Coimbra entra no ranking mundial das 500 melhores universidades
Por Andreia Sanches 15/08/2013 - 14:12 (actualizado às 15:06)
Lisboa melhora classificação. Portugal passa a ter quatro universidades no Ranking de Xangai, “o mais influente e badalado” do mundo
A Universidade de Coimbra aparece pela primeira vez no ranking nesta edição de 2013 Carla Carvalho Tomás
A Universidade de Coimbra entra pela primeira vez num dos mais conhecidos rankings de universidades do mundo. A Universidade de Lisboa (antiga “Clássica” que, entretanto se fundiu com a Técnica) sobe na classificação. A Universidade do Porto e a Técnica de Lisboa mantêm as suas posições, com a do Porto à frente. O Ranking de Xangai 2013 acaba de ser divulgado.
Como lhe chama António Nóvoa, o ex-reitor da Universidade de Lisboa, este "é de longe o mais influente e badalado" ranking de universidades, apesar de todas a críticas que lhes são feitas.
A edição de 2013 pode ser consultada no site http://www.shanghairanking.com/ARWU2013.html. O topo é, como sempre, dominado pelas universidades norte-americanas, com as universidades de Harvard, Stanford e da Califórnia nos três primeiros lugares. O Massachusetts Institute of Technology (MIT) desceu uma posição em relação a 2012 e é agora quarto. A Universidade de Cambridge é a primeira europeia a aparecer - em 5º lugar.
Até à edição de 2011, havia no ranking das 500 melhores do mundo apenas duas universidades portuguesas: Porto e Lisboa. Em 2012, entrou também a Técnica de Lisboa. Para este ano, António Nóvoa resume assim os dados mais significativos para Portugal: "A entrada, pela primeira vez, de Coimbra, e a subida, muito significativa, de Lisboa."
A tabela publicada só discrimina as posições das instituições até ao lugar 100. A partir daí coloca-as em grandes intervalos. A Universidade do Porto e a Universidade de Lisboa aparecem ambas nas posições 301-400 (no ano passado o Porto já ocupava essa posição mas Lisboa estava no patamar abaixo, no 401-500).
A Universidade de Coimbra e Universidade Técnica de Lisboa estão ambas nos lugares que compreendem o intervalo 401-500. Dentro de cada intervalo as universidades de um mesmo país aparecem por ordem alfabética, explica Nóvoa.
O recém eleito reitor da Universidade de Lisboa, que agora integra a Técnica, congratula-se com a melhoria do desempenho da universidade lisboeta e espera que "o orçamento de Estado acompanhe esta melhoria".
António Cruz Serra diz também que acredita que a universidade que resulta da fusão da "Clássica" e da Técnica vai subir, na próxima edição, mais de cem lugares na tabela e que "deverá ficar acima da melhor universidade espanhola". Isto porque "o ranking contabiliza o conjunto dos investigadores" das duas instituições. "São boas notícias para o país."
O reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, afirma, por seu lado, que a entrada no ranking era esperada, mais dia, menos dia, e que esta é uma óptima notícia para a instituição. "Era o único grande ranking internacional em que não estávamos presentes."
Aproveita também para dar os parabéns à "Clássica" de Lisboa, pela melhoria do desempenho. E diz que estes dois factos - a entrada de Coimbra na lista e a melhoria de Lisboa - são ainda mais significativos quando o país atravessa "tantas dificuldades".
Deixa, contudo, um alerta: estes rankings resultam do trabalho feito pelas instituições há alguns anos. "Os efeitos dos cortes orçamentais impostos às universidades ainda não se reflectem aqui." Dá um exemplo: um dos indicadores do Ranking de Xangai é o número de citações de artigos científicos de investigadores das universidades. O que significa que os artigos são publicados e só ao fim de alguns anos reúnem um número significativo de citações. Quanto mais artigos publicados, maior a probabilidade de haver um número relevante de citações. Ora com a redução de financiamento que se tem imposto ao ensino superior, há o sério risco de se fazer menos investigação e publicar-se menos.
Em Coimbra, nos últimos três anos, o corte no financiamento público foi de cerca de 30%, diz o reitor. "E todas as instituições são tratadas por igual, independentemente dos resultados que têm. Se toda a administração pública tivesse sofrido cortes desta ordem já estávamos a pagar a dívida pública e não a aumentá-la", afirma, lembrando que, na verdade, os cortes começaram ainda em 2005, só que não só não eram tão "violentos", como nessa altura ainda era possível encontrar fontes de receita nos contratos com empresas. Hoje, muitas empresas estão mais preocupadas em sobreviver, nota Gabriel Silva, do que em financiar projectos.
Como funciona o ranking
O Ranking de Xangai começou a ser publicado em 2003 pela Universidade Jiao Tong de Xanhai, China (no intervalo 151-200), e é actualizado anualmente. Tem tal influência internacional que muitas universidades se preocupam em adoptar estratégias pensadas neste ranking e no que ele avalia.
Os avaliadores baseiam-se na análise de seis indicadores: número de alunos e professores que receberam o Prémio Nobel ou Fields Medals; número de pesquisadores citados em 21 áreas de investigação das Ciências da Vida, da medicina, física, engenharia e ciências sociais; artigos publicados na Nature e na Science; artigos internacionalmente referenciados; desempenho académico per capita.
Muitos têm questionado, contudo, a forma como os dados são recolhidos e convertidos em pontuação. Certo é que todos os anos mais de mil universidades são analisadas. E no ranking só entram as 500 que melhor se saem.
Notícia actualizada às 16h01 com reacções do reitor da Universidade de Lisboa, António Cruz Serra
Público, Lisboa, 15/08/13, http://www.publico.pt/sociedade/noticia/coimbra-entra-no-ranking-mundial-das-500-melhores-universidades-1603167
Comentários da Universidade Plebeia Revolucionária / A Vez das Mulheres de Verdade / A Vez dos Homens que Prestam
O Brasil está até melhor que Portugal nesse ranking (vou mostrar depois), mas o que me chamou a atenção nessa matéria foram duas coisas. A primeira foi a referência com citação de fonte. E a segunda é o orgulho de a Universidade de Coimbra ser mais uma universidade portuguesa entre as 500 melhores do mundo, enquanto no Brasil nem se fala nesse ranking.
Vou fazer uma seleção dentro da lista das universidades portuguesas, latino-americanas e de Israel. Depois eu comento.
Por que eu peguei Israel também? Israel tem 7,8 milhões de habitantes, o que é 3 milhões e meio a menos que a cidade de São Paulo, 3 milhões a menos que Portugal e um milhão e meio a mais que a cidade do Rio de Janeiro. Em uma área de 22.000 quilômetros quadrados, o que dá metade do estado do Rio de Janeiro ou um quarto de Portugal. Enquanto os antibranquistas daqui falam das glórias da Arábia de 1.500 anos atrás e de como os Estados Unidos e Israel são maus, enquanto os árabes querem destruir Israel, este país que também tem lá os seus defeitos tem 8 universidades, só uma (a Universidade Aberta de Israel) não está entre as 500 melhores do mundo e 4 delas estão à frente da melhor universidade dos países inimigos. A primeira colocada do mundo islâmico é a Universidade Rei Saud, na Arábia Saudita, na lista entre 151 e 200. A segunda, também na Arábia Saudita, é a Universidade Rei Abdulaziz, entre 201 e 300. A Universidade do Cairo está entre 401 e 500. No mundo islâmico inteiro são 7 universidades na lista.
A Argentina tem a população do estado de São Paulo (cerca de 41 milhões de habitantes) e só tem uma universidade na lista. Mas embora o estado de São Paulo tenha três na lista (a USP, a Universidade Estadual de São Paulo e a Universidade Estadual de Campinas), a Universidade de Buenos Aires está na frente de todas do Brasil com exceção da USP. E com desempenho per capita maior.
E olhando no quadro, a gente vê que nenhum aluno ou professor de universidade brasileira ganhou prêmio Nobel ou medalha Fields, que é um prêmio da União Internacional da Matemática. Quando uma escola pública tem um aluno que ganha a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, tem uma faixa na entrada. O nosso pesquisador Carlos Chagas, que estudou a Doença de Chagas, ia ganhar um Prêmio Nobel de Medicina, mas deram uma rasteira nele por aqui mesmo.
Enquanto isso no Brasil, se discute sobre cotas para negros e egressos da escola pública (a nossa escola privada já é vergonha no mundo). Aliás, se discute entre aspas, se você é contra você é elitista, fascista, direitista. No Brasil se comemora que metade das vagas na universidade vai ser para negros, índios e pobres, e isso é avanço. Temos 40% de analfabetos funcionais na universidade, e o problema da educação é o salário do professor. No ano passado, professores fizeram greve porque ganhavam 5.000 reais (cerca de 1.600 euros ou pouco mais de 2.000 dólares) no começo da carreira só com graduação. Mais uma das greves de três ou quatro meses que atrasa semestre letivo por dois anos, não dá resultado nem para os próprios professores e o resto da sociedade nem dá bola. Por aqui se diz que cursos de engenharias e Ciências Exatas têm mais homem que mulher por causa do machismo. Quantas vezes mulheres fazendo "curso de homem" aqui recebem pelo menos uma piadinha?
E na coluna PCP (desempenho per capita), está confirmado o que a direita liberal fascista do Brasil já sabe e já fala faz tempo: a universidade brasileira é, além de uma vergonha diante do mundo, um latifúndio intelectual para sustentar egos com dinheiro público e auditório para lésbicas e maconheiros defenderem esquerdismo, aborto, liberação da maconha, lesbonazismo e cotas para medíocres da escola pública entrarem e deixarem tudo pior ainda. O que são estas colunas está explicado no apêndice. Bom, Portugal está mais ou menos neste nível de desempenho per capita. O que houve por aí, guris?
É o Complexo de Border Collie brasileiro.
Agora vamos falar dos portugueses. Guris, vocês agora provaram que ter sido colônia 100 ou 200 anos atrás não significa ser atrasado hoje. Parabéns por mais uma universidade entre as 500 melhores do mundo e, por favor, não deixem que se faça troça de vocês por causa do Brasil. E os rapazes, cuidado com as brasileiras que vão pra aí pra arrumar marido e dar golpe, hehehehe.
E no dia em que esta notícia é publicada em Portugal, olha só o que sai no jornal O Tempo de Belo Horizonte: um professor ganha indenização de R$ 10.000,00 (pouco mais de 3.000 euros ou de 4.000 dólares) por danos morais por ter sido obrigado pela faculdade onde trabalhava a aprovar um aluno. Como ele não aceitou fraudar a nota para ele passar, alguém entrou no banco de dados e deu nota pra ele passar. E ainda queriam que o professor mentisse dizendo que ele tinha aprovado o aluno ("Faculdade é condenada a indenizar professor após obrigá-lo a aprovar aluno", O Tempo, 13/08/13; "'Faculdade fraudou o sistema', diz professor", O Tempo, 15/08/13). Na educação básica já é normal o professor ser obrigado a passar os alunos, a não ser aqueles muito ruins mesmo e que faltam demais. E a única coisa que faz o professor da escola pública ser reprovado em avaliação de desempenho é "dar bomba" em guris que conversam e ouvem música no celular durante a aula, além de não saberem nada da matéria, não estudarem e não entregarem os trabalhos dentro do prazo combinado três meses antes. Isso já está chegando na universidade.
Apêndice
Academic Ranking of World Universities: Metodologia
Seleção de Universidades
A ARWU considera cada universidade que tenha quaisquer laureados Nobel, medalhistas Fields, pesquisadores altamente citados (Highly Cited Researchers), ou artigos publicados na Nature ou na Science. Além disso, as universidades com quantidade significativa de artigos indexados pelo Science Citation Index-Expanded (SCIE) e Social Science Citation Index (SSCI) também estão incluídos. No total, mais de 1000 universidades estão na verdade classificadas e as 500 melhor classificadas são publicadas na web.
Critérios de Classificação e Pesos
As universidades são classificadas por vários indicadores de desempenho acadêmico ou de pesquisa, incluindo alunos e funcionários ganhando prêmios Nobel e medalhas Fields, pesquisadores altamente citados, artigos publicados em Nature e Science, artigos indexados nos principais índices de citação, e o desempenho per capita acadêmico de uma instituição. Para cada indicador, à maior pontuação de instituição é atribuída uma pontuação de 100, e as de outras instituições são calculadas como uma percentagem da pontuação máxima. A distribuição dos dados para cada indicador é examinada quanto a qualquer efeito de distorção significativa; técnicas estatísticas padrão são usadas para ajustar o indicador se necessário. Pontuações para cada indicador são ponderadas como mostrado abaixo, para chegar a uma pontuação final global para uma instituição. À maior pontuação de instituição é atribuída uma pontuação de 100, e as de outras instituições são calculadas como uma percentagem da pontuação máxima. A classificação de uma instituição reflete o número de instituições que se posicionam acima dela.
Indicadores e pesos para ARWU
Critérios | Indicador | Código | Peso |
Qualidade da Educação | Alunos de uma instituição ganhando prêmios Nobel e medalhas Fields | Alumni | 10% |
Qualidade do corpo docente | Quadro de uma instituição ganhando prêmios Nobel e medalhas Fields | Award | 20% |
Pesquisadores altamente citados em 21 categorias de assuntos gerais | HiCi | 20% | |
Saída de pesquisa | Artigos publicados na Nature e Science* | N&S | 20% |
Artigos indexados no Science Citation Index-expanded e no Social Science Citation Index | PUB | 20% | |
Desempenho Per Capita | Desempenho acadêmico per capita de uma instituição | PCP | 10% |
Total | 100% | ||
* Para as instituições especializadas em ciências humanas e sociais, como a Escola de Economia de Londres, N&S não é considerado, e o peso de N&S é realocado para outros indicadores. |
Definição de Indicadores
Indicador | Definição |
Alunos (Alumni) | O número total de alunos de uma instituição ganhando prêmios Nobel e medalhas Fields. Alunos são definidos como aqueles que obtiverem bacharel, mestrado ou doutorado da instituição. Pesos diferentes são ajustados de acordo com os períodos de obtenção de graus. O peso é de 100% para os alunos colando grau em 2001-2010, 90% para os alunos colando grau em 1991-2000, 80% para os alunos colando grau em 1981-1990, e assim por diante, e, finalmente, 10% para os alunos colando grau em 1911-1920. Se uma pessoa obtém mais do que um grau de uma instituição, a instituição é considerada apenas uma vez. |
Prêmios (Award) | O número total de funcionários de uma instituição ganhando o Prêmio Nobel de Física, Química, Medicina e Economia e Medalha Fields em Matemática. O pessoal é definido como aqueles que trabalham em uma instituição na época em que o prêmio foi ganho. Pesos diferentes são ajustados de acordo com os períodos de ganhar os prêmios. O peso é de 100% para os ganhadores após 2011, de 90% para os ganhadores em 2001-2010, 80% para os ganhadores em 1991-2000, 70% para os ganhadores em 1981-1990, e assim por diante, e, finalmente, 10% para os ganhadores em 1921-1930. Se o vencedor for filiado a mais de uma instituição, a cada instituição é atribuído o inverso do número de instituições. Para prêmios Nobel, se um prêmio é compartilhado por mais de uma pessoa, os pesos são ajustados para os ganhadores de acordo com a proporção do prêmio. |
HiCi | O número de pesquisadores altamente citados (Highly Cited Researchers) em 21 categorias temáticas. Estes indivíduos são os mais citados dentro de cada categoria. Se um(a) pesquisador(a) altamente citado(a) tem duas ou mais filiações, é pedido a ele/ela para estimar seus pesos (ou o número de semanas) para cada afiliação. Mais de 2/3 desses multi-filiados pesquisadores altamente citados informaram tais estimativas e suas afiliações receberam os pesos de acordo. Para aqueles que não responderam, à sua primeira filiação é dada um peso de 84% (peso médio das primeiras filiações daqueles que responderam) e as demais filiações compartilharam os 16% restantes igualmente. |
N&S | O número de artigos publicados na Nature e na Science, entre 2008 e 2012. Para distinguir a ordem da filiação do autor, um peso de 100% é atribuído a correspondente filiação do autor, de 50% para a filiação do primeiro autor (segunda filiação do autor se a filiação do primeiro autor é a mesmo que a correspondente filiação do autor), 25% para a próxima afiliação de autor, e 10% para outras afiliações de autor. Somente as publicações dos tipos "Artigo" e "Documentos de Procedimentos" são consideradas. |
PUB | Número total de artigos indexados no Science Citation Index-Expanded e Social Science Citation Index em 2012. Somente as publicações dos tipos "Artigo" e "Documentos de Procedimentos" são consideradas. Ao calcular o número total de artigos de uma instituição, um peso especial de dois foi introduzido para artigos indexados no Social Science Citation Index. |
PCP | Os escores ponderados dos cinco indicadores acima dividido pelo número de funcionários acadêmicos de tempo integral equivalente. Se o número de docentes para as instituições de um país não pode ser obtida, os resultados ponderados dos cinco indicadores acima é usado. Para ARWU 2013, o número de funcionários acadêmicos de tempo integral equivalente são obtidos para as instituições nos EUA, Reino Unido, França, Canadá, Japão, Itália, China, Austrália, Holanda, Suécia, Suíça, Bélgica, Coreia do Sul, República Checa, Eslovênia, Nova Zelândia, etc. |
Fontes dos Dados
Indicador | Fonte de Dados |
Laureados com o Prêmio Nobel | http://nobelprize.org/ |
Medalhas Fields | http://www.mathunion.org/index.php?id=prizewinners |
Pesquisadores altamente citados (Highly Cited Researchers) | http://www.highlycited.com/ |
Artigos publicados na Nature e Science | http://www.webofknowledge.com/ |
Artigos indexados no Science Citation Index-Expanded e no Social Science Citation Index | http://www.webofknowledge.com/ |
Outros | Número de funcionários do quadro docente. Os dados são obtidos a partir de organismos nacionais tais como Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estatística, Associação Nacional de Universidades e Faculdades, Conferência Nacional dos Reitores. |
Original em inglês: http://www.shanghairanking.com/ARWU-Methodology-2013.html
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