"Eu sei que ele é um zumbi, mas ei!, pelo menos, eu encontrei um cara que me quer por causa de meu cérebro." - http://www.gocomics.com/speedbump/2011/11/17
Eu pensei que já tivesse escrito sobre isso quando recebi um comentário de um amigo novo no Facebook, o Rodrigo Souza:
Abigail, só uma pergunta, você realmente não se importa de ser apenas usada para interesses sexuais de outros homens? E sei lá, quando tiver com 50 anos, sozinha e sem sexo e se familia. Já imaginou isso?
Uma coisa eu disse, não com estas palavras, em 28 de abril de 2013: ser mulher é uma qualidade sexual. A vagina é a identidade da mulher assim como o pênis é a identidade do homem. Coisas como caráter, inteligência, habilidades, amor ao próximo, o homem ou a mulher tem ou deixa de ter como pessoa humana ("Você deve respeitar ou admirar uma mulher quando ela tenta se parecer com os homens, mas está rebaixando essa mulher quando a olha como mulher, ou ela desmoraliza a si e às mulheres quando se parece com uma mulher", http://avezdasmulheres.blog.com/2013/04/28/respeitar-mulher-quando-se-parecer-com-os-homens). A genética que faz o homem ser homem ou a mulher ser mulher não faz, até onde sabemos, a mulher ser mais burra ou menos ética que o homem, por exemplo.
E a pica e a buceta foram feitos para uma se encaixar na outra, mas é aí que começa o problema: as mulheres em geral se resumem aos seus corpos e duas ou três qualidades notáveis. Parece que elas usam a não-oferta de sexo para levar um paspalho ao casamento para sustentá-la em troca de sexo pobre e esporádico, mas é pior: elas detestam sexo, mas podem contar com uma sociedade da qual podem receber muito mais do que oferecem apenas por serem mulheres. Mas este ser mulher não é naquele sentido de ser humano do sexo feminino, é algo como ser branco num país de escravidão negra. Por isso, elas não se oferecem sexualmente, porque desprezam os homens, não precisam estar disponíveis e ainda têm uma legião de homens prontos para evitar que elas sejam "molestadas". Eu explico isso melhor na série A Sociedade dos Garotos.
É daí que se faz essa divisão de mulheres para diversão erótica-sexual e as demais como se as primeiras fossem uma sub-raça de pessoa. As mulheres que fazem esta divisão querem tirar os olhos da falta de conteúdo delas mesmas. Aliás, vamos olhar para as mulheres que defendem a castidade ou condenam as mulheres que conheceram duas picas na vida, é improvável achar uma mulher que não seja emocionalmente desequilibrada, intelectualmente medíocre, moralmente pobre ou fisicamente desinteressante. Os homens que fazem esta divisão apenas seguem as mulheres que fazem esta divisão.
E há um outro problema também, que eu tenho que destacar antes de contar sobre mim: a menos que uma mulher seja prostituta ou trabalhadora da indústria adulta, a sociedade não permite que ela tenha uma foto com os seios nus e um trabalho. E nesse caso, ela pode ser jovem e ter diploma universitário, não adianta, ela não consegue ser aprovada em uma entrevista de emprego se o entrevistador souber que ela tem "fotos íntimas" na internet ou fez um filme pornográfico; se ela já for empregada, ela perde o emprego ou, no mínimo, é transferida para um posto sem contato direto com o público. Se isso é a sociedade machista, por que as feministas que defendem até assassina nunca se manifestam num caso destes? Porque para as feministas e para a maioria dos conservadores (não todos, eu tenho que livrar os meus amigos tradicionalistas de direita, hehehehe), uma mulher tem direitos de pessoa até parecer mulher.
Agora, finalmente, um pouco da Abigail como puta e como ser humano:
1) Eu tinha um colega no 9º ano do primeiro grau que estava com dificuldade em Matemática, passei o segundo semestre estudando com ele na casa dele duas vezes por semana. Além de ele aprender a matéria, a gente trepou todas as vezes que os pais dele nos deixaram sozinhos na casa. Nós dois tínhamos 14 anos, inclusive fui eu que desvirginei o rapaz. Os pais dele descobriram, eu não perdi o freguês porque eles gostaram muito do meu trabalho (de professora), mas nunca mais fiquei sozinha com ele.
2) Eu também já fiz serviço de construção civil, já que eu sou meio fortinha. Uma vez eu estava ajudando quatro amigos na ampliação de uma casa. Lá estava eu com aquela roupa velha. Na falta de uma calça que desse certo no meu corpo, estava com uma saia pouco abaixo dos joelhos. E a turma olhando pra mim e um parceiro quando estávamos misturando o concreto no chão. Ou melhor, todos, inclusive este parceiro, olhando pra mim, curvada, admirando a forma da minha bunda enorme ou das minhas tetas forçando a minha camiseta pra baixo. Pelo que eu estou contando, parece que era um bando de peões de obra, hehehehe. Mas o pessoal é sério e produzia de verdade. Eles até estavam tímidos pra olhar pra mim. O que eu fiz? Era pouco mais de meio-dia, combinei com o pessoal: vamos parar pra almoçar daqui a vinte minutos? Eles aceitaram. Fui trocar de roupa: tirei a camiseta, fiquei só com a miniblusa com alças que já estava por baixo e com a saia dobrada fixada com uns alfinetes. E eu desabotoei a miniblusa deixando só os botões abaixo dos seios. Voltei para o trabalho, misturando o concreto. Quem estava na frente viu os meus seios saindo da blusa, quem estava por trás viu a minha bunda e a minha periquita cabeluda (ah, eu tirei a calcinha também). Todos nós rimos. Já estava na hora da nossa pausa. Mas antes de almoçar, eu precisava tirar dois minutos para os rapazes aliviarem a dor nos testículos na minha boquinha, hehehehe. Depois, voltamos para um trabalho sério, eficiente, rápido e muito elogiado no final.
3) Eu também já fui cuidada em casa quando estive doente (de uma gripe forte) por amigos que já fizeram gangbang comigo. Alguns deles já estiveram internados em hospital, antes ou depois, e eu os visitei também. Também já dei algumas dicas de plantas medicinais para amigos companheiros de prostituição.
4) Tenho sete irmãos, todos têm filhos. Meus irmãos, meus sobrinhos, minha mãe e meu pai me amam e eu os amo. O mesmo para alguns tios e primos. Eles sabem que eu sou sem vergonha e eu sei que eles têm vergonha. Nas reuniões de família, sou cozinheira, contadora de estórias, jogadora de Banco Imobiliário como uma mocinha normal.
Quando eu comecei o blogue A Vez das Mulheres em 2006, a minha primeira preocupação foi exatamente mostrar que uma mulher pode ser de "muitos homens", dizer isso publicamente e ainda ter dignidade humana e qualidades. Já no nosso trabalho na internet, recebo elogios e homenagens até hoje, por outras qualidades, de leitores que foram atraídos pelos meus escritos de safadeza e ateísmo (e pela safadeza não-escrita). Dizer que se eu sou sexualmente ativa, estou servindo aos interesses sexuais dos homens, como naquela pergunta do meu amigo, tem por trás a ideia de que ou eu sou uma mulher com dignidade humana, ou eu solto a periquita e vou ser descartada quando for velha. Aliás, eu já comentei que as feministas consideram que a mulher amável e sexualmente disponível é tola e serva da sociedade patriarcal. Vários amigos antifeministas blogueiros também já trouxeram frases de mulheres feministas neste sentido, mas eles erram em tratar a heterossexualidade feminina como um problema quase tanto quanto elas. Tanto entre os feministas quanto entre os conservadores circulam discursos sobre a mulher ser mais do que o corpo e "não exponha na vitrine aquilo que não está a venda", mas eles dizem isso querendo dizer que uma mulher é tudo menos o corpo, quando muito, com uma sexualidade minguada para manter um casamento.
As lesbonazistas e os conservadores falam em dessexualizar a imagem da mulher como se fosse uma necessidade. Se conseguissem isso, destruiriam a própria mulher, transformariam a mulher em uma casta com cada vez mais direitos em troca de oferecer cada vez menos. Daí, o Feminismo produz mulheres pseudomasculinas e o tradicionalismo produz bonecas quase intocáveis (literalmente) que evitam parecer mulheres. Não é à toa, insisto nisto, que o Socialismo e o Lesbofeminismo surgiram e se consolidaram em países católicos e protestantes como Rússia, Estados Unidos e Inglaterra: os valores tradicionais nunca foram obstáculo para o Feminismo. Não temos que dessexualizar nem a figura feminina, nem a sociedade. Quem já acessou pornografia em uma lan house sabe disso, que não precisamos de menos heterossexualidade do que já temos, que não precisamos de menos femininidade nas mulheres e menos masculinidade nos homens do que já temos, que os homens não precisam de ainda menos retorno da relação homem-mulher do que já têm. Estamos precisando é de mais putaria heterossexual. E de valorizar uma mulher conforme a heterossexualidade que ela mostra na vida cotidiana, não conforme a falta dela. Porque pouquíssimas mulheres dignas de respeito como indivíduos humanos têm horror à heterossexualidade, dê-se o nome de "castidade", "moral" ou "dignidade da mulher".
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