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terça-feira, 12 de novembro de 2019

Por que ficamos menos felizes com as coisas boas que infelizes com as ruins?

Abigail Pereira Aranha

Você já teve a experiência, por exemplo, de ser mal atendido no comércio e ficar mal o resto do dia, mas quando você é atendido por uma pessoa simpática, isso não tem a mesma força?

As coisas boas simplesmente nos acontecem, mas as coisas desagradáveis fazem parte do nosso dia-a-dia, fazem parte das coisas das quais não conseguimos nos livrar; às vezes, têm a ver com algo que está em nós mesmos. As coisas boas são boas, mas não são coisas conquistadas, merecidas; as coisas más são. Bom, é assim que você pensa.

Se você pensa que merece as coisas más que lhe acontecem, é em parte por uma programação mental venenosa e em parte... porque é verdade. Vou dar um outro exemplo pra explicar isso melhor. Você tem um carro que usa no deslocamento casa-trabalho, toma uma série de cuidados com o carro e ele funciona maravilhosamente. E você também é um motorista muito bom, tem bons reflexos musculares, tem boa visão. Aí você tem uma quase batida que se o freio estivesse um pouco pior, aconteceria o acidente. Ou você quase bate com outro veículo que entra na contramão num trecho de rodovia sem canteiro central, e o acidente só não aconteceu porque você obedece os limites de velocidade e você, não o outro motorista, conseguiu desviar o carro. Você costuma se lembrar das coisas que você fez dar certo, ou mesmo se dar conta delas? E principalmente, você consegue gostar de você mesmo por isso? Mas se acontece o contrário, se a batida acontece (e você sai com a cabeça funcionando bem), você pensa que devia ter trocado os pneus no dia anterior, ou devia ter olhado com mais atenção pra frente naquele minuto errado, ou não devia estar a 90 km/h naquele trecho de velocidade máxima de 60. E é muito provável que você esteja certo (sobre o que estava errado). Mas mais do que ajudar você a corrigir as suas falhas e a valorizar os seus acertos, saber olhar pra dentro de si mesmo ajuda você a não admitir que outros lhe atribuam erros que não são seus.

Você não precisa ainda pensar em abandonar a fé religiosa, se você tiver alguma, mas coloque em mente que alguma coisa está errada se a religião não melhora esta vida. Nas religiões em geral (o Cristianismo não é o pior dos casos), o mundo material e visível é menos importante e até menos real que o mundo pós-morte que, na mais generosa das hipóteses, só é conhecido por revelações fragmentadas; e enquanto o Mal e os maus fazem o que querem inclusive porque têm recursos pra isso, o justo tem uma carga de regras sobre o que fazer (ou o que não fazer), regras cobradas por Deus e pelos homens, e toda a justiça acaba sendo um reles cumprimento de obrigação e um atestado de casta inferior. Bom, eu disse que o Mal faz o que quer e o cristão dirá que o Mal não faz o que Deus não permite. Mas é esse o ponto! O justo age por dever diante de Deus, do país, do rei, do patrão, da Igreja, das mulheres,... O que o justo não tem é permissão. O Mal tem. O que o Mal deixa de fazer é o que Deus quer que ele não faça. O Mal tem a permissão negada de fazer o que tem poder pra fazer. E tudo que o justo recebe de Deus, inclusive a justiça, é o que Deus decide, no tempo dele e na vontade dele. Você consegue ser fiel a Deus sem ser lixeira do Diabo, sem ser idiota e sem ter o nível de cultura de um camponês da Idade Média?

Eu estava explicando sobre como as coisas boas nos fazem felizes menos que as coisas más nos fazem nos sentir mal e entrei na questão da religião. Bom, só esse tema já mostra que tudo é questão das nossas reações e, por isso, do que temos na mente. A religião é o que está na mente da maioria da população de um país ou do mundo. E a crença religiosa vai determinar todos os fundamentos da visão que o religioso tem do mundo, inclusive porque a própria religião tem um princípio de que este mundo que conhecemos é menor que alguma outra coisa. No caso mais evidente e mais extremo, a própria Ciência deve estar submissa a alguma coisa superior, vinda de uma parte do Universo (ou de fora dele) que a intelectualidade humana não pode alcançar. Nem é questão de isso ser verdade (eu sou ateia, acredito que não é). A questão é que uma crença religiosa pode moldar o raciocínio de uma pessoa até com uma certa independência da experiência no mundo real. Portanto, mesmo quem não acredita na religião ou em divindades pode observar que existem coisas anteriores à experiência cotidiana que podem determinar como ela pode ser interpretada.

Ainda dentro da questão da religião, vamos pensar em alguns problemas terrenos dentro da questão das coisas boas. Qual a qualidade de vida que uma pessoa pode ter quando pensa que o trabalho é um castigo divino sobre a humanidade? Se essa pessoa tiver um bom emprego com um salário razoável, essa pessoa vai ver isso como uma condição amena pra cumprir u'a maldição? Qual será o seu nível de sucesso financeiro e pessoal se você acreditar que o rico vai pro Inferno ou só é rico porque Deus quis? Eu convido um homem que é meu colega de trabalho pra me visitar em casa e conhecer tudo que ele vai gostar de ver e pegar e eu não posso mostrar no expediente, mas ele acredita que o sexo é pecaminoso e isso pode trazer desgraças pra vida dele e pra humanidade. Como é a vida dele com a esposa dele (em geral) ou como será quando ele se casar? E quais outros prazeres ele procura evitar?

Bom, no caso em que eu tento... levar o meu colega de trabalho pra casa pra oferecer uma sobremesa sem contar que a taça é os meus seios, você pode alegar questões de segurança, como falsas denúncias de crime sexual, questões que eu mesma abordei aqui. Mas aqui ainda estamos dentro do assunto de coisas boas, mas dentro do aspecto da prudência: você pode evitar uma coisa que é ou parece ser boa e se sentir bem porque, por isso, você pôde conseguir coisas boas depois. Quem me conhece sabe da inclinação da minha boca pra receber esperma, mas eu entendo a rejeição.

A parte mais desconfortável das coisas desagradáveis, principalmente as vindas de outras pessoas, é o como não conseguimos reagir no tempo oportuno. Você pode receber um soco, mas se você dá outro e derruba a pose do outro, isso não abala você tanto quanto se você tivesse apenas recebido a agressão. E vou entrar nesta parte agora e vou concluir.

O que vai fazer as coisas boas deixarem de vir à sua vida apenas por acaso é criar poder pessoal para tê-las. Esse poder pessoal é a união do poder mental com o poder de ação. O poder mental pode vir da mudança de atitudes e de visão da vida. O poder de ação vem da aquisição de recursos. Você não precisa ser rico pra ter poder de ação (e até pode ser rico sem ter poder de ação), talvez seja suficiente só ter a sua casa (mesmo alugada) e ganhar o suficiente para pagar as suas contas. Saúde também é poder de ação. Se você conhece alguém com uma doença grave, você pode observar o que essa pessoa não pode fazer e você pode. Uma parte do aumento do seu poder de ação pode ser se livrar do poder de ação negativo de outra pessoa sobre você. Uma coisa importante pra ter em mente é que o poder mental é relacionado com o que você pensa e o poder de ação é relacionado com o que você faz. Por definição, poder de ação sem obras visíveis não existe.

As coisas boas que acontecem na sua vida e ao seu redor dependem do seu poder de ação e do seu poder de atração, e também da sua capacidade de ser atraído pelas coisas boas. A sua capacidade de se sentir feliz com essas coisas boas depende da sua mentalidade. E a sua mentalidade vai levar a um poder mental de atrair coisas boas e a uma capacidade de ser atraído por elas. A forma como você reage às coisas infelizes podem ser um sinal do que falta nessa atratividade, ou sinal da sua falta de força ou de habilidade para enfrentar o mal. E mais do que isso, por mais miserável que seja uma situação, nós só nos sentimos mal se pensamos que ela é menos que o melhor possível.

Texto original em português sem fotos de putaria no A Vez das Mulheres de Verdade: "Por que ficamos menos felizes com as coisas boas que infelizes com as ruins?", https://avezdasmulheres.blogspot.com/2019/11/por-que-ficamos-menos-felizes-com-coisas-boas.html.
Texto original em português com fotos de putaria no A Vez dos Homens que Prestam: "Por que ficamos menos felizes com as coisas boas que infelizes com as ruins?", https://avezdoshomens.blogspot.com/2019/11/por-que-ficamos-menos-felizes-com-coisas-boas.html.

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