população em 2020 for de 1,4 bilhões, isso daria 2 mulheres para cada 3 homens. Isso aconteceu porque o governo tinha a "política do filho único" e muitos pais faziam aborto de meninas para terem um filho homem para trabalhar na roça. Ah, e por falar em aborto, como vai o Feminismo na China?

Rapazes da Real, a maioria de vocês é de solteiros e muitos moram sozinhos, eu também, e já viram que isso nos dá tranquilidade e liberdade. Vocês também podem estar melhor financeiramente do que um homem casado com o dobro do salário. A maioria de vocês não bebe e não fuma, e boa parte de vocês faz exercícios físicos regularmente, e isso faz vocês terem melhor saúde. E aqueles de vocês que são clientes de prostitutas têm mais sexo em qualidade e quantidade do que os homens casados que vocês conhecem.

Vocês me permitem colocar algumas ideias para nós discutirmos?

1) Estudar para uma profissão que gosta, mas trabalhar em outra. O mercado de trabalho já estava quase saturado de herdeiros imbecis e chefes asquerosos, hoje também está se contaminando de Socialismo-Feminismo. Hoje, uma empresa que já desprezava as suas qualidades coloca alguém menos qualificado no seu lugar só porque este alguém é mulher, negro ou deficiente físico. Por isso, trabalhar na profissão dos seus sonhos pode ser a força que move os seus pesadelos. Portanto, a não ser que a empresa seja boa, vamos trabalhar no modo mínimo, tratando com uma consideração especial os clientes e colegas mais amáveis.

2) Apoiar a prostituição e financiar a pornografia. Vocês já assinaram algum site pornô? Eu, por exemplo, já assinei o Brazzers. Espero fazer assinatura do Pornhub Premium também. Vamos botar dinheiro nesse negócio, pessoal! E dar apoio à prostituição não só de ser cliente, ajudar as garotas também, principalmente as mais simpáticas, no trabalho delas. Ah, e me permitem uma proposta de favorecer as garotas mais simpáticas? É porque, como vocês clientes sabem, a prostituição tem poucas mulheres que não são mães solteiras, viciadas em álcool ou drogas ou velhas de baixa escolaridade. Se os rapazes derem preferência às mulheres pelo menos mais amáveis (que podem até ser feias), nenhuma mulher vai atender sexualmente os homens que prestam como quem oferece restos para gente de segunda classe.

3) Trabalhar o intelecto e ter ou saber um trabalho que você possa oferecer diretamente. Mecânica de automóveis, carpintaria, pintura de faixas, aulas particulares, agricultura, etc. Não é só pela possível renda extra. É também porque um trabalho com o corpo que não seja a sua renda principal pode ser bom, por ver no final o resultado de um trabalho seu como indivíduo. Mas o que tem a ver trabalhar com o corpo e se aprimorar culturalmente? É que pelo menos nós no Brasil não temos muito costume de ligar atividade intelectual com vida cotidiana, menos ainda de pensar em pessoas que, por exemplo, trabalham em oficina mecânica (mão na graxa) e sabem o que é "Transformada de Fourier".[02] As nossas universidades hoje são clubes de estudantes e professores esquerdistas parasitas ou apenas paspalhos fanfarrões, elas perderam muita ligação com o mundo real. Poderíamos até dar o embrião de um movimento para tirar desta universidade o monopólio do pensamento, mas pelo menos podemos escapar, como indivíduos, da degeneração mental do país que também chegou ao mercado de trabalho. Aliás, o sucesso da Real foi ligar antifeminismo à vida cotidiana de rapazes comuns.

A vitória contra uma injustiça social deve ser uma mudança cultural. Sem isso, não adianta nem mesmo alguns membros de um grupo oprimido simplesmente melhorarem de posição social, nível financeiro ou de influência política. Paulo Freire sabia disso em 1970, por isso ele escreveu uma "Pedagogia do Oprimido".[03] Quando alguns rapazes homens no Orkut resolveram dizer às vadias enrustidas o que elas não queriam ler, começaram a chamar a atenção delas pelo menos por falta de homens dispostos ao risco de magoar egos femininos dizendo a verdade. Mas isso foi pouco. Nós precisamos entregar a sociedade socialista-feminista a Satanás enquanto nós vamos pelo menos para o Purgatório. Precisamos salvar qualidade de vida também para termos o que mostrar aos que sejam dignos do melhor da vida. As lésbicas poderosas vencedoras e seu exército de homens capachos, que eles comemorem o novo mundo sem nós e reconstruam as ruínas sem o nosso trabalho.


"Quando você faz o seu melhor e mesmo assim não é suficiente, é porque falta você mandar a pessoa se fuder". Obrigada à página Apenas Homens 3.0 (https://www.facebook.com/1438287829759355/photos/a.1438289493092522.1073741828.1438287829759355/1659901197598016)

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NOTAS:

[01] "Excesso de homens na China pode causar instabilidade", G1 (com Reuters), 11/01/2007, http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,AA1416700-5602,00-EXCESSO+DE+HOMENS+NA+CHINA+PODE+CAUSAR+INSTABILIDADE.html

[02] Eu pensei nisso porque um amigo meu no Facebook, aliás, um velho leitor meu, compartilhou no perfil dele o artigo "A música digital não existiria sem a transformada de Fourier", da página Gizmodo Brasil (http://gizmodo.uol.com.br/transformada-fourier-usos), e eu fui ler o que era a tal Transformada no computador do trabalho. Aí, chegou uma cliente, o mecânico tinha precisado sair, mas eu dei uma olhada no carro e consegui identificar o problema, o mecânico chegou depois e confirmou o que eu dizia. A cliente já estava assustada porque eu era a secretária da oficina. Quando voltamos à minha mesa, eu tinha deixado o computador na tela que eu estava lendo (https://pt.wikipedia.org/wiki/Transformada_de_Fourier) e a senhora ficou horrorizada. Eu ainda brinquei: "Que espanto é esse, moça? E se fosse quando eu estava vendo o Pornhub?".

[03]

O seu conhecimento de si mesmos, como oprimidos, se encontra, contudo, prejudicado pela "imersão" em que se acham na realidade opressora. "Reconhecer-se" a este nível, contrários ao outro, não significa ainda lutar pela superação da contradição. Daí esta quase aberração: um dos pólos da contradição pretendendo não a libertação, mas a identificação com o seu contrário.

O "homem novo", em tal caso, para os oprimidos, não é o homem a nascer da superação da contradição, com a transformação da velha situação concreta opressora, que cede lugar a uma nova, de libertação. Para eles, o novo homem são eles mesmos, tornando-se opressores de outros. A sua visão do homem novo é uma visão individualista. A sua aderência ao opressor não lhes possibilita a consciência de si como pessoa, nem a consciência de classe oprimida.

Desta forma, por exemplo, querem a reforma agrária, não para libertar-se, mas para passar a ter terra e, com esta, tornar-se proprietários ou, mais precisamente, patrões de novos empregados.

Raros são os camponeses que, ao serem "promovidos" a capatazes, não se tornam mais duros opressores de seus antigos companheiros do que o patrão mesmo. Poder-se-ia dizer - e com razão - que isto se deve ao fato de que a situação concreta, vigente, de opressão, não foi transformada. E que, nesta hipótese, o capataz, para assegurar seu posto, tem de encarnar, com mais dureza ainda, a dureza do patrão.

Paulo Freire, "Pedagogia do Oprimido", 11 ed., 23ª reimpressão. Editora Paz e Terra, 1987, pág. 18. Disponível em http://www.letras.ufmg.br/espanhol/pdf%5Cpedagogia_do_oprimido.pdf. A primeira edição do livro é de 1970.

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