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segunda-feira, 30 de abril de 2018

Introdução à comunicação com pré-humanos - parte 2: comunicação de massa tradicional e universidades

Abigail Pereira Aranha

Eu vou explicar um pouco mais uma coisa que eu comentei rapidamente na parte 1[01]:

Esses motivos para o investimento da esquerda em uma imprensa cada vez menos crível são os mesmos pelos quais um governo de esquerda investe mais em educação e não consegue aumentar nada além das taxas de semianalfabetos, delinquentes e militantes parasitas dentro das escolas e das universidades. E o público não sabe quando todas as universidades públicas do Brasil estão em greve há três meses, e uma tese de pós-graduação ou um artigo acadêmico é desconhecido na universidade onde foi publicado.

Por que o movimento esquerdista investe em imprensa, rádio e televisão se o número de leitores, ouvintes e espectadores deles cai ano após ano há pelo menos uma década? E por que esse movimento esquerdista, no Brasil, investe em militância dentro das universidades públicas se o povo nem sabe quando todas as universidades públicas do país estão em greve há três meses? Se o único resultado visível de cada vez mais investimentos em Educação é uma taxa de analfabetismo funcional nas universidades que não para de crescer, estamos vendo uma parte da resposta a essas perguntas.

O uso pré-humano da linguagem não é para comunicar ideias, é para manipular o mundo através da linguagem ou da fala em si. Um uso pré-humano dos meios de comunicação é tirar esses meios dos humanos. Se o meio técnico-científico for ocupado por pré-humanos, pode ser para contaminar o registro ou a busca da verdade, ou para evitar que os humanos cheguem lá. Uma coisa que os antiesquerdistas conservadores ainda não se deram conta, e os esquerdistas sim, é que a História vai ser contada como vai estar registrada.

Os veículos tradicionais de comunicação de massa, mesmo decadentes em público e em credibilidade, ainda são produtores de matérias jornalísticas e entretenimento. E ainda têm público. Fora as produtoras e os portais de material erótico-pornográfico, ninguém fora da militância esquerdista e da "mainstream media" produz conteúdo próprio com mais alcance que uma rádio de tamanho médio. Entre os produtores de conteúdo antiesquerdista, quase todos usam como base materiais produzidos pelos veículos tradicionais, nem que seja para analisar ou criticar (e eu me incluo nesses).

As universidades ainda são produtoras de material técnico e científico, mesmo que quase todo ele esteja fora do cotidiano do cidadão comum, e mesmo que uma parte cada vez maior desse material seja de conteúdo tecnicamente duvidoso. Vários profissionais precisam conseguir um diploma universitário para exercerem suas profissões. E várias coisas de interesse público precisa passar pela confirmação do meio acadêmico.

E nesse meio-tempo desde a parte 1, 28 de abril do ano passado, nós pudemos ver o aumento da censura no Youtube a canais não-conservadores. Mas não só a canais conservadores ou apenas com algum vídeo que contraria a militância esquerdista, a censura enlouqueceu a ponto de atingir canais de jogos e de conteúdo para crianças. Comentei isso em "Sobre quando é tarde demais (e um pouco de Felipe Neto e Marielle Franco)".[02] Ainda por cima, se estuda a aplicação ao Youtube da mesma classificação indicativa da televisão.[03] Mas tudo isso por quê? Até onde se sabe, porque, no ano passado, grandes anunciantes do Youtube (aqueles que fazem aquelas propagandas como as da televisão, mas passando no meio dos vídeos que a gente assiste) estavam ameaçando retirar os anúncios porque viram uma reportagem do Wall Street Journal que dizia que o Youtube permitia conteúdo inadequado, e eles não queriam ver as marcas deles associadas a Nazismo, antifeminismo, automutilação, etc porque o comercial deles interrompeu um vídeo que eles pensam que existe. Mas o intrigante é por que o Youtube, que tem canais mais assistidos que muitos programas de televisão ou de rádio no mundo, está censurando conteúdos antiesquerdistas só para baixar a cabeça a um jornal que não consegue sequer ter um número de leitores que não cai.

Não é difícil entender por que o ambiente universitário tem cada vez mais militância de extrema-esquerda, e isso não só no Brasil. De um lado, temos estudantes que nem deviam estar lá, eles entraram por políticas como o sistema de cotas. De outro, temos militantes profissionais disfarçados de professores e funcionários públicos, que, se perderem os cargos, não vão conseguir trabalho de verdade. O que não parece razoável é que jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão estejam aderindo cada vez mais às partes mais insanas do discurso esquerdista quando além de eles terem cada vez menos receita de assinaturas e vendas de exemplares impressos, o povo de verdade está cada vez mais aborrecido com a militância esquerdista. Eu mesma fiz amigas no Facebook visitando a página do jornal O Globo e vendo mulheres, entre elas essas amigas, descendo o cacete em matérias lesbofeministas ou discordando de lesbofeministas que foram lá comentar.

O que muitos comentaristas de política não sabem é que a esquerda é a ala política alinhada com o Comunismo e o Comunismo é um projeto sociopolítico. O movimento esquerdista, portanto, existe para fazer uma transformação sociopolítica mundial, o que não significa que cada simpatizante do movimento esteja consciente disso ou que cada militante sequer concorde com os próprios colegas do grupo de que participa. O movimento esquerdista não precisa e nem pode, pelo menos por enquanto, fechar os canais a qualquer voz anticomunista, mas é útil para ele ocupar esses canais. E como esse movimento ainda não é vitorioso, ele ainda não pode contar com um apoio da maioria da população, porque mesmo que seja tudo por uma boa causa, o cidadão mediano ainda nem entendeu o que é a causa e por que ela é boa. Mas se de alguma forma os meios de comunicação e de produção de conhecimento puderem ser ocupados por socialistas, ainda não será por apoio da maioria da população. Portanto, pela mesma "alguma forma", as vozes conservadoras e as que representam a visão de mundo da população geral vão ser, na melhor das hipóteses, reduzidas a uma opinião tão válida quanto a opinião contrária. Para isso, não será um veículo da imprensa que vai ser ocupado pela militância esquerdista, ou mesmo a maioria dos veículos. Será a imprensa no conjunto. Da mesma forma, não existirá uma universidade esquerdista, ou dez universidades, existirá o sistema educacional esquerdista. Não é por acaso que a escola pública seja um projeto socialista. Mais: o movimento esquerdista vai também criar um povo próprio. Já viram jornal de sindicato contando que "a categoria" está empenhada na greve quando nem 10% dos trabalhadores estavam na assembleia em que ela foi decidida? A imprensa normal pode fazer isso com o povo: meia dúzia de parasitas nas redes sociais pode ser "muitas mulheres", "os gays", etc. Quem acredita que um jornal impresso que faz esquerdismo vai só perder público para um jornal que não faz não entende nada de esquerda. Mas cabe dizer que o Cristianismo não durou 15 séculos até o Manifesto Comunista vencendo inimigos poderosos com argumentos imbatíveis apresentados diante de um público plenamente alfabetizado.

Saindo um pouco do assunto: por que não apenas a prostituição e a pornografia raramente são abordadas na imprensa convencional e nos portais na internet dessa imprensa? E não apenas isso, por que as tentativas de censura contra elas também são omitidas? São várias coisas. Em matéria de sexo, o Conservadorismo vitoriano e o Feminismo radical se unem e se parecem. Muita gente do povo de verdade, principalmente mulheres, não gostam da coisa ou não se sentem à vontade com ela. E, por fim, a imprensa tradicional parece ainda acreditar, pelo menos na maior parte do tempo em que não tenta ser um agente de produção do "mundo melhor", que pode fazer uma coisa deixar de existir ou de ser visto ou de ser discutido só porque ela mesma vive como se essa coisa não existisse. Aí, você vai ver que a sexualidade até pode ser tema de um quadro de um jornal diurno, mas esse quadro é de um formato clínico (o apresentador é médico) e de perguntas e respostas que muitas vezes são da vida conjugal. E mesmo isso é coisa muito recente no mundo decente, mal chega a algumas décadas. Sexo não precisa mais ser reprodutivo mas também não pode mais ser prazer. Um homem se aproximar de uma mulher já é praticamente caso de polícia ou, no mínimo, exige uma autorização expressa dela. Até o "ei, machista, meu orgasmo é uma delícia" não é um sexo gostoso, é só uma ofensa barata. Para piorar, a resposta ao lesbianismo de quinta categoria em geral é puritanismo de quinta categoria. E por que a imprensa se cala sobre isso, ou mal relata os casos de falsa acusação de crimes sexuais (acusação de mulher contra homem), tudo isso quando não acha que a problematização da relação homem-mulher é louvável? Porque isso a esquerda e a direita têm em comum, problemas com o sexo (hétero). Eu até podia fazer um programa diário de televisão ou uma coluna diária de jornal impresso ou revista contando os meus casos da minha vida licenciosa desde os 14 anos. Sexo, humor, aventura (eu fugindo de mulher casada) e até cultura (eu já fiz putaria estudando com amigos da escola). Só que nenhum jornal, revista, rádio, televisão vai aceitar. Os conservadores vão me chamar de puta e perigo para as crianças e adolescentes; os progressistas vão me chamar de machista e mulher-objeto.

A solução é que quem não for socialista produza conteúdo que possa sobreviver e ser confrontado com o material deles, nós antiesquerdistas temos que registrar a verdade e a busca da verdade. Eles fazem vídeos, nós temos que fazer vídeos contra os deles; eles fazem livros, nós temos que fazer livros contra os deles. Ocupar de volta os veículos que já são grandes poderia ser uma opção, mas como herdeiros de empresas decadentes, eles podem ter entrado em um caminho de entregar a alma ao Socialismo para salvar a própria pele do qual não podem mais sair sem serem destruídos de vez. Mas a produção conservadora é vergonhosa. Na melhor das hipóteses, eles pensam que ainda estão numa igreja cheia de semianalfabetos de um povoado do interior do século XIX. Para dar um exemplo que eu registrei no meu perfil no Twitter, a arrecadação do "crowdfunding" para o documentário "O Povo Pode" produzido pelo portal esquerdista Diário do Centro do Mundo para exaltar o já condenado por corrupção ex-presidente Lula passou de R$ 97.122,00 às 18:42 de 15 de abril[04] para R$ 122.795,13 às 09:16 de 30 de abril[05]; e ainda no dia 30 às 21:02, aumentou para R$ 124.800,13[06]. Mais de 2.000 reais em 12 horas enquanto o "crowdfunding" para o documentário "Brasil, Ame-o Ou Deixe-o Para Os Ladrões", do cineasta conservador Luiz César Rangel, só conseguiu R$ 3.090,00 e boicote de outros que se dizem de direita[07]. E quem é antiesquerdista e não é conservador, como é o meu caso, vai ter ainda mais dificuldade, porque pode criticar o Conservadorismo e o Progressismo e ser atacado pelos dois lados; mas ainda pode produzir registros de produção intelectual e de inteligência. Até o momento, mesmo quando u'a maioria cada vez maior de negros não leva a sério o Movimento Negro, assim como gays em relação ao Movimento LGBT ou mulheres em relação ao Feminismo, o movimento esquerdista tem feito sucesso.

NOTAS:

[01] "Introdução à comunicação com pré-humanos - parte 1", 28 de abril de 2017, A Vez das Mulheres de Verdade, http://avezdasmulheres.blogspot.com/2017/04/introducao-comunicacao-com-pre-humanos.html; e A Vez dos Homens que Prestam, https://avezdoshomens.blogspot.com/2017/04/introducao-a-comunicacao-com-pre-humanos-parte-1.html.

[02] "Sobre quando é tarde demais (e um pouco de Felipe Neto e Marielle Franco)", 28 de abril de 2017, A Vez das Mulheres de Verdade, http://avezdasmulheres.blogspot.com/2018/03/sobre-quando-e-tarde-demais.html; e A Vez dos Homens que Prestam, https://avezdoshomens.blogspot.com/2018/03/sobre-quando-e-tarde-demais.html.

[03] "Classificação Indicativa: Governo Federal estuda imposição no YouTube", ANMTV, 25 de abril de 2018, http://anmtv.xpg.com.br/classificacao-indicativa-governo-federal-estuda-imposicao-no-youtube.

[04] Abigail P. Aranha, Twitter, 15 de abril de 2018 às 18:42, https://twitter.com/AbigailPAranha/status/985634540797464576.

[05] Abigail P. Aranha, Twitter, 30 de abril de 2018 às 09:16, https://twitter.com/AbigailPAranha/status/990927771152080897.

[06] Abigail P. Aranha, Twitter, 30 de abril de 2018 às 21:02, https://twitter.com/AbigailPAranha/status/991105540817326080.

[07] Abigail P. Aranha, Twitter, 30 de abril de 2018 às 21:18, https://twitter.com/AbigailPAranha/status/991109576115281920.

2 comentários:

  1. Só uma pergunta: Escreveste esse texto pensando no que eu havia relembrado nas minhas publicações ou já tinha em mente muito antes disso? Pois bate exatamente com o que eu havia escrito.

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    1. As duas coisas, parceiro. Eu tinha essa parte 2 em mente desde a parte 1, e até demorei pra escrever. Mas eu também fui lendo publicações suas.

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Abigail Pereira Aranha no VK: vk.com/abigail.pereira.aranha
E-mail: saindodalinha2@gmail.com

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